segunda-feira, novembro 07, 2005

Genesis alve-negra

Vendo o jogo hoje (coisa que não fazia há bastante tempo), tive uma grata surpresa. Vi o Biro Biro! Apesar das claras rugas e um semblante mais "experiente", ainda cultiva a cabeleira! Eu fiquei muito contente, com o resultado, claro, mas principalmente por ver o tiozinho. Ele era meu herói!
Existe a crença que você já nasce torcendo para um time aqui no Brasil. Bom, eu tenho um tio palmeirense que até tentou me batizar de verde, mas fora isso, ninguém tentou fazer minha cabeça. Pra minha mãe, tanto faz como tanto fez. E meu pai... bem, meu pai é a pessoa mais tolerante que eu conheço. Em uma família que metade das pessoas são ou vão ser médicas, ele me apoiar na opção quase suicida (e monástica) de fazer sociais, já diz tudo, não?!
Ele até que torce para um time. Outro verdinho, mas esse de Campinas mesmo, do qual ele foi sócio por muito tempo. Na verdade, a maior parte da família torce pro Guarani já há algumas décadas. Isso veio desde um dos meus bisavôs, filho de italianos da Campana, que ajudou a construir um alambrado (ou algo assim) do Brinco de Ouro. Creio que desde lá a família sentiu-se na obrigação de engrossar as fileiras bugrinas e criar uma tradição. Bom, com excessão de um tio e alguns primos, ovelhas-negras (literalmente), que torcem para a arqui-inimiga Ponte Preta. Mas nesse caso também há precedentes ancestrais. Meu outro bisavô, este um alemão de Hamburgo, exercia a hoje extinta profissão de ferreiro. E ajudou a construir... tchã nã nã nã... um alambrado no Moisés Lucarelli!
Nessa trama digna de Shakespeare, eu tive a sorte de ser filho do Tambascia mais sossegado. Pude escolher meu time, o que acho muito legal. Quer dizer, eu sei que torço porque eu quis (é o que eu acho, pelo menos).
Enfim, na minha infância me encantei com a democracia do Parque São Jorge. Adorava o Casão, que naquela época era um dos mais jovens. Adorava o Doutor, um dos jogadores mais imponentes que eu já vi. Ele tinha classe. Mas sobretudo, amava o Biro Biro. Claro, ele era raçudo, e todo mundo gosta de um jogador assim no seu time. Entretanto ele tinha algo a mais também. Passava pela cabeleira loira, claro, mas também por uma vistosidade impressionante ao jogar. Ele sobressaía em campo. Não pela técnica, mas por uma confiança e uma determinação que faziam com que ele parecesse estar em toda parte do campo (tudo bem, ele era diferente também, era mais fácil notá-lo)!
O Corinthians no começo de 80 era empogante. Não lembro do time todo, mas ainda lembro do Wladimir e do Zenon. Naquela época os jogadores ainda pensavam que o time valia sacrifícios, ir para a Europa vinha só depois, ainda usavam barba e ainda podiam usar bigode.
Aí, hoje, vendo o Biro, lembrei porque quis ser corinthiano. E fiquei o resto do dia leve...

Um comentário:

Anônimo disse...

Biro Biro é o nome mais legal de jogador de futebol de todos os tempos - além de ser o dono do cabelo mais carismático.
Eu já era corinthiana desde o útero, mais por influência do meu pai mesmo - minha mãe era daquelas chatas que acha que futebol e Guerra nas Estrelas são ópio do povo. Tinha camiseta de bebê do timão. E tem mais uma coisa, filho meu que torcer pra time "verdinho" ou "rubronegro" vai levar.