quarta-feira, março 28, 2007

Nos amis, les français

http://www.cnes-geipan.fr/geipan/

Pra quem gosta do assunto...

sábado, março 24, 2007

Industrial England

Comprei vários dvds de filmes que adoro, todos muito baratos, coisa de 2, 3 libras cada. O primeiro Night of the Living Dead do Romero, Braindead (Peter Jackson pré-hobbit) e outras cositas más.
Mas a melhor aquisição nesta semana, por enquanto, foi 24 Hour Party People, um filme que demorei muito pra assistir, tendo visto apenas ano passado, depois de muito ouvir a respeito.
O dvd é muito bom, com extras muito interessantes. Fora o usual - cenas deletadas, comentário do diretor e tal - o máximo é ver entrevistas com vários dos retratados no filme - os que ainda estão vivos para contar pelo menos. O Bez já tinha visto um tempo atrás num programa de carros. Mas foi meio chocante ver o Shaun Rider careca, gordo e tremendo. Quer dizer, é quase um milagre ele estar vivo. Mas ele é o tipo de cara que não sobrevive para ficar velho. Então vê-lo acabado é quase errado. Simplesmente não combina.
As entrevistas são bem engraçadas, tendo que prestar atenção redobrada pra entender aquele terrível sotaque de Manchester suburbiano, articulado por mentes degeneradas após décadas de uso de substâncias chapantes. Há vários outros músicos que dão seus depoimentos, bem como produtores e personagens da época. Inclusive Tony Wilson.
O filme pra mim é quase um documentário poético. É uma experiência esquisita ver as histórias daquelas bandas que fizeram as músicas com que cresci. Nos anos 80, as músicas chegavam. Mas não as faces de quem as tocavam. A idéia, se é que tinha alguma, que fazia dos músicos, era completamente diferente. E o contexto, uma Manchester crua, fria e à deriva, não combina com a riqueza do som produzido.
Mas, pensando por outro lado, não é exatamente essa a teoria? Cidades mortas; cena musical efervescente?

quinta-feira, março 22, 2007

Marks & Spencer


Pequena piada no título do post. Não entendeu? Pois é... piada inglesa. Ou melhor, londrina.
Aí estão os túmulos do Marx e de Spencer (um húngaro pode ser visto na foto também).

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Finalmente o blogger me deixou postar fotos! Depois tenho algumas bem interessantes pra mostrar...

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Bom, o Gábor veio e já foi (voou o tempo!). Experimentamos uma quantidade razoável de cervejas e ficamos "regulars" num pub perto de casa! Muito legalzinho, por sinal. Acho que terei que continuar a frequentar sem ele...
Assistimos muito Lost (só de capítulos e extra tem quase dois dias de tempo corrido!) nesses dias. Também andamos muuuito, e pegamos um frio do cacete! Uma certa neve, com um vento de rachar côco nos fizeram conhecer muitos cafés pelo caminho. Tudo bem, é possível encontrar dezenas de tipos de café, muito melhores, sinto dizer, que os brasileiros! Faz o passeio ser bem agradável.

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As coisas parecem não estarem muito tranquilas na terrinha, ultimamente. Mas tudo se acerta.
Um abraço especial ao Celo! E também para a Paulinha.

sábado, março 17, 2007

St Patrick's

Estou com meu amigo magiar aqui em casa. Ele vai ficar uns dias por aqui.
Hoje andamos feito uns camelos pela cidade toda, aproveitando o que pode ser o último dia bom em algum tempo, já que uma frente fria está se aproximando... chegou quase aos 20 graus estes dias (o inverno mais quente desde que começaram a registrar temperaturas, 125 anos atrás!) e domingo parece que vai aos -4! Ê beleza...
O bom que minha botinha será reutilizada!
Hoje também é St. Patrick's Day, e a irlandesada está comemorando desde ontem (e por algum tempo ainda), da melhor maneira que conhecem... bebendo! Até vieram alguns da terrinha, especialmente pra preparar comidas típicas, danças e música!
Daqui a pouco vamos sair para as comemorações, que vão começar em Piccadilly e se espalhar pelos pubs verdinhos até amanhã!
E que venham as guinness!!

quinta-feira, março 15, 2007

Albert Hall

Hoje a Camila me convidou para ir no Royal Albert Hall, já que tinha uns ingressos sobrando!
"Claro, por quê não?" Respondi animado!
Das outras vezes que tinha vindo para Londres sempre me impressionei com o prédio por fora. E, tendo em mente as imagens que havia visto em filmes ou fotos, ficava imaginando como deveria ser maravilhoso ouvir uma sinfonia lá dentro.
Coloquei minha melhor roupa (menos gravata, não tava com saco; mas no final vi que as pessoas se vestem muito menos formalmente do que imaginei, então estava tudo bem) e fui!
O que ia ouvir? Não tinha a mínima idéia. Mas qualquer coisa da Royal Philharmonic Orchestra, que faz seu sexagésimo aniversário, ia me empolgar!
Chegando lá vi que a Filarmônica ia fazer 3 apresentações este semestre. Esta, com uma sinfonia de Mahler; no fina de abril, com Mozart; e em junho, com Beethoven.
Adorei! Quando entrei, fiquei de boca aberta, literalmente! O lugar é majestoso! Tive a mesma sensação quando entrei no Camp Nou, em Barcelona. Um misto de assombro com intimidação. Teria fotos pra mostrar, se o blogger não fosse tão temperamental e deixasse de rejeitar meus uploads...
Mas a apresentação em si foi linda! Ouvir o som no lugar é indescritível. Cada hora parecia que um instrumento vinha de um lugar diferente! Sempre ficava procurando o instrumento da vez, ver de onde surgia o som. Surround total!
Os meus preferidos foram o carinha dos surdos gigantes (igual aquele do Space Balls), o cara da tuba, um dos trombonistas, os baixos, o cara do triângulo (que também tocou o gongo uma vez), e o cara dos pratos! Ficava na dele o tempo todo, daí, no crescendo, no auge, levantava e dava um prato com outro, empolgado, com uma cara intensa! E então sentava novamente.
Muito bom!

Descobri que toda sexta é possível entrar de graça e ouvir o pessoal tocando, na hora do almoço! Bom programa, não?!
E não rola só esse tipo de coisa. Em junho tem O lago dos cisnes. Terá uma homenagem ao John Williams por esses tempos também; o parceiro do George Lucas e do Steven Spielberg nas trilhas de filmes! Tem corais, óperas, shows de rock, até partidas de tênis e de basquete! O lugar é multi-uso total!
Mas outro que quero muito ir é na apresentação de órgão, com Bach, Strauss e outros. O órgão é gigantesco! Fica atrás do palco e é do tamanho de um pequeno prédio! Deve ser lindo ouví-lo...

quarta-feira, março 14, 2007

Mais alguns

The night-time vow
We made on the stone bridge
Will be broken too
At dawn I shall be lonely
Like the goddess of Katsuragi

Kodai no Kimi (Koõgimi, por volta do ano 1000) foi dama de corte do imperador Sanjõ. A deusa tinha a face de um demônio e tinha muita vergonha de mostrar-se durante a luz do dia. Adoro esse.

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If, in this world of ours,
All the cherry blossoms
Disappeared
The heart of spring
Might find peace

Ariwara no Narihira (825-880), considerado modelo do amor cortejado. Esse poema é lindo.

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On Mountain Tsukuba
More and more
The autumn leaves are turning
I wonder if they will keep falling
Until the path disappears

Õnakatomi no Yorimoto (886-958). Principal sacerdote do Grande Santuário em Ise.

Nakatsukasa

Sua mãe também é uma das 36.

If the bush warbler
Does not sing
In my mountain home
Where the snow still lies
How shall I know spring has come?

terça-feira, março 13, 2007

36

Poema escrito por Henjō (816-890), um dos dois padres budistas a integrar os 36:

The dew fall on the tips
Or the droplets on the roots:
For this world of ours, where
We die, go on ahead,
I wonder, are they a model?

Treasures

Hoje passei o dia na British Library.
Fui ver a sala do tesouro deles... bom, você ver em uma enorme sala originais de Shakespeare, o livro escrito à mão de Alice do Carroll, cartas e livros de trocentos escritores ingleses de várias épocas. Mais partituras de Bach, Chopin, Beethoveen, Mozart e outros. Os diários do Cook. Bíblias do século III. Livros antiguíssimos de várias partes do Oriente Médio. Manuscritos budistas de mais de 1000 anos. A carta magna. A Bíblia de Gutenberg. O livro das Horas dos Sforza. O caderno de notas do Leonardo (esse é foda)... Uma hora você fica sem fôlego. Lembrei de meus amigos historiadores da arte, que com certeza adorariam o lugar.
Copiei também alguns poemas dos 36 Gênios Japoneses. Lindos. Como as gravuras e a caligrafia. Depois coloco alguns aqui.
Depois, na sala de leitura ("enquanto isso, na sala de justiça..."), enquanto esperava que me trouxessem os livros que pedi (lá você não pode entrar de casaco, nem caneta, nem qualquer coisa que possa danificar os livros, apenas lápis, caderno e seu laptop; e tem que pedir o livro para que os funcionários tragam pra você; o que acho muito sensato, ao lembrar dos livros desaparecidos, colocados em pratereiras erradas, ou, pior, rabiscados e rasgados, do ifch), escrevi uma pequena história noir.
Depois coloco aqui também.

Fica então um poema de Kakinomoto no Hitomaro (650-700), primeiro e considerado o maior dos 36 poetas. Os pergaminhos têm uma história linda, aliás. Depois de compilados por outro poeta e caligrafista, Fujiwara no Kintō, no século 11, que os considerava exemplos a serem estudados por qualquer um que quisesse se dedicar à poesia, eles foram ilustrados diversas vezes por diferentes artistas. A coleção de pergaminhos considerados como a obra-prima dessas ilustrações (bem como um marco histórico da arte japonesa), era de propriedade da família Satake, lordes de Akita, e foi produzida no período Kamakura (1185-1333). Elas foram pintadas por Fujiwara no Nobuzane (1176-1252) e a caligrafia ficou a cargo de Fujiwara Yoshitsune (1169-1206), ambos adeptos do estilo mise-e. Em 1919 o pergaminho foi vendido, mas seu valor era tão alto que ninguém conseguiria comprá-lo inteiro. Ele foi dividido em 37 partes (os 36 poemas mais a retratação do santuário Sumiyoshi), e, espalhados, os poemas passaram pelas mãos de 157 donos desde então.
Bom, aí fica a tradução inglesa (outra versão, bem diferente, inclusive, foi feita por Edwin A. Cranston da Universidade de Harvard University; fico pensando o quanto não se perde, já que a caligrafia é uma parte crucial da beleza do poema, sem contar em expressões que têm que, na melhor das hipóteses, ser aproximadas):

In the gloaming
Across Akashi Bay
Through the morning mists
Vanishing between the islands
I follow a boat with my thoughts

Midst the scarlet leaves
Scattered in autumn
I see the messenger
Bearing letters
And I think of tonight.

domingo, março 11, 2007

Um celebre traseiro

Hoje andava com a Camila, iamos para alguma HMV ou Virgin, comprar o Lost (o box, que está em promoção, primeira e segunda temporadas; que, claro, ficou esgotado a pedido de Murphy, só porque agora tenho dinheiro pra comprar).
Tocou o telefone e era a Dani. Conversamos um pouco e quando desliguei, a Mila me disse "você viu quem passou do nosso lado, não?"
"Nope".
"Era a esposa do Tim Burton, a Helena Bonham-Carter".
Virei, olhei e vi apenas uma bunda com umas sacolas de compras do lado...

Essa foi a primeira celebridade que eu vi aqui.



PS- Perdi shows do Inspiral Carpets e do NIN esse final de semana... ter muita opção e não poder ir é ruim demais, vou te contar...

sábado, março 10, 2007

Reclamar faz bem

Esse blog tá muito feliz. Bibliotecas maravilhosas, encontros incríveis, parques verdejantes, shows inesquecíveis... Daqui a pouco vou falar que vi o Bambi passando na rua e foi tudo mágico! Vou reclamar um pouco, pra variar.

Pessoas podem ser terríveis. Minha atitude de otimismo com um leve toque de incredulidade frente às sacanagens eventuais, que eu possuía até uns anos atrás, mudou para um cinismo bem acentuado em relação a muitas coisas. Por um lado, explicava isso a uma amiga hoje, esta mudança traz bastante dor. Por outro, aprendo a valorizar realmente o que vale a pena por aí. Porque uma efeito colateral disso é que fico muito mais seletivo, sem paciência pra me dedicar ao que eu considero pouco edificante. Estou parecendo calculista, preconceituoso, até esnobe? Pode ser, mas isso poupa muita dor de cabeça, este certo julgar alheio. E, como eu disse, as coisas boas ficam realmente boas!
Tudo isso veio à tona sem ter ninguém em específico na mente. Quer dizer, uma pessoa em específico, mas que eu nem conheço... de qualquer maneira, é minha nova visão do mundo... maldito macaco que desceu da árvore. hihi...

Cara, como ver as coisas de longe faz tudo parecer ridículo... ou mais ridículo do que já era.
Esse lance do Maluf... que patético. E a visita do Bush? A princípio, nada demais (não fortaleço o coro dos anti-imperialistas de plantão, de ante-mão só porque ele seria tudo o que dizem ser; mesmo porque sem diálogo, seja lá com quem for, as coisas não se resolvem. E, como viajar pra tentar resolver problemas é tarefa do chefe de estado...). Mas isso dele estar de um lado do Rio de la Plata, e o Chavez ir correndo pro outro lado, organizar um comício pra ficar xingando sua nêmesis... isso sim é o cúmulo do patético! Política de Estado baseada em tática de adolescente brigão? Tenha santa paciência...
E, usando uma metáfora que ouvi esses dias, o Chavez se proclamar (e as pessoas acreditarem) o salvador de um pan-americanismo que no fundo tem muito pouco motivo para celebrar o pan do termo, é como a Suíça invadir a China. Não faz sentido nenhum!

sexta-feira, março 09, 2007

Peep show

Os ingleses são interessantes. Em alguns aspectos são muito previsíveis. Tipo, você sabe logo quando é um inglês pelo jeitão (e, claro, pela fisionomia). Ou meio bobão, ou meio bronco, ou intelectualóide (já as mulheres ou são tiazinhas - independente da idade - ou são meio "do gueto", do tipo retraída estudiosa, ou são Victoria Beckham wanna be). E podem ser cortezes com uma pitada de soberba, entende o que quero dizer? Enfim, estou esteriotipando pacas.
Mas a primeira impressão é de que eles são meio uns perdidos em seu mundinho, alheios ao que acontece de verdade lá fora, tipo o que a gente acha dos americanos. Mas isso é só na superfície. No fundo eles têm uma visão aguda da realidade, muito interessante. Não exatamente a certa (o que é isso, afinal?), mas longe de superficial. E eles levam a sério suas crenças nesse sentido.
Agora, uma tática antropológica de análise de uma cultura alheia, é através da piada (já dizia Freud), ou no senso de humor. Aí que algumas coisas ficam bem claras. E o senso de humor inglês é único. E não é para todos.
Eu gosto. É cínico, dark, até meio brutal. Mas sincero.
A Camila me emprestou os episódios de um sitcom inglês chamado peep show, que passa no channel 4 aqui. É o mundo da perspectiva (tipo, os pensamentos dos protagonistas) de dois flatmates que vivem em Londres e são completamente disfuncionais. Dá até nervoso algumas horas e eu tenho que parar de assistir. Mas é extremamente antropológico! O seriado tem umas sacadas impressionantes da sociedade britânica e de seu lugar no cosmos! Eles brincam com os esteriótipos, com os preconceitos, as fantasias mais obscuras que ninguem tem coragem de confessar. E eles falam mesmo!
E é engraçadíssimo, protagonizada por atores excelentes! Ao exagerar ao máximo as aflições do dia-a-dia, como também da existência humana, no fundo, eles conseguem fazer você parar pra pensar nas suas próprias encanações, medos e sadismos.
O humor negro inglês está carregado de uma característica de fato muito inglesa, não muito compreendida muitas vezes... honestidade. Mesmo quando eles tentam dissimular...

quinta-feira, março 08, 2007

Forest of pages

Hoje o dia estava lindo! Céu azul, sem nuvem alguma, um solzinho que deu até calor! Fui de manhã para a British Library, que é simplesmente maravilhosa!! Tem de tudo lá, você encontra de tudo! Desde manuscritos de 1000 e bolinha, passando por duas cópias da bíblia de Gutenberg, passando por originais de Shakespeare, a carta magna, periódicos de todos os tipos, arquivos de som, pinturas, jornais, mapas, e livros - muitos livros! 16 milhões de livros! Todos os livros impressos na Inglaterra estão lá! Na entrada tem uma torre de livros doados por George III, só de livros raros, lindos - os mais novos sendo do século XVIII!
E o lugar é lindo, a galera vai estudar mesmo por lá! Você leva seu lap top, usa a internet, pede um café mocha e se perde naquela maravilha!

Descobri também, pra completar o dia maravilhoso, que eu recebi! Que alívio! Nossa, depois de toda a odisséia bancária... a primeira coisa que compro para comemorar?! Um monte de guinness, que ninguém é de ferro!!

quarta-feira, março 07, 2007

Real estate tourism

Tem um roteiro turístico alternativo em Londres que consiste em ver casas de personagens famosos (ok, às vezes isso quase se aproxima de stalking, mas, enfim, tem...). Aqui perto de casa sei que moram Ewan McGregor, que é visto sempre em sua motoca, Kate Moss, Jude Law, Paul McCartney... ok, não é mais a casa do Paul, ele perdeu para a Heather Mills no acordo do divórcio, junto com algums milhõezinhos mais; mas era a casa dele desde a época dos Beatles. E há dezenas de outras celebridades que moram no meu bairro ou em bairros próximos.
Mas existem também as casas de personagens históricos. Normalmente tem uma plaquinha na frente contando. "Fulano morou aqui de bolinha a bolinha". Já vi a casa do HG Wells, do Dickens, de trocentos pintores e artistas, políticos, sires de todos os tipos... pertinho de casa, por exemplo, está a casa onde Freud morou até morrer! Qualquer dia vou visitar, já que a transformaram em um museu, com o famoso divã entre as principais atrações (este é O divã, analisados!).
Mas hoje eu vi uma casa que até me emocionou! Pertinho da casa de Yeats, em Primrose Hill, antes de chegar em Camden, tem a casa onde morou por 24 anos, Engels! Sim, o próprio. Diz a história que Marx vinha constantemente tomar um chá na casa do amigo (ou fazer o que quer que Marx e Engels faziam quando se juntavam pra trocar figurinhas) e discutir o Manifesto, discutir os rumos do capitalismo, ou falar sobre os bafões vitorianos da época. Vai saber.

terça-feira, março 06, 2007

Outro passeio

Hoje fui passear no mercado de Camden. É divertidíssimo! Você anda, anda, o lugar é enorme, cheio de lojinhas de todos os tipos, com produtos de todos os tipos, pessoas de todos os tipos. Fui procurar uma cestinha pro banheiro, mas não encontrei nada que me interessasse.
Depois acabei indo no Regent's Park, que é do lado de casa e eu ainda não tinha ido conhecer. Muito bonito! O dia, de sol, ajudou muito também. Um monte de gente passeando, lendo livros, fazendo piquenique, tomando um café...
O Queen Mary's Gardens, dentro do parque, é lindo! Cheio de jardins ornamentais, trocentas flores de diversas cores e formatos. Laguinhos japoneses, quedas d`água, árvores, lagoas, patos, gansos, esquilos... Tem um teatro ao ar livre, onde rolam umas apresentações de música e teatro de graça, tem o zoológico...
Estou percebendo que Londres é uma delícia pra se morar realmente. Não é só curtição e oportunidades...

segunda-feira, março 05, 2007

Regent's Canal


Já tinha reparado que perto de casa havia uma escadaria que dava para um canal, margeando o Regent's Park, aqui do lado. Aí hoje resolvi explorar o lugar. Então descobri um universo paralelo em Londres!
Nada como o subsolo de Paris, ou mesmo a fantasia de um Neil Gaiman, mas mesmo assim, um refúgio silencioso e agradável das ruas. Indo em direção ao sul, dei de cara com um lugar lindíssimo, chamado Little Venice (por motivos óbvios). Cheio de barquinhos de passeio e um caminho margeando o canal, tem um jardim maravilhoso cheio de árvores e flores (chamado Rembrandt Garden) e um café montado num barquinho onde dá pra tomar um capuccino sossegado! Para o Oeste, se andar muito, dá pra ir para Uxbridge, perto da universidade de Brunel (longe pra dedéu), bem como para outras cidades. Para Leste, a estação de Paddington. Voltando em direção ao norte, meu bairro. Mais ao norte você passa pelo Regent's, pelo Zoológico de Londres, até chegar em Camden Lock, onde tem o mercado de rua de Camden Town. Continuando, o canal vai ziguezagueando até King's Cross, Islington, até eventualmente chegar em Limehouse Basin, no porto de Londres, já no Tâmisa!
Descobri que este canal fazia parte da rede fluviária que abastecia a cidade, saindo do porto, na época da Revolução Industrial. Os barcos eram puxados por cavalos, na margem, antes de chegarem os barcos a vapor! Tem um museu do Canal que explica tudinho...
E é uma delícia o passeio! O pessoal anda de bicicleta, corre, passeia com o cachorro... e é claro, anda de barco. Cheio de verde, mal dá pra ouvir o barulho da cidade, o trânsito... é impressionante! E quando você se dá conta, tá no centrão de Londres! Eu tive pique para ir até Islington, mas um dia vou até o Tâmisa, ou então até Uxbridge, que é muito bonitinha!

sábado, março 03, 2007

Mais sessao da tarde

Contei que um dos meus passatempos aqui é assistir filminhos no meu comp, não?! Como não tenho tv, nem terei (sabe que por um lado isso é muito bom?!), tenho horas de ócio enormes! Não me entendam mal. Aqui tem muita coisa pra fazer. E quando estou em casa, a falta da caixa colorida me ajuda a estudar. Mas tem horas que nada melhor que assistir alguma coisa. Como dvd é barato, compro filmes! Já tenho uma coleçãozinha razoável. A última aquisição, presente da Pati, foi a caixa do Tarantino Collection! Os 2 Kill Bill, Cães de Aluguel, Pulp Fiction, Jackie Brown e uma montanha de extras!
Ontem levei o Pulp Fiction e um outro filme que comprei antes, The spy who came in from the cold, em PB, do Richard Burton mais de 40 anos atrás, na casa da Simone! Muito legal.
De fato não sou o único a comprar uns filmes e ficar assistindo em casa. Já fui assistir alguns filmes na Simone, bem divertido.
A Camila também tem bastante coisa, e comecei a pegar emprestado uns filminhos da dvdteca dela. Ela me emprestou um monte de coisa! Reassisti o Monty Python do Cálice Sagrado, Sin City, Quinto Elemento... assisti e gostei de Adaptação, que ainda não tinha visto... E hoje, um outro ícone da minha infância - o maravilhoso Goonies!!
O filme é divertidíssimo, totalmente desprentensioso em sua grandiosidade, se é que você me entende. Simplesmente é a uma história de aventura e isso é o que atrai.
Engraçado que eu achava que o Sean Astin fosse virar um galã de cinema ou algo assim. Mas acabou virando um hobbit. De qualquer maneira deve ser legal fazer parte de dois filmes tão legais...
E a Andy, nossa, como eu a achava bonita! Naquela época tinha algo por garotas mais velhas mesmo (e ruivas), então a cena em que ela beija o Mikey, nossa, era o sonho!
Aliás, tudo no filme é sonho, isso que é legal nele também. A caça ao tesouro, as histórias de pirata, a amizade entre o grupinho, a cidade... qual moleque não adorou o filme por isso? Estava reparando hoje que na verdade este é o segredo - é um filme de crianças. Dã, óbvio, né?! Mas é verdade. São um grupo de crianças, losers, que têm uma aventura, a despeito dos adultos. Na verdade, contra os adultos. Contra os Fratelli, contra os ricaços que vão comprar suas casas, contra o playboy local, contra os policiais que não acreditam na história... ora, contra os pais, que não tiveram competência para manter suas casas! No final eles enfrentam tudo, bem como as armadilhas do pirata caolho - na verdade a maior criança.
Mas é engraçado ficar lembrando das coisas que me apaixonavam há 20 anos. Cyndi Lauper, por exemplo. Nossa, como adorava Cyndi Lauper naquela época! Adorava o cabelo. Muito mais que Madonna. E achava o máximo a hora que ela aparecia no filme!
Essas lembranças são boas... sejam elas boas mesmo ou ruins...

Hoje conheci Brixton com a Simone e fomos na Tate Britain também! E terei que voltar, pra ver o resto outro dia... é grande o lugar...

quinta-feira, março 01, 2007

Meeting with Mary

Acho que não poderia ter sido melhor. Cheguei na casa dela um pouco antes das 3 (pontualidade é importante aqui). Em plena Bloomsbury, do lado do British Museum, do lado da Senate House, do lado da School of Oriental and African Studies! Lugar lindo!
Conversamos várias horas, ela me contou histórias do Congo, histórias das palmeirinhas da disciplina, mostrou um álbum de fotos, esculturas lindíssimas... Falamos sobre Tintin, sobre Bourdieu, sobre os Lele...
Dame Mary (porque desde o final do ano passado ela é Dame do Império Britânico) é muito fofinha, extremamente simpática e hospitaleira! Me fez um lanchinho inglês, pobre antropólogo que não almoçou que sou, tomamos um vinho chileno e fui convidado para assistir uma palestra sobre Othello, no SOAS! A acompanhei, de braços dados, até lá, fui apresentado à vários professores e à palestrante, e depois ganhei ainda um textinho, umas coisinhas emprestadas e a promessa de nos encontrarmos de novo, dessa vez com uma câmera gravando!

Mas deixem-me contar um pequenino episódio, para que a coisa fique mais familiar, mais próxima. Saindo da School of Oriental and African Studies, a Mary pisou numa espécie de etiqueta, que grudou na sola do sapato esquerdo dela. Se apoiando no meu braço, ela usou o outro pé para descolar a etiqueta. Colou no outro sapato. Eu, tentando demonstrar algum cavalheirismo, ofereci-me para ajudar “allow me, please”. Pisei na etiqueta, que ficou grudada no meu sapato esquerdo. Cruzando as pernas, usei o pé direito para tentar tirar. Grudou então no outro sapato. Nisso ela começa a dar risada e então me dei conta: “Que maravilhoso! Pareço estar numa daquelas cenas saídas dos 3 Patetas que de vez em quando protagonizamos... com Mary Douglas!”