domingo, junho 14, 2009

Sobre o que ficou. E continuou ali.

Nesse feriado fui fazer uma pequena viagem com alguns amigos queridos e me esbaldei em comida, bebida e principalmente boa conversa e hospitalidade! Numa dessas últimas noites, regadas a cerveja, café, cigarros e fofocas, conversávamos sobre algumas amizades do passado e o quanto algumas figuras mudaram muito de quando as conhecíamos ou, no caso contrário, como não mudaram. Contei uma pequena experiência que tive na semana anterior, e fui convencido a recontá-la em formato de crônica. Eis então o que me sucedeu numa fria noite de junho...

Nesta última discotecagem, quinta-feira retrasada, tive que ficar até o final do expediente - que aconteceu lá pelas 4 e pouco da matina. Já bastante ébrio, fui convencido - até rápido demais, o que atesta a gravidade do grau alcoólico da pessoa - a continuar a noitada na loja de conveniência do posto da estrada da Rhodia, o único estabelecimento que vende álcool em tal hora da madrugada.
Para lá me dirigi, com uma amiga, um amigo, um conhecido e duas figuras misteriosas e desconhecidas para mim, até então (uma xx e a outra xy). Os nomes serão omitidos por motivos óbvios.
O dito conhecido passou a próxima hora (já havia começado a se enveredar no assunto ainda no bar) a enumerar os títulos de filmes pornô que havia assistido recentemente e que fazem referência a algum blockbuster convencional (um deles ficou marcado, indelével, na cabeça: "Cabeção Valente", produção que propõe uma nova leitura da saga do herói escocês e novo clássico da indústria do entretenimento adulto nacional). A amiga, mais para lá do que pra cá, estava se enveredando para os lados do figura desconhecido macho (ou assim ele achou). Já o amigo e a figura desconhecida, se atracavam num canto, em geral alheios a tudo e a todos. E eu começando a me perguntar o que estava fazendo ali.
Aqueles dois por cento de consciência que me diziam para passar a régua no dia, começaram a aumentar progressivamente. Ainda mais quando, ao invés de continuar na cerveja, peguei um cafezão e a razão começou a ressurgir, em velocidade bastante alta.
Enfim, estava até me divertindo com "O Penetrador do futuro" ("Eu penetrarei todas!!!") e "O Guarda Coxas" da vida, então continuei por ali.
O problema começou a acontecer depois. O figura começou a beber uma cerveja dentro da loja de conveniência, ao que foi interpelado e requisitado para consumir a bebida do lado de fora do estabelecimento. Nada mais natural, acredito eu, na minha santa ingenuidade.
O que veio a seguir foi uma revolta "contra o autoritarismo" na forma de consumo de substâncias proibidas na porta da lojinha, para desespero da pobre moça que devia estar de saco cheio de lidar com bêbados e perdidos e malucos afins em frias madrugadas solitárias. Eu pessoalmente fiquei constrangido pela truculência desferida na face da "representante da autoridade" (que deve ganhar menos de um salário mínimo e muita dor de cabeça). Mas continuei por ali, talvez em nome dos velhos tempos de fim de noite no posto.
Por cinco minutos, entretanto, fiquei me perguntando se eu não estava ficando velho para essas coisas, ficando careta, chato, não sei. Mas comecei a suspeitar que eram as pessoas ali, com 30 anos nas costas, que tinham parado no tempo. E comecei a lembrar de todos os amigos que estacionaram no esquema bar-chapação-5 dias por semana e anunciei minha intenção de ir embora, assim que terminasse o café.
Mas a gota d'água mesmo, que Gustavo e Marília consideraram paradigmática de tudo que estava sendo representado pelo pequeno evento, foi quando surgiu a sugestão, "ei, podemos acender uma fogueira!" (segundo Marília, faltou só surgir o violão na rodinha).
Com o dia raiando, os passarinhos cantarolando e me recordando do bizarro da situação, parecendo dizer "imbecil, fodeu", fui embora para casa dormir, bem mais tranquilo com minha idade e com meu ritmo de vida atual.

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