segunda-feira, abril 27, 2009

Algo sobre amizade

Eu tenho uma amiga que me chama de sua girlfriend (e mantenho o inglês porque não é uma tradução para namorada). Aí hoje eu parei pra pensar um pouco nisso e sobre gênero e amizade...
O interessante nessa amizade é que desde que a gente se conheceu, há mais de uma década atrás, um papo bastante íntimo (não necessariamente sacanagem, apenas íntimo) rolava naturalmente, desde o começo. Depois ficamos um tempão sem nos ver, mas quando retomamos a amizade, continuou tudo como era antes. Fácil.
E de fato eu acho que faço coisas de girlfriend com ela. Desde conversas sobre namoros e amores, passando pelo besteirol puro, até irmos juntos pra ir comprar calcinha pra ela. Coisa de pintar ou cortar o cabelo um do outro e de fazer comida juntos.
Mas tem uma complexidade a mais. Não é que eu assuma um papel de amiga. E aí pensando no sentido que o gênero proporciona nas diferenças de sociabilidades entre pessoas. Há como que uma conduta certa para amizade entre amigas, ou de amizade entre amigos, que quase sempre exclui automaticamente a possibilidade de ter algo parecido quando a amizade é do sexo oposto. Aí é, normalmente, um terceiro tipo de amizade.
Mas, então. Ela também cumpre um papel de amigo.Coisa de podermos falar merda, ter as viagens que você normalmente reserva para os amigos homens e não tem coragem de ter com as mulheres (do tipo que você imagina que as mulheres irão te censurar e então nem abre a boca na presença de uma). E também coisas que às vezes homens ficam com o pé atrás com medo de parecer gay mas fazem mesmo assim (aquela coisa: dá um abraço, mas tem que ser forte, quase machucando; batendo com a mão nas costas ao invés de apenas segurar apertado - convenções masculinas básicas), com ela não tem problema. E acho que exatamente por esse deslocamento da ética entre amigos. É como se o ônus de um e de outro caso, não existisse.
Fiquei pensando nisso e em algumas amizades que eu tenho. E pensei nessa palavrinha tão sexualizada que é paixão. E o quanto eu sinto, realmente, por não poder fazer algumas coisas que gostaria porque podem ser mal interpretadas. Como dizer que morro de paixão por uma amiga, sem que isso tenha nada de sexual implicado.
Como ter vontade de passar o dia junto com uma pessoa, sem que isso leve a casamento ou união estável.

Um comentário:

Anônimo disse...

Poxa, Cris, me vi suuuuper neste texto! tenho um amigo que diz que eu sou o amigO gostosA dele! hahaha
Beijos