sábado, setembro 09, 2006

Uma lembrança que tive

Escrevi no post anterior sobre a irmã de um amigo meu. Lembrei dela por causa de um sonho (que já esqueci) e, depois de ter escrito o post, comecei a relembrar várias outras memórias sobre ela, que estavam empoeiradas em algum canto no cérebro, largadas às traças e aranhas por tantos anos que o lembrar é de fato esquisito.
Uma querida foi quando tive minha primeira audição de piano.
Esse amigo meu, eu e outro amigo nosso resolvemos, todos praticamente na mesma época, aprender piano. Encorajávamos uns aos outros, trocávamos partituras e íamos tocar na casa um do outro.
Tínhamos a mesma professora de piano também. Depois de alguns meses de aula, era tempo de apresentar alguma música publicamente e resolvi que iria tocar Für Elise - Beethoven, no além, deve amaldiçoar com todas as forças os donos de distribuidoras de gás.
Meu amigo inglês, que estava mais no meu nível, também participou da mesma audição. Ele tocou algum noturno de Chopin e eu fiquei com a música que agora é o terror dos cachorros da vizinhança. Nossa audição foi em uma igreja mórmon, no Guanabara, em uma noite um tanto quanto fria, se não me engano. Acho que ainda tenho umas fotos dessa noite em algum álbum perdido em algum lugar.
A apresentação foi razoável. Depois eu viria a tocar melhor (em uma apresentação no colégio, depois de executar a mesma música, ganhei um abraço apertado e um beijo da minha primeira paixão, uma suíça maravilhosa e amiguíssima, já mencionada num post anterior, sobre uma ida ao playcenter), tendo praticado à exaustão (até hoje eu sei de cor a maior parte). Mas o legal foi que a Natasha havia ido à apresentação também - as famílias deste meu amigo e a minha, claro, compareceram.
Minha apresentação foi depois da do meu amigo e meu natural e eterno pânico dessas ocasiões públicas foi abrandado quando ela veio até mim, depois de haver congratulado seu irmão, e me disse que estava torcendo por mim. Só não fiquei olhando para ela enquanto tocava por dois motivos. Primeiro que minha professora insistia que eu lesse a partitura, mesmo tendo decorado tudo. E depois que havia tantas luzes no palco montado que eu não conseguiria ver a platéia de qualquer jeito.
A melhor recompensa pelo esforço não foram os primeiros aplausos dirigidos a mim, mas um parabéns comovido dela, seguido por um beijo estalado na bochecha.

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