quinta-feira, maio 15, 2008

Murphinianas

Seria, afinal, o universo regido por forças não-aleatórias?
Todo mundo, quando lê as notícias de corrupção, covardia e vilanias em geral, no fundo vira um pouco budista vingador (ou cristão mesmo): em outra vida, ou em outro plano, aquele irá pagar. Vai arder no fogo do inferno, ou volta como um cupim manco.
E nem precisa ir muito longe na metafísica religiosa. Existe a lei da compensação secular - "aqui se faz, aqui se paga", e outros ditados do gênero (e se a justiça falha, pelo menos se espera que o safardanas durma mal, ou então que a história se encarregue de execrá-lo como merece - se o acerto de contas não se dá individualmente, quem sabe na memória, talvez).
Eu me pego sempre achando que existe algum princípio regulador no cosmos. Mas depois, invariavelmente, acabo me resignando, achando que o mundo é injusto mesmo e não tem o que se fazer - o último que sair que apague a luz. Entretanto, vem aquela pontinha de dúvida, de que as coisas se acertam, de alguma maneira, em algum momento - e acabo nunca escapando do círculo.
Nas últimas semanas tem reinado um princípio estrutural relacionado: de que quando as coisas param de funcionar, param todas ao mesmo tempo. É o banheiro que vira zona de guerra, mas também é o carro que sucumbe, o pneu que agoniza, a luz do escritório que pifa, a luz da cozinha que a acompanha, o interfone que fica mudo, o computador que pede arrego, a sola do sapato que desgruda.
Lá vou eu então testar o outro pricípio newtoniano da reciprocidade: vou jogar na mega-sena.

Um comentário:

meme disse...

Exato, exato! O princípio regulador do cosmos no qual minha família acredita e segundo o qual vive é esse mesmo: se tem coisa ruim acontecendo, se prepara que tem coisa muito boa por vir! E assim nos últimos 70 têm meu avô e todos os meus tios jogado na loto, na mega etc. Às vezes ganham um pouco, às vezes ganham até médio. A moral da história vc sabe. Mas vale a pena ter esperança. Cosmos here we go!