quinta-feira, novembro 24, 2005

Paulicéia literária

Hoje fui na feirinha de livros da USP com o Lelê e a Vanessa. Estava meio receoso, achando que ia desperdiçar um tempo que não podia perder (prazos maçônicos apertados, pra variar) e dinheiro que não podia gastar. Além do mais estava com medo da chuva que vem alagando SP (quando tudo parecia ter dado certo... 3 anos sem inundações foram pro ralo! Quer dizer, pro ralo é que não foram...), já que em Campinas City estava um tempinho bem feio.
Resolvemos deixar o carro no ifch e pegar o busão. Perguntei para um segurança, que estava protegido da chuva no que costumava ser a cantina do Tatá, onde exatamente poderíamos pegar o ônibus da Linha USP. Ele não sabia, mas perguntou: "Você não vai de carro não? Vai deixar ele aí?" (ele tinha me visto estacionar). Disse: "Não, tô com medo da inundação". Ele retrucou: "Ih, é verdade, mas tá tendo muito roubo aqui, sabe? Tão levando cd de tudo quanto é carro. Vem dois carinhas de moto, o da garupa quebra o vidro e leva tudo em segundos. Nem desce da moto". Suspirei: "É, a violência hoje em dia tá foda..." Ele parecia ter empolgado com o pessimismo: "E vocês voltam só amanhã?" Eu e meu irmão: "Não, voltamos hoje mesmo". O segurança, com pesar: "Ih, mas depois das 10 só vai ter seu carro estacionado aí, não fica mais ninguém vigiando". Eu: "Espero voltar antes disso".
Aí o cara, com quem eu até simpatizaria em alguma outra ocasião, começou a discorrer sobre as técnicas empregadas pelos ladrões na Unicamp e como os seguranças não conseguem fazer nada para impedi-los: "a gente não pode bater e não podemos ter arma. Eu é que não vou morrer por ninharia". Uma hora a chuva diminuiu e nos apressamos em nos despedir do rapaz - que já me deixava nervoso e com vontade de tirar meu carro dalí - e fomos procurar o ponto.
Chegando na FFLCH, fomos direto para a feirinha. Não achei tão mais impressionante que a da Unicamp e fiquei espantado com o fato de que, de maneira geral, mesmo com 50% de desconto, ainda é muito caro comprar livro! De qualquer maneira, foi legal. Não choveu, fez um tempo bom, me lembrei do quanto o paulistano pode ser simpático e prestativo mesmo em situações caóticas envolvendo multidões apressadas, e saí com algumas ótimas aquisições!
É, gastei uma grana, mas saí de lá com a sensação de que valeu a pena. Só da Cosac & Naify encontrei 3 muito bons! O livro do Viveiros de Castro, que já namorava há muito tempo; o do Mauss e do Hubert sobre o Sacrifício, que nem sabia que tinha sido reeditado; e o romance biográfico do Michel Leiris, que parece ser maravilhoso! Outro achado foi um - baratíssimo - do Malinowski. Também consegui encontrar o livro do Weber sobre os fundamentos racionais e sociológicos da música, que eu já procurava há anos. Completei a féria com um livro organizado pela Heloísa e sua bat-amiga Lilia, com vários artigos interessantes. A Vanessa também achou coisas legais e o Lelê saiu com uma tonelada de russos na mochila!
Após uma volta muito cansativa, mas também sem chuva, encontrei, feliz, o meu carro no estacionamento. Ainda com os vidros inteiros.

3 comentários:

Maria disse...

Chris, incrível essa história de roubo na Unicamp, e os caras não poderem fazer nada... e outra coisa, realmente, mesmo na Feirinha livro é caro. Mas vc escolheu bem! Mandaram bem vcs três... coisas que eu compraria com certeza... agora, roubo na Unicamp... o que vc acha disso? Beijos!

Chris disse...

Pois é. Mas isso não é de hoje né? Quando eu ainda estava na graduação, fazendo um curso no noturno, a Dani foi me buscar. Ela estacionou o carro na cantina, foi até a sala, 5 minutos no máximo, e quando chegamos a porta do passageiro estava arrombada! Isso porque estava cheio de gente na cantina. Ninguém viu nada.
Bom, mas já aconteceram coisas bem piores na Unicamp também...

Maria disse...

Então, mas eu acho que seria a hora do povo discutir seriamente isso, gente, não pode continuar... como que ninguém vê essas coisas? Eu não sabia dessa história... Levaram alguma coisa de vcs?