Hoje acho que caiu de vez uma ficha que devia estar perigando cair há algum tempo já: o estruturalismo está moribundo. No mínimo macambúzio (ô palavra legal essa!).
De manhã, na aula, a Suely disse que estava de ressaca de duas coisas, o que a fazia poder parar para pensar melhor sobre elas. Uma era o tal do pós-estruturalismo. A outra era o estruturalismo propriamente dito. Agora, dizia ela, é mais fácil fazer um balanço e perguntar se há tanta estrutura assim, ou, pelo contrário, se há tanta ação. Estávamos falando sobre identidade e a constituição de direitos em sua relação com o social, sobre o papel do antropólogo nisso tudo, etc e tal. No fundo, tratava-se de pensar sobre a etnogênese e os problemas do antropólogo em campo. Quando ele consegue e quando não consegue fazer pesquisa, bem como questões relaciondas. Uma coisa que desde a matéria com o Robin (o mais novo prof. titular da casa, em uma defesa lindíssima) ficava martelando na minha cabeça, é o limite da instrumentalização dos sinais diacríticos de uma identidade. Criticar o estruturalismo virou moda. Vamos criticar os críticos agora. O que é viver e experienciar de fato uma identidade e o que é manipulado? Que acontecem as duas coisas, não tenho dúvida. O lance é saber percebê-las (e nesse sentido temos uma responsabilidade gigantesca, aos dizermos para o Estado, para os sujeitos ou para nossos colegas e futuros pesquisadores, quem são e o que fazem as pessoas que ficamos anos estudando). Basta saber dançar toré para ser índio?
Eram essas coisas meio cabeludas que discutíamos. Mas o que eu realmente fiquei matutando foi sobre a ressaca da Suely com o estruturalismo. Talvez tenhamos chegado a um patamar de distanciamento em que o coloquemos de fato na balança. Ou, como na metáfora cênica, no palco.
Fiquei agora o começo da tarde na casa da minha mãe para dar almoçar e depois dar uma carona para o meu irmão para o centro. Como não sabia direito que iria fazer isso, não trouxe nada para estudar, e amanhã tem aula com a Nádia sobre uns textos do Lévi-Strauss.
Aí a Dani disse que se soubesse que iríamos ficar um tempo aqui ela traria... "o texto do Lévi-Strauss?", completei. "Isso ou o secador de cabelo". Se ela gostasse de palavras cruzadas, seria isso. Ter alguma coisa para fazer, enfim.
Interessante pensar que o estruturalismo, diferente do mito, agora já não serve só para pensar, mas para passar o tempo.
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