Perdi o show do Matanza (e do Chaplin, claro). O frio repentino e a chuva ajudaram. O fato de eu ter dormido na minha mãe e não ter levado roupas de frio, também. O fato de ser no BDZ, que deve ter ficado pequeno demais para a ocasião, contribuiu. Mas o que pegou mesmo foi a tal da "experiência"...
Ontem foi aniversário de um amigo. Fomos para o bar lá pelas 8. O bar fechou lá pela 1. Empolgadíssimos e imbuídos daquela revolta clássica de quem mora nesta cidade "Campinas é um saco. Fecha tudo muito cedo. Em SP estaríamos saindo agora", bláblá (aquelas bravatas de bêbados), fomos ao reduto dos empolgados e ainda não suficientemente travados de Barão.
Aí sim, alguns maços de cigarro depois e muita cerveja na bexiga, capotei até ser acordado mais de 2 da tarde para o almoço, com dor no joelho (?!) e aquela sensação de ter comido um guarda-chuva (juro que nessas horas a metáfora faz sentido).
Resumo da ópera: dia imprestável.
Moral da história: a balzaquianice parece ter me esbofeteado e se apresentado definitivamente "estou aqui bestão".
Pelo menos assisti Piratas do Caribe de noitinha...
segunda-feira, julho 31, 2006
sexta-feira, julho 28, 2006
Ma vie en gris
Tenho tantas possíveis novidades... só não conto para não dar azar...
*******
Outro dia me peguei lembrando de uma das primeiras escolinhas que frequentei (na verdade a primeira de todas tem uma história engraçada... nesta primeira conheci uma menina, lá pelos 2 anos, que depois virou minha amiga, numa viagem para a Disney, quase duas décadas depois). Casinha de Chocolate era o nome.
Lá eu aprendi a tocar triângulo, aprendi escravos de jó, aprendi a famigerada flauta doce, tinha aulas de desenho, e comecei a fazer judô.
Viria a fazer vários anos de judô depois disso. Tenho vários parentes judocas (e nem são nipônicos), e até poderia ter ido pra frente no negócio, se eu não sofresse de um problema crônico de multiplicidade de interesses (fico obcecado com algo por um tempo e depois vou pra outra). Foi assim com piano, violão, natação (com essa eu até fui bastante pra frente - só larguei depois que comecei a treinar às 6 da manhã na piscina gelada da Fonte), ginástica artística... Quando comecei a gostar de basquete, me recusei a fazer aulas junto com meu primo e uns amigos... queria continuar gostando!
Enfim, de volta ao judô da Casinha de Chocolate. Lembro de poucas coisas dessa época, mas o que eu chego a lembrar é bem nítido. Lembro do professor ensinando exercícios posturais ("vocês não querem ser corcundas quando crescerem, querem?"), lembro de todo o ritual para entrar no tatame. Lembro de um menino faixa laranja, Rodrigo B., que reencontrei muitos anos depois no Anglo. Milionário, loiro e bonitinho, filho do dono de uma grife aí que você deve conhecer. Mas era gente boa, tentava ajudar os meninos de faixas inferiores e dava umas dicas bacanas.
Havia apenas outro menino faixa laranja (quando entrei ambos eram amarela). Patrick S., filho de americanos. Seu nome, em tese, deve ser pronunciado em proparoxítona, mas foi por nós abrasileirado em paroxítona. Patrick era grande, era mau. Não tinha dó dos outros meninos. Era ruivo, tinha uma risada meio cruel e um comportamento condizente. Era um tanto quanto sádico realmente. Eu, claro, sofria nas mãos dele. Mas não mais do que outros garotos. Aliás, até era um dos que menos apanhava.
O que é engraçado - e isso eu sei apenas hoje - é que a dinâmica era muito filme americano de adolescente dos anos 80! Verdade! Tinha o valentão, sua nêmesis do bem (mas um pouco indiferente), e toda a massa cinzenta entremezzo. Bom, não havia garotas. Elas faziam balet e só interagiam com os meninos nas aulas de música. Mas todo o resto é como uma mistura de Gatinhas e Gatões com De volta para o futuro e Garotos Perdidos! Poderia até dizer que eu era o Anthony Michael Hall, mas meu papel era mais secundário... talvez eu pudesse ser o John Cusack... ou então um dos Corey (o Feldman, provavelmente). O que, aliás, é muuuito mais legal.
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Outro dia me peguei lembrando de uma das primeiras escolinhas que frequentei (na verdade a primeira de todas tem uma história engraçada... nesta primeira conheci uma menina, lá pelos 2 anos, que depois virou minha amiga, numa viagem para a Disney, quase duas décadas depois). Casinha de Chocolate era o nome.
Lá eu aprendi a tocar triângulo, aprendi escravos de jó, aprendi a famigerada flauta doce, tinha aulas de desenho, e comecei a fazer judô.
Viria a fazer vários anos de judô depois disso. Tenho vários parentes judocas (e nem são nipônicos), e até poderia ter ido pra frente no negócio, se eu não sofresse de um problema crônico de multiplicidade de interesses (fico obcecado com algo por um tempo e depois vou pra outra). Foi assim com piano, violão, natação (com essa eu até fui bastante pra frente - só larguei depois que comecei a treinar às 6 da manhã na piscina gelada da Fonte), ginástica artística... Quando comecei a gostar de basquete, me recusei a fazer aulas junto com meu primo e uns amigos... queria continuar gostando!
Enfim, de volta ao judô da Casinha de Chocolate. Lembro de poucas coisas dessa época, mas o que eu chego a lembrar é bem nítido. Lembro do professor ensinando exercícios posturais ("vocês não querem ser corcundas quando crescerem, querem?"), lembro de todo o ritual para entrar no tatame. Lembro de um menino faixa laranja, Rodrigo B., que reencontrei muitos anos depois no Anglo. Milionário, loiro e bonitinho, filho do dono de uma grife aí que você deve conhecer. Mas era gente boa, tentava ajudar os meninos de faixas inferiores e dava umas dicas bacanas.
Havia apenas outro menino faixa laranja (quando entrei ambos eram amarela). Patrick S., filho de americanos. Seu nome, em tese, deve ser pronunciado em proparoxítona, mas foi por nós abrasileirado em paroxítona. Patrick era grande, era mau. Não tinha dó dos outros meninos. Era ruivo, tinha uma risada meio cruel e um comportamento condizente. Era um tanto quanto sádico realmente. Eu, claro, sofria nas mãos dele. Mas não mais do que outros garotos. Aliás, até era um dos que menos apanhava.
O que é engraçado - e isso eu sei apenas hoje - é que a dinâmica era muito filme americano de adolescente dos anos 80! Verdade! Tinha o valentão, sua nêmesis do bem (mas um pouco indiferente), e toda a massa cinzenta entremezzo. Bom, não havia garotas. Elas faziam balet e só interagiam com os meninos nas aulas de música. Mas todo o resto é como uma mistura de Gatinhas e Gatões com De volta para o futuro e Garotos Perdidos! Poderia até dizer que eu era o Anthony Michael Hall, mas meu papel era mais secundário... talvez eu pudesse ser o John Cusack... ou então um dos Corey (o Feldman, provavelmente). O que, aliás, é muuuito mais legal.
sexta-feira, julho 21, 2006
When music goes to the movies
Estava lembrando hoje de aparições de bandas em filmes. Mas como bandas mesmo, sem ser filme sobre a história da banda, ou os músicos aparecendo como atores.
Meu preferido: Blow up, aquele filme maravilhoso, que me deixou apaixonado pela Redgrave. A cena com os Yardbirds é o máximo!
Um foda também foi Tão longe, tão perto. Lou Reed em Berlin...
(break - tem uma horda de marmanjos cantando na rua (1 da manhã) Total eclipse of the heart com toda a capacidade pulmunar coletiva que possuem)
Em Singles, diversos músicos da cena musical mais famosa de Seatle aparecem. Logo no começo, o Soundgarden está tocando. Acho que foi o primeiro filme do Paul Giamati - ele faz uma ponta.
Em Ace Ventura, ao ir para um bar fazer sua investigação, Jim Carrey passa por um show do Cannibal Corpse (essa referência é from hell!! Eu lembro que achei o máximo quando vi! Estava numa fase muito gore...)
Em The Crow, My Life With the Thrill Kill Kult aparece na casa de shows gótica. Aliás, a trilha do filme é foda também.
Em De volta às aulas, o Oingo Boingo toca na festa do Melon pai. Dead man's party. Filme visto e revisto incontáveis vezes.
Em Airheads, O White Zombie toca em um bar, onde está a namorada do Brendan Fraser.
Essas são as que lembro agora. Com certeza há mais. O que não faz o tédio...
Meu preferido: Blow up, aquele filme maravilhoso, que me deixou apaixonado pela Redgrave. A cena com os Yardbirds é o máximo!
Um foda também foi Tão longe, tão perto. Lou Reed em Berlin...
(break - tem uma horda de marmanjos cantando na rua (1 da manhã) Total eclipse of the heart com toda a capacidade pulmunar coletiva que possuem)
Em Singles, diversos músicos da cena musical mais famosa de Seatle aparecem. Logo no começo, o Soundgarden está tocando. Acho que foi o primeiro filme do Paul Giamati - ele faz uma ponta.
Em Ace Ventura, ao ir para um bar fazer sua investigação, Jim Carrey passa por um show do Cannibal Corpse (essa referência é from hell!! Eu lembro que achei o máximo quando vi! Estava numa fase muito gore...)
Em The Crow, My Life With the Thrill Kill Kult aparece na casa de shows gótica. Aliás, a trilha do filme é foda também.
Em De volta às aulas, o Oingo Boingo toca na festa do Melon pai. Dead man's party. Filme visto e revisto incontáveis vezes.
Em Airheads, O White Zombie toca em um bar, onde está a namorada do Brendan Fraser.
Essas são as que lembro agora. Com certeza há mais. O que não faz o tédio...
quinta-feira, julho 20, 2006
Ultra-sônica
Antes que me esqueça... é só comigo, ou está a haver uma avalanche de spams sobre viagra? Que operam meio no esquema mensagem-subliminar (do tipo escrever no título do post uma palavra que contenha as letras V-I-A-G-R-A em maísculas no meio de outras letras, de modo que, quando você bate o olho, já sabe do que se trata, mas não pode ler a palavra propriamente)?
A mídia moderna
E não é que o cara do clip conseguiu?! Quer dizer, era claro que ia conseguir, mas não sabia que seria tão rápido... Só que essa é daquele tipo de idéia que só rola uma vez. Se outro tentar, vira Napoleão sobrinho... farsa.
*******
E esse SPFW?! Nada me interessa menos, juro. Mas quando vejo uma manchete do tipo "SPFW coloca a África na moda", é despertado em mim um sentimento de irritação profunda. Não, não sou hipócrita de dizer que faço algo pelos desesperados do mundo. Sou daqueles que se sentem satisfeitos de separar lixo orgânico do reciclável, sem saber onde catzo vai cada um. Sou daqueles que votam no menos ruim e não pesquisam vida de candidato (de boas intenções... você sabe o resto, não é?!). Odeio desperdiçar comida, mas não faço alguma coisa concreta pela Unicef. Minha solidariedade é a esmola para o menino no sinal e levar os agasalhos velhos no pão de açúcar. Acho o Che um cara batuta, aprecio o que ele alcançou e produziu nas pessoas, mas não consigo deixar de achar que a morte dele foi estúpida, que quase ninguém realmente o levou a sério (a revolução no Congo, aperitivo do que viria na Bolívia, se não fosse trágica e real, seria roteiro de comédia absurda. Aliás, o falecido Kabila pai, que para muitos simbolizou a liberdade do mobutismo, era um dos revolucionários mais patetas na época do Che). Reclamo que o clima do mundo está indo para o saco, mas não deixo de andar de carro para distâncias maiores do que alguns quarteirões.
Só que acho que nada disso me tira o direito de me irritar profundamente quando boutiques megamilionárias e estilistas insuportáveis enchem o c$ de dinheiro com moda inspirada em "motivos africanos tradicionais" (leia-se: roupas coloridas com toques tribais. E atente: isso se usa na África inteira...). Como já aconteceu com o próprio Che, que virou camiseta vendida na fórum por 100 reais. Como aconteceu com o punk. Como aconteceu com os hippies. E com tantas outras coisas mais. Há algo que possa não se tornar produto?
Possivelmente não. Mas não é tanto esse o caso. O problema é que esse pessoal que tem sua "tradição" usurpada, não recebe nada com isso. O que é a biopirataria senão gringo pesquisar alguma coisa que um pajé, ou sua avó, usava como remédio, patentear e então fazer um remédio que rende alguns bilhões de dólares?
Aí dão sorte os que têm cacife para tentar responder na mesma moeda. Como os maori, que detêm os direitos de reprodução de todos os motivos artísticos identificados com o que seria uma cultura maori.
Só acho que algumas coisas passam do limite da ingenuidade e da cegueira quanto às mazelas do mundo, e chegam às raias da crueldade e da filha-da-putagem. São nessas horas que eu torço para existir justiça divina, ou reencarnação como verme, barata...
O chavão de que o mundo está cada vez mais próximo tem que ser matizado. Acho que as distâncias estão maiores do que nunca. E o acesso rápido a tais distâncias apenas torna tudo muito chocante. Entre botox e plásticas mal-feitas, entre bronzeamentos assustadores, sorrisos ultra-brancos e roupinhas hiper-valorizadas, acho que as mentalidades e as prioridades (e o senso estético) das pessoas são cada vez menos compreensíveis e mensuráveis umas para as outras.
*******
E ainda no mundo fashion... o que é aquele novo reality show da gnt?! Aquele que uns imbecis competem para virar lacaio de uma modelo asquerosa (rachei de dar risada com o Sem Controle dessa semana)!
Quando é que a fórmula reality show e variantes vai se esgotar?! Fico imaginando os coitados dos carinhas responsáveis (serão os malfadados estagiários?) pela criação de novos programas... "e agora, que vamos fazer?"; "ah, vamos fazer um reality show"; "mais um?"; "sim, mas agora sobre alguma coisa diferente... e nem precisamos mudar o layout".
Vejamos, a fórmula big brother já passou pelo mundo da moda (tanto para modelo, como para vestidor de modelo, bem como para projetista do que modelo veste), pela música (american idol e variantes), pelo boxe (Stallone, como ele mesmo, consegue ser pior do que como ator), mundo dos negócios (Trump-peruca-horrível, Stewart-cozinheira-mafiosa, Justus-sorriso-arrepiante), pelo ramo dos arranjos românticos (vai, o tio Sílvio já fazia isso com muita propriedade há várias décadas) do tipo bachelor e bachelorette, do conto de fadas (do zé ruela que todas pensam que é milionário), pela dança (vi esse outro dia... um dos piores)... até para estagiário de mtv teve programa!
Que mais falta?
Dou aqui minhas dicas (e, atenção, são copyleft: se alguém quiser usar alguma idéia, fique sossegado que não vou cobrar direito nenhum) para o próximo reality show:
- Reality show de jogador de futebol. Tudo bem, não sei como funcionaria para escolher o melhor jogador. Mas você não quer saber o que jogador de futebol faz de verdade? Não é possível que sejam todos iguais! Como eles vivem, como eles falam, na realidade, na privacidade do lar? Acho que aqueles discursos bestas e manjados de final de partida são todos combinados. Simplesmente para desviar a atenção.
- Reality show de cientista social, historiador e filósofo - esse é manjado e a idéia não é minha, mas tenho minhas suspeitas sobre a aceitação popular. Acho que interessaria só para os do ramo. Mas já pensou que legal, antropólogo brigando com sociólogo sobre método, os dois tirando sarro do cientista político, todo mundo ignorando o historiador e, sozinho num canto lendo, o filósofo cartesiano?
- Reality show para escolher político. Eu acho que os candidatos deveriam ir todos para uma casa fechada por alguns meses antes da eleição. Fazer prova para garantir a comida da semana, ir para o confessionário escolher o voto, ter os conchavos filmados... O horário político seria ocupado pelos melhores momentos. Quem quiser ver tudo na íntegra teria a opção pay-per-view. Acho que a baixaria seria muito pior do que big brother europeu.
- Reality show para escolher um novo mestre SM. Homens e mulheres competem com corda, cera, clamp, plug e chicote para ver quem se mostra um(a) melhor master/mistress. Convenhamos, a audiência ia ser altíssima. E hoje em dia dá para fazer um pacote mais light até mesmo para horários nobres de tv aberta. E, além disso, o canal é fazer programa voltado para nichos específicos de audiência.
- Reality show de médico. Uh, esse não é para os que preferem não saber como são formadas as pessoas que cuidam da nossa saúde. Mas talvez tantos anos de e.r. e sitcoms genéricos tenham saturado o mercado.
E por aí vai. O esquema é fácil. Veja uma profissão e explore o que ela tem de mais caricato. Uma dica: para fazer sucesso com esta fórmula, que já está meio manjada, o melhor é escolher as profissões mais estranhas, ou as que você menos lembra. Reality show de operador de tele-marketing (esse é trash), de funcionário de agência de financiamento (u-hú!), de escritor de romance (hahahaha) e, por quê não (já que algumas coisas sempre funcionam), de lutadoras de ringue com gel?
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E esse SPFW?! Nada me interessa menos, juro. Mas quando vejo uma manchete do tipo "SPFW coloca a África na moda", é despertado em mim um sentimento de irritação profunda. Não, não sou hipócrita de dizer que faço algo pelos desesperados do mundo. Sou daqueles que se sentem satisfeitos de separar lixo orgânico do reciclável, sem saber onde catzo vai cada um. Sou daqueles que votam no menos ruim e não pesquisam vida de candidato (de boas intenções... você sabe o resto, não é?!). Odeio desperdiçar comida, mas não faço alguma coisa concreta pela Unicef. Minha solidariedade é a esmola para o menino no sinal e levar os agasalhos velhos no pão de açúcar. Acho o Che um cara batuta, aprecio o que ele alcançou e produziu nas pessoas, mas não consigo deixar de achar que a morte dele foi estúpida, que quase ninguém realmente o levou a sério (a revolução no Congo, aperitivo do que viria na Bolívia, se não fosse trágica e real, seria roteiro de comédia absurda. Aliás, o falecido Kabila pai, que para muitos simbolizou a liberdade do mobutismo, era um dos revolucionários mais patetas na época do Che). Reclamo que o clima do mundo está indo para o saco, mas não deixo de andar de carro para distâncias maiores do que alguns quarteirões.
Só que acho que nada disso me tira o direito de me irritar profundamente quando boutiques megamilionárias e estilistas insuportáveis enchem o c$ de dinheiro com moda inspirada em "motivos africanos tradicionais" (leia-se: roupas coloridas com toques tribais. E atente: isso se usa na África inteira...). Como já aconteceu com o próprio Che, que virou camiseta vendida na fórum por 100 reais. Como aconteceu com o punk. Como aconteceu com os hippies. E com tantas outras coisas mais. Há algo que possa não se tornar produto?
Possivelmente não. Mas não é tanto esse o caso. O problema é que esse pessoal que tem sua "tradição" usurpada, não recebe nada com isso. O que é a biopirataria senão gringo pesquisar alguma coisa que um pajé, ou sua avó, usava como remédio, patentear e então fazer um remédio que rende alguns bilhões de dólares?
Aí dão sorte os que têm cacife para tentar responder na mesma moeda. Como os maori, que detêm os direitos de reprodução de todos os motivos artísticos identificados com o que seria uma cultura maori.
Só acho que algumas coisas passam do limite da ingenuidade e da cegueira quanto às mazelas do mundo, e chegam às raias da crueldade e da filha-da-putagem. São nessas horas que eu torço para existir justiça divina, ou reencarnação como verme, barata...
O chavão de que o mundo está cada vez mais próximo tem que ser matizado. Acho que as distâncias estão maiores do que nunca. E o acesso rápido a tais distâncias apenas torna tudo muito chocante. Entre botox e plásticas mal-feitas, entre bronzeamentos assustadores, sorrisos ultra-brancos e roupinhas hiper-valorizadas, acho que as mentalidades e as prioridades (e o senso estético) das pessoas são cada vez menos compreensíveis e mensuráveis umas para as outras.
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E ainda no mundo fashion... o que é aquele novo reality show da gnt?! Aquele que uns imbecis competem para virar lacaio de uma modelo asquerosa (rachei de dar risada com o Sem Controle dessa semana)!
Quando é que a fórmula reality show e variantes vai se esgotar?! Fico imaginando os coitados dos carinhas responsáveis (serão os malfadados estagiários?) pela criação de novos programas... "e agora, que vamos fazer?"; "ah, vamos fazer um reality show"; "mais um?"; "sim, mas agora sobre alguma coisa diferente... e nem precisamos mudar o layout".
Vejamos, a fórmula big brother já passou pelo mundo da moda (tanto para modelo, como para vestidor de modelo, bem como para projetista do que modelo veste), pela música (american idol e variantes), pelo boxe (Stallone, como ele mesmo, consegue ser pior do que como ator), mundo dos negócios (Trump-peruca-horrível, Stewart-cozinheira-mafiosa, Justus-sorriso-arrepiante), pelo ramo dos arranjos românticos (vai, o tio Sílvio já fazia isso com muita propriedade há várias décadas) do tipo bachelor e bachelorette, do conto de fadas (do zé ruela que todas pensam que é milionário), pela dança (vi esse outro dia... um dos piores)... até para estagiário de mtv teve programa!
Que mais falta?
Dou aqui minhas dicas (e, atenção, são copyleft: se alguém quiser usar alguma idéia, fique sossegado que não vou cobrar direito nenhum) para o próximo reality show:
- Reality show de jogador de futebol. Tudo bem, não sei como funcionaria para escolher o melhor jogador. Mas você não quer saber o que jogador de futebol faz de verdade? Não é possível que sejam todos iguais! Como eles vivem, como eles falam, na realidade, na privacidade do lar? Acho que aqueles discursos bestas e manjados de final de partida são todos combinados. Simplesmente para desviar a atenção.
- Reality show de cientista social, historiador e filósofo - esse é manjado e a idéia não é minha, mas tenho minhas suspeitas sobre a aceitação popular. Acho que interessaria só para os do ramo. Mas já pensou que legal, antropólogo brigando com sociólogo sobre método, os dois tirando sarro do cientista político, todo mundo ignorando o historiador e, sozinho num canto lendo, o filósofo cartesiano?
- Reality show para escolher político. Eu acho que os candidatos deveriam ir todos para uma casa fechada por alguns meses antes da eleição. Fazer prova para garantir a comida da semana, ir para o confessionário escolher o voto, ter os conchavos filmados... O horário político seria ocupado pelos melhores momentos. Quem quiser ver tudo na íntegra teria a opção pay-per-view. Acho que a baixaria seria muito pior do que big brother europeu.
- Reality show para escolher um novo mestre SM. Homens e mulheres competem com corda, cera, clamp, plug e chicote para ver quem se mostra um(a) melhor master/mistress. Convenhamos, a audiência ia ser altíssima. E hoje em dia dá para fazer um pacote mais light até mesmo para horários nobres de tv aberta. E, além disso, o canal é fazer programa voltado para nichos específicos de audiência.
- Reality show de médico. Uh, esse não é para os que preferem não saber como são formadas as pessoas que cuidam da nossa saúde. Mas talvez tantos anos de e.r. e sitcoms genéricos tenham saturado o mercado.
E por aí vai. O esquema é fácil. Veja uma profissão e explore o que ela tem de mais caricato. Uma dica: para fazer sucesso com esta fórmula, que já está meio manjada, o melhor é escolher as profissões mais estranhas, ou as que você menos lembra. Reality show de operador de tele-marketing (esse é trash), de funcionário de agência de financiamento (u-hú!), de escritor de romance (hahahaha) e, por quê não (já que algumas coisas sempre funcionam), de lutadoras de ringue com gel?
terça-feira, julho 18, 2006
Rapidíssima
Fiquei sabendo hoje pelo blog do Lúcio Ribeiro que vai ter Gang of Four em setembro! Já vou começar a juntar dinheiro! Quem quer ir comigo?! Aproveito e convido também para o Tim festival com a tia Patti Smith!!
Sempre ouvi aquela de que só vem banda velha pro Brasil... por mim está ótimo!
Sempre ouvi aquela de que só vem banda velha pro Brasil... por mim está ótimo!
domingo, julho 16, 2006
The east side of music
Dicas psycho beat off-road...
Turskish Delights - Ultrarities from beyond the Sea of Marmara. Estranhezas da ótima escola turca de psicodelias dos anos 60. Da gravadora holandesa Grey Past Records.
Steam Kodok - 17 à Go Go Ultrarities From The 60's Singapore And South-East Asia Underground. Também da Grey Past. As melhores músicas são as não cantadas em inglês! Coloque na vitrola e leia Graham Greene!
A Grey Past possuiu outros discos muito interessantes de psycho beat de bandas holandesas, mas ficam aqui apenas os turcos e o pessoal do sudeste asiático...
Turskish Delights - Ultrarities from beyond the Sea of Marmara. Estranhezas da ótima escola turca de psicodelias dos anos 60. Da gravadora holandesa Grey Past Records.
Steam Kodok - 17 à Go Go Ultrarities From The 60's Singapore And South-East Asia Underground. Também da Grey Past. As melhores músicas são as não cantadas em inglês! Coloque na vitrola e leia Graham Greene!
A Grey Past possuiu outros discos muito interessantes de psycho beat de bandas holandesas, mas ficam aqui apenas os turcos e o pessoal do sudeste asiático...
sábado, julho 15, 2006
Our spot in life
Sure thing!
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And I send myself a mail with some turkish links concerning hacking! Or didn't I?! Scary either way: if I don't remember, or if some turkish hacker send me a mail pretending he was me...
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And I send myself a mail with some turkish links concerning hacking! Or didn't I?! Scary either way: if I don't remember, or if some turkish hacker send me a mail pretending he was me...
sexta-feira, julho 14, 2006
Antigo novo rock
Já que ultimamente ando empolgado em procurar umas coisas diferentes em música, bem como falar um pouco sobre elas (achei tantas bandas excelentes nesses dias - entre as bizarrices, por exemplo, peguei psychobeat vietnamita, turco, trance russo e psicodelismo italiano e japonês - que escolhi falar apenas de algumas delas), falarei um pouquinho sobre duas espécies de movimentos musicais. Aproveito que o dia é do rock e falarei sobre Krautrock e o C86.
Bom, o Krautrock, a despeito da denominação depreciativa que acabou englobando vários tipos de sons sob o rótulo de "chucrute" ou "coisa de alemão", é na verdade algo muito interessante. Basicamente foi uma cena avant-garde originada em Köln no final dos anos 60 e começo dos 70. O primeiro grande festival de rock na Alemanha aconteceu em Essen, em 1968, com várias bandas que passaram a ser conhecidas como Krautrock. O que havia em comum era um experimentalismo e a tentativa de criar algo novo e verdadeiramente indie - palavrinha que perdeu um pouco o sentido original. Você com certeza conhece Kraftwerk. Mas para mim, Can foi a banda que melhor brincou com as fronteiras do eletrônico e do rock. Os discos do final de 60 e começo de 70 são incríveis. Algo que definitivamente influenciou Neubeuten e outras bandas industriais dos 80 e 90 - não apenas na Europa. Mas, ao contrário de seus conterrâneos berlinenses, Can juntou o eletrônico a um jazz groovy e mesmo, se não estou enganado, com um pouco de bossa nova. Os melhores discos são com o cantor japonês Damo Suzuki, que dá a dose de bizarrice à banda.
Mas não é possível deixar de citar Faust (mais barulhenta e esquisitíssima), Neu! (criada de uma dissidência do Kraftwerk) e Zarathustra (mais progressiva), todas excelentes e experimentais de diferentes maneiras. Talvez um pouco difíceis de digerir, mas extremamente competentes.
Já C86 é do outro lado do canal da Mancha, tendo seu nome originado de uma fita cassete distribuída pela New Musical Express em... bem, em 1986. Em pleno thatcherismo, o que deve ter contribuído, segundo os especialistas, na postura política socialista partilhada pelas bandas do C86.
De similaridade com o Krautrock, provavelmente apenas a postura "seja você também um músico". Essa liberdade de que falo - ainda que as bandas do C86 tenham feito pouco experimentalismo - veio do punk antecessor.
Algumas bandas fizeram sucesso posteriormente, como Soup Dragons, Wolfhounds e Primal Scream, enquanto outras caíram no esquecimento. Mas a fita dupla que marcou o início do movimento, é realmente muito boa - e acho difícil encontrar "doçura" no som das bandas.
Bom, o Krautrock, a despeito da denominação depreciativa que acabou englobando vários tipos de sons sob o rótulo de "chucrute" ou "coisa de alemão", é na verdade algo muito interessante. Basicamente foi uma cena avant-garde originada em Köln no final dos anos 60 e começo dos 70. O primeiro grande festival de rock na Alemanha aconteceu em Essen, em 1968, com várias bandas que passaram a ser conhecidas como Krautrock. O que havia em comum era um experimentalismo e a tentativa de criar algo novo e verdadeiramente indie - palavrinha que perdeu um pouco o sentido original. Você com certeza conhece Kraftwerk. Mas para mim, Can foi a banda que melhor brincou com as fronteiras do eletrônico e do rock. Os discos do final de 60 e começo de 70 são incríveis. Algo que definitivamente influenciou Neubeuten e outras bandas industriais dos 80 e 90 - não apenas na Europa. Mas, ao contrário de seus conterrâneos berlinenses, Can juntou o eletrônico a um jazz groovy e mesmo, se não estou enganado, com um pouco de bossa nova. Os melhores discos são com o cantor japonês Damo Suzuki, que dá a dose de bizarrice à banda.
Mas não é possível deixar de citar Faust (mais barulhenta e esquisitíssima), Neu! (criada de uma dissidência do Kraftwerk) e Zarathustra (mais progressiva), todas excelentes e experimentais de diferentes maneiras. Talvez um pouco difíceis de digerir, mas extremamente competentes.
Já C86 é do outro lado do canal da Mancha, tendo seu nome originado de uma fita cassete distribuída pela New Musical Express em... bem, em 1986. Em pleno thatcherismo, o que deve ter contribuído, segundo os especialistas, na postura política socialista partilhada pelas bandas do C86.
De similaridade com o Krautrock, provavelmente apenas a postura "seja você também um músico". Essa liberdade de que falo - ainda que as bandas do C86 tenham feito pouco experimentalismo - veio do punk antecessor.
Algumas bandas fizeram sucesso posteriormente, como Soup Dragons, Wolfhounds e Primal Scream, enquanto outras caíram no esquecimento. Mas a fita dupla que marcou o início do movimento, é realmente muito boa - e acho difícil encontrar "doçura" no som das bandas.
quinta-feira, julho 13, 2006
Graus de separação e a volta musical
Post alterado...
Hoje encontrei uma amiga queridíssima, que há muito não via! Vai cerveja, vem cerveja...
Ainda hoje, estava eu fuçando um blog sobre trilhas psycho beat de anos 60, encontrei vários links para discos de filmes B. Entre as trilhas que baixei, Barbarella. Encontrei várias informações interessantes sobre Vampyros Lesbos e também umas biografias muito interessantes sobre Soledad Miranda. Entre seus filmes mais famosos, de Jesus Franco, estava a versão Drácula. Com Christopher Lee (o malfadado conde) e Klaus Kinski (como Renfield). Daí comecei a fuçar na biografia do alemão-polaco... o que me levou, inevitavelmente ao Herzog e suas bizarrices... Você sabia que Ian Curtis se matou depois de ver Stroszek? E que Still tem várias referências às galinhas dançarinas? Pois é... o que me levou de volta à Joy Division...
Saindo um pouco da esquina anglo-saxã... fica a dica para o Siberie M'etait Contéee do Manu Chao.
Hoje encontrei uma amiga queridíssima, que há muito não via! Vai cerveja, vem cerveja...
Ainda hoje, estava eu fuçando um blog sobre trilhas psycho beat de anos 60, encontrei vários links para discos de filmes B. Entre as trilhas que baixei, Barbarella. Encontrei várias informações interessantes sobre Vampyros Lesbos e também umas biografias muito interessantes sobre Soledad Miranda. Entre seus filmes mais famosos, de Jesus Franco, estava a versão Drácula. Com Christopher Lee (o malfadado conde) e Klaus Kinski (como Renfield). Daí comecei a fuçar na biografia do alemão-polaco... o que me levou, inevitavelmente ao Herzog e suas bizarrices... Você sabia que Ian Curtis se matou depois de ver Stroszek? E que Still tem várias referências às galinhas dançarinas? Pois é... o que me levou de volta à Joy Division...
Saindo um pouco da esquina anglo-saxã... fica a dica para o Siberie M'etait Contéee do Manu Chao.
quarta-feira, julho 12, 2006
Music from just around the corner
Depois DO dia triste, deixo ao menos uma nova safra de dicas musicais:
Say hi to your Mom. Essa banda é um exemplo eficaz de como começar você mesmo sua banda. O primeiro disco foi feito no pc do fundador, Eric Elbogen - nova iorquino que fundou seu próprio selo para promover Say hi. Ferocious Mopes, o próximo disco, o da capinha bacana aí do lado, já é mais profissional. Aliás, muito pró! Em alguns momentos parece muito com Radiohead. Em outros com Tarmac. Bem light e gostoso de ouvir. Quase dançante.
Mates of State. Na onda de um casal musical, como os valões do Vive la Fête (espetaculares), ou os mais manjados White, encontrei essa interessante banda de San Francisco. Essa é mais para o gosto da Dani, que gosta de Sigur Rós e Belle and Sebastian. Bem bonzinhos. Bring it Back é o disco que sugiro.
The Dears. Se dizem influenciados por Serge Gainsbourg (putz, o Gábor me contou uma história maravilhosa do Gainsbourg esse final de semana, quando o cara já estava no bico do corvo, com cirrose). São de Montreal, mas têm algo das bandas universitárias americanas. A raiz cabaret francês fica bem sutil. Esse aí do lado é o Gang of losers.
Algo mais conhecidinho, Arctic Monkeys. Pós-punk inglês muito empolgante. Ritmo acelerado até meio skazado. Só acho muito parecido demais com White Stripes. Dica: o disco Whatever people say I am, that's what I'm not.
A trilha sonora do Vampyros Lesbos, o filme esquisitão do começo de 70. A trilha foi composta por uns alemães bacanas que fizeram um jazz bem groovy meio psicodélico com uns metais muito bons. O que me faz lembrar: a trilha do maravilhoso Barbarella (aquele com a Jane Fonda lindíssima)! Mas aqui fica a não menos bonita Soledad Miranda, que em muitos sentidos lembra Sharon Tate.
Mylo. Mais um self-made que começou no computador de casa. É dance com mistura de vários estilos de eletrônico, muito groovy também, com uns efeitos de música anos 70, talvez influenciado pelo Barry White. O disco sugerido é o primeiro mesmo - Destroy Rock & Roll.
You say party! We say die! Essa foi uns dos achados que eu mais gostei! Quase punk, mas bem elaborado, como Sonic Youth, mas muito diferente. O piano dá um toque especial junto com os efeitos de sintetizador e as guitarras meio sujas. Da Colúmbia Britânica. Hit the floor! é o disco-exclamação escolhido!
E por último - ufa! - Figurines. A única banda dinamarquesa não black metal que conheço, é muito boa. Mistura o indie americano do final dos 80 e começo dos 90 com um quê de surf em algumas músicas e uma guitarrinha acústica em outras. Falou-se de influência de Pavement. Evidente. Skeleton, o segundo álbum da banda, é o da capinha aí do lado. Aliás, otimas capas, não?
Depois conto mais sobre as bandas just around the corner...
Say hi to your Mom. Essa banda é um exemplo eficaz de como começar você mesmo sua banda. O primeiro disco foi feito no pc do fundador, Eric Elbogen - nova iorquino que fundou seu próprio selo para promover Say hi. Ferocious Mopes, o próximo disco, o da capinha bacana aí do lado, já é mais profissional. Aliás, muito pró! Em alguns momentos parece muito com Radiohead. Em outros com Tarmac. Bem light e gostoso de ouvir. Quase dançante.
Mates of State. Na onda de um casal musical, como os valões do Vive la Fête (espetaculares), ou os mais manjados White, encontrei essa interessante banda de San Francisco. Essa é mais para o gosto da Dani, que gosta de Sigur Rós e Belle and Sebastian. Bem bonzinhos. Bring it Back é o disco que sugiro.
The Dears. Se dizem influenciados por Serge Gainsbourg (putz, o Gábor me contou uma história maravilhosa do Gainsbourg esse final de semana, quando o cara já estava no bico do corvo, com cirrose). São de Montreal, mas têm algo das bandas universitárias americanas. A raiz cabaret francês fica bem sutil. Esse aí do lado é o Gang of losers.
Algo mais conhecidinho, Arctic Monkeys. Pós-punk inglês muito empolgante. Ritmo acelerado até meio skazado. Só acho muito parecido demais com White Stripes. Dica: o disco Whatever people say I am, that's what I'm not.
A trilha sonora do Vampyros Lesbos, o filme esquisitão do começo de 70. A trilha foi composta por uns alemães bacanas que fizeram um jazz bem groovy meio psicodélico com uns metais muito bons. O que me faz lembrar: a trilha do maravilhoso Barbarella (aquele com a Jane Fonda lindíssima)! Mas aqui fica a não menos bonita Soledad Miranda, que em muitos sentidos lembra Sharon Tate.
Mylo. Mais um self-made que começou no computador de casa. É dance com mistura de vários estilos de eletrônico, muito groovy também, com uns efeitos de música anos 70, talvez influenciado pelo Barry White. O disco sugerido é o primeiro mesmo - Destroy Rock & Roll.
You say party! We say die! Essa foi uns dos achados que eu mais gostei! Quase punk, mas bem elaborado, como Sonic Youth, mas muito diferente. O piano dá um toque especial junto com os efeitos de sintetizador e as guitarras meio sujas. Da Colúmbia Britânica. Hit the floor! é o disco-exclamação escolhido!
E por último - ufa! - Figurines. A única banda dinamarquesa não black metal que conheço, é muito boa. Mistura o indie americano do final dos 80 e começo dos 90 com um quê de surf em algumas músicas e uma guitarrinha acústica em outras. Falou-se de influência de Pavement. Evidente. Skeleton, o segundo álbum da banda, é o da capinha aí do lado. Aliás, otimas capas, não?
Depois conto mais sobre as bandas just around the corner...
terça-feira, julho 11, 2006
Ligeiras
A Dani upgradou a internet aqui de casa (desisti de roubar a internet do vizinho, agora aqui é muuuuito mais rápido!) Agora baixo discos inteiros, simultaneamente, em 2, 3 minutos!! Só não sei quando vou ter tempo de ouvir tanta música...
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Meus sonhos estão cada vez mais assustadores! Ontem sonhei com Jesus. E hoje, ah, esse eu nem conto...
*******
Falando em música, ouço agora The Sonics, que é muito mais do que um Little Richards branco como dizem aí. E descobri o ótimo Phychedelic Lollipop do The Blues Magoos! Rock anos 60 da melhor qualidade, já com boa dose de estranhezas interessantes. The Creation (debut do Ron Wood) e os The Small Faces e The Faces (esta já com Wood, antes dos Stones e depois do Jeff Beck e The Creation) também são boas dicas. Coloquei uns links aí do lado para blogs que dão boas sugestões sonoras. Mas eu tenho muitos mais, depois eu ponho.
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E me divirto pacas com My Space e U Tube!
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Agora tenho uma bicicleta amarela e vou estudar ingrêis!
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Meus sonhos estão cada vez mais assustadores! Ontem sonhei com Jesus. E hoje, ah, esse eu nem conto...
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Falando em música, ouço agora The Sonics, que é muito mais do que um Little Richards branco como dizem aí. E descobri o ótimo Phychedelic Lollipop do The Blues Magoos! Rock anos 60 da melhor qualidade, já com boa dose de estranhezas interessantes. The Creation (debut do Ron Wood) e os The Small Faces e The Faces (esta já com Wood, antes dos Stones e depois do Jeff Beck e The Creation) também são boas dicas. Coloquei uns links aí do lado para blogs que dão boas sugestões sonoras. Mas eu tenho muitos mais, depois eu ponho.
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E me divirto pacas com My Space e U Tube!
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Agora tenho uma bicicleta amarela e vou estudar ingrêis!
Culpa
Último post sobre a copa, prometo. E é curto. Só para expressar minha opnião sobre o que conseguiu fazer com que as pessoas parassem por um momento de falar mal da seleção: falar mal do Zidane.
Não vou engrossar o coro do "ele é profissional, não importa ter sido xingado, não deveria ter revidado, jogador é xingado toda hora, nada justifica, ele fez a França perder a copa" e por aí vai.
Já ouvi algumas possibilidades sobre o que brutamontes italiano falou. Não sei se vai se descobrir exatamente o que foi dito. Bom, na verdade até dá. Mas uma prova de que foi algo punk: os surdos do fantástico não ousaram traduzir o que foi dito. Ou talvez ainda não tenham encontrado um surdo que fale italiano.
De qualquer maneira, as pessoas deveriam saber que o que é dito pode ser muito ruim. Talvez tanto quanto o que é feito. Ou sei lá, nem acho que sejam coisas comparáveis. Mas o fato é que existem leis que punem o dito. Racismo, por exemplo. Discriminação. Afinal de contas, o que estimula a ocorrência dos crimes de ódio senão as palavras e as idéias?
O santo padre dizer que somente uniões heterossexuais são aceitas não pode ajudar a diminuir a taxa de crimes contra homossexuais. Não se iluda, o sucesso carnavalesco da parada do orgulho glbtt não é sinal de que homossexuais estão bem na fita. Li que todas as taxas de crimes de ódio estão estáveis ou caem, menos os contra gays, hoje, se não me engano, mais de 30000 ao ano - só no Brasil - e crescendo.
Isso para dizer: ninguém pode dizer o quanto significou ao Zidane ter ouvido sua irmã ter sido chamada de #@%*, ou ter sido chamado de terrorista safado. Algumas palavras podem ser piores do receber uma cabeçada.
E já que é para relativizar a culpa (como somos implacáveis em julgar...): vi uma dúzia de lances do Brasil defendendo cobrança de bola parada dos times rivais. Em todos a função do Roberto Carlos era dar o parâmetro para uma linha de impedimento. Em mais de uma ocasião o sinal era mesmo o de arrumar a meia. Se é uma tática eficiente... bom aí acho que não dá para amenizar... ô burrada!
Não vou engrossar o coro do "ele é profissional, não importa ter sido xingado, não deveria ter revidado, jogador é xingado toda hora, nada justifica, ele fez a França perder a copa" e por aí vai.
Já ouvi algumas possibilidades sobre o que brutamontes italiano falou. Não sei se vai se descobrir exatamente o que foi dito. Bom, na verdade até dá. Mas uma prova de que foi algo punk: os surdos do fantástico não ousaram traduzir o que foi dito. Ou talvez ainda não tenham encontrado um surdo que fale italiano.
De qualquer maneira, as pessoas deveriam saber que o que é dito pode ser muito ruim. Talvez tanto quanto o que é feito. Ou sei lá, nem acho que sejam coisas comparáveis. Mas o fato é que existem leis que punem o dito. Racismo, por exemplo. Discriminação. Afinal de contas, o que estimula a ocorrência dos crimes de ódio senão as palavras e as idéias?
O santo padre dizer que somente uniões heterossexuais são aceitas não pode ajudar a diminuir a taxa de crimes contra homossexuais. Não se iluda, o sucesso carnavalesco da parada do orgulho glbtt não é sinal de que homossexuais estão bem na fita. Li que todas as taxas de crimes de ódio estão estáveis ou caem, menos os contra gays, hoje, se não me engano, mais de 30000 ao ano - só no Brasil - e crescendo.
Isso para dizer: ninguém pode dizer o quanto significou ao Zidane ter ouvido sua irmã ter sido chamada de #@%*, ou ter sido chamado de terrorista safado. Algumas palavras podem ser piores do receber uma cabeçada.
E já que é para relativizar a culpa (como somos implacáveis em julgar...): vi uma dúzia de lances do Brasil defendendo cobrança de bola parada dos times rivais. Em todos a função do Roberto Carlos era dar o parâmetro para uma linha de impedimento. Em mais de uma ocasião o sinal era mesmo o de arrumar a meia. Se é uma tática eficiente... bom aí acho que não dá para amenizar... ô burrada!
sábado, julho 08, 2006
Flushbacks around the world
Estréia de um novo counter. Mais divertidinho (e amedrontador)...
De onde vêm os milhares de visitantes diários (a.k.a. os spamers de blogs)?! Heim, heim?
Só que a dificuldade de acertar o layout para funcionar minimamente nos diversos navegadores e monitores...
De onde vêm os milhares de visitantes diários (a.k.a. os spamers de blogs)?! Heim, heim?
Só que a dificuldade de acertar o layout para funcionar minimamente nos diversos navegadores e monitores...
sexta-feira, julho 07, 2006
Para a posteridade...
Há uns dois anos, na unicamp, houve um evento comemorativo dos 50 anos da ABA. Entre as palestras e o desfile de muitos da minha bibliografia (alguns que eu nem sabia estarem vivos), houve uma exposição de fotografias que fazia parte do projeto de história da antropologia coordenado pela Mariza.
Várias destas fotos foram adquiridas há quase 20 anos pelo Luiz Henrique, em sua primeira fase como aluno (quando o ifch ainda nem tinha curso noturno porque, afinal, também não tinha luz). No acervo encontravam-se imagens do grupo em torno da Heloísa Alberto Torres no Rio, do Egon Shaden em São Paulo e de muitos outras palmeirinhas em terras brasileiras. Também havia várias fotos do triunvirato antropológico do ifch e de vários alunos de então. Tem lá o Peter parecendo um caixeiro viajante, roupas largas e coloridas, cabelo comprido. Tem a minha orientadora, em uma das primeiras turmas, linda de morrer. Estes todos muito parecidos (descontado o estilo e a época) do que sou hoje - aspirante a antropólogo.
É esquisito pensar que pessoas consolidadas já foram alunos, com todos os ônus e bônus que vêm junto com o pacote. Esse pensar o tempo e as pessoas congelados está, acredito, ligado à sensação de que eu mesmo nunca vou passar da condição de aluno. De fato, ambas as coisas parecem ter uma mesma origem. Ajuda, claro, o fato de que hoje em dia, para se conseguir o que eles conseguiram 20 anos atrás, precisamos de muito mais. Minha primeira orientadora, por exemplo, defendeu o doutorado muito depois de ser efetivada como professora. Eu até fui convidado, já estava por lá!
De qualquer maneira, sempre achei fascinante pensar nos primórdios de uma carreira (afinal, não é a minha pesquisa?!). Até acho que daqui a 3 anos, com um doutorado guardado no bolso, não estarei no caminho docente. Pelo menos não nos centros cobiçados. Mas, enfim, quem sabe alguém, no futuro, ao continuar a história da antropologia, não pode se deparar com alguns registros deste que vos fala e de seus coleguinhas?
Aí vai uma parte deles...
ABA 2006 - Goiânia
Várias destas fotos foram adquiridas há quase 20 anos pelo Luiz Henrique, em sua primeira fase como aluno (quando o ifch ainda nem tinha curso noturno porque, afinal, também não tinha luz). No acervo encontravam-se imagens do grupo em torno da Heloísa Alberto Torres no Rio, do Egon Shaden em São Paulo e de muitos outras palmeirinhas em terras brasileiras. Também havia várias fotos do triunvirato antropológico do ifch e de vários alunos de então. Tem lá o Peter parecendo um caixeiro viajante, roupas largas e coloridas, cabelo comprido. Tem a minha orientadora, em uma das primeiras turmas, linda de morrer. Estes todos muito parecidos (descontado o estilo e a época) do que sou hoje - aspirante a antropólogo.
É esquisito pensar que pessoas consolidadas já foram alunos, com todos os ônus e bônus que vêm junto com o pacote. Esse pensar o tempo e as pessoas congelados está, acredito, ligado à sensação de que eu mesmo nunca vou passar da condição de aluno. De fato, ambas as coisas parecem ter uma mesma origem. Ajuda, claro, o fato de que hoje em dia, para se conseguir o que eles conseguiram 20 anos atrás, precisamos de muito mais. Minha primeira orientadora, por exemplo, defendeu o doutorado muito depois de ser efetivada como professora. Eu até fui convidado, já estava por lá!
De qualquer maneira, sempre achei fascinante pensar nos primórdios de uma carreira (afinal, não é a minha pesquisa?!). Até acho que daqui a 3 anos, com um doutorado guardado no bolso, não estarei no caminho docente. Pelo menos não nos centros cobiçados. Mas, enfim, quem sabe alguém, no futuro, ao continuar a história da antropologia, não pode se deparar com alguns registros deste que vos fala e de seus coleguinhas?
Aí vai uma parte deles...
ABA 2006 - Goiânia
domingo, julho 02, 2006
"N'est pas un jouet"
Primeiro eu ia escrever um monte sobre a vergonha de ontem. Depois achei melhor não, desencana, esquece, apenas mais um pra falar o que todo mundo fala... mas agora, um dia depois do incidente - que não foi em Antares, mas foi dantesco assim mesmo - resolvi que vou falar o que penso sim. Desculpe você que já se cansou de ouvir neguinho malhando o Parreira, ou simplesmente não gosta de futebol e não tá nem aí. Falo mais pra mim mesmo. Depois posso até apagar o post.
Para começo de conversa: até gostaria de ser daqueles que dizem que não gostam de futebol e blá blá. Mas eu gosto, fazer o que. Gosto de assistir jogo na tv (não em bar. Se tem algo que não suporto é jogo em bar), assisto vários programas de mesa redonda e, se tivesse dinheiro, comprava um monte de camisa de time. Não creio que seja muito fanático, mas eu realmente gosto de futebol.
Aí chega a Copa e realmente a coisa muda, adquire toda uma nova aura. Nem sempre pro bem - me refiro ao velho argumento do país parar e ao clima meio histérico que vem junto com o pacote. Mas é quando eu jogo de escanteio (sim, nosso léxico é futebolístico) todo meu kit ciências sociais, que pode ser muito careta e castrador. Fico patriota sim, vou deixar de fazer o que estiver fazendo para assistir o jogo, vou torcer.
É por isso que fiquei decepcionado, triste, com raiva. Esses caras (com raras exceções) não percebem que, como eu, existem milhões? Até muito mais apaixonados? Se você ganha 200 mil reais por dia - sim, POR DIA - como o Ronaldo pesado ganha (e vai saber o resto dos patrocínios), tem que suar! É o mínimo. Estou falando o óbvio? Estou reproduzindo o discursinho dos comentaristas (aquela velha piadinha de que crítico de arte é artista frustrado poderia valer pra comentarista de esporte)? Tudo bem, não deixa de ser verdade.
Aquilo ontem foi vergonhoso. Se eu fosse daqueles que acreditam em teoria da conspiração... na verdade, não tenho muitas dúvidas que muitos daqueles jogadores só estão lá por pura pressão dos patrocinadores.
Sim, porque você pensa que Ricardo Teixeira e a camarila - porque aquilo é uma camarila - da CBF pensam em proporcionar as condições ideais para que uma seleção do país vá lá para representar alguma vaga idéia de povo? Aquilo virou um negócio, puro e simplesmente. Você acredita que o Parreira acha que não fazer amistosos com times bons seja realmente melhor para a preparação da seleção? Não, simplesmente a CBF vai ganhar milhões para jogar com a Arábia Saudita. Vai vender mais camisas e mais contratos se vencer Lucerna por 20 a zero. Imagina se perde para a França antes da Copa? Not good for the business.
Agora, o que mais me irrita é a dissociação da realidade com que muitos jogadores parecem sofrer. Isso ou o completo desrespeito com a minha inteligência. Aparecer na TV dizendo que o jogo foi igual, que o Brasil se esforçou, que o futebol é assim mesmo - às vezes se perde... ora, vai catar coquinho! Primeiro que foram cinco jogos assim. Igual? Acho que os franceses até ficaram com dó. Ou não tiveram competência pra meter mais 3 gols. E depois ouvir o Cafú dizendo que ainda não sabe se continua, que quer jogar a Copa de 2010... Deus me livre!
E a arrogância? "Não nos preocupamos com o jogo do adversário. Não vamos mudar o jeito de jogar. Somos o Brasil e são eles que têm que se preocupar". Por quê a soberba? Não seria melhor mostrar a superioridade jogando, se preocupando em ganhar, estudar o adversário? Marcar o Zidane?!?! Hoje fiquei sabendo que o Lehmann tinha uma cola com as estatísticas dos pênaltis batidos pelos argentinos nos últimos 2 anos. Antes de cada cobrança, ele consultava o papel para ver como fulano costuma bater. Só alemão pra pensar nisso, não? Tornar uma ciência algo que é paixão - ainda mais durante cobrança de pênaltis, tão emocionante. Mas ele estava errado? Quem passou para a semifinal? E ainda contra um time argentino como há tempos não surgia.
E para que terminar a carreira na seleção desse jeito? Porque não sair antes? Pra bater o recorde de partidas consecutivas? De partidas na seleção? Gols marcados? Pra conseguir novos contratos de bebida? Ganhar mais dinheiro do que já ganhou? E que técnico é esse que aceita tudo isso?
Aí fica preocupado com que time europeu vai quebrar mais um recorde de milhões negociados para conseguir seu passe, fica preocupado em estreiar chuteira dourada, rosa, verde. Coloca uma faixinha na cabeça com um R bonitinho.
Não se quer mais jogar na seleção para honrar alguma coisa? É simplesmente pra conseguir contrato em time europeu?
E que desperdício...
Para começo de conversa: até gostaria de ser daqueles que dizem que não gostam de futebol e blá blá. Mas eu gosto, fazer o que. Gosto de assistir jogo na tv (não em bar. Se tem algo que não suporto é jogo em bar), assisto vários programas de mesa redonda e, se tivesse dinheiro, comprava um monte de camisa de time. Não creio que seja muito fanático, mas eu realmente gosto de futebol.
Aí chega a Copa e realmente a coisa muda, adquire toda uma nova aura. Nem sempre pro bem - me refiro ao velho argumento do país parar e ao clima meio histérico que vem junto com o pacote. Mas é quando eu jogo de escanteio (sim, nosso léxico é futebolístico) todo meu kit ciências sociais, que pode ser muito careta e castrador. Fico patriota sim, vou deixar de fazer o que estiver fazendo para assistir o jogo, vou torcer.
É por isso que fiquei decepcionado, triste, com raiva. Esses caras (com raras exceções) não percebem que, como eu, existem milhões? Até muito mais apaixonados? Se você ganha 200 mil reais por dia - sim, POR DIA - como o Ronaldo pesado ganha (e vai saber o resto dos patrocínios), tem que suar! É o mínimo. Estou falando o óbvio? Estou reproduzindo o discursinho dos comentaristas (aquela velha piadinha de que crítico de arte é artista frustrado poderia valer pra comentarista de esporte)? Tudo bem, não deixa de ser verdade.
Aquilo ontem foi vergonhoso. Se eu fosse daqueles que acreditam em teoria da conspiração... na verdade, não tenho muitas dúvidas que muitos daqueles jogadores só estão lá por pura pressão dos patrocinadores.
Sim, porque você pensa que Ricardo Teixeira e a camarila - porque aquilo é uma camarila - da CBF pensam em proporcionar as condições ideais para que uma seleção do país vá lá para representar alguma vaga idéia de povo? Aquilo virou um negócio, puro e simplesmente. Você acredita que o Parreira acha que não fazer amistosos com times bons seja realmente melhor para a preparação da seleção? Não, simplesmente a CBF vai ganhar milhões para jogar com a Arábia Saudita. Vai vender mais camisas e mais contratos se vencer Lucerna por 20 a zero. Imagina se perde para a França antes da Copa? Not good for the business.
Agora, o que mais me irrita é a dissociação da realidade com que muitos jogadores parecem sofrer. Isso ou o completo desrespeito com a minha inteligência. Aparecer na TV dizendo que o jogo foi igual, que o Brasil se esforçou, que o futebol é assim mesmo - às vezes se perde... ora, vai catar coquinho! Primeiro que foram cinco jogos assim. Igual? Acho que os franceses até ficaram com dó. Ou não tiveram competência pra meter mais 3 gols. E depois ouvir o Cafú dizendo que ainda não sabe se continua, que quer jogar a Copa de 2010... Deus me livre!
E a arrogância? "Não nos preocupamos com o jogo do adversário. Não vamos mudar o jeito de jogar. Somos o Brasil e são eles que têm que se preocupar". Por quê a soberba? Não seria melhor mostrar a superioridade jogando, se preocupando em ganhar, estudar o adversário? Marcar o Zidane?!?! Hoje fiquei sabendo que o Lehmann tinha uma cola com as estatísticas dos pênaltis batidos pelos argentinos nos últimos 2 anos. Antes de cada cobrança, ele consultava o papel para ver como fulano costuma bater. Só alemão pra pensar nisso, não? Tornar uma ciência algo que é paixão - ainda mais durante cobrança de pênaltis, tão emocionante. Mas ele estava errado? Quem passou para a semifinal? E ainda contra um time argentino como há tempos não surgia.
E para que terminar a carreira na seleção desse jeito? Porque não sair antes? Pra bater o recorde de partidas consecutivas? De partidas na seleção? Gols marcados? Pra conseguir novos contratos de bebida? Ganhar mais dinheiro do que já ganhou? E que técnico é esse que aceita tudo isso?
Aí fica preocupado com que time europeu vai quebrar mais um recorde de milhões negociados para conseguir seu passe, fica preocupado em estreiar chuteira dourada, rosa, verde. Coloca uma faixinha na cabeça com um R bonitinho.
Não se quer mais jogar na seleção para honrar alguma coisa? É simplesmente pra conseguir contrato em time europeu?
E que desperdício...
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