terça-feira, agosto 16, 2005

Sempre me ligando

Lembrei hoje daquela festa. Vergonha? Saudades? Saudades de ter vergonha?
Naquela época eu gostava do Robert Smith e do Cure, gostava de usar o cabelo espetado em pé, usar preto e ser um menino esquisito - gótico quando podia ser gótico. Só não usava maquiagem porque isso era pedir demais - apanharia, sem dúvida, na escola. A mesma escola em que marchava a esmo junto com alguns outros misfits. E na hora do recreio (intervalo só entrou no meu vocabulário anos depois) procurava não chamar muita atenção e trocava fitas cassetes do Violator do Depeche Mode ou jogava bafo com os garotos menos intimidadores. Figurinhas do Thundercats.
Nessa festa fui de bicão. O pessoal todo da minha turma estava lá, mas eu não fui convidado. Estou aí? Acho que no fundo gosto de ser excluído, gosto de me sentir perseguido, encher a cara e causar revolta. Pena? Espero que nunca tenha inspirado pena. Mas então as pessoas não precisavam levar 1 caixa de cerveja barata - a bebida rolava a noite toda e um pé rapado podia beber a vontade. Você podia se dar ao luxo de não conseguir pensar em mais nada ainda na primeira metade da madrugada.
Lá estava ela na pista. Deuses, como aquele vestidinho era horrível. E o cabelo então? Não interessa, estou apaixonado e estou bêbado o suficiente. Posso investir. Mas isso não foi em outra festa? Confudo tudo, não sei o que era de um dia, o que era de outro e o que eu inventei porque queria que acontecesse. Nós realmente dançamos quando tocou there's a light that never go out? Pensando bem... ela era realmente bonita?

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