sexta-feira, novembro 13, 2009

Navegar é preciso - versão saxã

Há alguns anos, em uma viagem com meu pai - que, por sinal, anda bastante pelo mundo - adquiri o hábito de procurar meu sobrenome nas listas telefônicas dos lugares em que vou.
Nesse mês passado encontrei uns dois ou três em Buenos Aires. Mas em Auckland, nada de nenhum dos representantes de Casteveltere in Val Fortore overseas.
Isso então me levou a pensar sobre o fato de quase não haver brasileiros por lá, pelo que tenha visto.
Até os últimos dias de estadia, inclusive pensei que não fosse ouvir português nas ruas - mas acabei ouvindo, uma vez, no ônibus, já no final da viagem.
Aí fiquei pensando nessa coisa da Nova Zelândia ser uma referência quase nula para os brasileiros. Exatamente por não ter quase nada que remeta a alguma idéia de familiaridade com o lugar. É a terra média e pronto.
"É longe demais", pensei.
Só que, estranhamente, ouvi muito alemão enquanto estive lá. Mas a Alemanha é longe também. Qual seria a razão disso?
Claro, o poder aquisitivo do pessoal das terras teutônicas é ligeiramente maior que o nosso, o que permite certa potencialidade de sair do país. E de fato, havia vários turistas. Mas havia também muita gente trabalhando e estudando lá.
Ao contrário da referência brazuca, que costuma mirar na Europa Ocidental e no velho Tio Sam, os amigos saxões acabam indo também para outros sítios.
Conversando com um casal alemão num jantar, certa noite, a mulher disparou: "vim estudar aqui porque é o lugar mais distante possível da Alemanha na Terra".
"Claro", pensei, "quem aguenta ficar a vida inteira naquela terrinha gelada onde tudo acontece certinho?"
Mas fiquei imaginando se não havia também um resquício do ethos germânico dos exploradores, aventureiros e colecionadores de curiosidades do mundo. Um certo complexo de Humboldt que impulsiona essa galera para fora (afinal, que alemão que se preze continua na casa dos pais depois da maioridade?).
Um pouco aquela idéia de pegar um globo, fechar os olhos e colocar o dedo em algum pedacinho esquisito e desconhecido. "É lá mesmo que vou me encontrar".

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