quinta-feira, julho 28, 2005

Academia para quê?

Tinha ontem mesmo ouvido a crítica da Lúcia Hippólito sobre a imprecisão do nosso presidente quanto à separação entre o público e o privado no Brasil. Segundo ela, tudo bem para ele se a Benedita ir pra Buenos Aires com verba pública, político usar o avião da FAB para passear por aí com a família e a Marisa mandar colocar estrela do PT no jardim da Alvorada. Enfim, se não for nada muito escandaloso, pode. Tinha dito também que se preocupava com o uso cada vez mais frequente do discurso do "não tive instrução e cheguei lá". E hoje, vendo a entrevista do Lula numa refinaria do Sul, tava lá: "porque a economia precisa de acertos práticos, não a ilusão que a mágica que se faz na academia proporciona" e por aí foi! Não eram estas as palavras exatas, mas era basicamente isso mesmo. Hidrofobia contra os que tiveram acesso à educação? Não estou defendendo o FHC aqui não. Nada disso. Mas vamos parar por um segundinho e raciocinar um pouco, não?!
O que me irrita profundamente é o desdém com a academia, a instrução que vira sinônimo de masturbação mental de meia dúzia de Ludovicos perdidos no mundo da lua e que só "brincam" de vida. Quando pisam no calo é foda. Pô, estudo que nem um condenado, todo semestre tenho que medir o grau dos óculos porque aumenta sempre, não ganho nem sequer bolsa e ainda tenho que aturar isso?! Tenha dó. O "vencer as dificuldades" pode, realmente e infelizmente, virar muleta. Quando não vira simplesmente crueldade com os que não têm, tentam e não conseguem.

Vislumbre

Pensou inicialmente em comprar um revólver. Mas logo lembrou que não tinha dinheiro suficiente para tanto. Na verdade, mesmo que pudesse comprar armas desse tipo, não saberia onde e nem como encontrar uma. Pensou um pouco e concluiu que, de qualquer maneira, não teria a paciência para procurar um modelo que o agradasse. Era muito meticuloso para essas coisas, e para o que tinha em mente, dada a magnitude do que queria fazer, demoraria tempo demais para se decidir por um dos inúmeros tipos que por certo deveriam existir. Se de fato conseguisse escolher qualquer coisa, no final das contas. Ou assim pensava que agiria na hora da eventual compra.
Tinha dinheiro para comprar um pouco de arsênico, mas resolveu que economizaria e chegou à conclusão que bastaria um simples estilete, um daqueles perdidos nas gavetas do armário, da época em que era estudante de arquitetura no Rio. Dessa maneira poderia ir no barbeiro, comer um croquete com coca-cola e comprar aquele cd da Maria Betânia que sempre namorava na lojinha de discos da esquina de casa.

Augusta, Angélica e Consolação

Augusta, graças a Deus,
graças a Deus,
entre você e a Angélica
eu encontrei a Consolação
que veio olhar por mim
e me deu a mão.

Augusta, que saudade,
você era vaidosa,
que saudade,
e gastava o meu dinheiro,
que saudade,
com roupas importadas
e outras bobagens.

Angélica, que maldade,
você sempre me deu bolo,
que maldade,
e até andava com a roupa,
que maldade,
cheirando a consultório médico,
Angélica.

Quando eu vi
que o Largo dos Aflitos
não era bastante largo
ora caber minha aflição,
eu fui morar na Estação da Luz,
porque estava tudo escuro
dentro do meu coração.

Musiquinha do Tom Zé

Essas madrugadas...

Essa história de blog tá tirando o meu sono... já tenho problemas sérios de insônia, agora fico fuçando blogs dos amigos e dos amigos deles, que vão levando pra outros blogs e por aí vai. E tem uns muito legais, que eu entro todo dia pra ver o que mais a pessoa escreveu! Engraçado ficar identificando padrões de escrita e pensamento. Por um lado as pessoas são muito parecidas, mas são tão diferentes também...

E vou ficando especialista em Free Cell, Campo minado e Paciência Spider

quarta-feira, julho 27, 2005

Apenas um filme de terror?

Assisti o filme do Romero hoje. É, o filme mesmo não é grande coisa, mas isso não me impediu de gostar bastante!
Ele desistiu completamente das metáforas e escrachou de vez, enfiou o pé na jaca, chutou o pau da barraca, enfim, soltou a franga!
E agora todos os detalhes têm duplo sentido, desde os fogos de artifício até as mortes dos pobres coitados. O legal que tem a filha do Dario Argento, muito bonita - uma beleza estranha. Já a tinha visto no xxx, que é um cocô, mas também na Rainha Margot e num filme meio estranho (mas muito bom) que se chama Ginostra, em que ela faz o papel de uma freira satanista (na verdade ela se esconde no convento satanista). Lembra um pouco o cinema italiano do final do neo-realismo, muito maluco, com várias cenas oníricas (mais pra pesadelo, na verdade) e com direito a uma criança para a qual toda a narrativa converge.
Mas voltando pro Romero, o filme deve agradar os fãs de splatter e gore também, não é só manifesto político o tempo todo, espirra sangue pra caramba! Ainda que a melhor parte seja quando os zumbis invadem a Daslu do filme! Um barato! O legal que muito direitoso por aí (e por lá) nem vai perceber nada, meio como as receitas de bolo na época da ditadura ou as músicas do Chico. É só um filme de terror, certo?

Raiva e confusão mental

Porca miséria! Não me conformo com o que fiz hoje! Abri um e-mail que se parecia ser do Superior Tribunal Eleitoral, advertindo sobre um problema com meu título e com meu CPF. Cliquei num link que abriu um programa que instalou alguma coisa! Burro! Se eu fosse o Homer teria soltado um "dou" (não o verbo, mas o som)!
Claro que tirei rapidinho a internet do comp, mas fiquei morrendo de medo de ter dado informação pra alguma quadrilha (que está de fato dando golpes falsificando e-mails da Justiça eleitoral ou da Receita. Cuidado! Não sei se sou a única besta que cai nessas)! Vírus tenho certeza que entrou, aquele do tipo Cavalo de Tróia... dois segundos depois da besteira pensei comigo mesmo "como eles têm meu e-mail?"! Mas isso é mais fácil de resolver.
É pra aprender... mas também, como disse a Dani, o Windows é feito de janelinhas que consertam problemas que vc não entende! O tal do link era espertamente sedutor nesse sentido! Vamos clicando no embalo e de repende... "que foi que eu cliquei?" Claro, ver o que tem de errado no CPF - vai consertar com um simples "ok"... que raiva!
Bom, a solução foi ler Nimuendajú o resto da noite, depois Agatha Christie e então fritar umas linguiças com limão cravo e comer chokito! Daí baixou o poeta pessimista... quer dizer, não pessimista exatamente, mas que eventualmente vislumbra uma ínfima parte da mesquinha conspiração cósmica no funcionamento da memória: que ao invés de recordar e aprender com episódios bons, troca o bem pelo mau e confunde tudo pelo inverso do que deveria.
Confuso? Pois é, eu também.

Em negativas

Percorri toda a extensão, não

piso rapidamente, não sei se quero continuar

molhando os pés nas poças adiante, nunca

ouvindo meu próprio coração, esqueci porém

as peripécias do passado - tão doces, não

as invejo, acho impossível levar adiante

buscando compreender o que teima em me surpreender dividindo-me contrariamente em metades.

sábado, julho 23, 2005

Ah! Mais uma coisa...

Em tempo! Acabei de ver aqui na net que o filme novo do Romero estreiou!! Nem sabia que ele filmava ainda! Preciso ver o quanto antes!!!
Hahahahaha e no joguinho de computador que tô viciado tem uma hora que o meu personagem (uma mina ninfomaníaca que por acaso é uma vampira também) encontra um administrador de um cemitério, que se chama Romero, cuja ocupação é matar zumbis fujões!!! Eu tenho que:
a) ajudá-lo,
b) arrumar uma prostituta para o rapaz, ou
c) dar pra ele
Deve ser muito bom fazer jogo de computador... porque não me contratam? Eu não entendo nada de programação, mas se ter idéias esquisitas ajudar...

sexta-feira, julho 22, 2005

Sobre as mães

Porquê "santa mãe" parece se referir mais a nossas avós que a nossas mães? Nada contra as mães atuais, amo a minha. Mas acho que são tantas pessoas que têm problemas existenciais com as respectivas, gastam 2 salários mínimos por mês de análise falando da mãe (tenho a impressão que as mulheres são as mais suscetíveis a esse mal), que a expressão "a minha santa mãezinha adorava fazer pão" ou "o que a minha santa mãezinha diria disto" e por aí vai, está cada vez mais relegada aos filmes de época... ou para nossas avós. Nossas avós são realmente santas. Fazem lasanha no final de semana, nos enchem de doces quando as visitamos, e a única reclamação que fazem é porque demoramos tanto pra casar na igreja! Talvez não seja então questão de parentesco, mas de época. Explico-me: ao invés de "santa mãe", proponho "santa mulher dos anos 40 e 50". Não que as mulheres da geração subsequente não sejam santas em muitas medidas. O quanto as mulheres da idade da minha mãe sofreram com discriminação mas ainda sim ralaram pra trabalhar em um mercado misógino (por menores salários, ainda hoje), não tá na conta. Mas a sensação de beatitude que um papel harmonioso e sem imprevistos passa, quase não existe mais. Bom, isto é legal... não é?!
Mas eu nem sei direito por que pensei nessas coisas... na verdade eu comecei a pensar isso ontem à noite, do nada, ao lavar o rosto na pia do banheiro do bar que estávamos, já com umas tantas cervejas da "boa" na cachola. Parece coisa de romance de Sartre, não?!
Mas por falar em romance, tô virando fã número 1 do Vila-Matas! Bem que eu queria ter ido pra Parati ouví-lo, mas devia ter sido muito concorrido... De qualquer maneira o cara é muito bom! Pagando um pau como há muito não fazia por 1 escritor!! Preciso conhecer os outros livros, por enquanto só li o da Carta Esférica. Aliás, tá na moda escritor catalão! Somente nas últimas semanas li mais 2. Totalmente a favor! Barcelona tem mesmo que estar em bons livros!! Não lembro se puz isso aqui já, mas além das trocentas línguas que eu queria aprender, somei também o català! Meu pai disse que a Natália dá bronca se você não fala em català com ela! Nacionalista mirim!! Muito fofinha!
Ah, e fui assistir A Fantástica Fábrica de Chocolate!! Que filme bacana! Bem diferente do que eu lembrava do original. A história é a mesma, mas completamente diferente! Dois poréns maiores: ao que parece só veio para o Brasil a versão dublada! E não tem a bendita música dos Oompa Loompa que eu lembro!

quarta-feira, julho 20, 2005

Frio e vício

Que frio! Tinha vontade de ficar o dia todo debaixo do cobertor usando 2 meias e ceroulas... mas um infeliz tinha que começar a martelar de manhãzinha logo em cima da minha cabeça!!!

Estou oficialmente viciado em um joguinho de computador! Fiz a besteira de começar a jogar 1 e agora, quando fico com a consciência pesada por não estar fazendo os trabalhos, é só clicar no íconezinho lá... não tenho força de vontade... bom, deixa clicar lá, tá numa fase emocionante!!

sexta-feira, julho 15, 2005

Da vergonha alheia e do flashback do ridículo

Hoje acabamos por sair nos barzinhos super-faturados aqui por perto. Nada contra, se o ambiente vale a pena e o atendimento é bacana, mas não sei se foi por causa da tal final do futebol, estava tudo meio estranho. No primeiro bar, não tinha chopp (como assim, por exemplo?!?!), não tinha o rango que queríamos, o som tava muito alto, e pra não dizer que tinha uma tv passando o jogo, tinha um telão de 4 metros quadrados no meio dos acontecimentos!!
Bom, vamos para outro lugar!
No segundo bar, as coisas pareciam mais tranquilas, não fossem os "um carro a cada 10 segundos" que passavam buzinando e gritando para as pessoas que estavam na varanda do bar (basicamente eu, a Dani e o Emiliano). E um carinha com o cabelo muito feio (daqueles de quem parece que está deixando crescer, mas que aumentam o tamanho da sua cabeça em diâmetro em vários centímetros) que saía da sua cadeira confortável no interior do estabelecimento, onde também assistia o dito jogo, que a cada gol ia até a calçada, exatamente do nosso lado, e gritava. Estranha maneira de mostrar euforia, em que você não extravasa na hora em que seu time marca o gol do título e tem a pachorra de levantar, sair do bar e então gritar...
Na primeira vez os amiguinhos acharam engraçado e riram, nas outras vezes (porque teve que ter tanto gol?!) ninguém mais riu (só o Damon... hahahahahahaha... ahhhhh... piada infame que me ocorreu agora). Não que tivesse sido extremamente original da primeira vez, mas realmente é fogo quando a pessoa repete a fórmula do "ser cool"! Triste e patético... se você tiver o azar de ter um mínimo de auto-crítica, fodeu...
O filminho em que você aparece para você mesmo em terceira pessoa protagonizando o evento ridículo, vai voltar como flashbacks (u-hú! Finalmente usei a palavrinha!!) pelo resto da sua existência. Mais vívido mesmo do que o seu aniversário de 18 anos, a tragédia (ou comédia, depende do ponto de vista) vai te assombrar por muitos e muitos anos! Eu às vezes estremeço de vergonha (literalmente estremeço, com calafrio de golada de pinga ruim e tudo!) de algumas coisas que já aconteceram há mais de 15 anos! E sem motivo aparente! No meio de uma janta, vendo tv... Como, por exemplo, quando eu ia dar um presente para a menininha que eu estava apaixonado na quarta série, um amigo meu (mui amigo, aliás...) tomou o presente das minhas mãos e o deu pra ela, no recreio da escola, frente a minha hesitação. Eu estava distante uns 20 metros na hora, fiquei com vergonha e fingi ouvir alguém me chamar e saí correndo! O problema é que todo mundo viu que eu vi que ela estava lá e tinha ganho meu presente e percebeu que eu tinha fingido... e depois pra voltar lá? E o embaraço dela em fingir que não tinha me visto agir como o Zé Buscapé? Tudo bem, nada tão constrangedor quanto ficar pelado no meio da classe ou algo do tipo, mas de tempos em tempos a vergonha que eu senti na hora me assalta com a mesma intensidade que eu senti no dia!!
Um dia será que o carinha vai se lembrar disso e tentar censurar a si mesmo na própria cabeça? "Sai pensamento, sai!" E será que quando ver uma foto dessa época vai pensar "como um dia eu pude ter o cabelo assim"?

quarta-feira, julho 13, 2005

Efeitos colaterais

uhahahahaha!!
Sonhos malucos, bizarros e psicodélicos! Também, depois de ontem...
E chegando em casa, Fear and Loathing in Las Vegas!! Muito bom!!

"We had two bags of grass, seventy-five pellets of mescaline, five sheets of high-powered blotter acid, a salt shaker half full of cocaine, a whole galaxy of multicolored uppers, downers, screamers, laughers. Also a quart of tequila, a quart of rum, a case of beer, a pint of raw ether, two dozen amyls"

Perdição gastronômica...

Não gosto muito de fazer propaganda de graça para os outros, mas tenho que falar do chocolate mais gostoso que eu comi em muito tempo! Pois é, depois de um dia inteirinho corrigindo uma tese, com os neurônios em estado crítico, já quase se dissolvendo em uma grande papa, uma enchillada muuuuito gostosa e apimentada, uns nachos muito saborosos e também apimentados, uma barra do cookies 'n chocolate da Hershey's foi o céu! Que é aquilo, meu Deus?! Ultimamente não estou conseguindo comer muito chocolate por causa de uma dor de dente dos infernos (na verdade ainda como muito, só que dói pra caramba agora), mas esse foi pro estômago que é uma beleza!!
Já sei qual será minha nova companhia nas noitadas virtuais...

sexta-feira, julho 08, 2005

A República e a Civilização dantescas


Duas palavrinhas que se infiltraram no repertório oratório dos desavisados de plantão (engraçado pensar num desavisado que faça plantão) me irritam profundamente toda vez que as ouço. Nenhuma das duas logicamente é nova, mas o sentido com que são utilizadas no jargão direitoso (às vezes nem tão à direita...) penso ser relativamente recente. Quer dizer, uma delas, "civilização", não é recente - mas esse é exatamente o problema! É espantoso como pessoas como o Huntington e seus comparsas atualizaram um conceito evolucionista, que deveria ter sido superado desde que Morgan e patota sairam de moda no começo do século passado, de maneira tão eficiente de modo que todo líder político o utilize na dicotomização entre "ocidentais" e "os outros". E "outros" na verdade é eufemismo. São "bárbaros" mesmo! Engraçado que enquanto o primeiro estágio da escadinha evolucionária virou efetivamente um termo politicamente incorreto (anos de crítica conseguiram que o "selvagem" perdesse a conotação pseudo-séria científica e fosse relegado apenas à esfera da pura difamação), o segundo estágio é utilizado como se realmente descrevesse uma diferença ontológica existente na metade da população do globo! Claro que o "bárbaro" é pejorativo, mas é uma categoria que de fato faz sentido para muita gente por aí.
Hoje mesmo eu vi a civilização contra a barbárie (que está assumindo conotação religiosa já há algum tempo no discurso do Bush: são "demônios" e têm "maldade no coração") em mais de uma dezena de declarações. Esses outros tornaram-se rotulados e totalmente fora do alcance da compreensão e da comunicabilidade.
A outra palavrinha irritante é "república". Ô saco, as pessoas têm noção do que estão querendo dizer quando dizem que o republicanismo não perecerá, não será cerceado por corrupção, conspiradores da liberdade, etc, etc, etc? Essa re-atualização semântica eu já não sei atribuir à um maldito específico que poderia ser mandado pro quinto círculo do inferno (dos iracundos e intolerantes), ou então ao oitavo (nona vala) - reservada aos "promotores de cismas religiosos e os semeadores de ódios, divisões e discórdas entre pessoas e povos". Aliás, é interessante tentar imaginar onde se encaixam umas figurinhas da cena política por aí... os castigos são demais! Depois eu podia lembrar de alguns. Interessante também que, se para Dante Maomé figura exatamente na nona vala, hoje em dia o Bush poderia estar em pelo menos uns cinco círculos diferentes!
Poderosa a palavra que transforma coisas e pessoas em pessoas e coisas.

(Dante e Virgílio no Inferno - William Bouguereau)

quinta-feira, julho 07, 2005

Hagis, whiskey e os peixinhos moribundos

Interrompendo a crônica dos habitantes do campanário.
Hoje eu tive mais uma overdose de CPI. Teria tanta coisa pra fazer, mas não consigo deixar de assistir. Mesmo que tenha deputado e senador que entra no meio do inquérito e faz a mesma pergunta pela enésima vez, ou simplesmente não tem o trabalho de modificar ao longo do questionamento o roteirinho de perguntas que foi preparado. Engraçado que tem vários que já pensavam que sabiam que resposta o tal do Marcos Valério iria dar pra uma pergunta, e quando a resposta saiu diferente (acho que o depoimento do cara não era o que a maioria esperava, pra mim não foi com certeza), ficavam meio desconcertados.
Mas apesar da grande farsa que é essa CPI, sem quase ninguém com experiência de como interrogar (me lembro de um deputado na CPI do narcotráfico que não sabia onde enfiar a cara depois que tomou 1 fora realmente humilhante. O cara tinha certeza que o tal do Negrão tinha mentido sobre uma data de depósito bancário no exterior, mas não sabia que nos EUA mês vem antes do dia), até acho que algo de bom pode sair disso tudo. Não é possível que as pessoas ainda achem-se tão impunes e nada seja feito. Tá chegando no patamar do intolerável já.
No mais preciso preparar o rechaud pra fazer um fondue e cultivar o frio que veio de repente e finalmente! Eu lembro que na minha infância tirava o casaco e o cobertor do armário ainda em maio! Conversei outro dia com uma professora canadense e ela disse que na cidade dela já não existem mais vários tipos de peixes que moravam na agüinha fria - isso em questão de apenas uma década. Faz um tempinho que ouvimos falar em aquecimento global, mas eu não imaginava que seria tão rápido assim! Que acontece lá na Escócia além de tricotagem regada à whiskey e hagis?

terça-feira, julho 05, 2005

À guisa de recordação - os outros

Havia já algumas semanas o casarão foi reformado e foi tranformado em uma casa de shows. Uma ou duas vezes por semana, geralmente aos sábados e aos domingos, era alugado para a realização de festas e buffets - gente muito rica.

Logo começaram a circular rumores e boatos de que o campanário do casarão era mal-assombrado. Alguns incidentes estranhos e barulhos inexplicáveis ocorriam ocasionalmente. No início os donos do lugar ficaram preocupados, achando que poderiam perder clientela. No entanto, as histórias de pessoas que viram ou conhecem alguém que viu um vampiro e um fantasma conversando, seguidos por um cão gigantesco, logo se transformaram nos tópicos preferidos dos frequentadores, atraindo inclusive muitas pessoas que de outra maneira não iriam ao casarão.

Não é de estranhar que entre os que apenas encaravam as histórias com bom humor e os que genuinamente acreditavam, mas que gostavam da sensação de mistério e medo, não demoraram a aparecer os que buscavam tirar algo em proveito próprio dos já folclóricos habitantes do campanário.

Um dia um grupo de caça-vampiros - parecia que os fantasmas não estavam muito em moda e nenhum veterinário se mostrou muito interessado em subir no campanário para procurar o cão - preparou uma incursão ao campanário. Todos armados com estacas e cruzes, aproveitaram a realização de um buffet infantil que trouxe muitos palhaços e animais fantasiados, e se fizeram passar por uma trupe mais gótica.

À guisa de recordação - os personagens

Habitavam, no campanário de um casarão muito antigo e luxuoso, não tão afastado do centro da cidade, um velho fantasma, um vampiro e um enorme cão. O cão não era propriamente de nenhum dos outros dois, mas chegou ao campanário mais ou menos na mesma época que o vampiro. O fantasma já morava na casa desde quando ela ainda era relativamente nova. E isso faz muito tempo.

Eles não moravam exatamente na campanela, lá só entravam para descansar durante o dia. Ficavam a noite inteira no telhado conversando e filosofando. Quando digo filosofando, é exatamente o que faziam lá em cima. Não que discutissem sobre os desdobramentos neo-platônicos da literatura filosófica, mas conversavam sobre o significado das coisas que conheciam - da época em que eram mortais e sobretudo sobre as coisas que aconteciam durante suas pós-vidas. Na verdade tratava-se de uma filosofia muito especial, pois a maioria dos tópicos girava exatamente nas reflexões sobre-naturais, não da vida em si. Seja lá quais são exatamente as preocupações de quem não está mais vivo, os dois pensavam muito a respeito.

De qualquer maneira, era o que faziam lá em cima. O fantasma não saía quase nunca, o vampiro apenas o tempo necessário para se alimentar eventualmente, e o cão ficava a maior parte do tempo deitado com a cabeça por cima das patas dianteiras apenas movendo os olhos na diração em que estavam seus companheiros.

O campanário era exageradamente alto. O cume ficava a dezenas de metros de altura, emergindo do coração da casa como uma enorme lança que a trespassou e que parecia também desafiar o bom-senso da engenharia. O curioso é que, a despeito do lugar que os três passavam a maior parte de suas noites, o vampiro sofria de vertigens fortíssimas. Tinha que ficar se concentrando todo o momento para não olhar para baixo nas noites em que subia ao telhado. Essa era a principal razão porque o fantasma parecia ser melhor sucedido nas elocubrações que faziam e ganhava a maioria dos debates que constantemente empreendiam.

domingo, julho 03, 2005

Nimuendajú e as coisas simples da vida

Ouvindo: Cramps
Comendo: arroz, feijão, bife, ovo frito
Vestindo: mesma coisa de ontem
Saudades: de tudo que aconteceu antes dos 15 e umas pessoas aí
Preciso: dormir, fazer a barba e cortar o cabelo

...ainda bem que ler Nimuendajú é um barato!

sexta-feira, julho 01, 2005

Luso desperdício

Bom, eu vi agora há pouco o Agualusa no cara das pseudo-piadas... que coisa triste, tanta coisa pra perguntar pro rapaz e o outro lá ficava pescando num dos livros as palavras que eram diferentes no português do Brasil (e que obviamente foi fruto do esforço de algum acessor que se deu ao trabalho de achar as palavras e procurá-las no dicionário) e fazendo piada machista. Não é porque às vezes ele se faz de tolerante com gays e oprimidos que deixa de se mostrar um baita dum autoritário...

Aproveitando as férias

Que maravilha ter 1 dia completamente inútil!! Hoje acordei 10 da manhã, fiquei fuçando na net até a hora do almoço, saí com a Dani pra pegar uns filmes na locadora e almoçamos no Dunkin Donuts! É isso aí! Donuts de 2 reais e Ice Capuccino de 5! Mas como é bom meu...
Na volta começamos com o "Ocean's 12", que não é lá grande coisa, mas dá pra entreter. Uma risadinha aqui, outra ali, nada demais... Depois assisti umas 4, 5 horas do depoimento do Roberto Jefferson. Eu acho toda essa CPI muito engraçada, principalmente quando deputado não consegue achar nada melhor pra fazer do que ficar interrompendo depoimento com questão de ordem. Pior que reunião de condomínio, que pelo menos não tem essa bardena criada com a procura pela ordem! Quando as pessoas não querem ouvir, os artifícios de espizinhamento (acho que nunca de fato escrevi essa palavra!) são extremamente infantis e engraçados... só faltava alguém levar as mãos aos ouvidos e começar a ladainha: "lá, lá, lá, não estou ouvindo, lá, lá, lá"! rs
Agora, todo o negócio já começa errado, não é? Como é que podem realmente conseguir averiguar qualquer esquema criminoso (supondo que seja essa a intenção realmente) se o depoente, que por acaso também é testemunha, fique do lado do presidente da sessão? Não dá, o cara tinha que ficar separado num lugarzinho só dele, ele está sendo investigado tb, não é informante que presta um serviço à sociedade - o que as pessoas parecem esquecer (menos os deputados do PT, obviamente). E essa tal de imunidade parlamentar ou direito à "exceção da verdade" tinha que ser revista. Já é difícil que tenhamos julgamentos em que os réus realmente cumpram seu juramento com a verdade. Se nem isso for requisitado, fica difícil...
Mas enfim, depois disso tudo, já bem cansado de ver CPI, assisti "Sideways" com a Dani. Muito legal! Estou ficando fã número 1 do Paul Giamatti! O cara tá ótimo no "American Splendour" e muito bom neste filme de hoje tb! Me identifico com tantas coisas dos personagens dele que imagino que o ator não deva ser muito diferente disso. O Emijo tinha me dito que dá vontade de tomar 1 vinho vendo o filme, o que é verdade! Muito inteligente e bem filmado também! E bem sutil... estou errado em ver várias referências homossexuais com os dois protagonistas no começo do filme?
E depois do filme... ainda Roberto Jefferson na tv?! ô loco!
O dia foi legal não fosse por 2 tele-marketings tb... que chato. O último começou a falar praticamente sem me dar tempo nem de dizer alô:
_o senhor foi selecionado porque consta que é um excelente cliente, blá blá blá, o cartão de desconto chegará em 1 semana, é só o senhor assinar no verso e...
_Pera aí, como assim cartão? Não pedi nada...
_Mas é um cartão apenas para clientes especialmente selecionados e que gozam de bom relacionamento blá blá...
_Não, sinto muito. Não estou interessado.
_Mas porque? Qual o motivo? (Com um tom realmente inconformado, como se eu fosse um ET por não querer o seletíssimo cartão de desconto deles)
(pensamento rápido)_Estou me mudando do país e fico fora vários meses, estou suspendendo todas minhas contas e atividades financeiras... (depois fiquei pensando se não era melhor apenas dizer ao cara alguns "termos não-regimentais", ou algo parecido, como o Roberto Jefferson falou hoje. Alías, que eufemismo brilhante, não? De qualquer maneira, achei que isso apenas ia tornar o telefonema mais longo)
_Mas... o senhor vai voltar, não?
_Eventualmente...
_O cartão vale por 1 ano...
Dio Mio... cada uma... hehehe