quinta-feira, abril 05, 2007

O estilista

Hoje fui assistir Sunshine, o novo filme do Danny Boyle. Estava meio receoso, porque apesar de gostar muito dos filmes dele, a idéia me parecia evocar a modinha de filmes-catástrofe de uns anos atrás. A terra ou é ameaçada por um cometa, ou por uma era glacial, ou um terremoto, ou então lagartos gigantes, além, claro, dos aliens velhos conhecidos. Isso porque Sunshine é sobre um grupo de astronautas-heróis que vão em uma missão para tentar dar um tranco no sol, que está morrendo. Um charge, por assim dizer.
Mas tudo bem, eu fui e dei uma colher de chá.
A história, como esperava, não tinha nada demais. Bom, não é como os primos hollywoodianos, que fique claro. Está mais pra Alien do que pra Armageddon (inclusive Boyle até tira sarro com isso; aliás, as pitadas de humor que ele põe só deixam tudo mais enervante). O que é excelente (só o fato de não ter Ben Affleck também conta. Aliás, acho que foi isso que não gostei no The Beach, porque tinha o Dicaprio).
Danny Boyle pra mim é o melhor diretor contemporâneo pra suspense. Ele sabe como deixar o espectador tenso durante o filme inteiro, sempre esperando por alguma coisa assustadora. Ser deixado sozinho no desconhecido.
Dizem que o Tarantino estilizou a violência. Pra mim Danny Boyle poetisou a violência no cinema. E sem usar o recurso do susto, como fazem a maioria dos diretores (ainda que algumas vezes seja necessário).
Agora, o que eu mais gosto é o visual. Pra mim os filmes dele são pinturas. Até acho que ele filma como um exercício de estilo. Mais do que o enredo, que mais parece apenas a premissa pra começar o projeto, o importante é o colírio, a sensação imagética. Como quando usa câmeras digitais, que dão uma imagem completamente diferente da película usual, uma cor diferente, que se soma ao elemento assustador do suspense.
E outra coisa boa dele são as atuações que consegue extrair dos atores. Sempre muito boas.
Com exceção de umas cenas previsíveis, o filme é muito bom. O melhor que vi no ano, com certeza.
Agora é esperar a continuação de 24 hs Later e a trilogia baseada nos livros do Pratchett!!

Um comentário:

Anônimo disse...

O legal tb é o efeito do filme na psique... saí meio flutuando do cinema. Voltei com o sol poente na cara, com calor pela primeira vez em meses, desviando de dezenas de judeus ortodóxos que vinham na direção contrária, comprei uma casquinha de sorvete em um carrinho ambulante (daqueles estilo americano, não a versão brasileira, menor), sentei na grama do Primrose Hill e fiquei pensando que nessas horas é gostoso ficar só.