sábado, março 11, 2006

Je t'aime... moi non plus...

Essa semana tive um forte baque. Que existem podres na academia, já sabia há muito tempo. À medida que ia ascendendo (nunca em um ritmo bom o suficiente, é importante ressaltar) na cadeia alimentar universitária, as histórias que chegavam ao meu conhecimento iam ficando cada vez mais escabrosas. Baixezas, picaretagens, panelas e injustiça na competição por migalhas intelectuais - sejam elas na forma de vagas, bolsas ou hegemonias teóricas e interdepartamentais.
Mas apesar de tudo, a coisa ainda me parecia um tanto quanto maniqueísta. Talvez fosse ingenuidade demais, sei lá. Digo maniqueísta no sentido de que eu costumava separar as forças do bem - em sua maioria esforçadas, competentes, mas ferradas - e as forças das trevas - que sobem de maneiras nada louváveis.
Nesse pequeno esquema cosmológico da estrutura acadêmica, admiro sobremaneira os heróicos colegas esforçados, competentes, éticos e que se dão bem (claro que o "se dar bem" é relativo... "bem" no universo acadêmico, nada glamouroso ou abastado). Tarefa, aliás, que parece cada vez mais impossível de atingir...
Mas não é que o lado negro seduziu alguém que eu admiro? Quer dizer, agora começo a reavaliar tudo. Será que essa pessoa já não estava do lado negro e eu apenas não percebia? Era tão ambiciosa e inescrupulosa que eu caí direitinho? Começo a reinterpretar ações e impressões passadas com uma nova luz. Uma mancha que contamina todas minhas lembranças relacionadas a ela. Não sei de todos os detalhes, mas foi sacanagem da grossa. É de partir o coração, realmente.
Que eu não vou seguir carreira acadêmica, já faz um tempo que tenho consciência. Mas ultimamente as decepções, o desânimo e o desencanto aumentaram tanto que eu tenho que urgentemente encontrar algo suficientemente bom (no sentido mais literal e autruísta da palavra) nisso tudo para, pelo menos, terminar essa pós.

2 comentários:

Maria disse...

Cris, não sei se vc foi ingênuo. Eu penso assim também. Ora bolas, a gente precisa acreditar que existem os dois lados! Porque senão, como vamos agir?
Duas alternativas pro caso dessa pessoa. Ou ela nunca foi flor que se cheirasse, e escondeu bem, ou fraquejou. Sério mesmo. Às vezes, a fraqueza de caráter é pior que a pura maldade. Beijos, beijos!

Karina Kuschnir disse...

Hahaha ainda bem que você é antropólogo e não futurólogo! ;-)