terça-feira, julho 11, 2006

Culpa

Último post sobre a copa, prometo. E é curto. Só para expressar minha opnião sobre o que conseguiu fazer com que as pessoas parassem por um momento de falar mal da seleção: falar mal do Zidane.
Não vou engrossar o coro do "ele é profissional, não importa ter sido xingado, não deveria ter revidado, jogador é xingado toda hora, nada justifica, ele fez a França perder a copa" e por aí vai.
Já ouvi algumas possibilidades sobre o que brutamontes italiano falou. Não sei se vai se descobrir exatamente o que foi dito. Bom, na verdade até dá. Mas uma prova de que foi algo punk: os surdos do fantástico não ousaram traduzir o que foi dito. Ou talvez ainda não tenham encontrado um surdo que fale italiano.
De qualquer maneira, as pessoas deveriam saber que o que é dito pode ser muito ruim. Talvez tanto quanto o que é feito. Ou sei lá, nem acho que sejam coisas comparáveis. Mas o fato é que existem leis que punem o dito. Racismo, por exemplo. Discriminação. Afinal de contas, o que estimula a ocorrência dos crimes de ódio senão as palavras e as idéias?
O santo padre dizer que somente uniões heterossexuais são aceitas não pode ajudar a diminuir a taxa de crimes contra homossexuais. Não se iluda, o sucesso carnavalesco da parada do orgulho glbtt não é sinal de que homossexuais estão bem na fita. Li que todas as taxas de crimes de ódio estão estáveis ou caem, menos os contra gays, hoje, se não me engano, mais de 30000 ao ano - só no Brasil - e crescendo.
Isso para dizer: ninguém pode dizer o quanto significou ao Zidane ter ouvido sua irmã ter sido chamada de #@%*, ou ter sido chamado de terrorista safado. Algumas palavras podem ser piores do receber uma cabeçada.

E já que é para relativizar a culpa (como somos implacáveis em julgar...): vi uma dúzia de lances do Brasil defendendo cobrança de bola parada dos times rivais. Em todos a função do Roberto Carlos era dar o parâmetro para uma linha de impedimento. Em mais de uma ocasião o sinal era mesmo o de arrumar a meia. Se é uma tática eficiente... bom aí acho que não dá para amenizar... ô burrada!

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