Ficar de braguilha aberta na frente da garota que eu era apaixonado aos 13, ela notar, falar, e eu tentar bancar o cool e indiferente (ainda sem fechar a bendita).
Ter acertado uma botinada numa menina ao pular do palco em uma peça de teatro.
Dançar forró.
Minha colação de grau, na Fonte de São Paulo, passada inteira no banheiro.
Entrocamento oblíquo à esquerda.
terça-feira, fevereiro 28, 2006
segunda-feira, fevereiro 27, 2006
As galinhas e o Sudoku
Não gosto de pensar muito em potenciais tragédias como a tal gripe aviária. Fico com medo. Prefiro a postura avestruz. Nem sei como escrevo isto, para falar a verdade...
Mas realmente fico receoso. Ainda mais se o caso não é muito comentado, apenas com algumas notícias secundárias exageradas (daquele que, num romance do Tom Clancy acaba acertando na mosca, mas é silenciado com o desprezo jornalístico ou algo pior) em veículos de informação pouco respeitados. Tudo bem, é até bem comentado e está nas manchetes, mas por enquanto não como uma pandemia apocalíptica dos infernos.
Dá a impressão de que alguém sabe mais do que o resto do mundo e não quer contar. Vai saber, se acham que a AIDS foi uma vacina baseada em sangue de macaco contaminado, criada em algum laboratório no Congo Belga nos anos 50 e que deu errada (onde surgiram os primeiros casos)... - sim, Tintim au Congo! Daí não é porque a natureza é implacável e incontrolável e o vírus mutou para uma variação humana, é porque os homens resolveram brincar de incesto com nossos parentes antigos. O que leva à conclusão de que a notícia "se o vírus mutar" nada mais é que uma delegação de responsabilidade na tentativa de encobrir outras coisas. Bom, eu adoro uma teoria da conspiração...
NSA, CIA, FBI, ou alguma sigla européia também (afinal, está lá!), alguém esconde. Se fosse um grande bafafá e não essa impressão velada de segredo ou "não se preocupe, está tudo sob controle", ficaria mais tranquilo.
Fico com a impressão, ai-de-mim-que-assisti-horrorizado-os-filmes-sobre-o-fim-do-mundo-do-auge-do-pessimismo-da-corrida-armamentista, de que as pessoas lembrarão depois, no mundo pós-gripe aviária: "é, começou com aquelas galinhas resfriadas no cafundó do Judas".
Ouvi coisas horríveis, anos atrás, de um médico, amigo do meu pai, que gosta de estudar determinismos epidemiológicos nas horas vagas. Não sei reproduzir o argumento, mas era algo como um sazonismo virulento que reaparece inevitavelmente de tempos em tempos e a OMS não pode fazer nada mais que administrar os danos. Aí o tom fica meio profético e eu fico interpretando as notícias que saem publicadas sob essa perspectiva.
E como impedir as aves de migrarem? Essas não têm nome árabe para serem detidas nos aeroportos. Se não é possível controlar nem a exportação de sudoku... aquele joguinho viciante, que começa a aparecer aos poucos por aqui, depois de ter conquistado a Europa...
Mas realmente fico receoso. Ainda mais se o caso não é muito comentado, apenas com algumas notícias secundárias exageradas (daquele que, num romance do Tom Clancy acaba acertando na mosca, mas é silenciado com o desprezo jornalístico ou algo pior) em veículos de informação pouco respeitados. Tudo bem, é até bem comentado e está nas manchetes, mas por enquanto não como uma pandemia apocalíptica dos infernos.
Dá a impressão de que alguém sabe mais do que o resto do mundo e não quer contar. Vai saber, se acham que a AIDS foi uma vacina baseada em sangue de macaco contaminado, criada em algum laboratório no Congo Belga nos anos 50 e que deu errada (onde surgiram os primeiros casos)... - sim, Tintim au Congo! Daí não é porque a natureza é implacável e incontrolável e o vírus mutou para uma variação humana, é porque os homens resolveram brincar de incesto com nossos parentes antigos. O que leva à conclusão de que a notícia "se o vírus mutar" nada mais é que uma delegação de responsabilidade na tentativa de encobrir outras coisas. Bom, eu adoro uma teoria da conspiração...
NSA, CIA, FBI, ou alguma sigla européia também (afinal, está lá!), alguém esconde. Se fosse um grande bafafá e não essa impressão velada de segredo ou "não se preocupe, está tudo sob controle", ficaria mais tranquilo.
Fico com a impressão, ai-de-mim-que-assisti-horrorizado-os-filmes-sobre-o-fim-do-mundo-do-auge-do-pessimismo-da-corrida-armamentista, de que as pessoas lembrarão depois, no mundo pós-gripe aviária: "é, começou com aquelas galinhas resfriadas no cafundó do Judas".
Ouvi coisas horríveis, anos atrás, de um médico, amigo do meu pai, que gosta de estudar determinismos epidemiológicos nas horas vagas. Não sei reproduzir o argumento, mas era algo como um sazonismo virulento que reaparece inevitavelmente de tempos em tempos e a OMS não pode fazer nada mais que administrar os danos. Aí o tom fica meio profético e eu fico interpretando as notícias que saem publicadas sob essa perspectiva.
E como impedir as aves de migrarem? Essas não têm nome árabe para serem detidas nos aeroportos. Se não é possível controlar nem a exportação de sudoku... aquele joguinho viciante, que começa a aparecer aos poucos por aqui, depois de ter conquistado a Europa...
sexta-feira, fevereiro 24, 2006
Chris Tambascia's Day Off
Hoje tirei o dia para não fazer absolutamente nada! Apesar de estas serem minhas maiores férias desde o final da graduação, por incrível que pareça ainda não tinha tirado um dia para vegetar completamente no aconchego do lar!
Entre sentadas na frente do computador e na frente da tv, assisti dois filmes que quando era moleque adorava! Daqueles que eram as cerejas da maravilhosa programação da sessão da tarde de duas décadas atrás. Um é O filme sessão da tarde por excelência: Curtindo a vida adoidado. Adoro esse filme. E a musiquinha que acompanha o diretor da escola do Ferris, aquele cara bacana dos Fantasmas se divertem e outros filmes estruturalmente equivalentes. Mas esse eu peguei quando já tinha começado. Ainda sim foi bacana relembrar o dia de folga de Ferris Bueller.
Agora, o legal mesmo foi assistir, desde o começo, sem cortes e com som original, O enigma da pirâmide (Young Sherlock Holmes)! Nossa, como eu curtia esse filme! E vendo hoje, não bateu aquela decepção de rever algo que admirava tanto anos atrás, mas que hoje em dia é meio ridículo. Aquela sensação de "vale apenas como recordação de um tempo" que marca tanta coisa da chamada década perdida (entre música, filme, roupas, cabelos, ...) não apareceu. Muito pelo contrário, a aventura de Sherlock moço ainda é muito divertida de assistir! Os efeitos ainda são bons e o final ainda me emociona. Ainda me comove quando a Elizabeth, mortalmente ferida, diz que esperará Holmes em outra vida e ele se atrasará, como sempre. Depois morre nos braços do jovem detetive e ele "chora pela segunda e última vez na vida". Então diz a Watson que viverá o resto da vida só.
Sempre achei que foi um começo bonitinho para a vida de Holmes. Não tanto doyleano, mas enfim... bonitinho. As idéias para as origens do chapéu, do cachimbo, a relação com Lestrade, o violino, a solidão e uma certa melancolia eterna... achei bem legais. Eu sempre gostei das aventuras do personagem. Adorava os livros, procurei, entusiasmado, o 221b da Baker Street. Acho que vi todos os filmes relacionados.
Outra coisa interessante é que, pelo que me lembro, foi com O enigma da pirâmide que eu descobri que alguns filmes não acabam nos créditos. Depois que todas as letrinhas vão subindo e o espectador acompanha a charrete (que evidentemente não é a que Holmes entrou ao se despedir de Watson), descobre-se que Eh Tar não morreu e virou... bom, é elementar, não?!
Pela mesma época lançaram Masters of the Universe, o filme do He-Man, com o Lundgren e a Monica novinha. Se você acompanhar os créditos até a parte do ano, verá que... alguém que todos pensavam que morreu, está vivo!
Por muito tempo eu continuava vendo os filmes para ver se o diretor não reservava alguma surpresa. E vários realmente têm alguma referência a uma possível sequência, um final um pouco diferente, ou uma continuação (e mesmo que nunca tenham sido feitas, a coisa é interessante). Meio como os filmes do Kevin Smith, que nos finais você descobre que ele já sabia qual seria a próxima aventura de Jay e Silent Bob, anunciando-a. Para mim isso cria um respeito extra pelo roteirista. Ele está pensando no próximo passo, o que garante uma trama muito mais forte e menos sujeita a adaptações toscas para continuações criadas a posteriori - quase inevitavelmente com diversos pepinos e descontinuidades que deixam claros vários furos e diversos remendos.
Exemplo disso era o Chris Claremont, que pensava algumas coisas para os X-Men anos (sim, anos!) antes de acontecer. Ele narrava um evento e eras depois você via que ele já o pensara em conjunto com outros acontecimentos muito posteriores! No mínimo é impressionante o planejamento.
O fato é que eu costumava acelerar os créditos ou então ficar no cinema até as luzes acenderem. Mas vi que, ultimamente, esse recurso quase não é mais usado. Então já não faço muito isso agora.
Afinal, o que aconteceu com as gracinhas criativas dos diretores? O cinema ficou mais (pseudo) sério e mais bobo.
Entre sentadas na frente do computador e na frente da tv, assisti dois filmes que quando era moleque adorava! Daqueles que eram as cerejas da maravilhosa programação da sessão da tarde de duas décadas atrás. Um é O filme sessão da tarde por excelência: Curtindo a vida adoidado. Adoro esse filme. E a musiquinha que acompanha o diretor da escola do Ferris, aquele cara bacana dos Fantasmas se divertem e outros filmes estruturalmente equivalentes. Mas esse eu peguei quando já tinha começado. Ainda sim foi bacana relembrar o dia de folga de Ferris Bueller.
Agora, o legal mesmo foi assistir, desde o começo, sem cortes e com som original, O enigma da pirâmide (Young Sherlock Holmes)! Nossa, como eu curtia esse filme! E vendo hoje, não bateu aquela decepção de rever algo que admirava tanto anos atrás, mas que hoje em dia é meio ridículo. Aquela sensação de "vale apenas como recordação de um tempo" que marca tanta coisa da chamada década perdida (entre música, filme, roupas, cabelos, ...) não apareceu. Muito pelo contrário, a aventura de Sherlock moço ainda é muito divertida de assistir! Os efeitos ainda são bons e o final ainda me emociona. Ainda me comove quando a Elizabeth, mortalmente ferida, diz que esperará Holmes em outra vida e ele se atrasará, como sempre. Depois morre nos braços do jovem detetive e ele "chora pela segunda e última vez na vida". Então diz a Watson que viverá o resto da vida só.
Sempre achei que foi um começo bonitinho para a vida de Holmes. Não tanto doyleano, mas enfim... bonitinho. As idéias para as origens do chapéu, do cachimbo, a relação com Lestrade, o violino, a solidão e uma certa melancolia eterna... achei bem legais. Eu sempre gostei das aventuras do personagem. Adorava os livros, procurei, entusiasmado, o 221b da Baker Street. Acho que vi todos os filmes relacionados.
Outra coisa interessante é que, pelo que me lembro, foi com O enigma da pirâmide que eu descobri que alguns filmes não acabam nos créditos. Depois que todas as letrinhas vão subindo e o espectador acompanha a charrete (que evidentemente não é a que Holmes entrou ao se despedir de Watson), descobre-se que Eh Tar não morreu e virou... bom, é elementar, não?!
Pela mesma época lançaram Masters of the Universe, o filme do He-Man, com o Lundgren e a Monica novinha. Se você acompanhar os créditos até a parte do ano, verá que... alguém que todos pensavam que morreu, está vivo!
Por muito tempo eu continuava vendo os filmes para ver se o diretor não reservava alguma surpresa. E vários realmente têm alguma referência a uma possível sequência, um final um pouco diferente, ou uma continuação (e mesmo que nunca tenham sido feitas, a coisa é interessante). Meio como os filmes do Kevin Smith, que nos finais você descobre que ele já sabia qual seria a próxima aventura de Jay e Silent Bob, anunciando-a. Para mim isso cria um respeito extra pelo roteirista. Ele está pensando no próximo passo, o que garante uma trama muito mais forte e menos sujeita a adaptações toscas para continuações criadas a posteriori - quase inevitavelmente com diversos pepinos e descontinuidades que deixam claros vários furos e diversos remendos.
Exemplo disso era o Chris Claremont, que pensava algumas coisas para os X-Men anos (sim, anos!) antes de acontecer. Ele narrava um evento e eras depois você via que ele já o pensara em conjunto com outros acontecimentos muito posteriores! No mínimo é impressionante o planejamento.
O fato é que eu costumava acelerar os créditos ou então ficar no cinema até as luzes acenderem. Mas vi que, ultimamente, esse recurso quase não é mais usado. Então já não faço muito isso agora.
Afinal, o que aconteceu com as gracinhas criativas dos diretores? O cinema ficou mais (pseudo) sério e mais bobo.
terça-feira, fevereiro 21, 2006
Ah, essas bandas... esses shows...
Pois é, falei que o show dos Stones seria uma furada. Acho que foi apenas dor de cotovelo, pelo fato de não ter mais saúde pra ir em algo assim. Estava enchendo a cara num barzinho perto de casa, com a Dani e a Pati, quando começou a passar o show nos telões do lugar. Sempre que eu dava uma espiadinha parecia que estava sendo maravilhoso. E deve ter sido, como já me informaram algumas almas corajosas que lá compareceram.
Se eu pudesse pular o processo de ir até lá, esperar, arrumar um lugar pra assistir e depois voltar, até iria! Velho mesmo... Mas tudo bem, depois fomos dançar músicas anos 80 em um bar gls.
E hoje o U2. Minha tia me ligou no celular, no começo da noite, perguntando se eu estava lá. Lembrava que desde moleque eu amava u2.
E era verdade. Lembro que em minha temporada em terras britânicas, nos idos de 91, devo ter gasto metade do meu dinheiro em discos, livros e bugigangas relacionadas. U2 tocava lá em tudo em quanto era lugar! Era maravilhoso para qualquer aficionado. Lembro de uma vez, andando com a Aninha, minha amiga igualmente fã na época, cantando na rua a letra de Where the Streets Have no Name (que está tocando na tv enquanto escrevo isto), depois de um carro passar tocando a música em um volume altíssimo. Nada de louco ou extraordinário, mas uma das melhores lembranças que eu tenho na vida. Pura.
Mas isso durou somente até o Rattle and Hum mesmo. Me decepcionei com os discos seguintes. Cada vez mais, achando tudo estranho e forçado, com raras exceções. Não achava exatamente ruim, mas não fazia juz à banda que eu tanto gostava.
Até que por fim fiquei indiferente com o que faziam. Claro que respeito o que o Bono tenta fazer politicamente. O cara pentelha a negada da matrix até não poder mais. É de tirar o chapéu (um pouco politicamente correto e um pouco bocó demais...). Mas como disse Henry Rollings, isso é ótimo; ainda por cima tira o cara do estúdio! :/
Exagero. Apenas para não perder a piada. Mas o fato é que já na turnê passada não fiz questão nenhuma de ir. Nessa então... ainda mais pelo preço exorbitante do ingresso. Que, como o Lelê e a Vanessa comprovaram, ao tentarem comprar em SP, só foi conseguido pelos poucos afortunados ou pelos larápios mesmo. A organização dessa joça foi terrível.
O foda é que na tv, ali na globo, fica bonitinho. Esquece-se todos os pepinos. Enfim, pelo menos o produto final saiu, não? E quando toca I still haven't found what I'm looking for, eu me emociono. Pela música, claro, linda. Mas pela lembrança de uma época em que acreditava em coisas já tão distantes.
Se eu pudesse pular o processo de ir até lá, esperar, arrumar um lugar pra assistir e depois voltar, até iria! Velho mesmo... Mas tudo bem, depois fomos dançar músicas anos 80 em um bar gls.
E hoje o U2. Minha tia me ligou no celular, no começo da noite, perguntando se eu estava lá. Lembrava que desde moleque eu amava u2.
E era verdade. Lembro que em minha temporada em terras britânicas, nos idos de 91, devo ter gasto metade do meu dinheiro em discos, livros e bugigangas relacionadas. U2 tocava lá em tudo em quanto era lugar! Era maravilhoso para qualquer aficionado. Lembro de uma vez, andando com a Aninha, minha amiga igualmente fã na época, cantando na rua a letra de Where the Streets Have no Name (que está tocando na tv enquanto escrevo isto), depois de um carro passar tocando a música em um volume altíssimo. Nada de louco ou extraordinário, mas uma das melhores lembranças que eu tenho na vida. Pura.
Mas isso durou somente até o Rattle and Hum mesmo. Me decepcionei com os discos seguintes. Cada vez mais, achando tudo estranho e forçado, com raras exceções. Não achava exatamente ruim, mas não fazia juz à banda que eu tanto gostava.
Até que por fim fiquei indiferente com o que faziam. Claro que respeito o que o Bono tenta fazer politicamente. O cara pentelha a negada da matrix até não poder mais. É de tirar o chapéu (um pouco politicamente correto e um pouco bocó demais...). Mas como disse Henry Rollings, isso é ótimo; ainda por cima tira o cara do estúdio! :/
Exagero. Apenas para não perder a piada. Mas o fato é que já na turnê passada não fiz questão nenhuma de ir. Nessa então... ainda mais pelo preço exorbitante do ingresso. Que, como o Lelê e a Vanessa comprovaram, ao tentarem comprar em SP, só foi conseguido pelos poucos afortunados ou pelos larápios mesmo. A organização dessa joça foi terrível.
O foda é que na tv, ali na globo, fica bonitinho. Esquece-se todos os pepinos. Enfim, pelo menos o produto final saiu, não? E quando toca I still haven't found what I'm looking for, eu me emociono. Pela música, claro, linda. Mas pela lembrança de uma época em que acreditava em coisas já tão distantes.
segunda-feira, fevereiro 20, 2006
Goethe über alles
Contarei hoje sobre Frankfurt am Main.
Como a nossa volta estava programada via Frankfurt, Dani e eu íamos circular um pouco pela Alemanha. Pensávamos em ir para Berlin, visitar uma amiga minha. E para Köln, visitar minha linda schwester. Bom, alguns imprevistos e muito dinheiro a menos, resolvemos só ficar na capital do euro alguns dias e então voltar de lá.
A cidade em si é meio sem graça. E é conhecida e reconhecida como uma cidade sem graça. Com uma renda média de mais de 70 mil euros por habitante, é basicamente uma cidade bancária. Os maiores bancos têm sede lá. O PIB de Frankfurt é várias vezes superior ao do Brasil (passa dos 2 trilhões de euros). E o presidente do banco central europeu, responsável pelas decisões econômicas e políticas da ue, reside em um enorme prédio no centro - a eurotower. Que logo será substituído por um maior (Frankfurt tem o infeliz apelido de Manhattan alemã; vários dos maiores edifícios europeus ficam lá). É por essas que o centro, que envolve o setor financeiro e comercial, é transitado por mercedes, corvettes, porches e jaguares (carro popular? Sim: Audi e BMW) e é impecavelmente limpo.
Mas, talvez chocantemente, logo no limite deste luxo todo, Frankfurt também é polvilhada de prostitutas, bares de striptease e bordéis. O que não é de se admirar, dada a enorme quantidade de ternos engravatados com pastas a tiracolo que circulam diariamente por lá. E, como já suspeitava, homem de negócios tem um gosto um tanto quanto pervertido sobre o sexo.
Bom, eu e Dani fizemos a besteira de não ter encontrado nenhum lugar antes. Procuramos um lugar quando chegamos mesmo. Descobri, e isso fica aqui como dica, que reserva por internet é muuuito mais barata. O preço que pagamos pelo melhor hotel razoável que nosso parco dinheirinho podia pagar, cobriria nossa estadia em hotéis 4 ou 5 estrelas se tivéssemos feito reserva com antecedência (o mesmo vale para as passagens intra-Europa, caros viajantes). Hotéis que, devido aos milionários negócios fechados diariamente, são muuuito luxuosos. Enfim, lição aprendida.
O hotel em si não era ruim. A localização, achávamos, era boa. Ficava perto da Hauptbahnhof (ou a estação central de trens e ônibus) e perto do centro histórico e comercial. O lance é que a cidade é minúscula (pelo menos espacialmente. Ela vai para cima), então tudo é relativamente perto. E por ficar ao lado da estação central, realmente tínhamos facilidade para voltar para o aeroporto, mas ao mesmo tempo estávamos em um misto de red light district com reduto turco, que dava um medo incompatível com o que esperar da Alemanha.
Era impressionante, de uma esquina para outra, o que era limpo e chique, transformava-se em uma cena de taxi driver. Prostitutas e gigolôs na calçada, na hora do almoço, negociando com senhores de armani. Um cheiro de mijo que me deixava tonto e fazia com que perguntasse a mim mesmo se estava realmente em uma das cidades mais ricas do mundo. Havia mais coisas escritas em turco do que em alemão.
Ávidos por pelo menos uma cervejinha alemã, resolvemos evitar os bares monetariamente inacessíveis do centro e entramos em uma portinha suja perto do hotel. Havia um punk mohawk, sua namorada com o olhar perdido, a dona do bar - uma senhora gorda que ao que parece era tia do punk e que ficava jogando fliperama - e uma velha que nos serviu. A velha, descobrimos, era uma malasiana que havia tentado ganhar a vida no velho continente. Falava um alemão porco e um inglês pior.
A velha pediu um cigarro e começou a contar um pouco de sua vida. Ficamos bebendo, fumando e ela tossindo. O clima todo era de penumbra, doença e insalubridade. Quando soube que éramos brasileiros, perguntou o que fazíamos alí. Passeando? Por 4 dias? Não fazia sentido. Não tínhamos pais alí? Nada? Não. Calculei mais ou menos como ela deve ter vindo, já que para ela, uma viagem para a Alemanha demorava de 2 a 3 dias. Por isso não fazia sentido ficar tão pouco tempo no país, depois te tanto sacrifício para chegar lá.
Queria porque queria nos recomendar um hotel, muito baratinho e que ficava longe de toda aquela imundíce (palavras dela) do bairro em que estávamos. Gentilmente fingimos que procuraríamos o tal lugar. Terminamos as cervejas, apertamos as mãos e fomos embora. Chegamos à conclusão de que era uma prostituta que ficou muito velha para continuar exercendo sua profissão e arrumava bicos em outros lugares (digo bicos porque era óbvio que ela não era uma boa bartender).
Enfim, a cidade, apesar de muito bonita, é nova. Restaram muitas poucas construções antigas. Frankfurt foi totalmente arrasada no final da guerra. Uma das coisas mais emocionantes que encontramos lá, havia sido totalmente reconstruída (ainda que fielmente): a Goethe haus. O bom é que Goethe já era um semi-deus para seus conterrâneos ainda em vida. Então, quando ficou evidente que a Luftwaffe não conseguia impedir os bombardeios americanos e ingleses, o povo resolveu preservar tudo o que podia do herói romântico. Retiraram todos os móveis, desenhos, pinturas e pertences de Goethe e esconderam tudo. Então a casa em si não tem quase nada de original (outrora uma linda mansão do século XVIII), mas quase tudo lá dentro pertenceu ao escritor.
Foi com uma emoção indescritível (e olhando para os lados e sorrateiramente desafiando o cartaz de "não toque") que encostei na escrivaninha que produziu Werther. De leve, só para sentir um pouco a concretude da história da literatura.
É quase uma experiência transcendental. Dá uma sensação de proximidade assustadora. Todos os livros (foi um barato ver o que havia na biblioteca magnífica dos Goethe), talhares, copos, xícaras, quadros, armários, um relógio astronômico magnífico, tinham quase o mesmo efeito de uma sessão espírita. E é assustador o quanto aquele povo preserva história e cultura. Mesmo tendo perdido quase tudo há apenas 60 anos.
Como a nossa volta estava programada via Frankfurt, Dani e eu íamos circular um pouco pela Alemanha. Pensávamos em ir para Berlin, visitar uma amiga minha. E para Köln, visitar minha linda schwester. Bom, alguns imprevistos e muito dinheiro a menos, resolvemos só ficar na capital do euro alguns dias e então voltar de lá.
A cidade em si é meio sem graça. E é conhecida e reconhecida como uma cidade sem graça. Com uma renda média de mais de 70 mil euros por habitante, é basicamente uma cidade bancária. Os maiores bancos têm sede lá. O PIB de Frankfurt é várias vezes superior ao do Brasil (passa dos 2 trilhões de euros). E o presidente do banco central europeu, responsável pelas decisões econômicas e políticas da ue, reside em um enorme prédio no centro - a eurotower. Que logo será substituído por um maior (Frankfurt tem o infeliz apelido de Manhattan alemã; vários dos maiores edifícios europeus ficam lá). É por essas que o centro, que envolve o setor financeiro e comercial, é transitado por mercedes, corvettes, porches e jaguares (carro popular? Sim: Audi e BMW) e é impecavelmente limpo.
Mas, talvez chocantemente, logo no limite deste luxo todo, Frankfurt também é polvilhada de prostitutas, bares de striptease e bordéis. O que não é de se admirar, dada a enorme quantidade de ternos engravatados com pastas a tiracolo que circulam diariamente por lá. E, como já suspeitava, homem de negócios tem um gosto um tanto quanto pervertido sobre o sexo.
Bom, eu e Dani fizemos a besteira de não ter encontrado nenhum lugar antes. Procuramos um lugar quando chegamos mesmo. Descobri, e isso fica aqui como dica, que reserva por internet é muuuito mais barata. O preço que pagamos pelo melhor hotel razoável que nosso parco dinheirinho podia pagar, cobriria nossa estadia em hotéis 4 ou 5 estrelas se tivéssemos feito reserva com antecedência (o mesmo vale para as passagens intra-Europa, caros viajantes). Hotéis que, devido aos milionários negócios fechados diariamente, são muuuito luxuosos. Enfim, lição aprendida.
O hotel em si não era ruim. A localização, achávamos, era boa. Ficava perto da Hauptbahnhof (ou a estação central de trens e ônibus) e perto do centro histórico e comercial. O lance é que a cidade é minúscula (pelo menos espacialmente. Ela vai para cima), então tudo é relativamente perto. E por ficar ao lado da estação central, realmente tínhamos facilidade para voltar para o aeroporto, mas ao mesmo tempo estávamos em um misto de red light district com reduto turco, que dava um medo incompatível com o que esperar da Alemanha.
Era impressionante, de uma esquina para outra, o que era limpo e chique, transformava-se em uma cena de taxi driver. Prostitutas e gigolôs na calçada, na hora do almoço, negociando com senhores de armani. Um cheiro de mijo que me deixava tonto e fazia com que perguntasse a mim mesmo se estava realmente em uma das cidades mais ricas do mundo. Havia mais coisas escritas em turco do que em alemão.
Ávidos por pelo menos uma cervejinha alemã, resolvemos evitar os bares monetariamente inacessíveis do centro e entramos em uma portinha suja perto do hotel. Havia um punk mohawk, sua namorada com o olhar perdido, a dona do bar - uma senhora gorda que ao que parece era tia do punk e que ficava jogando fliperama - e uma velha que nos serviu. A velha, descobrimos, era uma malasiana que havia tentado ganhar a vida no velho continente. Falava um alemão porco e um inglês pior.
A velha pediu um cigarro e começou a contar um pouco de sua vida. Ficamos bebendo, fumando e ela tossindo. O clima todo era de penumbra, doença e insalubridade. Quando soube que éramos brasileiros, perguntou o que fazíamos alí. Passeando? Por 4 dias? Não fazia sentido. Não tínhamos pais alí? Nada? Não. Calculei mais ou menos como ela deve ter vindo, já que para ela, uma viagem para a Alemanha demorava de 2 a 3 dias. Por isso não fazia sentido ficar tão pouco tempo no país, depois te tanto sacrifício para chegar lá.
Queria porque queria nos recomendar um hotel, muito baratinho e que ficava longe de toda aquela imundíce (palavras dela) do bairro em que estávamos. Gentilmente fingimos que procuraríamos o tal lugar. Terminamos as cervejas, apertamos as mãos e fomos embora. Chegamos à conclusão de que era uma prostituta que ficou muito velha para continuar exercendo sua profissão e arrumava bicos em outros lugares (digo bicos porque era óbvio que ela não era uma boa bartender).
Enfim, a cidade, apesar de muito bonita, é nova. Restaram muitas poucas construções antigas. Frankfurt foi totalmente arrasada no final da guerra. Uma das coisas mais emocionantes que encontramos lá, havia sido totalmente reconstruída (ainda que fielmente): a Goethe haus. O bom é que Goethe já era um semi-deus para seus conterrâneos ainda em vida. Então, quando ficou evidente que a Luftwaffe não conseguia impedir os bombardeios americanos e ingleses, o povo resolveu preservar tudo o que podia do herói romântico. Retiraram todos os móveis, desenhos, pinturas e pertences de Goethe e esconderam tudo. Então a casa em si não tem quase nada de original (outrora uma linda mansão do século XVIII), mas quase tudo lá dentro pertenceu ao escritor.
Foi com uma emoção indescritível (e olhando para os lados e sorrateiramente desafiando o cartaz de "não toque") que encostei na escrivaninha que produziu Werther. De leve, só para sentir um pouco a concretude da história da literatura.
É quase uma experiência transcendental. Dá uma sensação de proximidade assustadora. Todos os livros (foi um barato ver o que havia na biblioteca magnífica dos Goethe), talhares, copos, xícaras, quadros, armários, um relógio astronômico magnífico, tinham quase o mesmo efeito de uma sessão espírita. E é assustador o quanto aquele povo preserva história e cultura. Mesmo tendo perdido quase tudo há apenas 60 anos.
sexta-feira, fevereiro 17, 2006
Momento explicação tabajara
Memória é algo que é tremendamente estudado, mas no final das contas ninguém sabe direito como explicar. Em Sociais, memória é encarada de diversas maneiras; mas a que parece mais render frutos e ser mais respeitada é um blend hermenêutico interpretativista - já há algum tempo em moda.
Mas faz algum tempinho que alguns investigadores, inclusive muitos antropólogos, estão investindo em uma abordagem mais "cientificista". Memória pode ser mais precisamente analisada, acessada e, dentro em breve ao que parece, registrada por uma máquina. Dizem que esta área é promissora (quem diz são alguns pesquisadores de ponta).
Ainda que isso pareça ir contra tudo que estudei por 10 anos, acredito. No fundo acho que o ranço preconceituoso contra certos determinismos biológicos vêm de interpretações ingênuas e perigosas, devidamente denunciadas pelos relativistas de plantão. Além, creio eu, de um medo atroz de perder o lugar no panteão dos explicadores da vida humana.
Mas é com cada vez menos desconfiança que estamos comprovando que somos mais ratinhos de laboratório do que gostaríamos de admitir. Por mim tudo bem. Estou cada vez menos entusiasmado com tudo o que essa academia "clássica" propõe...
Além do mais, estou dando mais valor às explicações do tipo "lavagem ou condicionamento cerebral", ainda que por enquanto elas continuem relegadas à mesa do bar e variantes pouco respeitadas pela ortodoxia intelectual.
Entretanto, acho que muita gente já conhece a importância da mensagem subliminar e está ganhando rios de dinheiro vendendo coisas que ninguém em CNTP gostaria de comprar. É daquelas coisas que todo mundo discute teoricamente o que é ou o que não é, enquanto na prática, no mercado, as pessoas sabem muito bem como fazer render.
Por que tudo isso? Para falar da minha memória e o fast food.
Mais de nove anos depois de conhecer Madrid com o meu irmão, fui visitar novamente a capital da Espanha (ou já é apenas de CA Madrid?), agora com a Dani. Reconheci muita pouca coisa, na verdade. Só lembrei de como era o Prado quando fiquei lá na frente dele... e guiado por um mapa! Tomando o Prado como referênia, minha lembrança era de que o La Reina Sofia era do lado e o Thyssen Bornemisza era longe pra dedéu. A estação de trens Atocha (a mesma do atentado), mais longe ainda.
Mas não é que o Thyssen é do outro lado da rua, Atocha fica no final do passeo del Prado e, apesar de não ser exatamente longe, o Reina Sofia é o mais distante destes pontos? Só que não precisamos muito de mapa para encontrar. Sabe por que? Porque eu lembrava que na entrada da praça do museu, havia um McDonald's! E, presto, sabia direitinho como ir naquela joça! Não lembrava de várias obras-primas da arte dos museus, mas sabia direitinho onde eu e o Lelê sentamos para comer um Big Mac. Lembro até que numa mesa do lado, haviam trocentos adolescentes barulhentos com roupas de esqui. Mas aquele quadro magnífico do Hieronymus Bosch já estava lá antes? Outra memória clara de Madrid do século passado era o Hard Rock Café, que eu e o Lelê achamos demais! Mas dessa vez me recusei a procurar isso. Há limites.
E em Barcelona, apesar de ter voltado para lá algumas vezes desde a viagem com meu irmão, nunca mais subi na Sagrada Família depois da primeira vez. Mas claro que tinha que ir com a Dani. Aquilo é imperdível. Lá fomos nós, eu quase borrando as calças e achando toda hora que a Dani tinha caído. Rejeitamos o elevador e subimos, como todo bom desmonetarizado, pelas escadas. Descemos morrendo de fome e fomos direto ao KFC que eu sabia que tinha numa esquina. De novo, sem problema nenhum em localizar. Lá estava a maior perdição do fast food contemporâneo pré-era do frango resfriado, exatamente como me lembrava. Ficou inevitável associar museu com McDonald's e Gaudi com KFC!
Bem, há outra explicação além da lavagem cerebral publicitária que nos bombardeia desde a mais tenra infância (e não é que as pessoas sabem a musiquinha do McDonald's, mas não o hino nacional? As crianças sabem qual o nome do palhaço de cabelo vermelho e não do presidente?). A memória gastronômica é muuuito mais eficiente. E, desculpem os relativistas, muuuito mais exata.
Quer um exemplo de comida e mensagem subliminar? Nigela Lawson. Por que a câmera teima em filmar a preparação culinária dos peitos para baixo?
Mas faz algum tempinho que alguns investigadores, inclusive muitos antropólogos, estão investindo em uma abordagem mais "cientificista". Memória pode ser mais precisamente analisada, acessada e, dentro em breve ao que parece, registrada por uma máquina. Dizem que esta área é promissora (quem diz são alguns pesquisadores de ponta).
Ainda que isso pareça ir contra tudo que estudei por 10 anos, acredito. No fundo acho que o ranço preconceituoso contra certos determinismos biológicos vêm de interpretações ingênuas e perigosas, devidamente denunciadas pelos relativistas de plantão. Além, creio eu, de um medo atroz de perder o lugar no panteão dos explicadores da vida humana.
Mas é com cada vez menos desconfiança que estamos comprovando que somos mais ratinhos de laboratório do que gostaríamos de admitir. Por mim tudo bem. Estou cada vez menos entusiasmado com tudo o que essa academia "clássica" propõe...
Além do mais, estou dando mais valor às explicações do tipo "lavagem ou condicionamento cerebral", ainda que por enquanto elas continuem relegadas à mesa do bar e variantes pouco respeitadas pela ortodoxia intelectual.
Entretanto, acho que muita gente já conhece a importância da mensagem subliminar e está ganhando rios de dinheiro vendendo coisas que ninguém em CNTP gostaria de comprar. É daquelas coisas que todo mundo discute teoricamente o que é ou o que não é, enquanto na prática, no mercado, as pessoas sabem muito bem como fazer render.
Por que tudo isso? Para falar da minha memória e o fast food.
Mais de nove anos depois de conhecer Madrid com o meu irmão, fui visitar novamente a capital da Espanha (ou já é apenas de CA Madrid?), agora com a Dani. Reconheci muita pouca coisa, na verdade. Só lembrei de como era o Prado quando fiquei lá na frente dele... e guiado por um mapa! Tomando o Prado como referênia, minha lembrança era de que o La Reina Sofia era do lado e o Thyssen Bornemisza era longe pra dedéu. A estação de trens Atocha (a mesma do atentado), mais longe ainda.
Mas não é que o Thyssen é do outro lado da rua, Atocha fica no final do passeo del Prado e, apesar de não ser exatamente longe, o Reina Sofia é o mais distante destes pontos? Só que não precisamos muito de mapa para encontrar. Sabe por que? Porque eu lembrava que na entrada da praça do museu, havia um McDonald's! E, presto, sabia direitinho como ir naquela joça! Não lembrava de várias obras-primas da arte dos museus, mas sabia direitinho onde eu e o Lelê sentamos para comer um Big Mac. Lembro até que numa mesa do lado, haviam trocentos adolescentes barulhentos com roupas de esqui. Mas aquele quadro magnífico do Hieronymus Bosch já estava lá antes? Outra memória clara de Madrid do século passado era o Hard Rock Café, que eu e o Lelê achamos demais! Mas dessa vez me recusei a procurar isso. Há limites.
E em Barcelona, apesar de ter voltado para lá algumas vezes desde a viagem com meu irmão, nunca mais subi na Sagrada Família depois da primeira vez. Mas claro que tinha que ir com a Dani. Aquilo é imperdível. Lá fomos nós, eu quase borrando as calças e achando toda hora que a Dani tinha caído. Rejeitamos o elevador e subimos, como todo bom desmonetarizado, pelas escadas. Descemos morrendo de fome e fomos direto ao KFC que eu sabia que tinha numa esquina. De novo, sem problema nenhum em localizar. Lá estava a maior perdição do fast food contemporâneo pré-era do frango resfriado, exatamente como me lembrava. Ficou inevitável associar museu com McDonald's e Gaudi com KFC!
Bem, há outra explicação além da lavagem cerebral publicitária que nos bombardeia desde a mais tenra infância (e não é que as pessoas sabem a musiquinha do McDonald's, mas não o hino nacional? As crianças sabem qual o nome do palhaço de cabelo vermelho e não do presidente?). A memória gastronômica é muuuito mais eficiente. E, desculpem os relativistas, muuuito mais exata.
Quer um exemplo de comida e mensagem subliminar? Nigela Lawson. Por que a câmera teima em filmar a preparação culinária dos peitos para baixo?
terça-feira, fevereiro 14, 2006
Too old to Rock and Roll
Uns amigos vão para Copacabana, ver os Stones. Muita coragem. Eu não tenho mais saúde para isso. 2 milhões de pessoas juntas em um show, no Rio, não pode sair coisa boa. Mas enfim, realmente é algo histórico.
Quando eles vieram em 98, eu fui no show deles no Pacaembú, com a Marina. Ninguém mais quis ir. Era a turnê do Bridges to Babylon. Fomos meio na loucura, voltando de manhã pra Campinas, completamente acabados. Mas o show dos caras é realmente espetacular! A noite toda foi espetacular, na verdade. Quem abriu primeiro foi a Cássia Eller, na época, de cabelo moicano verde. E depois, Bob Dylan! É, não foi fraco não. Acho que só pra banda como os Stones para o Dylan abrir um show. Obviamente ele voltou pra dar uma canja com os Stones em "Like a Rolling Stone". Como estava meio doidão naquela noite, tenho umas lembranças meio embaçadas da maioria das coisas. Mas dessa parte eu lembro. Foi uma daquelas coisas especiais, sabe?
Mas não sei mais se tenho pique para fazer maluquices como ir num show de graça, com 2 milhões de pessoas, no Rio. A última grande aventura acho que foi o Rock in Rio 3. Aquilo sim foi uma epopéia! Um dia eu conto como fui para a cidade maravilhosa, sem nem ter ingresso, para ver o Iron, com o Bruce de volta!
Quando eles vieram em 98, eu fui no show deles no Pacaembú, com a Marina. Ninguém mais quis ir. Era a turnê do Bridges to Babylon. Fomos meio na loucura, voltando de manhã pra Campinas, completamente acabados. Mas o show dos caras é realmente espetacular! A noite toda foi espetacular, na verdade. Quem abriu primeiro foi a Cássia Eller, na época, de cabelo moicano verde. E depois, Bob Dylan! É, não foi fraco não. Acho que só pra banda como os Stones para o Dylan abrir um show. Obviamente ele voltou pra dar uma canja com os Stones em "Like a Rolling Stone". Como estava meio doidão naquela noite, tenho umas lembranças meio embaçadas da maioria das coisas. Mas dessa parte eu lembro. Foi uma daquelas coisas especiais, sabe?
Mas não sei mais se tenho pique para fazer maluquices como ir num show de graça, com 2 milhões de pessoas, no Rio. A última grande aventura acho que foi o Rock in Rio 3. Aquilo sim foi uma epopéia! Um dia eu conto como fui para a cidade maravilhosa, sem nem ter ingresso, para ver o Iron, com o Bruce de volta!
segunda-feira, fevereiro 13, 2006
O décimo terceiro trabalho de Hércules
Vou falar agora sobre as peripécias exclusivas do mundo moderno, que afligem 11 em cada 10 pessoas: o sistema eletrônico e informatizado de serviços.
*******
Como todo começo de ano, liguei hoje para a central do cartão de crédito. Já virou um costume eu passar pelos obstáculos eletrônicos e pelas opções de participar das promoções enganosas até conseguir falar com um atendente e reclamar do preço abusivo da anuidade do cartão. Virou costume ameaçar cancelar o cartão e receber uma enumeração das qualidades e vantagens do dito cujo. Depois de um tempinho, quando me mostro irredutível, vem o discursinho "devido à excelente relação que temos com o senhor, vamos estar verificando (note o gerúndio) o que podemos fazer para reduzir o valor".
E vai assim até a anuidade ficar por volta de 5 vezes menos do cobrado inicialmente. São essas coisas que me fazem perceber que as instituições financeiras devem ser as construções predominantes no nono círculo do inferno. Porque, afinal, o valor que eu vou pagar já deve dar lucro para eles. O valor original consiste essencialmente de uma sem-vergonhice escandalosa.
*******
Fiquei o final de semana inteiro tentando mandar um e-mail para a secretária da Unicamp, para entregar meu curriculum Lattes (que não era atualizado, descobri, desde meados de 2004) sobre as atividades e a produção do ano passado.
Considerando o fato que meu curriculum consiste basicamente dos meus dados pessoais e o curso que estou fazendo, o arquivo ficou pequinininho. Mas toda hora que enviava o e-mail voltavam mensagens dizendo que não era possível mandar o mail com o anexo.
Uma hora consegui mandar um. Infelizmente, havia esquecido de anexar o arquivo. Veio uma mensagem da secretária dizendo que recebera o mail, mas não o anexo. Claro. Novas tentativas - em vão. Decidi ir até o CPD imprimir eu mesmo o negócio e entregar pessoalmente. Mesmo com a data limite expirada. No CPD, a senha não funcionava. Claro. Fui atendido por um funcionário da informática, que ficou 10 minutos tentando resolver o problema.
Tudo muito bom, tudo muito bem, consegui imprimir as duas folhas do meu invejável curriculum e entregar. Isso porque ontem fiz a besteira de misturar cerveja com conhaque e fumar como uma chaminé. Como não estou mais acostumado com isso, hoje acordei com aquela ressaca monstro. Foi com muita relutância, enjôo, tontura e mau-humor que saí rumo a Unicamp.
*******
Resolvi então passar na casa da minha mãe, já que estava por Barão. Tinha chegado à conclusão que a tontura era fruto de fome. Almocei pela segunda vez. Terminada a refeição, minha mãe, que está sem carro, pediu uma carona ao banco. Banco. Essa palavra começou a evocar emoções nada benévolas.
Lá fui eu, morrendo de calor, no lugar mais próximo ao lar de Malebolgia na Terra. Esperando na nem um pouco eficiente fila, sento num banquinho e começo a ler o Correio Popular que alguém deixou por ali. Li a coluna do Luiz Fernando Veríssimo, escritor que não gosto muito, mas enfim... Advinhem sobre o que era coluna? De suas aventuras em desbloquear um cartão na central de atendimento ao cliente. Relatava sua alegria inicial em conseguir falar com um humano, mas depois a comprovação de que isso não significa que você consiga o que quer.
*******
Isso me fez lembrar de um episódio passado em Barcelona. O que comprova que a eficiência bancária não é exclusividade nossa.
Para a nossa viagem, eu e Dani fomos trocar nosso suado e minguado dinheiro (mais contribuições paternas) por euros. No Banespa pegamos o que podíamos em dinheiro e o resto (que é a maior parte) em traveler cheques. Nos foi dito que em qualquer Santander espanhol poderíamos trocar sem taxas. Ok. Lá pelo segundo ou terceiro dia em Barcelona, fomos procurar um Santander.
Não é difícil encontrar. Tem um em cada esquina. O problema é que essas agências, pequenas, não trocam dinheiro. O viajante tem que ir até o Santander central. Tudo bem, lá vamos nós, munidos de passaportes, traveler cheques, n camadas de roupa e muita boa vontade.
A primeira vez deu tudo certo. Trocamos um pouco de euro para sobreviver mais uns dias. Na segunda vez, porém, depois de assinados (ou seja, se não conseguisse trocar, teria problemas), fui avisado que o sistema de comprovação e aprovação dos cheques da American Express não funcionava. O cara ficou muito tempo tentando se conectar no computador e nada. Detalhe: eu estava com dor de barriga, devido à dieta nada saudável de fast food que fizemos ao longo da viagem, morrendo de vontade de ir ao banheiro. Notificado que não havia um banheiro aos clientes (como assim?!), respirei fundo, tentei não pensar muito na situação e rezei ao arquiteto da matrix que consertasse o problema logo. Não ia sair dali sem os euros, ou com os cheques já assinados.
Depois de muito tentar, o funcionário disse que não funcionava mesmo. "Cocô", pensei eu. Literalmente, neste caso. O cara resolveu ligar então para a central da AmEx. Só que fica nas Filipinas, ele me disse. Estranho. Isso me cheirou a maracutaia fiscal, a sede da American Express ser nas Filipinas. Bom, tudo bem. Desde que eu tenha meu dinheiro...
Ninguém atendia o telefone. O cara, todo solícito: "que não funcione o sistema, eu até entendo. Mas que ninguém atenda o telefone? O que será que aconteceu?" Não pude deixar de pensar, morbidamente: "Tsunami?"
Bom, muito tempo depois, conseguiu discar em outro número, que pedia o número de autenticação do traveler. Que é gigantesco. Ele me disse então: "o problema de ligar nesse número, é que essa autenticação nunca dá certo. Vou digitar todos esses números e o sistema vai dizer que estão incorretos. Vou ter que repetir a operação mais duas vezes até ser transferido para um ser humano". Que, como li hoje na coluna do Veríssimo, já virou primo da máquina que o precede.
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Como todo começo de ano, liguei hoje para a central do cartão de crédito. Já virou um costume eu passar pelos obstáculos eletrônicos e pelas opções de participar das promoções enganosas até conseguir falar com um atendente e reclamar do preço abusivo da anuidade do cartão. Virou costume ameaçar cancelar o cartão e receber uma enumeração das qualidades e vantagens do dito cujo. Depois de um tempinho, quando me mostro irredutível, vem o discursinho "devido à excelente relação que temos com o senhor, vamos estar verificando (note o gerúndio) o que podemos fazer para reduzir o valor".
E vai assim até a anuidade ficar por volta de 5 vezes menos do cobrado inicialmente. São essas coisas que me fazem perceber que as instituições financeiras devem ser as construções predominantes no nono círculo do inferno. Porque, afinal, o valor que eu vou pagar já deve dar lucro para eles. O valor original consiste essencialmente de uma sem-vergonhice escandalosa.
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Fiquei o final de semana inteiro tentando mandar um e-mail para a secretária da Unicamp, para entregar meu curriculum Lattes (que não era atualizado, descobri, desde meados de 2004) sobre as atividades e a produção do ano passado.
Considerando o fato que meu curriculum consiste basicamente dos meus dados pessoais e o curso que estou fazendo, o arquivo ficou pequinininho. Mas toda hora que enviava o e-mail voltavam mensagens dizendo que não era possível mandar o mail com o anexo.
Uma hora consegui mandar um. Infelizmente, havia esquecido de anexar o arquivo. Veio uma mensagem da secretária dizendo que recebera o mail, mas não o anexo. Claro. Novas tentativas - em vão. Decidi ir até o CPD imprimir eu mesmo o negócio e entregar pessoalmente. Mesmo com a data limite expirada. No CPD, a senha não funcionava. Claro. Fui atendido por um funcionário da informática, que ficou 10 minutos tentando resolver o problema.
Tudo muito bom, tudo muito bem, consegui imprimir as duas folhas do meu invejável curriculum e entregar. Isso porque ontem fiz a besteira de misturar cerveja com conhaque e fumar como uma chaminé. Como não estou mais acostumado com isso, hoje acordei com aquela ressaca monstro. Foi com muita relutância, enjôo, tontura e mau-humor que saí rumo a Unicamp.
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Resolvi então passar na casa da minha mãe, já que estava por Barão. Tinha chegado à conclusão que a tontura era fruto de fome. Almocei pela segunda vez. Terminada a refeição, minha mãe, que está sem carro, pediu uma carona ao banco. Banco. Essa palavra começou a evocar emoções nada benévolas.
Lá fui eu, morrendo de calor, no lugar mais próximo ao lar de Malebolgia na Terra. Esperando na nem um pouco eficiente fila, sento num banquinho e começo a ler o Correio Popular que alguém deixou por ali. Li a coluna do Luiz Fernando Veríssimo, escritor que não gosto muito, mas enfim... Advinhem sobre o que era coluna? De suas aventuras em desbloquear um cartão na central de atendimento ao cliente. Relatava sua alegria inicial em conseguir falar com um humano, mas depois a comprovação de que isso não significa que você consiga o que quer.
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Isso me fez lembrar de um episódio passado em Barcelona. O que comprova que a eficiência bancária não é exclusividade nossa.
Para a nossa viagem, eu e Dani fomos trocar nosso suado e minguado dinheiro (mais contribuições paternas) por euros. No Banespa pegamos o que podíamos em dinheiro e o resto (que é a maior parte) em traveler cheques. Nos foi dito que em qualquer Santander espanhol poderíamos trocar sem taxas. Ok. Lá pelo segundo ou terceiro dia em Barcelona, fomos procurar um Santander.
Não é difícil encontrar. Tem um em cada esquina. O problema é que essas agências, pequenas, não trocam dinheiro. O viajante tem que ir até o Santander central. Tudo bem, lá vamos nós, munidos de passaportes, traveler cheques, n camadas de roupa e muita boa vontade.
A primeira vez deu tudo certo. Trocamos um pouco de euro para sobreviver mais uns dias. Na segunda vez, porém, depois de assinados (ou seja, se não conseguisse trocar, teria problemas), fui avisado que o sistema de comprovação e aprovação dos cheques da American Express não funcionava. O cara ficou muito tempo tentando se conectar no computador e nada. Detalhe: eu estava com dor de barriga, devido à dieta nada saudável de fast food que fizemos ao longo da viagem, morrendo de vontade de ir ao banheiro. Notificado que não havia um banheiro aos clientes (como assim?!), respirei fundo, tentei não pensar muito na situação e rezei ao arquiteto da matrix que consertasse o problema logo. Não ia sair dali sem os euros, ou com os cheques já assinados.
Depois de muito tentar, o funcionário disse que não funcionava mesmo. "Cocô", pensei eu. Literalmente, neste caso. O cara resolveu ligar então para a central da AmEx. Só que fica nas Filipinas, ele me disse. Estranho. Isso me cheirou a maracutaia fiscal, a sede da American Express ser nas Filipinas. Bom, tudo bem. Desde que eu tenha meu dinheiro...
Ninguém atendia o telefone. O cara, todo solícito: "que não funcione o sistema, eu até entendo. Mas que ninguém atenda o telefone? O que será que aconteceu?" Não pude deixar de pensar, morbidamente: "Tsunami?"
Bom, muito tempo depois, conseguiu discar em outro número, que pedia o número de autenticação do traveler. Que é gigantesco. Ele me disse então: "o problema de ligar nesse número, é que essa autenticação nunca dá certo. Vou digitar todos esses números e o sistema vai dizer que estão incorretos. Vou ter que repetir a operação mais duas vezes até ser transferido para um ser humano". Que, como li hoje na coluna do Veríssimo, já virou primo da máquina que o precede.
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
Visca el Barça!
De volta.
Depois de uma jornada de mais de 24 horas de andanças e esperas nos não-lugares do Augé, finalmente retornei ao calor - que, devo dizer, já fazia falta, nos últimos dias em terras germânicas.
Aconteceram tantas coisas que nem sei o que começar a escrever aqui...
Eu e Dani fizemos um circuito museologístico bem punk! Vimos coisas incríveis e deu nervoso não poder ficar um dia vendo cada uma das maravilhas.
Andamos muito, quase todos os dias. Comemos muita porcaria, todos os dias. E apareci pela quinta vez na tv!! Olha o enviado especial do Canal Plus Brasil aí, com o Ronaldinho ao fundo! Pois é, fui ver o jogo do Barça pela Copa do Rei. O Jordi me disse que poderia com certeza pegar autógrafos e fotos no final da partida! Levei uma camiseta do Brasil, uma canetinha e a máquina! Bom, o jogo foi muito legal, a experiência indescritível, mas, resumindo um pouco, tive uma lição de nacionalismo em sua forma mais pungente: no jogo de futebol.
Pois não é que o juiz (diga-se de passagem, não-catalão e, ao que parece, comprado) expulsou o Ronaldinho em um lance que foi muito menos faltoso que vários outros? Em pleno Camp Nou, com o Pelé, que estava lá, assistindo!
Ter umas 80 mil pessoas gritando em coro "espanyol hijo de puta" e variações, a ponto de não conseguir ouvir o que a pessoa do lado me falava, me convenceu que o problema do nacionalismo não morreu. Essa rixa contra os espanhóis estava em todo lugar, aliás. Dica: nunca diga a um catalão que ele é espanhol. Pelo menos não na Espanha. Talvez o sistema funcione como com os Nuer e, sei lá, talvez os árabes sejam os Dinka deles. O mesmo deve ocorrer com Euskadi, Galícia...
Resumo da ópera. No final da partida, estavam todos os jogadores lá dando entrevista no backstage deles. Podia chegar em qualquer um (inclusive a nova sensação da Europa, um garoto de 18 anos, Messi, que joga demais! A bola não sai do pé dele, é impressionante! E o pior, na copa, vai jogar pela argentina). Menos no Ronaldinho, que já devia ter ido embora pra casa depois que o espanyol hijo de puta fez... o que comprova que Murphy não tem horário de folga e nem escolhe país. Que raiva...
Bom, o Jordi havia me dito que não poderia torcer, já que estávamos com a imprensa neutro e imparcial (sei) no campo. Mas o negócio é tão empolgante... dá pra ouvir tudo do campo: torcida e jogadores. E tudo adquiriu um tom meio épico, já o Barça tinha sido injustiçado e mesmo com 10 jogadores era melhor. Não conseguia não vibrar com cada lance de gol. E lá estou eu, laranjinha, atrás do gol do Zaragoza (no segundo tempo. No primeiro assisti da lateral), naquelas propagandas que jogador pula quando faz gol, com os braços levantados quando o Larson fez o gol da vitória ao 47 minutos! Infelizmente tinha que marcar mais um...
Acho que depois vou contando mais coisas. Os museus, os passeios, a puta velha tailandesa que encontramos em um bar na Alemanha, a escrivaninha do Goethe...
Termino com um diálogo travado em Guarulhos, entre mim, Dani, uma brasileira e um senhor italiano que mora em Campinas. Esperando o ônibus da Caprioli chegar, completamente exaustos e morrendo de calor por causa das inúmeras camadas de roupas que vestíamos.
A mulher voltava de Paris e o senhor italiano, muito simpático por sinal, de Roma. Falamos do frio em nossas respectivas cidades de origem e do calor que encontramos em terras brazucas. Lá pelas tantas, o senhor estava comentando sobre Roma, onde tinha ido passear e rever pessoas. Seus amigos achavam que ele deveria passear pela cidade. Mas ele: "eu sou romano. Nasci e cresci lá. Tudo o que tinha para ver, já vi. Não fui passear, não. Muito frio". Ao que a mulher retrucou: "o papa é novo". O senhor olhou, parou um instante para avaliar o quão sincero ser e o quanto poderia dizer para a mulher, e completou naquele sotaque maravilhoso que têm os italianos quando falam em português: "se tem um povo que não gosta muito do Vaticano, é o romano. Aquilo é tudo uma máfia. Desde a idade média. Só se aliam aos poderosos e roubaram todas as coisas dos museus romanos. Em todo lugar, como no Brasil, pessoas com mais de 60 não pagam ônibus, entram nos museus de graça... no Vaticano não. Você pode ter mais de 80 anos e vai pagar entrada naquele lugar"! E depois se pôs a enumerar: a questão do aborto, pesquisa com células-tronco, camisinha...
Eu já tinha comprovado na Espanha que o catolicismo, tal como o nacionalismo, são muito mais complexos do que o esperado em países que teoricamente são católicos e compostos por uma só nação.
domingo, fevereiro 05, 2006
Aus Deutschland
Zu viel zum zu sagen. Fuenfte mal an tv (Aus eine fußball spiel: aus Barcelona Camp Nou - wie ein brasilianisch reporter von canal plus!!!)... Alles Gut! Aber jetzt, ich bin müde und kalt, mit viel zum zu schlafen.
Sonntag... alles geschlössen... so... tschueß!
Auf Wiedersehen!
Sonntag... alles geschlössen... so... tschueß!
Auf Wiedersehen!
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