Hoje, depois de matar aula, estava esperando que a minha orientadora saísse (da aula que eu matei, mas que seria dada por outro professor que, no entanto, faltou) e fiquei deitado em um banco na frente do prédio onde era dada a aula. Houve, depois da aula propriamente dita, uma discussão sobre o andamento e a organização do curso. Parece que o debate estava um tanto quanto acalorado e demorou bastante para começar a sair gente, isso já passado o horário do almoço.
Enquanto não saía ninguém, meio sem pensar peguei uma folha caída no chão. Dessas em forma de ponta de lança, um pouco grande, já meio amarelada, começando a secar. Também sem tomar muito conhecimento do que fazia, comecei a rasgar a folha junto aos nervos secundários (aqueles que saem obliquamente do nervo principal, mas que ainda são grandes): era uma folha peninérvea (ó!).
Quando percebi o que fazia, uma sensação de déjà-vu surgiu. Ou percebi o que fazia porque surgiu o déjà-vu. Não sei bem. Lembrei que quando era criança, quando ficava na rua esperando qualquer coisa (minha mãe me pegar na escola, o intervalo acabar...), fazia exatamente isso, produzindo uma folha toda recortada simetricamente, mas unida pelo nervo central. Escolhia precisamente as folhas peninérveas do chão, que não podiam estar verdes, mas também não poderiam estar secas, mais fáceis para trabalhar.
Não sei como, mas sabia que não fazia isso há muitos anos, mais de uma década com certeza. Não sei exatamente porquê, mas me senti feliz e angustiado ao mesmo tempo. Parecia que eu estava roubando lembranças. Um passado que vivi e já nem considero mais meu, mas de outra pessoa com quem já nem mais me identifico.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário