quinta-feira, dezembro 24, 2009

Última do ano

Nos finalmentes com a bendita, não tenho muito tempo (leia-se "saco") de escrever qualquer outra coisa. Mas em qualquer pausinha do trabalho não hesito em ver algum seriado para relaxar (estou conhecendo vários!).
O último que vi achei bem interessante. Na verdade é uma mini-série britânica (e viva a BBC, que ainda faz coisa decente com pouco dinheiro!) que foi ao ar ano passado. Chama-se Dead Set, e no fundo não tem nada de revolucionário. Mas achei interessante, mesmo assim.
A história se passa no estúdio de gravação do Big Brother britânico, justo na noite de paredão. Enquanto imbecis assistem imbecis presos numa gaiola, a boa e velha epidemia viral (como os ingleses têm obsessão pelo tema!) transforma as pessoas em mortos-vivos famintos (os zumbis também infectam os outros com mordidas, também morrem apenas com disparos ou golpes na cabeça, mas são os que se movem rápido, no estilo Danny Boyle e não George Romero). As críticas do criador sobre a sociedade contemporânea e suas neuras são evidentes. Mas o bom da mini-série é que ela não tenta esconder suas referências ou forçar a mão para ser original.
Enfim, voltando à história... Poucos sobrevivem ao primeiro ataque, entre eles o produtor cretino do programa e uma estagiária da emissora. E, claro, os participantes do reality show, isolados na casa.
O programa é bem gore, então estejam avisados. Mas gostei bastante e vi todos os cinco episódios em sequência. Também vale a pena por algumas outras referências, hilárias, de outros filmes de horror.
E achei engraçadíssimo que a apresentadora do programa, que é de fato a mesma do BB britânico real, é zumbificada e sai em busca do produtor. Seria demais se fizessem isso com o Bial, correndo atrás do tal Boninho.
E nem precisariam de muita maquiagem para dar um trato no cara.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

República dos bananas

Vi esses dias que o Kusturica vai fazer um filme sobre o Pancho Villa. Sou fã do cara (e das trilhas dos filmes dele), então estou bem ansioso para ver o resultado.
Mas por falar em Kusturica, fiquei aqui pensando como seria um Underground versão brasileira...

João José, ficou 20 anos em coma no hospital D. Pedro I (ou talvez, como na versão dos balcãs, escondido num bunker qualquer, planejando a revolução que ia livrar seu país das garras da dominação estrangeira e do FMI).
Quando finalmente acordou, certa manhã, contrariando todos os prognósticos, descobriu que sua família há muito já não o visitava. Seus pais haviam falecido 10 anos antes. Seus irmãos, desde que deu entrada no hospital, vítima de um atropelamento, visitavam com cada vez menos frequência, numa razão inversamente proporcional ao amortecimento de suas consciências: um dia simplesmente o esqueceram, ele que há muito não era seu irmão, mas um amontoado de carne, tubos, aparelhos e despesas que não dava nada em troca. Nunca teve filhos. E seus sobrinhos sequer sabiam que aquela figura adormecida era um tio.
Mas João José despertou, sem razão aparente (o dia era completamente medíocre, não coincidiu com nenhum grande acontecimento que pudesse marcar a ocasião).
Assim que conseguiu lembrar de como emitir sons, puxou conversa com uma enfermeira que por lá estava.
"Que aconteceu?"
"O senhor sofreu um acidente e ficou em coma."
"Mas por quanto tempo?"
"Vinte anos."
"Quanto?"
"Sim, sei que deve ser difícil entender isso. O senhor já virou patrimônio do hospital. Quando eu comecei a trabalhar, há 14 anos, o senhor já estava por aqui. Pouca gente viu o senhor ser admitido. Acho que o Seo Henrique, o faxineiro, pode se lembrar da época."
João José não pôde evitar pensar que havia se tornado um mascote. Na verdade, pior, mobília do hospital.
"E minha família?"
"Sei não senhor. Há anos ninguém vem aqui."
"E como vou fazer agora? Como vou sair por esse Brasil afora, sem família, amigos ou emprego?"
"Aqui não é mais Brasil não senhor."
"Como assim?"
"O Brasil não existe mais."
"Não existe?"
"Sim, há alguns anos atrás o Estado de São Paulo fez um plebiscito que aprovou a separação do país. Um pouco depois houve no Rio Grande do Sul uma revolução que declarou independência. Eles se uniram com a província de Buenos Aires, que também se separou da Argentina e formaram a República Cisplatina."
"E o que aconteceu com o resto do país? E o Nordeste?"
"Foi comprado por um consórcio de investidores alemães e ingleses e agora é um território independente, de pousadas e resorts de luxo."
"E o Norte, a Amazônia?"
"Como naquele jogo, '24 territórios a conquistar'. O que era o Centro-Oeste também."
João José parou por um instante, tentando compreender a magnitude do acontecimento.
"E agora, como se chama o país São Paulo?"
"República Paulista da Ordem da Maçonaria."
"E o que aconteceu com Brasília? O que é lá agora?"
"Foi aterrada e virou um estacionamento."
João, atônito, achou que não suportaria mais revelações desse tipo e resolveu que simplesmente iria embora dali.
"Quando vou poder ter alta aqui do hospital?"
"Só acertar a papelada.... Por sinal, agora o hospital se chama Julio de Mesquita. Os nomes 'brasileiros' foram substituídos por personagens da história de São Paulo."
"Meu Deus. Acho que preciso de um cigarro."
"Shhhh senhor, isso agora é crime."

terça-feira, novembro 24, 2009

Sobre eventos da política nacional

Diga-me com quem andas e direi quem és (devaneios de uma madrugada insone).

segunda-feira, novembro 23, 2009

Samcro

Sempre em busca de novos seriados interessantes, acabei encontrando uma gema, Sons of Anarchy.
Os personagens são inteligentemente criados e as situações muito bem boladas. Mas é a idéia de contar toda uma subcultura de desajustados, que nos EUA existem aos borbotões, mas são convenientemente relegados aos rodapés da história tal como ela é narrada nos meios midiáticos mais usuais, que me cativou profundamente.
Se trata de uma família de motociclistas, totemicamente ligados ao Grim Reaper, sobreviventes ou subprodutos da contra-cultura do Oeste americano - insatisfeitos com o establishment do que acreditam não ser o verdadeiro espírito do país - que participam de uma série de desventuras fora-da-lei em sua tentativa de dar sentido a um ideal libertário que, ademais, inflama outros tantos malucos por lá com suas próprias versões de como consegui-la.
Mas a história toda clama por uma análise antropológica, do parentesco, das fissuras e conexões estabelecidas entre os diversos grupos e segmentos (que se unem em determinadas ocasiões, contra outros clubes), em sua lógica, regras e moralidade particulares e paralelas de como levar a vida. Coisa que, aliás, tenho pensado desde que li o livro dos Hell's Angels do Hunter Thompson, praticamente uma monografia etnográfica das gangues de motociclistas da costa oeste dos Estados Unidos (escrita no começo da carreira do Thompson, se não me engano).
Recomendadíssima.

sexta-feira, novembro 13, 2009

Navegar é preciso - versão saxã

Há alguns anos, em uma viagem com meu pai - que, por sinal, anda bastante pelo mundo - adquiri o hábito de procurar meu sobrenome nas listas telefônicas dos lugares em que vou.
Nesse mês passado encontrei uns dois ou três em Buenos Aires. Mas em Auckland, nada de nenhum dos representantes de Casteveltere in Val Fortore overseas.
Isso então me levou a pensar sobre o fato de quase não haver brasileiros por lá, pelo que tenha visto.
Até os últimos dias de estadia, inclusive pensei que não fosse ouvir português nas ruas - mas acabei ouvindo, uma vez, no ônibus, já no final da viagem.
Aí fiquei pensando nessa coisa da Nova Zelândia ser uma referência quase nula para os brasileiros. Exatamente por não ter quase nada que remeta a alguma idéia de familiaridade com o lugar. É a terra média e pronto.
"É longe demais", pensei.
Só que, estranhamente, ouvi muito alemão enquanto estive lá. Mas a Alemanha é longe também. Qual seria a razão disso?
Claro, o poder aquisitivo do pessoal das terras teutônicas é ligeiramente maior que o nosso, o que permite certa potencialidade de sair do país. E de fato, havia vários turistas. Mas havia também muita gente trabalhando e estudando lá.
Ao contrário da referência brazuca, que costuma mirar na Europa Ocidental e no velho Tio Sam, os amigos saxões acabam indo também para outros sítios.
Conversando com um casal alemão num jantar, certa noite, a mulher disparou: "vim estudar aqui porque é o lugar mais distante possível da Alemanha na Terra".
"Claro", pensei, "quem aguenta ficar a vida inteira naquela terrinha gelada onde tudo acontece certinho?"
Mas fiquei imaginando se não havia também um resquício do ethos germânico dos exploradores, aventureiros e colecionadores de curiosidades do mundo. Um certo complexo de Humboldt que impulsiona essa galera para fora (afinal, que alemão que se preze continua na casa dos pais depois da maioridade?).
Um pouco aquela idéia de pegar um globo, fechar os olhos e colocar o dedo em algum pedacinho esquisito e desconhecido. "É lá mesmo que vou me encontrar".

quarta-feira, novembro 11, 2009

O último que sair...

Eu já reclamando da cpfl ou achando que tinha pifado algum transformador nas redondezas, odiando porque ia perder a final da world series do poker, ao vivo, quando volta a luz e descubro, ouvindo os caras da narração, que estavam falando que foi difícil chegar no estúdio para gravar o programa porque o trânsito em SP estava maluco com a falta de luz, que na verdade o apagão não foi somente no meu bairro, mas em grande parte do sul, sudeste e centro-oeste do país, além do Paraguai e Argentina.
Talvez alguém tenha tropeçado em algum fio em Itaipu.

E me lembrei do apagão lá pelos idos de 1999. Na época estava no ginásio da unicamp - num show que me recuso a dizer qual era, mas se alguém quiser pesquisar para me envergonhar depois... taí o google.
Na ocasião havia ido, então, no breu, ao falecido Karambar, onde a luz, finalmente, voltou, de madrugada, para embaraço dos mais assanhados lá presentes.

Será que os papos de pane energética no país, que há uma década competiam, alarmistas, com o medo de uma falta de água potável num futuro próximo, mas que foram esquecidos por completo, irão voltar? Junto com a novela toda da transposição do São Francisco?

quarta-feira, novembro 04, 2009

"Citizen and Subject"

Hoje assisti, com algum atraso, Distric 9, o filme produzido pelo Peter Jackson que estava dando o que falar.
Tenho ido muito pouco ao cinema ultimamente. Em parte porque nada de bom tem sido feito, em parte porque estou ficando biruta com a tese. Acho que os últimos filmes que tinha ido assistir na telona foram Up e Era do Gelo 3.
Ambos em 3D.
Nem o do Tarantino acabei vendo - apesar que estou achando que vou me decepcionar com o tal...
Mas nesses dias de calor, saariano, com a pouca produtividade acadêmica ainda mais debilitada, acabei fugindo para o ar condicionado, siberiano, da sala de cinema com minha bat-companheira de filmes.

A idéia me parecia bastante interessante. Algo sobre uma analogia sobre o apartheid (na África do Sul, para dissipar qualquer possibilidade de não compreensão da referência) com aliens que tiveram que parar, por motivo de força maior, nesse planetinha esquisito e infeliz, o terceiro da órbita solar - para trocar o estepe, ou encher uma garrafa pet de gasolina, algo asssim (me lembrei da notícia dos franceses que foram rapelados numa faleva do Rio porque o GPS do carro deles pode até identificar radar, mas não considera IDH).
A velha história do deslocamento e do varrer para baixo do tapete.
Arrisco dizer que aconteceria o mesmo se eles tivessem ido parar em Toronto e não em Johannesburg (mas reconheço que deram azar os coitados. Pior apenas seria se tivessem acabado na Faixa de Gaza...).

E o começo parecia mesmo ser promissor. Referências explícitas ao multiculturalismo tenso da África do Sul, bem como sobre o genocídio de Ruanda - e tasca Mamdani neles (tutsi aqui não são baratas, mas camarões; ainda que os tais aliens pareçam mais baratas mesmo)!
(Eco, talvez, da idéia de que a África é uma coisa só?)
Achei bem interessante a sapatada na ONU e nas "agências humanitárias" e as cooperativas (geralmente escandinavas ou americanas) nós-cegas que patinam, soberbas, em nome de uma política "esclarecida" e altruísta, mas que operam basicamente com a mesma lógica paternalista do período colonial (resta fazer documentário premiado para passar no GNT, não é?).

Só que achei a narrativa meio confusa (sei que era intencional, propositalmente evitando explicar tudo tintim por tintim; mas...). Um pouco perdida nas nojentices e na ação, a meu ver, demasiada (a proposta não era ser um blockbuster de ação - mesmo pecado cometido pelos demais Matrix, aliás, que passaram do ponto).
Nojentice, aliás, que deve ter sido bem a gosto do Peter Jackson, relembrando sua fase Bad Taste e Braindead (sim, ele fez algo bom na Nova Zelândia antes dos hobbits e orcs).

Mas no geral saí satisfeito. Veria a continuação.

Nota - Todo mundo deve estar agora escrevendo sobre o Lévi-Strauss, que aguentou firme, centenário, para poder enterrar boa parte dos pós-estruturalistas e pós-modernistas pentelhos.
Quem sabe uma outra hora falo mais sobre o autor que me maravilhou e me irritou nesses anos todos de antropologia. Mas não agora.
Digo apenas que depois dele realmente não existem mais grandes pensadores humanistas.

domingo, outubro 04, 2009

Aotearoa

O congresso em Buenos Aires foi muito bom, ainda que tenha visto muita pouca coisa do mesmo. Tive que organizar bem meu pouco tempo lá para fazer coisas interessantes (como comer que nem um condenado os maravilhosos bifes argentinos!). Mas valeu. Eu não sei qual é a lógica, algumas vezes fico nervoso, outras não. Mas a apresentação foi tranquila e a sessão como debatedor, bastante proveitosa!
Não deu pra passear tanto quanto gostaria pela cidade, mas o Gábor me levou num pub e fiz umas coisas turista básico também.
E agora cheguei à Aotearoa (ou Nova Zelândia, ou Terra Média)! E comigo veio a chuva. Mas tudo bem, por enquanto adorando tudo! As pessoas são incrivelmente hospitaleiras, a terra é linda e a cultura maori simplesmente sensacional! Hoje vim para uma das universidades em que a Dani tem feito pesquisa, e dei um pulo numa Marae, ou um espaço de recepção sagrado maori. E sobre isso vou escrever um post a parte depois. Mas é incrivelmente belo e extremamente significativo. Todos os entalhes são uma grande narrativa sobre a história maori - cosmológica e histórica (a distinção não faz muito sentido para eles, pelo jeito). E um senhor muito simpático ficou um tempão explicando tudo e tirando todas minhas dúvidas imbecis.
O pessoal aqui tem muita paciência. E levam uma vida muito tranquila. Stress-free!
Mais sobre o outro lado do mundo em outra ocasião!

sexta-feira, setembro 25, 2009

A volta do bom horror?

Bom, esse deve ser o último post antes de viajar para terras porteñas.
Tô meio sem tempo de atualizar aqui. Não exatamente por falta de vontade. Tenho uns textos na cabeça, mas na hora de vir pra frente do computador acabo vendo outras coisas... Enfim, apenas um rapidinho para dar uma dica cinematográfica.

Sam Raimi parece nunca ter se afastado tanto do horror que o consagrou (perdi noites insones quando criança assistindo Evil Dead - era o filme que nós, quase adolescentes, pegávamos de algum jeito (provavelmente irmã ou irmão mais velho que alugava e repassava) e assistíamos morrendo de medo debaixo de um cobertor! Esse e Demons, aliás!).
Ao longo dos anos ele esteve envolvido em alguns projetos do gênero, mesmo que mais bobinhos. E passa agora por uma fase super pop, com os duvidosos Homem-Aranha, por exemplo. Entretanto, ele anuncia a filmagem de Evil Dead 4, o que me dá um pouco de medo do que virá (o 2 é passável, mas o 3 é terrivelmente ruim, ainda que não seja dele; mas não sei se a série ainda se mantêm... mesmo com a onda revival atual). Que, claro, vou conferir quando sair.
Agora, ontem vi, junto com o André, num cinema completamente vazio, Drag me to Hell, do Raimi!
E fiquei impressionado como é bom! Ok, um pouco previsível, mas acho que isso não era preocupação dele (nada de ficar quebrando a cabeça para montar um final "surpreendente", como o tal M Night Shyamalan tenta cada vez mais desesperadamente fazer e que já me encheu o saco faz tempo - ainda que no finalzinho ele tenha se entregado à formula, já manjada... você sabe que ainda vai ter algo quando o filme não termina quando deveria). Nada de trapacear também abusando dos sustos (os filmes de terror hoje parecem só se valer do truque barato de colocar um rosto assustador, de repente, na fuça do "protagonista" (a.k.a. espectador)). Tudo muito conscientemente tosco, mesmo que não tenha chutado o balde como gostaria e tenha feito algumas concessões sobre as coisas que mencionei aí em cima.
Mas o estilo, um pouco vintage (porque claramente homenageando os filmes antigos de horror), é maravilhoso. Alguns personagens muito interessantes (tudo bem, tem o imbecil do Justin Long só para atrair bilheteria, mas também tem os pais do personagem dele, deliciosamente esquisitíssimos). E a trilha sonora é de matar! Uma das melhores em muito tempo!
E tem o humor gore dele também. Que nem sempre dá certo, mas normalmente dá um bom contraste com as partes assustadoras.
Vale a pena ver na telona. Mas vá com a mente aberta.
Espero que o filme sirva para abrir precedentes de filmes menos pretenciosos e com melhor qualidade. Pelo menos com outras possibilidades de enredo.

sábado, setembro 19, 2009

Loki

Ultimamente tenho visto uns documentários muito bons sobre bandas e músicos. Começou há uns anos, com o lindo documentário do Joe Strummer pelo Julian Temple. Aí passou por Leonard Cohen, Ramones etc. Semana passada vi um do The Who muito bem feito, com depoimentos de vários "sobreviventes". Você pensa que sabe muita coisa sobre os artistas que admira e descobre que está enganado. A vida compartimentalizada.
Aí hoje vi Loki: Arnaldo Baptista, no Canal Brasil.
E aconteceu algo engraçado. Na babação de ovo atrasada (por quê não consagraram o cara antes? Enfim...) eu fiquei com a impressão de existirem vários sentidos do Arnaldo. Algo até mesmo esquizofrênico.
Que ele é genial, sei bem. Mas o fato dele ser "descoberto" pelos gringos, à maneira do que aconteceu com Tom Zé e outros (músicos e DJs gringos adoram música brasileira dos 60 e 70 - o que não acontece aqui. Ou melhor, redescobrimos nossa história via gringolândia - e não é que ele aparece mesmo como a versão brasileira do Syd Barrett?) me deixa estarrecido. E agora é cool gostar de Mutantes. Antes ele era só o maluco. Quando isso.
E me incluo na crítica.
No documentário mostraram o show em que ele saiu do casulo em que esteve por anos para dar uma canja esquisita de Panis et Circenses com o chato do Sean Lennon. Eu estava nesse show. Num Free Jazz de 2000 (sim, cigarro antes patrocinava abertamente boas coisas - você perceba aí que o acossamento dos fumantes é um processo paulatino). Mas o show em si foi um saco. Culpa do filho do John com Yoko, principalmente, que não empolgou ninguém até o aparecimento do Arnaldo. Mas lembro que na época fiquei pensando "o que esse velho de camisa prateada está fazendo aí?".
Mea culpa.
Tipo, ele não era exatamente o mesmo cara dos Mutantes, mas uma versão triste deste passado pouquíssimo lembrado (caberia fácil uma tese sobre a psicodelia brasileira dos 60, ou então alguma biografia de um desses malucos rejeitados).
De novo, quando os Mutantes se reuniram há alguns anos, em Londres, achei a notícia meio esquisita, talvez negativamente influenciado pelo fenômeno das band reunions que pipocava um tempo atrás.
O que é chatice minha, claro. Porque o cara merece um carinho, ainda que tardiamente. Só acho esquisito, de repente, ele virar au concour.

quarta-feira, setembro 09, 2009

Vergonha Alheia

Eu tinha decidido que não ia assistir o video da Vanusa cantando o hino nacional. Por conta da tal Vergonha Alheia, esse trágico sentimento que de vez em quando me assalta os ânimos, em momentos em que rola uma certa empatia com a figura humilhada - a maior parte das vezes o que vem mesmo é algo em direção ao sadismo, mas, enfim...
Só pelas notícias, pelas piadas, já imaginava que a coisa não devia ser bonita. Então por vários dias me poupei a dor no âmago que normalmente me faz mudar de canal, ou cantar em voz alta "nanananananana" com a esperança de sobrepujar o humilhante em ação - como pessoas falando portunhol ou "inglês joel santanês" na tv. O que os anglo-saxões, com tanta propriedade, definem na língua deles como making an ass of oneself.
Mas nesse final de semana, numa reuniãozinha com amigos, o assunto virou pauta. Aí fiquei com a sensação de que era a única pessoa que não tinha visto o bendito vídeo no you tube e me senti marginalizado.
E então fui ver.
Nessas horas, meu patriotismo seletivo, quase nulo na verdade (ele aparece quando gringo fala mal do Brasil ou de quatro em quatro anos, em Copa do Mundo), acorda indignado. Eu coloco toda a dó e compreensão de lado - ou "a humilhação já é punição suficiente" (e não cola a desculpa de remédio de labirintite, como não colou a explicação do Fernando Vanucci há 3 anos, na Copa da Alemanha). Bom, na verdade é uma mistura de constrangimento, irritação e... bem, um certo fascínio divertido.
Ah, como queria que um dos polícias ao fundo fossem lá dar um ippon na mulher...

sábado, agosto 08, 2009

Manifesto anti-anti-tabaco

Fumantes do mundo uni-vos!

Tudo bem, não vou discriminar. Que se una quem quiser, fumante ou simplesmente o apreciador da boa e velha cor azul francesa.
Porque não é o direito de fumar que gostaria de discutir. Mas o controle crescente em nome de uma certa ditadura da saúde. Em que comer alface e broto de feijão não é mais um estilo de vida ou uma escolha, mas O padrão a ser seguido, "naturalmente", sob pena do escrutínio e disciplinarização por parte do Estado.

Como todo bom manifesto, começo radicalizando. Já que a primeira frase que me vem à mente é a do pastor Niemöller. Aquela famosa, do "quando vieram pelos judeus (...) quando me levaram não havia mais ninguém".
Sim, porque na Alemanha nacional-socialista também vieram comendo pelas beiradas. Até chegar o momento em que se você não fosse determinada pessoa, uma estrela lhe era conferida na lapela.
Exagero? Talvez sim. Mas o ponto é que a questão não é sequer problematizada.

Conversava com meu amigo Gustavo sobre a estigmatização legalizada. Se ainda não etnicizada ou racializada (porque aí é politicamente incorreto e dá cadeia), ainda sim significativa de um comportamento social vigiado e condenado. O que, paradoxalmente, coloca o fumante na categoria de minoria, não é? Brinquei que chegará o momento, pelo menos, em que o tabagista poderá pleitear uma daquelas vagas reservadas a deficientes...

O que me irrita mais é a maneira como isso não é sequer discutido, mas imposto, sob o argumento dúbil de que o fumante representa um rombo no orçamento do estado. Que o passivo possa ter o direito de não receber uma fumaçada alheia, concordo plenamente. Mas não é isso que está em questão, já que não existe sequer a possibilidade de um ambiente segregado.
O Gustavo me autorizou a reproduzir umas pérolas que ele coletou desde ontem, quando, movido por uma angústia e revolta, pensou sobre o absurdo da coisa:

Na entrada, a revista recolhe os cigarros e os devolve somente na saída. "Quem quiser fumar poderá colocar a pulseira e sair, mas antes tem que pagar a comanda. Quando acabar, é só pegar outra e entrar". (MAYRA MALDJIAN, especial para a Folha online)

Isso é uma maneira de humilhar o fumante ou o quê?

Pela nova lei, as multas também poderão ser aplicadas mesmo que não seja encontrado um fumante em ação. Basta vestígios de que se fumou por ali, como bitucas e cinzeiros. (VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO, especial para a Folha online)

Agora, a melhor. Chega a ser tragicômico:
No O'Malley's (região oeste da cidade de São Paulo), os seguranças estarão munidos de pistolas d'água "para apagar, subitamente, o fumígeno ofensivo", como conta o proprietário do pub, Ali Visserman. A intenção é jogar água somente no cigarro, e não no rosto das pessoas. (FABIANA SERAGUSA, especial para a Folha online)

O pior é que, numa dessas, não dá nem pra processar a pessoa por agressão, já que o fumante é que é o meliante.

sexta-feira, agosto 07, 2009

fumaça...

Ontem foi o último dia de fumo dentro de bar.
Eu não acho que isso vá funcionar. De qualquer maneira é mais um sinal da careticização hiprócrita que só vem aumentando e aumentando. Daqui a pouco vão tentar uma lei parecida com bebida. Se aprovarem o porte de armas e casamento polígamo, pronto, viramos Utah.
Na verdade, o embate entre sociedade e as autoridades sanitárias causa rusgas e enfrentamentos que não são de hoje. Que o diga Oswaldo Cruz. É a velha política de "fazer o bem" goela abaixo. A diferença do que aconteceu 100 anos atrás é que agora nenhum fumante vai se armar de pedras e paus pra atacar os fiscais da vigilância sanitária. Porque junto com a careticização progressiva, ocorre outro fenônemo: a bundalização galopante. Que o digam os Sarneys da vida que confortavelmente dizem que não saem e fica por isso mesmo. Que o digam os Serras da vida que estão acabando com as universidades públicas e saem impunes.
Mas isso é outra história.
Eu assisti à duas proibições de tabaco. Uma agora. E outra em Londres, agosto de 2007, quando lá estava residindo (sim, é um padrão mundial). Um mês depois da proibição, os ingleses - talvez não tão conhecidos por seguir as leis quanto os alemães, mas ainda sim bastante caxias em comparação aos brasileiros - voltaram a fumar. Dentro dos pubs. Não tem jeito. As coisas vão se acoxambrando e, depois de uns litros de cerveja na cabeça, a pessoa não tá nem aí em acender um cigarro (e mesmo os alemães já conseguiram burlar a lei, com algumas medidas simples, como a caixinha do fumante, para pagar a multa).
Isso tudo na minha opinião, claro.
Sinto pelos passivos, injustamente fodidos pelos ativos, mas rumamos para um mundo cinza e sem graça (ainda que sem fumaça - mas ninguém faz uma lei anti-usar mangueira de água por 2 horas para varrer folhas na calçada, faz? O mundo continua indo pro buraco, com ou sem fumante).

Em tempo: a Dani achou um vídeo de uma das minhas bandas preferidas, no meu bar preferido, em Londres. Ganha um parabéns quem me achar, filmando o show, atrás de um pint de cerveja e... tã tã tã tã: um cigarro.

quinta-feira, agosto 06, 2009

...

Nada como a sabedoria dos filmes dos anos 80...

Mr. Shoop para Chainsaw: "Alcohol kills brain cells. You lose one more, you're a talking monkey".


(adendo: good bye John Hughes)

domingo, julho 26, 2009

Tabaco

Quarta-feira fui na feira de livros que de vez em quando acontece no ginásio da unicamp, saciar meu eterno vício literário. Encontrei alguns amigos e me diverti fuçando páginas e títulos por algumas horas.
Saí de lá com econômicos dois livros, a custo de muito auto-controle e parcimonia, estipulados por um teto orçamentário que, felizmente, cumpri.
Comprei um lindo livro de História da Arte, de T. J. Clark, sobre arte moderna francesa, que parece muito promissor. E um outro de Julio Ramon Ribeyro, autor peruano bastante desconhecido nestas bandas (e ainda anterior que Vargas Llosa). O título já havia chamado minha atenção: "Só para fumantes". Além disso, sou fã das edições da Cosac.
Comprado.
O primeiro conto, o que dá o título à coletânea, foi umas das melhores, mais sinceras e singelas histórias que eu já li.
Emocionada e emocionante, é um relato autobiográfico deste autor que diz não pretender fazer nenhuma elegia ou diatribe sobre o fumar; mas, não é possível deixar de notar, mesmo com toda tragédia narrada (que fica ainda mais insuportável com o humor finíssimo e a ironia absurda e macabra que só um fumante convicto tem sobre os problemas que lhe afligem depois de uma vida de fumaça), o que Ribeyro de fato faz é alçar o cigarro à categoria de núcleo vital, ao redor do qual gira toda sua trajetória. Quase como se recordasse do grande amor de sua vida, no leito de morte, ditando sua história para uma enfermeira qualquer. Deprimente e encorajador.
Não quero parecer elitista, já que uma pessoa que nunca colocou um cigarro na boca, ou alguém que já experimentou e não entende qual é toda a comoção sobre o prazer de uma tragada, ou mesmo alguém que conseguiu, finalmente, parar de fumar, pode muitíssimo bem apreciar a beleza do conto. Mas eu acho que o relato toca de uma maneira particular todos os fumantes, que de uma maneira ou outra odeiam e adoram aquele cigarro depois do café, ou aquele depois do almoço. Ou ainda aquele na frente do computador. O contemplativo. O que se acende para esperar. O na mesa de bar, com um copo de cerveja. O que você acende com sofreguidão, depois de esperar até o último minuto para sair do ambiente anti-tabagista (não é?). O que é aceso sem convicção, apenas ato mecânico. O que se acende com culpa. O que se acende com alívio. O clichê, logo depois da trepada. O que se acende dirigindo, ouvindo música e cerrando os olhos pelo sol. O que se acende quando não se quer falar com ninguém. O que te faz companhia. O que te salva, nos momentos de silêncio desconfortável. O que é especial, eternizado na memória. O que é efêmero, injustamente sacrificado e transformado em bituca amassada sem poder proporcionar o prazer de seus semelhantes.
Esses fumantes se sentem realizados com o relato. Como devem se sentir os apaixonados, que leem os poetas e pensam "esse entendeu o espírito da coisa".
A maior tragédia, como bem notou Ribeyro, é que, a despeito da inegável e umbilical relação que existe entre a escrita e o cigarro, pouquíssima gente escreveu sobre o fumar, assunto menor, mesmo para os mais talentosos fumantes.
Quase encarado como uma falta moral, uma falha de caráter da qual a única saída é se envergonhar e proclamar o desejo de um dia parar - a humilhação de se acreditar que se fuma por uma propriedade escravizadora das substâncias e da fumaça quase mística - o fumante raramente é convicto de sua escolha. Ou ao menos acredita que não há espaço para seu depoimento - o que cada vez mais é verdade, dado o crescente cerco de constrangimentos ao tabagista, tratado cada vez mais como um leproso, um pária, ônus da sociedade e responsável pelo rombo orçamentário dos sistemas de saúde. Se trata, para este, quase de um assunto pessoal.
A questão é que, eu acredito, não se pode pensar apenas em termos de propriedades cancerígenas cientificamente comprovadas, mas se trata, sim, de algo muito aparentado com uma religião. Com seus mistérios próprios, sua fé cambaleante, seus evidentes rituais diários (afinal, quem vai na igreja todos os dias? Se é antes um fumante do que católico, judeu, muçulmano), a relação com o cigarro não é pragmática. E como tal, acho que é muitas vezes injustamente julgada.
O que me faz, aliás, pensar que esta proibição - e nem digo se certa ou errada - é completamente hipócrita. Que me ofendem outros crentes, não é preciso dizer. O argumento de que se prejudica o fumante passivo? Não preciso nem discorrer exemplos de males ainda mais nocivos, também colaterais de direitos inquestionáveis, como andar de carro, coletar dízimo, praticar corrupção, propaganda de pasta de dente, amar e deixar de amar...
Ribeyro não é um profeta do tabaco. Mas é seu cronista nada parcial.

sábado, julho 25, 2009

Voltando

Andei meio sem vontade de escrever por aqui. E quando vinha uma inspiração, estava longe da internet... Uma coisa levou a outra e no fim acho que nunca fiquei tanto tempo sem pelo menos dar um oi.
Esse final de semestre foi punk. Mas, fechado o balanço geral, gostei muito dessa história de dar aula. Tive uma ótima experiência, coisa que eu não tinha muita certeza que iria acontecer.
Sempre acreditei no papo de que se pelo menos um aluno aprender algo, já valeu a pena. E na verdade fiquei com a impressão de que tive alguns (algumas, na verdade) alunos que realmente me encheram os olhos. Isso tudo a despeito da greve que atrapalhou tudo no final.
Agora essa última semana passei revendo amigos, saindo pra relaxar, dormindo e vendo muita tv... foi ótimo, mas já volto ao ritmo de trabalho agora...

As novidades são que troquei de montaria e devo começar um podcast com os amigos Gui e Renato.

E vou tentar não deixar tudo tão às moscas por aqui.

segunda-feira, junho 15, 2009

Tirando a sorte grande

De vez em quando jogo na loteria, enriquecendo alguém que não sou eu - já que eu nunca ganhei necas.
Outro dia acabei participando de um bolão da quina. E não é que, conferindo, vi que acertei o terno!? Sabia que não ia poder me aposentar mais cedo, mas fiquei entusiasmado quando vi que o prêmio era 137 reais e 50 centavos!!
Ganhei algo!!
Lá fui eu então na lotérica que fez o bolão, ali na Barreto Leme, perto do Starbucks, coletar minha fortuna. Mas descobri que algumas outras pessoas ganharam comigo o mesmo prêmio (claro). Dividindo os rendimentos entre todos, fiquei com a expressiva quantia de 6 reais e 67 centavos!!
Mas ainda estava feliz! Ganhei algo!!
Ignorei a sugestão da moça da lotérica para fazer mais uma fezinha e fiz, então, a única coisa que me parecia lógica no momento: fui pro Starbucks e pedi um mocha!!
Tudo bem que tive que completar 45 centavos...
Mas não importa! Eu ganhei algo!!

domingo, junho 14, 2009

Sobre o que ficou. E continuou ali.

Nesse feriado fui fazer uma pequena viagem com alguns amigos queridos e me esbaldei em comida, bebida e principalmente boa conversa e hospitalidade! Numa dessas últimas noites, regadas a cerveja, café, cigarros e fofocas, conversávamos sobre algumas amizades do passado e o quanto algumas figuras mudaram muito de quando as conhecíamos ou, no caso contrário, como não mudaram. Contei uma pequena experiência que tive na semana anterior, e fui convencido a recontá-la em formato de crônica. Eis então o que me sucedeu numa fria noite de junho...

Nesta última discotecagem, quinta-feira retrasada, tive que ficar até o final do expediente - que aconteceu lá pelas 4 e pouco da matina. Já bastante ébrio, fui convencido - até rápido demais, o que atesta a gravidade do grau alcoólico da pessoa - a continuar a noitada na loja de conveniência do posto da estrada da Rhodia, o único estabelecimento que vende álcool em tal hora da madrugada.
Para lá me dirigi, com uma amiga, um amigo, um conhecido e duas figuras misteriosas e desconhecidas para mim, até então (uma xx e a outra xy). Os nomes serão omitidos por motivos óbvios.
O dito conhecido passou a próxima hora (já havia começado a se enveredar no assunto ainda no bar) a enumerar os títulos de filmes pornô que havia assistido recentemente e que fazem referência a algum blockbuster convencional (um deles ficou marcado, indelével, na cabeça: "Cabeção Valente", produção que propõe uma nova leitura da saga do herói escocês e novo clássico da indústria do entretenimento adulto nacional). A amiga, mais para lá do que pra cá, estava se enveredando para os lados do figura desconhecido macho (ou assim ele achou). Já o amigo e a figura desconhecida, se atracavam num canto, em geral alheios a tudo e a todos. E eu começando a me perguntar o que estava fazendo ali.
Aqueles dois por cento de consciência que me diziam para passar a régua no dia, começaram a aumentar progressivamente. Ainda mais quando, ao invés de continuar na cerveja, peguei um cafezão e a razão começou a ressurgir, em velocidade bastante alta.
Enfim, estava até me divertindo com "O Penetrador do futuro" ("Eu penetrarei todas!!!") e "O Guarda Coxas" da vida, então continuei por ali.
O problema começou a acontecer depois. O figura começou a beber uma cerveja dentro da loja de conveniência, ao que foi interpelado e requisitado para consumir a bebida do lado de fora do estabelecimento. Nada mais natural, acredito eu, na minha santa ingenuidade.
O que veio a seguir foi uma revolta "contra o autoritarismo" na forma de consumo de substâncias proibidas na porta da lojinha, para desespero da pobre moça que devia estar de saco cheio de lidar com bêbados e perdidos e malucos afins em frias madrugadas solitárias. Eu pessoalmente fiquei constrangido pela truculência desferida na face da "representante da autoridade" (que deve ganhar menos de um salário mínimo e muita dor de cabeça). Mas continuei por ali, talvez em nome dos velhos tempos de fim de noite no posto.
Por cinco minutos, entretanto, fiquei me perguntando se eu não estava ficando velho para essas coisas, ficando careta, chato, não sei. Mas comecei a suspeitar que eram as pessoas ali, com 30 anos nas costas, que tinham parado no tempo. E comecei a lembrar de todos os amigos que estacionaram no esquema bar-chapação-5 dias por semana e anunciei minha intenção de ir embora, assim que terminasse o café.
Mas a gota d'água mesmo, que Gustavo e Marília consideraram paradigmática de tudo que estava sendo representado pelo pequeno evento, foi quando surgiu a sugestão, "ei, podemos acender uma fogueira!" (segundo Marília, faltou só surgir o violão na rodinha).
Com o dia raiando, os passarinhos cantarolando e me recordando do bizarro da situação, parecendo dizer "imbecil, fodeu", fui embora para casa dormir, bem mais tranquilo com minha idade e com meu ritmo de vida atual.

sábado, junho 06, 2009

Quinta, música e diversão

Faz um tempo que eu parei de comentar sobre música aqui (a bem da verdade que eu parei de comentar qualquer coisa). Mas essa banda merece registro.
Quinta feira eu estava exausto. Tinha ficado até de madrugada preparando minha aula (que foi mais ou menos impedida de acontecer após fatos no ifch) e passado o dia fazendo mil coisas. O frio estava intenso. Além disso, concorria, no imaginário baladístico das congregações universitárias (o grosso do público em questão), uma festa à fantasia no ifch (em que as pessoas devem ter ido de urso polar ou foca) e outra de um pessoal da antropologia bastante empolgado (começo do mestrado, claro).
De qualquer forma, havia um público bastante razoável. A discotecagem foi muito boa - se não foi a mais empolgante, foi uma das com melhor qualidade). A conversa estava ótima (com direito a ida ao posto para falar de filme pornô às 5 da manhã) e a cerveja idem. Mas o ponto alto, apesar do nome infeliz, foi ter visto a apresentação do Macaco Bong!
Depois de uma performace de hipnotizar e tirar o fôlego (e muitas cordas arrebentadas - o que, afinal, terminou com o show), cheguei à conclusão que foi a melhor banda que eu vi no Bar do Zé.
E ficava tentando definir o som dos caras, mas não consegui. Um tanto progressivo, mas com garagem, batida hardcore, com um pouco de jazz, guitarreira estilo noroeste americano, em que tudo se misturava - ou melhor, sucedia, em quebras de ritmo absolutamente brilhantes e perfeitas.
E o melhor, foi um virtuosismo que não encheu o saco ou foi pedante! Extremamente empolgante e dançante!
Sugiro que, na próxima vez que esse pessoal vier de Cuiabá para terras campineiras (ou paulistanas), você tente ir!

segunda-feira, junho 01, 2009

Nova balada indie-se

Aos que estarão em Campinas city nesta quinta, com muita vontade de ouvir uma discotecagem excelente (há!) e uma banda do caraleo (diretamente da quentura de Cuiabá!)...


Prestigiem o autor deste blog e tomem uma cerveja gelada!
(novamente a bonita arte do cartaz do Julinho!)

domingo, maio 24, 2009

Errata

Correção do adendo do post retrasado.
Fui outro dia num desses botecos chiques em Barão e a cerveja não está mais 5 reais. Agora é 6 e meio!
A outra nova moda, de bar com cerveja importada com preço atrelado ao dólar, daqui a pouco não vai parecer tão absurda assim...

sábado, maio 23, 2009

Mais sobre séries televisivas

Continuando o relato de minha busca por novas séries de tv para entreter minha pobre cabeça cansada.

- Primeval. Série inglesa que parecia ruim mesmo na descrição. Resolvi dar uma chance, para ver dinossauros soltos em Londres causando confusão. Mas, infelizmente, não consegui nem terminar de ver um episódio inteiro. É realmente ruim. Vou tentar novamente depois, mas os efeitos são toscos demais para uma reavaliação parecer promissora. Ok, os brits estão acostumados com tosquice, estilo Red Dwarf e Doctor Who. Mas tem um limite... E as coisas acontecem muito rápido, sem muito sentido.

- Threshold. Dica de uma amiga. Alienígenas que controlam mentes. Doutora fodona que comanda uma equipe de desajustados brilhantes (um pequeno matemático encrenqueiro, um engenheiro covarde e um biólogo cínico - e, claro, o gostosão que é bom nas armas), sob orientação do governo americano em seus planos de manipular a situação e encobrir o evento. Precisa de algo mais?

- Lie to Me. Minha nova série favorita! É muito boa, apesar de eu não acreditar em quase nada do que o protagonista faz. Tim Roth (que eu adoro! E aqui ele não precisou esconder o sotaque brit dele, o que dá um tchã a mais - e que faz com que o cara das legendas não entenda nada do que fala!) faz um doutor especializado em linguagem corporal que ajuda a solucionar crimes. O diferencial mesmo (além da performace do Tim Roth) são as vinhetinhas, com as mesmas expressões dos casos do episódio, vindas de arquivos sobre personalidades reais. Clinton mentindo sobre Monica. Nixon mentindo sobre ganhos ilegais. O. J. Simpson em julgamento. Sarah Palin se borrando de medo na campanha passada. Genial.

- Falei já sobre Survivors aqui? É outra série inglesa, sobre o tema de um mundo pós-apocalíptico (vírus, claro). A nova ordem mundial sob a perspectiva de um punhado de sobreviventes (os imunes), que se juntam, em uma aliança improvável, nos arredores de Manchester, enfrentando todos os aproveitadores que evidentemente surgiram com o caos - além, claro, de uma corporação misteriosa que tem alguma relação com o tal vírus. Bem interessante.

quarta-feira, maio 20, 2009

Meu mundo televisivo

Com as séries que assisto entrando em período de entre-safra, fui à caça de novas distrações para os Momentos Lesera em casa:

- Apparitions. Série inglesa, com tudo de bom e de ruim que advém de tal procedência. Humor muitíssimo mais interessante que o americano. Atuações em geral também de nível melhor. Mas com orçamento limitado. E o efeito cliff-hanger... bom, esse é dominado à perfeição pelos anglo-saxões do outro lado da poça... aqui fica um pouco tosco.

- Harper's Island. Esse foi dica da Pati. É aquele típico seriado que é muito bom por ser muito ruim! Com atores estilo Dallas com dentes tão perfeitos que dá nojo, mas com atuações estilo Barrados no Baile, é uma mistura de Pânico com The O.C. De qualquer maneira, não sei como não vieram com um seriado de serial-killer-mata-adolescente-besta antes.

Tenho outros em avaliação. Volto a eles em outra ocasião.

Pequeno adendo: Alguém percebeu que os bares novos, estilo boteco chique com cerveja a 5 reais, estão mudando de Empório-alguma-coisa, ou São-nome-cristão, para o campo das artes populares regionais brasileiras? Não duvido se começar a surgir bar com nome de romance de Jorge Amado por aí...

segunda-feira, maio 18, 2009

I need endorphin!

Coisa estranha aconteceu nas últimas semanas. Andei um tanto quanto triste e desanimado nestes últimos tempos. Isso a despeito de dias realmente maravilhosos, que coexistiram com essa deprê meio esquisita.
Primeiro fui ao Rio, deslumbrante e ensolarado! Lá só comi (e muito bem), bati papo com meus primos e primas que não via há tempos e fui para uma praia linda e deserta nadar (há bem uns 5 anos anos não fazia isso)! Seria o suficiente para manter os níveis de felicidade acumulada no máximo por um tempo. Mas não foi bem assim...
Então fui para SP, com amigos queridos que, muito amavelmente, resolveram me resgatar da fossa que é ficar solitário em casa (houve uma semana que fiquei dias sem ouvir qualquer voz humana) e me levaram para a Virada Cultural. Em SP fui numa baladinha de outros amigos, bebi um conhaque exorbitante (de bom e de caro) e dancei feito um alucinado. Fui no MASP, coisa que não fazia há anos. E vi shows muito bons (em especial o da banda canadense que tocava música judaica do leste europeu e o do tiozinho que dançava com a retro-escavadeira)! E pude andar no centro da cidade, que é simplesmente deslumbrante. E lá também encontrei outra querida amiga de quem estava com muitas saudades, no meio da muvuca (SP é pequena), meio sem querer (dear, you are a balm to my sore eyes!).
Essa semana acabei discotecando na despedida de uma amiga e também me acabei de dançar na pista. E tive uma conversa que me fez um bem tão grande... como fazia tempo que uma conversa não me fazia (estava perdendo a fé na eficácia do diálogo).
Na sexta recebi dois amigos em casa e ficamos 8 horas bebendo cervejas deliciosas, batendo papo e dando risada, muita risada. Tudo para deixar o espírito leve e rejuvenescer 10 anos!
E hoje fui com minha amiga poderosa das velhas terras baixas beber um super café no Starbucks! E dei muita risada com as abobrinhas resultantes de tal empreitada (de ambas as partes, heim Meme?! Thanks for today!)!
Além disso, as minhas aulas estão muito gostosas! E minhas alunas são tudibão. Nada a reclamar nessa área também.
Mas é só chegar em casa, ficar meia hora só, que o bode lembra que está por aí, rondando.
Vai entender.

terça-feira, maio 05, 2009

Os pequenos prazeres da vida

Voltei ontem de SP, após maratona de Virada Cultural (depois conto minhas impressões) e, como já esperava, passei o dia de hoje meio dormindo (ajudado pelo friozinho que chegou e pelo furacão que se anunciou no meio da tarde). Convalescendo e curando das feridas nos pés.
Depois fui ter uma tarde preguiçosa com minha bat-amiga de cinema, ver filminho de sessão da tarde.
Mas o ponto alto do dia mesmo foi tomar um mocha com ela no Starbucks depois!
Sinto muito para quem, como uma outra amiga minha que boicota essas coisas, acha que é uma corporação do mal e tal (Fight Club, lembra?), mas eu adoro o mocha deles! E como minha consciência social vai só até a página dois (sim, é verdade, admito), e não tenho a moral de viver de alface na praia, prefiro não carregar peso na consciência ou ficar lutando contra a hipocrisia de meu ser - e vou mesmo dar dinheiro para os caras em troca de doses imediatas de bem-estar.
E agora que abriu um pertinho de casa, prevejo um aumento de satisfação na vida pela ingestão de cafeína...

quinta-feira, abril 30, 2009

Oinc

O que valia em 2006 ainda vale hoje. Agora com a possibilidade da soma dos dois, pelo jeito.
Sobre os efeitos aniquiladores da influenza, não posso dizer muito. Mas que psicologicamente é um desastre, é só ver como está o México, mais do que nunca "tão perto do Tio Sam, tão longe de Deus".

segunda-feira, abril 27, 2009

Algo sobre amizade

Eu tenho uma amiga que me chama de sua girlfriend (e mantenho o inglês porque não é uma tradução para namorada). Aí hoje eu parei pra pensar um pouco nisso e sobre gênero e amizade...
O interessante nessa amizade é que desde que a gente se conheceu, há mais de uma década atrás, um papo bastante íntimo (não necessariamente sacanagem, apenas íntimo) rolava naturalmente, desde o começo. Depois ficamos um tempão sem nos ver, mas quando retomamos a amizade, continuou tudo como era antes. Fácil.
E de fato eu acho que faço coisas de girlfriend com ela. Desde conversas sobre namoros e amores, passando pelo besteirol puro, até irmos juntos pra ir comprar calcinha pra ela. Coisa de pintar ou cortar o cabelo um do outro e de fazer comida juntos.
Mas tem uma complexidade a mais. Não é que eu assuma um papel de amiga. E aí pensando no sentido que o gênero proporciona nas diferenças de sociabilidades entre pessoas. Há como que uma conduta certa para amizade entre amigas, ou de amizade entre amigos, que quase sempre exclui automaticamente a possibilidade de ter algo parecido quando a amizade é do sexo oposto. Aí é, normalmente, um terceiro tipo de amizade.
Mas, então. Ela também cumpre um papel de amigo.Coisa de podermos falar merda, ter as viagens que você normalmente reserva para os amigos homens e não tem coragem de ter com as mulheres (do tipo que você imagina que as mulheres irão te censurar e então nem abre a boca na presença de uma). E também coisas que às vezes homens ficam com o pé atrás com medo de parecer gay mas fazem mesmo assim (aquela coisa: dá um abraço, mas tem que ser forte, quase machucando; batendo com a mão nas costas ao invés de apenas segurar apertado - convenções masculinas básicas), com ela não tem problema. E acho que exatamente por esse deslocamento da ética entre amigos. É como se o ônus de um e de outro caso, não existisse.
Fiquei pensando nisso e em algumas amizades que eu tenho. E pensei nessa palavrinha tão sexualizada que é paixão. E o quanto eu sinto, realmente, por não poder fazer algumas coisas que gostaria porque podem ser mal interpretadas. Como dizer que morro de paixão por uma amiga, sem que isso tenha nada de sexual implicado.
Como ter vontade de passar o dia junto com uma pessoa, sem que isso leve a casamento ou união estável.

quarta-feira, abril 22, 2009

Como diz o verso?

Sim, o Rio de Janeiro continua lindo.

Acho que fiquei 10 anos sem aparecer na antiga terra tupinambá, por motivos diversos - dos quais se destaca uma preguiça injustificável de por lá aparecer. Mas lá chegando é possível perceber, ainda na primeira hora, que nada, ou muita pouca coisa, mudou - no que eu considero de melhor e de pior no Rio. No topo da lista, claro, a paisagem deslumbrante, que toda a urbanidade não planejada não conseguiu arruinar. Muito pelo contrário, há ali (e me desculpem os meioambientistas de plantão) uma combinação quase perfeita entre cidade e natureza, como em poucos lugares no mundo (um outro lugar que me vem à cabeça é Cape Town), mesmo com toda a poluição visual e real. Não tem jeito, cidade na beira do mar tem um encanto especial, por mais problemas que possa ter.
O centro do Rio, para mim, é o ponto alto. Na verdade, logo chegando na rodoviária (que finalmente passa por reformas), ali colada na região portuária, o paulistano (este, sobretudo) que chega logo se dá conta que a antiga capital federal ainda mostra uma glória um tanto quanto decadente que agrada demais (e atenção aos que se programam para vir de azul: o mesmo acontece para quem chega no Santos Dumont; e para quem vem e virá de trem: Central do Brasil).
Ainda que tenha ficado quase todo o tempo mais ao Sul, muito mais tranquilo, em um bem-vindo descanso, foi ótimo rever o Rio.
E o tempo maravilhoso que existe por aquelas bandas.

segunda-feira, abril 06, 2009

Sem propósito

Esse começo de ano trouxe algumas novidades. Nem sempre boas, mas também não necessariamente ruins.
Se fiquei dolorosamente consciente dos problemas, aparentemente esmagadores, de algumas pessoas queridas (ou será que de fato as coisas pioraram, e não apenas a minha percepção delas?), por outro reencontrei algumas amizades que estavam um pouco dormentes e que me fizeram um bem danado. Bem, houve também reencontros deliciosos sem grandes dramas para contrabalancear, porque nem tudo é desgraça.
Mas essas novidades vieram no momento em que estou menos convicto do meu futuro em terras tupi. Não que tenha grandes planos de evasão, mas sinto que tenho mais alternativas viáveis pela frente. De alguma maneira, já cogito fazer algo diferente do que sempre fiz e sempre achei que faria.
Mas talvez a grande mudança foi essa tal experiência docente - algo que pensei que nunca faria, mas que me gratifica de uma maneira estranha, ambígua: é algo extremamente sofrido, mas que também tem momentos preciosos, quando há uma interlocução real e ambas as partes (eu e elas) acrescentam algo em suas vidas. Ou pelo menos é isso que acredito - o que está de bom tamanho, devo dizer.
Mas ainda não sei se é isso que farei. Até acho que não, mas ao menos sei agora que poderia fazer o que 90 por cento das pessoas que trilham a vida acadêmica supostamente devem realizar.

Esquisitamente, ando extremamente melancólico. O que não é ruim a priori. Esquisitamente porque é exatamente quando tenho tantas coisas para fazer que aquele propósito forte, que vem dos planos mais distantes e irreais, quase sumiu.

segunda-feira, março 23, 2009

"Eu fui"

Mais um post desses vários que estão pululando por aí sobre "eu fui no Radiohead".
Mas nem vou falar muito sobre o que achei do show, me repetiria.
Ou não, vai saber. Eu não achei a experiência "transcendental" como muitos dizem, nem me impressionei tanto assim - na verdade gostei mais do - pouco - que vi do Kraftwerk (pouco porque a organização daquela josma era terrível! O acesso ao bairro, por uma via completamente em obras, e a facilidade de estacionar, nula, nos fizeram demorar mais para conseguir entrar na Chácara do Joquei do que o tempo de vir de Campinas! Entrei na metade do show dos saxões!).
Para uma banda que há mais de uma década alimenta expectativas de vir tocar nessas bandas, o impacto foi um pouco decepcionante (o que não quer dizer que tenha sido ruim, muito pelo contrário! Achei muito bonito! Mas fica minha ressalva face ao preço do ingresso e ao tempo de expectativa por um show dos caras).
Enfim, eu não ia falar muito do show.
Vi numa coluna por aí que dizia que o único ponto negativo da noite foi a saída, em que todo mundo se acotovelava em um funil humano, tendo que passar por um pedaço de lama (a bem da verdade que era uma pocinha. Exagera o colunista. Aliás, a mesma pocinha que tinha no Claro que é Rock). Isso porque o colunista obviamente deve ter ficado no final para escrever sua reportagem, tirar fotos, dormir, sei lá, ou então ter ido embora com a van da empresa que esperava na frente. Porque quem parou no terrão que era o estacionamento (cujo preço era uma entrada em um show! Isso deve ser ilegal, por sinal!) teve que improvisar uma nova balada, dentro do carro, esperando sua vez de sair. No caso, algo como 2 horas e 20 minutos!
Nessas horas que me dá vontade de ter um monster truck.
E na hora de sair, nem tinha mais gente da organização. Acho que desistiram, foram embora e deixaram os motoristas se digladiarem para sair por uma pinguelinha de barro!
Claro que na volta, pela Bandeirantes, já mais perto de amanhecer, fomos parados pela polícia.
Mas, enfim, essa é uma outra história.

terça-feira, março 17, 2009

Paradoxos da vida moderna, ou beber sozinho não quer dizer desacompanhado

Lá pelos primórdios do orkut, fiquei fazendo parte de uma comunidade de / para insones. Naquela época (quando isso? 2004, 2005? Já não lembro. Preciso entrar numa comunidade de esclerosados...) sofria bastante com o problema. Ainda tenho minhas noites ingratas, mas a coisa melhorou bastante (tenho certeza que o sono vinha proporcionalmente com o prazo da dissertação; quero só ver como vai ser com a tese...). Tanto que saí da comunidade, que ficou um pouco pesada para mim depois de um tempo. Ficar com gente com a mesma aflição não ajuda de fato, ainda que sirva para dar certa perspectiva (é por isso que nunca entrarei em qualquer sociedade de auto-ajuda).
Como tem gente fodida nesse mundo.
Enfim, nessa época, fiz umas amizades com umas figuras interessantes. Um casal virá a propósito deste post. Um casal bastante insólito também. Basta dizer que ela era um amor de pessoa, trabalhava em um hospital psiquiátrico voluntariamente, mas tinha algum problema com bebida (além da supracitada insônia); ele era também muito engraçado, mas briguento, rabugento e neo-nazista convicto (e, claro, insone). Além disso, sofria de algo mais sério que não conseguir dormir: tinha um aneurisma cerebral que deveria ser eventualmente operado, fato que os levou para a Alemanha posteriormente.
Todo esse preâmbulo para contar que ela era minha parceira de bebedeira virtual - ainda que real. Se é que você me entende.
Hoje que me caiu a ficha que este era um tipo de sociabilidade totalmente pós-moderno (na minha nova acepção do termo). Impessoal, mas extremamente íntimo - porque prescinde das inibições da realidade. E para o qual eu não estava nem um pouco ciente ou preparado (estamos alguma vez?). Além de completamente inconcebível para quem acredita que a possibilidade de se inventar é sinônimo de mentira ou engano (afinal, quem disse que as informações tomadas "cara a cara" mostram qualquer coisa de essencial sobre o outro?)
Ao longo de alguns meses, consumimos algumas garrafas de vodka (ou whiskey) online, até eu perceber que isso não ajudava com a insônia e que no fundo era algo bastante triste, ainda que divertido. Ou seja, repleto das contradições da vida urbana atual que estão sendo apenas descobertas e mapeadas pelos nossos filósofos e literatos de plantão. Antes tarde do que nunca, claro...
Mas havia algo de muito atraente e sedutor na idéia da ebriedade (existe isso?) à distância. É como se não fosse necessário etnografar os buracos sujos da cidade para suprir a dose de boemia e decadência, que tanto são valorizadas no lixo neo-qualquer coisa na literatura alternativa de hoje. Ainda que, devo confessar, uma coisa não substitui a outra - ainda que principal diferença seja apenas em grau. Mas chega surpreendentemente perto. Pelo menos em termos de descobrimento e iluminação pessoais.
Depois de Geertz, qualquer antropólogo que se preze aprendeu a desconfiar do poder e autoridade do testemunho e da necessidade de "sujar as mãos" para obter algo "verdadeiro".
Enfim, fiquei um algum tempo depois disso ainda escrevendo recados bêbados para uma outra amiga minha - e vice-versa. Quando voltava de alguma balada, ou quando jogava pôker na internet com um cachimbo e um copo de whisky do lado e nem via mais os naipes direito, indo dormir quando o sol raiava. Mas hoje em dia, a única coisa que eu consigo fazer quando volto de uma balada é me encolher em uma bola e dormir...

Epa! E eis que descobro a solução para a insônia! Será algo da idade?

quinta-feira, março 05, 2009

Conversas à borda da piscina

-"Seu Luiz, o que que é mentira mesmo?"

-"Café da manhã é mentira!"

-"E chá?"

-"Também é mentira. E sabe o que mais é mentira?"

-"O quê?"

-"0800. Mentira das grandes. Acupuntura também é mentira. E homeopatia também. Tudo mentira!"

-"Acupuntura funciona, Seu Luiz!"

-"A vá. Vai me dizer que você também acredita em quem vai numa loja e diz pro vendedor 'vou pensar um pouquinho e volto depois'?"

domingo, março 01, 2009

A propósito, o vídeo em questão.

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Sobre a saudade

Ontem meu irmão me mandou um vídeo que mostra "um dia em Abbey Road".

Fiquei emocionado. Por um ano passei por aquele cruzamento todo dia, algumas vezes por dia.

Os turistas que chegam em bandos, aos pares, ou sós. Em excursão, ou coincidentemente se juntam, esperando sua vez de andar pelas faixas tornadas célebres 40 anos antes. Ou mesmo se estão sem companhia, faça um dia ensolarado lindíssimo (como só existem em Londres, ou em semelhantes latitudes), ou de chuva que parece eterna - estão sempre lá (por vezes até mesmo de madrugada se pode encontrar os que lá se aventuram, para um registro menos disputado).

Por um ano eu fiz como os carros que são obrigados a parar diante da faixa, enquanto houver alguém andando ou ameaçando andar: esperava a fotografia ser feita. Porque essas pessoas, japoneses, americanos, brasileiros, franceses, argentinos, italianos, saem do circuito usual do turismo londrino (localizado mais ao sul) e chegam neste cruzamento apenas com um propósito, rápido: firmar uma mensagem no muro branco do estúdio localizado logo em frente e tirar uma fotografia emulando os reis do ié, ié, ié.

É um bairro lindíssimo, mas sem mais atrativos, minimamente interessantes, como uma loja ou outra residência histórica (porque todas são, paradoxalmente anulando a singularidade, pois elevada à enésima potência - o são completamente, sem possibilidade de comparação).

Talvez venham também os fãs de Kokoschka, célebre morador anônimo das redondezas, mas, relegado que é pela história da arte - e mesmo do expressionismo de que participou - não me parece atrair multidões.

Talvez venham também os que querem passear no zoológico e ver os gorilas e girafas. Mas para isso já têm que se distanciar rumo aos limites de St Johns Wood, em direção ao Regent's Park.

Pois então os que chegam, vindos de longe, incertos de quando voltarão - se é que voltarão, já que a moral toda parece ser semelhante a uma peregrinação que se deve fazer uma vez na vida, mas uma vez feita, o céu ou a iluminação pessoal estarão indelevelmente mais próximos, como a que fazem os muçulmanos a Meca, que fazem os cristãos a Fátima (ou ainda a Santiago de Compostela, para os mais aventureiros), e que fazem os judeus aos kibutz em Terra Santa - não hesitam em tomar 10 segundos do tempo dos moradores locais e prestarem seus respeitos em uma foto imortalizada. Aí perdem todas suas inibições, frente a estranhos que nunca mais verão ou a quem terão que se justificar. Aos veículos, não resta nada a não ser ter paciência (ou tomar um caminho alternativo). Aos moradores pedestres, compreensão - ou arriscar-se à irritação dos que o terão ao fundo como paisagem, até o final dos tempos ou do prazo de validade da imagem (que em tempos digitais, não sabemos precisar).

Mas raramente me irritava com essa atravessação incessante. E, assistindo agora esse vídeo, só me assalta uma saudade tremenda desse incômodo, que dava todo um sabor ao lugar onde morei, e, de uma maneira estranha, me permitia ser colocado em uma espécie de vórtice em que tantos desconhecidos - e quanto conhecidos, o que é igualmente fascinante - passaram e ainda irão passar.

Um imã gigantesco que atrai as bússulas, ou uma versão musical do triângulo das bermudas, a um quarteirão de casa.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Ó jardineira por quê estás tão triste?

Como disse a Dani, finalmente algo para se elogiar do prefeito (além da rodoviária nova, que, se não é nenhuma maravilha, pelo menos tem o mérito de ter aposentado aquela coisa medonha anterior).

Os malditos bailes de carnaval, que nestes últimos anos eram responsáveis por dores de cabeça atrozes (ouvir a mesma música, n vezes ao dia, por 3 dias, num volume que faz parecer que a fanfarra acontece na parede ao lado, não é tarefa fácil), agora acabaram. Ou melhor, foram transferidos para um pouco mais longe - e agora com hora (decente) para acabar.
Tenho cada vez mais ódio de carnaval, a medida que vou envelhecendo (e olhe que eu até gostava de ir no clube soltar serpentina quando criança). E não há treinamento antropológico ou curiosidade etnográfica que me faça ter a mínima condescendência com - não o significado - o que de fato acontece durante esses dias fatídicos.

Meu professor de natação, natural de Olinda, me disse semana passada que eu tenho que ir um dia no carnaval de lá. "É preciso ir ao menos uma vez na vida; imperdível", foram suas palavras. "Dois milhões de foliões", me confessou, presumindo que eu seja um dos que acredita que quanto mais melhor, ou que a voz do povo..., ou que esse tanto de gente não pode estar errada. Ou se garantindo na fama que passou a existir sobre o carnaval de lá - algo como a Oktoberfest ou a festa de São Firmino em Pamplona: um must see.
"Mas nem fodendo", foi a resposta óbvia.

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

And the Oscar goes to...

E Bollywood invade Hollywood.
Bom para o Danny Boyle, de quem sou fã!

Fiquei até um pouco surpreso pelo filme ter ganho algumas das principais categorias. Mas, de qualquer maneira, ainda é impressionante como para outras categorias dá para saber quem ganha mesmo sem assistir os filmes. Só pelo apelo da história ou do papel, bem a gosto sazonal e sem surpresa, na sua originalidade paradoxalmente previsível: o alternativo da vez.
Heath Ledger ganhar depois de tudo que falaram - fama impulsionada por algo bastante conhecido da funesta sociedade norte-americana; ou então Sean Penn ganhar pelo papel mais "ousado", que expia o conservadorismo de lá pelas migalhas do showbiz. Como se o enunciado glamouroso valesse pelas injustiças do cotidiano (bem, desculpem pelo cinismo. É claro que isso é melhor do que não haver nada. E viva o P.C. - não o partido comunista!).

Última nota: gostei do Hugh Jackman como apresentador (mas não mais do que o Billy Cristal; ainda que muito melhor que Whoopi Goldberg, ou os últimos apresentadores todos)! Pelo menos ele sabe dançar.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Tradição familiar

Nesse final de semana chuvoso e abafado fui na casa do meu tio, comemorar o octagésimo quinto aniversário do meu avô. Tudo muito bom, cerveja gelada, carne gostosa, papo bom.
O cunhado da minha avó, marido de sua irmã, nunca vem nessas reuniões familiares, mas estava lá dessa vez. Eu costumava ir sempre na sua casa, lá na frente do bosque, quando era criança e ia visitar minha bisavó, que morava ao lado.
Pois não é que descobri que ele tem uma tatuagem? Não sei porque o papo foi pra esse lado, mas eu e meus primos pedimos para ver. Nada demais, na verdade. Um coração apagadinho com o nome da minha tia-avó dentro, já bem difícil de ler.
Nada demais. Se não fosse em um senhor de mais de 80 anos.
Eu lembro dele sempre tocando uma gaitinha, que leva pra cima e pra baixo (não foi diferente dessa vez). Mas foi legal saber que ele tinha uma tatuagem. Há quase 62 anos, feita com pena e tinta! A segunda informação, que não sei como podem ter certeza disso, mas é a lenda que corre na família, é que ele foi a primeira pessoa a se tatuar em Campinas. Não sei se não tinha pelo menos um marinheiro perdido por aqui na época da guerra, mas realmente devia ser pouco comum.
Enfim, quando eu tiver a idade dele, acho que será raro o avô que não tiver um rabisco qualquer no corpo. E o mundo vai ser, no mínimo, mais divertido.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Algo sobre a crueldade dos comentaristas de futebol

Esperando dar a hora para ir nadar ontem (minha mais nova paixão - bem, talvez sejam as endorfinas falando) assisti o primeiro tempo do jogo da seleção (o decente, pelo que parece).
Assistir jogo da seleção não é um passatempo há tempos, mas gostei bastante do jogo (a parte que assisti pelo menos).
Uma coisa que me deixa irritado, entretanto, é como pegam no pé do Ronaldo II. Achei que jogou bem. Nada genial, mas até aí, quem é hoje em dia?
As pessoas podem ser muito cruéis. E o pior, nada originais. Sempre é um jogador pra Cristo (agora parece que é o Robinho) - por um tempo, todos falam todo dia, sobre qualquer coisa que o infeliz faça no dia. E esquecem o que o cara já fez ou jogou em um passado não muito distante. Ingratidão e memória curta.

Em 2006, estava em Barcelona e ganhei um presentão do cunhado catalão: um passe de jornalista para assistir um jogo no Camp Nou, no gramado! E fiquei realmente impressionado com o Ronaldo naquele dia. Ele tinha uma intensidade no olhar... No aquecimento dava para perceber como ele tinha o time no bolso, gritando orientações aos companheiros e dando uns chutões impressionantes pro alto e matando com um toquinho sutil. Completo controle dos comportamentos cinéticos da bola.
O jogo que fui assistir era a segunda partida da semifinal da Copa do Rei, contra o Zaragoza. O time catalão ganhou, de virada, mas não se classificou (acho que mencionei o jogo um tempo atrás, sobre aparecer na tv - eu apareci comemorando o jogo, o que queimou um pouco o filme do cunhado, porque se espera que os laranjinhas, da imprensa, sejam imparciais).
A grande decepção, entretanto, foi que o juiz acabou expulsando o Ronaldo ainda no primeiro tempo, numa jogada besta, que não merecia nem amarelo (aprendi vários palavrões em catalão naquela noite).
Eu tinha me preparado, levando uma camisa do Brasil e uma caneta para conseguir um autógrafo depois do jogo. E então tive que me contentar em ver o Messi (que naquela época já se mostrava excepcional, não me entenda mal). Mas achei que pegaria mal pedir para que ele autografasse uma camisa do Brasil.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Besteirinhas do passado

Ultimamente tenho assistido alguns seriados mais antigos, na falta de coisas atuais que sejam decentes. Grandíssimo destaque para Twin Peaks, que na minha cabeça era muito bom e hoje ainda segura a atenção. Outro destaque é Millennium, que começou com uma trama muito legal, depois foi ficando meio forçado, é verdade (mas ter assistido na época deve ter sido muito mais interessante - coisa que infelizmente não fiz), mas que tem uns episódios geniais! Bem, geniais não sei. Talvez isso seja um pouco exagerado. Mas muito inteligentes e acima da média com certeza! E tal como Sopranos se sustenta em boa medida pelo Gandolfini, Millennium não poderia ser feito sem o Henriksen.
Procurem. Mas se começarem a ficar noiados... bem, é porque é o efeito desejado.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Momento crise

E quando você percebe que a pessoa que conheceu por toda a vida de repente mudou? Quando ela faz outras amizades eternas, tem outros amores para sempre e mudou a vida de outras pessoas, que você nunca viu antes? Quando você se sente esquecido, mas, calado, sorri constrangido, levado pela culpa do egoísmo que é enxergar traição na felicidade alheia?

terça-feira, fevereiro 03, 2009

The kings of pop

Ontem assisti o Super Bowl XLIII, vencido de maneira emocionante pelos Steelers de Pittsburgh. Mas não vou falar do jogo, vencido nos últimos segundos.
Desde a final de três anos atrás, o Super Bowl X-Large, como foi conhecido, que assisti em um quarto de hotel alemão e que foi vencido pelos mesmos Steelers, que não acompanhava a breguice e o exagero da maior festa anual americana (já dados a festas exageradas) - do esporte e do entretenimento em geral.
O show do intervalo (milionário, como tudo mais envolvido no jogo), que ficou a cargo, dessa vez, pelo Bruce Springsteen (e nada de surpresas ou peitos de fora; apenas o símbolo do americano ideal), primou pela impressionante organização, como sempre aliás. Contudo, como seria de se esperar do evento, o halftime show significa e exemplifica perfeitamente o que é ser o supra sumo do pop e o que vem a ser a definição de "carne de vaca".
O tio é muito poser. A performance muito ensaiada. Demais até - mesmo que seja evidente que é preciso seguir um protocolo rídigo (afinal, 10 segundos de comercial custam mais de 1 milhão de dólares nessa baguaça). O que é perfeito para um Super Bowl, não me entendam mal. Mas ainda sim, algo me incomodou.
Cada pulo e cada acorde do chefe, que procuram mostrar improviso, são na verdade claramente coreografados. Isso não seria necessariamente ruim se assumissem o caráter previsível do negócio, como num show da Broadway, por exemplo. O problema é que se tenta passar por espontâneo e então a coisa fica muito forçada. Do tipo de sentir vergonha alheia, esse sentimento tão esquisito e que me horroriza profundamente.
Enfim, o espetáculo - show e jogo - é muito brega. Mas o mérito dos americanos, no Super Bowl e em praticamente tudo mais que fazem - até mesmo em posse de presidente eleito (e eis que temos um chefe de estado superstar! Gostaria de saber o que Weber diria sobre o Obama, mas isso é outra história...) - é tornar o brega, o artificial, o manjado, em algo empolgante. Sem cair em algo parecido com um show do Jean Michel Jarre. O que, convenhamos, é algo muito difícil de se fazer. A linha é tênue. As técnicas e a aparelhagem são muito parecidas.
É mesmo uma arte, arrisco dizer.

Breve adendo: por falar nisso, vi um show esse final de semana que primou pelo uso de lasers, luzes (piscantes e negra), espelhos e muita fumaça. E foi excelente! Como a música. Atentem para o Eletro Groove. Se eles forem tocar na sua cidade, vá! Os músicos são ótimos, a música hipnotizante e a diversão é garantida! (E leve um gatorade e muita disposição, porque eles tocam por horas a fio!)

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Últimos sobre vampiros, prometo

Juro que não estou procurando coisas de vampiros de propósito. Mas outro dia peguei o primeiro episódio do True Blood passando na tv, e acabei gostando. Agora estou assistindo toda a primeira temporada.
A premissa é interessante. Os vampiros saíram do armário e agora convivem - com os inevitáveis problemas que não são difíceis de imaginar - com os humanos, lutando por direitos iguais e procurando - perdão pela infâmia - seu lugar ao sol.
A história em questão, baseada em uma série de livros que fizeram algum sucesso, se passa em uma típica cidadezinha hillbilly da Louisiana, contada pela experiência de alguns cidadãos, em especial a garçonete telepata Sookie - interpretada, por coincidência, ou não, pela atriz que faz a Vampira do X-Men.
Todos os personagens são, convincentemente, red necks irritantes. Inclusive os vampiros centenários. Mas é interessante que mesmo sendo todos tão estúpidos, ainda sim é legal assistir.
É daquela nova safra de sitcoms que mostram peitos e palavrões, e que recheiam a grade de horários da tv americana depois das 23 horas. Isso garante um público decente - o que me faz crer que deve ficar pelo menos algumas temporadas no ar.

Ah sim, a trilha sonora é muito boa também.

sábado, janeiro 17, 2009

Disk Jockey

Tenho uma nova diversão faz um tempinho... aproveito e divulgo a próxima:


Cartaz do Julio.

Emotional vampires

Hoje acabei assistindo, meio sem querer, querendo, (as outras opções eram bem fraquinhas), o Twilight, adaptação em filme da febre dos vampiros adolescentes.
E gostei bastante.
Tudo bem que fiquei com a sensação de assistir uma mistura de BH 92010 com The O.C. para o público emo. Mas o filme é bem feito e diverte. E convenhamos, o que mais há de se querer numa ida ao cinema?
Já percebi que o segredo para o sucesso é fazer uma história para crianças/adolescentes com uma história um pouco mais madura. Os jovens adoram e os adultos acompanham, não ficando com a sensação de um abismo cultural entre as gerações mais novas.
Quando estava em Chicago eu ouvi falar da mania com a série de livros. E fiquei com curiosidade de saber mais a respeito. A história, tal como os Harry Potter, se apoia na idéia da existência do fantástico, escondido do mundo real, mas muito próximo. É aquela sensação de que "quem sabe não existem magia ou vampiros por aí e apenas não sabemos". Só que, diferente da saga do bruxo-mirim, Twilight abusa do romance (aliás, a falta de umas intriguinhas amorosas chega a irritar nos livros da Rowling; ou melhor, quando você começa a empolgar com o assunto ela abandona e esquece tudo, ficando só nas pataquadas do Harry Potter que, aliás, é o menino mais imbecil que já existiu - descobre que existe magia, que é trilhonário nesse outro mundo, e fica matando aula mesmo assim). Enfim, esse romance deixa as coisas um pouco piegas de vez em quando, mas dá um toque interessante no conjunto da obra.
Parece mesmo que a temática "vampiro" está voltando (semana que vem estréia mais um daquela série Underworld). Com algumas boas idéias, para variar...
E é interessante ver a menininha do Quarto do Pânico crescendo.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Rumo ao horizonte

Agora que algumas das minhas maiores amizades voltaram do velho continente para ficar de vez na terrinha, depois de anos longe, começo eu a cogitar ir para fora...
Adoro viajar, mas sempre gostei mais de voltar. Nunca quis morar em algum lugar que não fosse o Brasil e não me imaginava em outro lugar. Trabalhar em outro país, fazer compras em um mercado gringo, fazer círculos de amizade além-mar. Mas ultimamente tenho pensado com cada vez mais carinho na idéia de ir para fora. Digamos que agora é uma possibilidade.
E gostaria de acreditar que nenhum ufanismo, ou então desilusão nacionalista, orientam esses meus arroubos, tanto de um lado como de outro. Só que cada vez mais parece que isso acaba mesmo pesando. Ainda mais em termos comparativos.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Uma resolução cumprida

Nesse começo de ano, tempo em que todos fazem promessas e resoluções, decidi fazer algo a respeito sobre o meu sedentarismo galopante. Ultimamente os problemas não se restringiam aos esforços despendidos ocasionalmente - quando percebo como estou fora de forma: Estava ficando com dores nas juntas e constantemente cansado, sem fazer nada muito elaborado que justificasse isso.
Então fiz matrícula na academia que nos últimos anos vi construírem da janela de casa. Fica a 50 metros daqui, então espero não ter a desculpa da preguiça para não ir.
Me inscrevi na natação, que quando moleque fazia e gostava (não me engano mais, musculação acho um porre e é melhor ficar longe dos pesos mesmo). A piscina na academia é muito bonita e a professora parece muito atenciosa. Fora uns movimentos descoordenados, por todos os anos sem nadar, até que não esqueci como pelo menos não me afogar.
Agora, o fôlego... vixe, que desastre... Terminei minha primeira aula completamente ofegante e quase desabei quando saí da piscina! E hoje acordei com pernas, braços e pescoço doloridos...
Mas já paguei pelo semestre inteiro, para me forçar a continuar e passar da fase chata de conseguir o condicionamento novamente.
Agora, os hábitos nocivos vão ter que ser esquecidos, porque realmente não dá pra levar uma vida trash e depois sair nadando que nem um maluco.

domingo, janeiro 04, 2009

Mais um sobre vampiros

Estou um tanto quanto relapso com o blog ultimamente. Vou ver se consigo dar uma energizada nele...

O último post era sobre um filme. Esquento as baterias com outro: 30 days of night.
Desde quando estava do outro lado da poça que queria dar uma conferida, mas acabei esquecendo (também foi um ano que não vi muita coisa na telinha ou na telona).
Hoje passei na locadora (coisa que não fazia há muito tempo) e acabei alugando. O filme é bom, baseado em uma graphic novel de algum tempo atrás. Mas ele se sustenta como filme e não como adaptação de quadrinhos, ainda que a referência visual seja clara - e isso é um grande mérito, na minha opinião.
Por falar em visual, a fotografia é o carro-chefe. Vale a pena assistir só para ver as tomadas e a composição das cenas. Um dos filmes mais bonitos que já vi nos últimos tempos, com certeza!
Uma das coisas que mais gostei também foi a maneira como retrataram os vampiros - esses personagens já tão usados e abusados nas artes. Aqui eles são bem assustadores, mais plausíveis e também mais animalescos. Foi uma refrescada bem-vinda no gênero. O vampiro chefe é o ótimo Danny Huston, da laureada linhagem, que ficou perfeito no papel.
Foi uma ótima maneira de passar essa preguiçosa tarde de domingo, com um balde de pipoca ao lado (nota: antes assisti a continuação de Lost Boys, me atendo à temática vampiresca. Dica apenas para os fãs do primeiro filme, porque é realmente uma porcaria).