sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Visca el Barça!


De volta.
Depois de uma jornada de mais de 24 horas de andanças e esperas nos não-lugares do Augé, finalmente retornei ao calor - que, devo dizer, já fazia falta, nos últimos dias em terras germânicas.
Aconteceram tantas coisas que nem sei o que começar a escrever aqui...
Eu e Dani fizemos um circuito museologístico bem punk! Vimos coisas incríveis e deu nervoso não poder ficar um dia vendo cada uma das maravilhas.
Andamos muito, quase todos os dias. Comemos muita porcaria, todos os dias. E apareci pela quinta vez na tv!! Olha o enviado especial do Canal Plus Brasil aí, com o Ronaldinho ao fundo! Pois é, fui ver o jogo do Barça pela Copa do Rei. O Jordi me disse que poderia com certeza pegar autógrafos e fotos no final da partida! Levei uma camiseta do Brasil, uma canetinha e a máquina! Bom, o jogo foi muito legal, a experiência indescritível, mas, resumindo um pouco, tive uma lição de nacionalismo em sua forma mais pungente: no jogo de futebol.
Pois não é que o juiz (diga-se de passagem, não-catalão e, ao que parece, comprado) expulsou o Ronaldinho em um lance que foi muito menos faltoso que vários outros? Em pleno Camp Nou, com o Pelé, que estava lá, assistindo!
Ter umas 80 mil pessoas gritando em coro "espanyol hijo de puta" e variações, a ponto de não conseguir ouvir o que a pessoa do lado me falava, me convenceu que o problema do nacionalismo não morreu. Essa rixa contra os espanhóis estava em todo lugar, aliás. Dica: nunca diga a um catalão que ele é espanhol. Pelo menos não na Espanha. Talvez o sistema funcione como com os Nuer e, sei lá, talvez os árabes sejam os Dinka deles. O mesmo deve ocorrer com Euskadi, Galícia...
Resumo da ópera. No final da partida, estavam todos os jogadores lá dando entrevista no backstage deles. Podia chegar em qualquer um (inclusive a nova sensação da Europa, um garoto de 18 anos, Messi, que joga demais! A bola não sai do pé dele, é impressionante! E o pior, na copa, vai jogar pela argentina). Menos no Ronaldinho, que já devia ter ido embora pra casa depois que o espanyol hijo de puta fez... o que comprova que Murphy não tem horário de folga e nem escolhe país. Que raiva...
Bom, o Jordi havia me dito que não poderia torcer, já que estávamos com a imprensa neutro e imparcial (sei) no campo. Mas o negócio é tão empolgante... dá pra ouvir tudo do campo: torcida e jogadores. E tudo adquiriu um tom meio épico, já o Barça tinha sido injustiçado e mesmo com 10 jogadores era melhor. Não conseguia não vibrar com cada lance de gol. E lá estou eu, laranjinha, atrás do gol do Zaragoza (no segundo tempo. No primeiro assisti da lateral), naquelas propagandas que jogador pula quando faz gol, com os braços levantados quando o Larson fez o gol da vitória ao 47 minutos! Infelizmente tinha que marcar mais um...
Acho que depois vou contando mais coisas. Os museus, os passeios, a puta velha tailandesa que encontramos em um bar na Alemanha, a escrivaninha do Goethe...
Termino com um diálogo travado em Guarulhos, entre mim, Dani, uma brasileira e um senhor italiano que mora em Campinas. Esperando o ônibus da Caprioli chegar, completamente exaustos e morrendo de calor por causa das inúmeras camadas de roupas que vestíamos.
A mulher voltava de Paris e o senhor italiano, muito simpático por sinal, de Roma. Falamos do frio em nossas respectivas cidades de origem e do calor que encontramos em terras brazucas. Lá pelas tantas, o senhor estava comentando sobre Roma, onde tinha ido passear e rever pessoas. Seus amigos achavam que ele deveria passear pela cidade. Mas ele: "eu sou romano. Nasci e cresci lá. Tudo o que tinha para ver, já vi. Não fui passear, não. Muito frio". Ao que a mulher retrucou: "o papa é novo". O senhor olhou, parou um instante para avaliar o quão sincero ser e o quanto poderia dizer para a mulher, e completou naquele sotaque maravilhoso que têm os italianos quando falam em português: "se tem um povo que não gosta muito do Vaticano, é o romano. Aquilo é tudo uma máfia. Desde a idade média. Só se aliam aos poderosos e roubaram todas as coisas dos museus romanos. Em todo lugar, como no Brasil, pessoas com mais de 60 não pagam ônibus, entram nos museus de graça... no Vaticano não. Você pode ter mais de 80 anos e vai pagar entrada naquele lugar"! E depois se pôs a enumerar: a questão do aborto, pesquisa com células-tronco, camisinha...
Eu já tinha comprovado na Espanha que o catolicismo, tal como o nacionalismo, são muito mais complexos do que o esperado em países que teoricamente são católicos e compostos por uma só nação.

Um comentário:

Maria disse...

ESSA FOTINHO MATAAAAAAAAAAAAAAAAAA...


CHRIS RULES!