sábado, agosto 08, 2009

Manifesto anti-anti-tabaco

Fumantes do mundo uni-vos!

Tudo bem, não vou discriminar. Que se una quem quiser, fumante ou simplesmente o apreciador da boa e velha cor azul francesa.
Porque não é o direito de fumar que gostaria de discutir. Mas o controle crescente em nome de uma certa ditadura da saúde. Em que comer alface e broto de feijão não é mais um estilo de vida ou uma escolha, mas O padrão a ser seguido, "naturalmente", sob pena do escrutínio e disciplinarização por parte do Estado.

Como todo bom manifesto, começo radicalizando. Já que a primeira frase que me vem à mente é a do pastor Niemöller. Aquela famosa, do "quando vieram pelos judeus (...) quando me levaram não havia mais ninguém".
Sim, porque na Alemanha nacional-socialista também vieram comendo pelas beiradas. Até chegar o momento em que se você não fosse determinada pessoa, uma estrela lhe era conferida na lapela.
Exagero? Talvez sim. Mas o ponto é que a questão não é sequer problematizada.

Conversava com meu amigo Gustavo sobre a estigmatização legalizada. Se ainda não etnicizada ou racializada (porque aí é politicamente incorreto e dá cadeia), ainda sim significativa de um comportamento social vigiado e condenado. O que, paradoxalmente, coloca o fumante na categoria de minoria, não é? Brinquei que chegará o momento, pelo menos, em que o tabagista poderá pleitear uma daquelas vagas reservadas a deficientes...

O que me irrita mais é a maneira como isso não é sequer discutido, mas imposto, sob o argumento dúbil de que o fumante representa um rombo no orçamento do estado. Que o passivo possa ter o direito de não receber uma fumaçada alheia, concordo plenamente. Mas não é isso que está em questão, já que não existe sequer a possibilidade de um ambiente segregado.
O Gustavo me autorizou a reproduzir umas pérolas que ele coletou desde ontem, quando, movido por uma angústia e revolta, pensou sobre o absurdo da coisa:

Na entrada, a revista recolhe os cigarros e os devolve somente na saída. "Quem quiser fumar poderá colocar a pulseira e sair, mas antes tem que pagar a comanda. Quando acabar, é só pegar outra e entrar". (MAYRA MALDJIAN, especial para a Folha online)

Isso é uma maneira de humilhar o fumante ou o quê?

Pela nova lei, as multas também poderão ser aplicadas mesmo que não seja encontrado um fumante em ação. Basta vestígios de que se fumou por ali, como bitucas e cinzeiros. (VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO, especial para a Folha online)

Agora, a melhor. Chega a ser tragicômico:
No O'Malley's (região oeste da cidade de São Paulo), os seguranças estarão munidos de pistolas d'água "para apagar, subitamente, o fumígeno ofensivo", como conta o proprietário do pub, Ali Visserman. A intenção é jogar água somente no cigarro, e não no rosto das pessoas. (FABIANA SERAGUSA, especial para a Folha online)

O pior é que, numa dessas, não dá nem pra processar a pessoa por agressão, já que o fumante é que é o meliante.

sexta-feira, agosto 07, 2009

fumaça...

Ontem foi o último dia de fumo dentro de bar.
Eu não acho que isso vá funcionar. De qualquer maneira é mais um sinal da careticização hiprócrita que só vem aumentando e aumentando. Daqui a pouco vão tentar uma lei parecida com bebida. Se aprovarem o porte de armas e casamento polígamo, pronto, viramos Utah.
Na verdade, o embate entre sociedade e as autoridades sanitárias causa rusgas e enfrentamentos que não são de hoje. Que o diga Oswaldo Cruz. É a velha política de "fazer o bem" goela abaixo. A diferença do que aconteceu 100 anos atrás é que agora nenhum fumante vai se armar de pedras e paus pra atacar os fiscais da vigilância sanitária. Porque junto com a careticização progressiva, ocorre outro fenônemo: a bundalização galopante. Que o digam os Sarneys da vida que confortavelmente dizem que não saem e fica por isso mesmo. Que o digam os Serras da vida que estão acabando com as universidades públicas e saem impunes.
Mas isso é outra história.
Eu assisti à duas proibições de tabaco. Uma agora. E outra em Londres, agosto de 2007, quando lá estava residindo (sim, é um padrão mundial). Um mês depois da proibição, os ingleses - talvez não tão conhecidos por seguir as leis quanto os alemães, mas ainda sim bastante caxias em comparação aos brasileiros - voltaram a fumar. Dentro dos pubs. Não tem jeito. As coisas vão se acoxambrando e, depois de uns litros de cerveja na cabeça, a pessoa não tá nem aí em acender um cigarro (e mesmo os alemães já conseguiram burlar a lei, com algumas medidas simples, como a caixinha do fumante, para pagar a multa).
Isso tudo na minha opinião, claro.
Sinto pelos passivos, injustamente fodidos pelos ativos, mas rumamos para um mundo cinza e sem graça (ainda que sem fumaça - mas ninguém faz uma lei anti-usar mangueira de água por 2 horas para varrer folhas na calçada, faz? O mundo continua indo pro buraco, com ou sem fumante).

Em tempo: a Dani achou um vídeo de uma das minhas bandas preferidas, no meu bar preferido, em Londres. Ganha um parabéns quem me achar, filmando o show, atrás de um pint de cerveja e... tã tã tã tã: um cigarro.

quinta-feira, agosto 06, 2009

...

Nada como a sabedoria dos filmes dos anos 80...

Mr. Shoop para Chainsaw: "Alcohol kills brain cells. You lose one more, you're a talking monkey".


(adendo: good bye John Hughes)