Volto a falar sobre o Sem Controle. Hoje os caras tiraram sarro do novo Saia Justa. É interessante ver o programa sob o prisma dos comentários dos dois... tudo fica muito esquisito. De fato fica parecendo que é um voyerismo tacanho o que garante o ibope. E qual é a grande neura com sexo, afinal? Tudo é sexo? Sempre tem que falar de sexo e elencar, quase em desafio ("e aí, falo mesmo, vai encarar?"), as partes mais íntimas de nossas anatomias? Será que ser escrachado tem algo a ver com uma tentativa exagerada de parecer descolado, ou então se mostrar imune ao controle de uma "sociedade machista"?
Bom, as vezes é a impressão que fica. Não desmereço o programa, de jeito nenhum. Acho tudo muito engraçado (com suas exceções). Mas o sucesso do mesmo me parece uma espécie de catarse transferida. Como, aliás, é o Sem Controle, se você for pensar bem.
Eu gosto muito do SC. É tosco, um Beavis and Butthead (já falei isso?) que apenas faz o que eu faço quando me reúno com amigos e ficamos trocando figurinhas sobre o lixo cultural televisivo - de Lost a American Idol (sempre em alguma mesa de bar).
terça-feira, agosto 29, 2006
quinta-feira, agosto 24, 2006
Auto não-religioso (não-auto) de um dia cansativo
Contexto:
Duas horas de sono. De manhã a preparação do texto para apresentar. À tarde uma reunião bizarra com antropólogos-totens que estavam na faculdade para avaliar o programa de pós - reunião em que me sentia em uma propaganda sobre as maravilhas do programa de pós feita pelas organizações tabajara.
O evento:
No frente do auditório, esperando para a hora da apresentação, Chris, André e Dani. Presentes mais três pessoas (Raimundo, João e anônimo). Chegam Nobre e Elide pela esquerda, vindos do corredor.
Nobre, o organizador do evento: Olá. Olá. Olá.
Chris, André e Dani, expositores e acompanhante, respectivamente: Olá professor!
Dani sai de cena.
Elide, a coordenadora da mesa: E vocês são...
Chris: Eu sou o Christiano.
Elide: Ah sim, seu trabalho é muito interessante. Vamos poder discutí-lo agora.
André: Eu sou o André.
Elide: Gostei muito do seu trabalho também.
Raimundo: Eu sou Raimundo.
Elide: Seu trabalho é muito bom. E João Francisco eu conheço, meu orientando. E você (se dirige ao anônimo)?
Anônimo: Eu só vou assistir.
Elide e André: Ah, então você que é a platéia?!
Moral da história:
A apresentação foi boa, a discussão interessante. A platéia consistiu, em determinado momento, do anônimo. Depois da Dani e anônimo. Depois, por alguns momentos, de uma anônima e da Dani. E por fim, apenas da Dani.
Desfecho:
Elide: Bom, acho que podemos encerrar agora (por volta das 10 da noite). Se a platéia tiver alguma pergunta...
Platéia (a.k.a. Dani): Não, obrigada.
Duas horas de sono. De manhã a preparação do texto para apresentar. À tarde uma reunião bizarra com antropólogos-totens que estavam na faculdade para avaliar o programa de pós - reunião em que me sentia em uma propaganda sobre as maravilhas do programa de pós feita pelas organizações tabajara.
O evento:
No frente do auditório, esperando para a hora da apresentação, Chris, André e Dani. Presentes mais três pessoas (Raimundo, João e anônimo). Chegam Nobre e Elide pela esquerda, vindos do corredor.
Nobre, o organizador do evento: Olá. Olá. Olá.
Chris, André e Dani, expositores e acompanhante, respectivamente: Olá professor!
Dani sai de cena.
Elide, a coordenadora da mesa: E vocês são...
Chris: Eu sou o Christiano.
Elide: Ah sim, seu trabalho é muito interessante. Vamos poder discutí-lo agora.
André: Eu sou o André.
Elide: Gostei muito do seu trabalho também.
Raimundo: Eu sou Raimundo.
Elide: Seu trabalho é muito bom. E João Francisco eu conheço, meu orientando. E você (se dirige ao anônimo)?
Anônimo: Eu só vou assistir.
Elide e André: Ah, então você que é a platéia?!
Moral da história:
A apresentação foi boa, a discussão interessante. A platéia consistiu, em determinado momento, do anônimo. Depois da Dani e anônimo. Depois, por alguns momentos, de uma anônima e da Dani. E por fim, apenas da Dani.
Desfecho:
Elide: Bom, acho que podemos encerrar agora (por volta das 10 da noite). Se a platéia tiver alguma pergunta...
Platéia (a.k.a. Dani): Não, obrigada.
terça-feira, agosto 22, 2006
Amostragem
Afinal de contas... qual é a margem de erro de pontos percentuais nessas pesquisas?!?!
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E eu que descobri agora que vou apresentar amanhã?! E, ao invés de preparar um texto, fico aqui blogueando e jogando poker online...
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E eu que descobri agora que vou apresentar amanhã?! E, ao invés de preparar um texto, fico aqui blogueando e jogando poker online...
domingo, agosto 20, 2006
Fuzzfaces
Tem dessas bandas que você ouve falar bem, depois ouve de novo de outra pessoa, e de mais outra... aí você descobre que é meio consenso - que, contrariamente do que disse Nelson Rodrigues, nem sempre é burro - e parece que só você ainda não conhece.
Normalmente quando isso acontece eu não vou atrás mesmo. Fica registrado num quartinho escuro do cérebro para se um dia aparecer na minha frente, eu lembrar "ah, era essa banda que todo mundo falava". Mas ir atrás mesmo...
É meio essa coisa "do contra", ou de ter o prazer da descoberta. Se muita gente já conhece, perde o apeal. Tenho certeza que isso acontece com muita gente.
Enfim, nesse sábado, depois de acordar meio enjoado depois de um dia de descobertas cervejísticas britânicas (agradecimentos ao André e ao Chaplin), e uma noite de jogatina com mais cerveja e vinho, continuei minhas férias acidentais num churrasco bacana. Pensei que iria parar por aí, mas acabei indo, sem muita convicção, com vários amigos ao bdz ver, exatamente, aquela banda de que ouvia falar já há alguns anos.
E não é que não só era tudo o que me falaram, como mais?! As músicas, a apresentação, o geist... fiquei fã!! É dessas bandas que ao vivo é tudo!
Normalmente quando isso acontece eu não vou atrás mesmo. Fica registrado num quartinho escuro do cérebro para se um dia aparecer na minha frente, eu lembrar "ah, era essa banda que todo mundo falava". Mas ir atrás mesmo...
É meio essa coisa "do contra", ou de ter o prazer da descoberta. Se muita gente já conhece, perde o apeal. Tenho certeza que isso acontece com muita gente.
Enfim, nesse sábado, depois de acordar meio enjoado depois de um dia de descobertas cervejísticas britânicas (agradecimentos ao André e ao Chaplin), e uma noite de jogatina com mais cerveja e vinho, continuei minhas férias acidentais num churrasco bacana. Pensei que iria parar por aí, mas acabei indo, sem muita convicção, com vários amigos ao bdz ver, exatamente, aquela banda de que ouvia falar já há alguns anos.
E não é que não só era tudo o que me falaram, como mais?! As músicas, a apresentação, o geist... fiquei fã!! É dessas bandas que ao vivo é tudo!
quinta-feira, agosto 17, 2006
Hass
segunda-feira, agosto 14, 2006
Música de agora e antes
Novas dicas musicais. Agora breves:
The Diableros. Banda hiper nova, de Toronto. O cd é You Can't Break The Strings in Our Olympic Hearts. Dá pra ouvir na home page deles. Som bem bacana, mas nada muito novo ou original...
Delmonas. Garage inglesa de meninas. Banda que, com os Milkshakes, faziam uma espécie de yin yang pós punk. Precursora das Headcoatees que, em conjunto com os Headcoates, operavam na mesma lógica de complementaridade de gênero. Afinidades, aliás, que passavam das jams musicais. São sons legais que Chaplin curte. Peguei aqui o Dangerous Charms, primeiro disco, com várias covers e adaptações interessantes de musiquinhas mais antigas. Parte do mundinho Billy Childish!
Slowdive. Também ingleses. Uma música mais mântrica (existe essa palavra?), mas bem gostoso de ouvir. Brit pop mais próximo de Lush e Blur (em alguns momentos). É aquele som de acender incenso e fazer yoga (ou sentar no sofá, acender um cigarro e beber um goró, it's up to you). A capinha aí do lado é de um cd duplo com músicas remasterizadas.
The Diableros. Banda hiper nova, de Toronto. O cd é You Can't Break The Strings in Our Olympic Hearts. Dá pra ouvir na home page deles. Som bem bacana, mas nada muito novo ou original...
Delmonas. Garage inglesa de meninas. Banda que, com os Milkshakes, faziam uma espécie de yin yang pós punk. Precursora das Headcoatees que, em conjunto com os Headcoates, operavam na mesma lógica de complementaridade de gênero. Afinidades, aliás, que passavam das jams musicais. São sons legais que Chaplin curte. Peguei aqui o Dangerous Charms, primeiro disco, com várias covers e adaptações interessantes de musiquinhas mais antigas. Parte do mundinho Billy Childish!
Slowdive. Também ingleses. Uma música mais mântrica (existe essa palavra?), mas bem gostoso de ouvir. Brit pop mais próximo de Lush e Blur (em alguns momentos). É aquele som de acender incenso e fazer yoga (ou sentar no sofá, acender um cigarro e beber um goró, it's up to you). A capinha aí do lado é de um cd duplo com músicas remasterizadas.
sábado, agosto 12, 2006
Brevíssimas
Fazia tempo que não pifava com bebida como aconteceu uns dias atrás... primeiro veio aquela empolgação meio suicida de beber mais e mais, "vai, uma tequila, um conhaque, um whiskey"... depois aquela filosofia bizarra de fala torta e um olho semi-fechado... depois me peguei lembrando do Grande Dragão Branco - "ok, USA!"... e depois foi só capotar no sofá!
E saiu que o Grass foi da SS. Só que tanta gente foi... se você tinha mais de 12 anos, no mínimo para o exército você era convocado. E como é incrível esse negócio de culpa da guerra... Os alemães que conheci que nasceram na época, não falam sobre isso. As gerações mais novas até falam, mas com uma vergonha que não creio que tenha equivalente entre os americanos com suas guerras, ou entre os brasileiros a respeito do Paraguay...
Só meu vô Ferdinand (Fernando na terra tupi), responsável pelos genes saxões da família, é que destoava. Segundo consta, ele ficava ouvindo a rádio Berlin escondido e vibrando com cada notícia de navio aliado que era afundado...
Por falar em Alemanha... Das ist Berlin, Berlin, die ewig junge Stadt. Das ist Berlin, Berlin, die meine Liebe hat!!
Im Oktober!
E saiu que o Grass foi da SS. Só que tanta gente foi... se você tinha mais de 12 anos, no mínimo para o exército você era convocado. E como é incrível esse negócio de culpa da guerra... Os alemães que conheci que nasceram na época, não falam sobre isso. As gerações mais novas até falam, mas com uma vergonha que não creio que tenha equivalente entre os americanos com suas guerras, ou entre os brasileiros a respeito do Paraguay...
Só meu vô Ferdinand (Fernando na terra tupi), responsável pelos genes saxões da família, é que destoava. Segundo consta, ele ficava ouvindo a rádio Berlin escondido e vibrando com cada notícia de navio aliado que era afundado...
Por falar em Alemanha... Das ist Berlin, Berlin, die ewig junge Stadt. Das ist Berlin, Berlin, die meine Liebe hat!!
Im Oktober!
terça-feira, agosto 08, 2006
Desonestidade
O gnt tem uns programas bacanas. A bem da verdade é que o canal é bom. Só que fica nessa neura de comprar documentário-cabeça e acaba enchendo um pouco o saco. Os mais irritantes são sobre comportamento humano ou sobre as diferenças entre homens e mulheres. Sempre que eu vejo um desses fico com a impressão que as respostas para o mistério da vida e do universo já foram encontradas e não resta mais nada a fazer.
Ultimamente, o que mais gosto é o Sem Controle mesmo. Sempre achei a idéia de escrachar consigo mesmo a melhor tática de defesa que alguém poderia ter. A crítica perde força, sabe? Aí ter um programa que esculacha com os outros é interessante. É por isso que Beavis and Butthead duraram tanto. O Madureira é um ogro engraçado. E o Dapieve, que no fundo é bonzinho, mas se sente obrigado a chutar o balde, faz comentários inteligentíssimos.
O fato é que a maior parte da programação é pseudo-cabeça. Muitos dos apresentadores não são exceção. Vários só fazem tipinho mesmo. Meio que no raciocínio "tem nicho para tudo". Aí, o que parece honestidade transforma-se em discursinho que se quer polêmico, ou original, ou alternativo, descolado, ou seja lá o que mais. Claro que isso não é exclusividade do gnt. Está cheio de gente desse tipo nos outros canais (no sportv outro dia vi uma dessas figurinhas de vanguarda cair do cavalo nessa de "eu falo o que penso e sou polêmica sim"). Mas no gnt é um pessoal teoricamente universitário, que frequenta os points bacanudos, que acha que está conectado a um submundo cool porque decadente, que escreve um romancezinho besta com uns toques existencialistas, outros toques non sense, uma traminha frouxa e alguma coisa de auto-biográfico, e se apresenta de comentarista que se quer filósofo. Impressionante como todo mundo é autor!
Slurpt. Opa, está escorrendo um veneninho aqui...
Bem, hoje estava zapeando e peguei no gnt um trecho de um daqueles programas que neguinho fica sentado na poltrona, posicionado obliquoamente para a câmera e fica falando sobre beleza, saúde, abobrinhas. Chegou uma hora e fizeram uma pergunta ao carinha da vez. Não sei quem é, mas tem cara de ser daqueles quase famosos. Quem sabe um dj, ou ator b, ou então um desses empresários jovens. Um desses carinhas que só quem é do ramo ou colunista social manja quem é - aliás, imagina que saco que é ser colunista? Tem que saber qual é a cara de todo mundo minimamente midiático! Aí depois coloca legenda na coluna "Beltrano, o Ciclano de malhação, agitando na boate Y". Enfim, a pergura era: se você pudesse ficar invisível, o que faria?
Logo pensei "ih, vai pagar pau". O cara também pensou lá e disse "ah, várias coisas".
Eu, comigo mesmo "bom, quem sabe ele não dá umas respostas criativas, ou no mínimo sinceras?"
Ele: "acho que iria no colégio da minha filha ver como é o dia dela".
Vai pra p q p! Pensou "vou fazer média e dar uma de sensível ou paizão do ano".
Mas tava na cara que o que ele realmente pensava era "iria ver aquela gostosa pelada". Ou então "iria roubar um banco".
Ultimamente, o que mais gosto é o Sem Controle mesmo. Sempre achei a idéia de escrachar consigo mesmo a melhor tática de defesa que alguém poderia ter. A crítica perde força, sabe? Aí ter um programa que esculacha com os outros é interessante. É por isso que Beavis and Butthead duraram tanto. O Madureira é um ogro engraçado. E o Dapieve, que no fundo é bonzinho, mas se sente obrigado a chutar o balde, faz comentários inteligentíssimos.
O fato é que a maior parte da programação é pseudo-cabeça. Muitos dos apresentadores não são exceção. Vários só fazem tipinho mesmo. Meio que no raciocínio "tem nicho para tudo". Aí, o que parece honestidade transforma-se em discursinho que se quer polêmico, ou original, ou alternativo, descolado, ou seja lá o que mais. Claro que isso não é exclusividade do gnt. Está cheio de gente desse tipo nos outros canais (no sportv outro dia vi uma dessas figurinhas de vanguarda cair do cavalo nessa de "eu falo o que penso e sou polêmica sim"). Mas no gnt é um pessoal teoricamente universitário, que frequenta os points bacanudos, que acha que está conectado a um submundo cool porque decadente, que escreve um romancezinho besta com uns toques existencialistas, outros toques non sense, uma traminha frouxa e alguma coisa de auto-biográfico, e se apresenta de comentarista que se quer filósofo. Impressionante como todo mundo é autor!
Slurpt. Opa, está escorrendo um veneninho aqui...
Bem, hoje estava zapeando e peguei no gnt um trecho de um daqueles programas que neguinho fica sentado na poltrona, posicionado obliquoamente para a câmera e fica falando sobre beleza, saúde, abobrinhas. Chegou uma hora e fizeram uma pergunta ao carinha da vez. Não sei quem é, mas tem cara de ser daqueles quase famosos. Quem sabe um dj, ou ator b, ou então um desses empresários jovens. Um desses carinhas que só quem é do ramo ou colunista social manja quem é - aliás, imagina que saco que é ser colunista? Tem que saber qual é a cara de todo mundo minimamente midiático! Aí depois coloca legenda na coluna "Beltrano, o Ciclano de malhação, agitando na boate Y". Enfim, a pergura era: se você pudesse ficar invisível, o que faria?
Logo pensei "ih, vai pagar pau". O cara também pensou lá e disse "ah, várias coisas".
Eu, comigo mesmo "bom, quem sabe ele não dá umas respostas criativas, ou no mínimo sinceras?"
Ele: "acho que iria no colégio da minha filha ver como é o dia dela".
Vai pra p q p! Pensou "vou fazer média e dar uma de sensível ou paizão do ano".
Mas tava na cara que o que ele realmente pensava era "iria ver aquela gostosa pelada". Ou então "iria roubar um banco".
terça-feira, agosto 01, 2006
Rex mundis
Eu gostei muito do primeiro Harry Potter. Na época a febre ainda não era tão horrenda. Ainda era livro de criança. Tanto que peguei emprestado da minha priminha, que na época morava em casa. Ela falou tanto do bendito que resolvi ler.
Mesmo antes de existir qualquer notícia sobre algum filme sobre o menino bruxo, já achava que era um personagem que beirava o plágio - não apenas visualmente. Uma mistura do que o Terry Pratchett e o Neil Gaiman já haviam criado, cada um à sua maneira, anos antes. Harry Potter é igualzinho ao Timothy Hunter! Se na Inglaterra for como nos EUA, eles ganhariam um processo contra a Rowling.
Enfim, de qualquer maneira eu gostei do livro. Achei que a Rowling fez bem a descrição de um mundo todo paralelo. Gostei da interação entre os personagens e fiquei até contente de ver uma trama interessante e ao mesmo tempo inocente.
Aí li o segundo e o terceiro. Já achei que a história ficou besta. Quase um soap opera de tanta linguiça. Era óbvio que o sucesso do primeiro levou a autora a diluir suas idéias e levar a trama em banho maria - o que, aliás, só iria piorar com a publicação dos outros livros e com o lançamento dos filmes. Depois veio o quarto, o quinto e o sexto. Mais por "agora quero saber como termina" do que qualquer outra coisa.
A bem da verdade é que, como outras coisas que me irritam profundamente (salários que não condizem com o que é feito, como acontece com jogadores de basquete americano, futebol...), uma historiazinha divertida perdeu todo o parâmetro no mercado literário. Não é exatamente sobre isso que quero falar, mas me deixa estarrecido o fato de autores medíocres tirarem espaço de pessoas com idéias muito melhores e técnica mais refinada. Sim, estou falando da senhora Potter, de Paulos Coelhos da vida. Não que isso seja exclusivo da literatura. Mas se há alguma coisa em que teoricamente alguém deveria sobressair pelo talento, é com a escrita.
No fundo tudo é oportunidade. Como exemplificam os urubus que vêm na traseira de um best-seller. Depois de Código da Vinci, vieram dezenas (sim, dezenas) de "decifrando o", "a verdade por trás do", "quebrando o", "invejando o"...
Mas comecei a divagar. Faço isso com facilidade. O fato é que comecei a escrever este post depois de ter visto uma notícia sobre o próximo e último livro do Harry Potter. A notícia dizia que John Irving e Stephen King pediram para que Rowling não matasse o protagonista de seus livros.
Foi aí que me dei conta do quanto as pessoas estão reféns da mulher mais rica da Inglaterra! Mesmo os outros escritores blockbusters. Sim, ela pode ferir milhões de coraçõeszinhos por aí se resolver que Harry Potter vai desta para melhor. A princípio o pedido parece muito besta. Besta seria também falar sobre ele. Algo como um sinal de como as questões públicas carecem de relevância, ou então sinal de como as pessoas estão cada vez mais dependentes de coisas supérfuas. Não há nada melhor para falar?
Mas há muito tempo cheguei à conclusão que a literatura não pode ser subestimada. Não acho que vale tudo. Ou melhor, acho que o vale tudo deve ser tomado com consciência. Depois não vai matar cantores cabeludos por aí e começarem a procurar relação com Salinger! E nem estou defendendo a sobrevivência do bruxinho! Só acho espantoso o quanto isso ficou importante.
E o que é mais intrigante (ou assustador): acho que a mulher não está nem aí. Para ela deve ser sinal que o sucesso absoluto foi alcançado e agora que ela pode mesmo fazer o que der na telha. Até pode dizer que vai matar o Potter porque se recusa a comprometer a história tal como ela deve ser e como foi imaginada (e a história pediria que ele fosse morto, como o personagem do último livro. Com o que, aliás, não concordo. Acho que ela matou o outro simplesmente porque queria seguir uma fórmula batida de "o mentor deve morrer para que o discípulo percorra seu próprio caminho". A bem da verdade é que não fez sentido nenhum ele ter morrido. Talvez ela tenha escrito nas coxas por causa de prazos. Ou talvez ela não seja realmente tão boa assim, não é?). Mas acho que ele morrerá (se morrer) simplesmente porque ela pode. Porque ela não precisa mais fazer isso. Não quer mais fazer isso.
Claro que eu poderia criticar o Lula, ou o Bush. A estes foram delegados poderes muito mais perigosos do que a influência de uma escritora medíocre (guardadas as devidas proporções). Mas, enfim, quem sabe se eles também pedirem, aí seria o sinal final de que o mundo está totalmente errado?
Mesmo antes de existir qualquer notícia sobre algum filme sobre o menino bruxo, já achava que era um personagem que beirava o plágio - não apenas visualmente. Uma mistura do que o Terry Pratchett e o Neil Gaiman já haviam criado, cada um à sua maneira, anos antes. Harry Potter é igualzinho ao Timothy Hunter! Se na Inglaterra for como nos EUA, eles ganhariam um processo contra a Rowling.
Enfim, de qualquer maneira eu gostei do livro. Achei que a Rowling fez bem a descrição de um mundo todo paralelo. Gostei da interação entre os personagens e fiquei até contente de ver uma trama interessante e ao mesmo tempo inocente.
Aí li o segundo e o terceiro. Já achei que a história ficou besta. Quase um soap opera de tanta linguiça. Era óbvio que o sucesso do primeiro levou a autora a diluir suas idéias e levar a trama em banho maria - o que, aliás, só iria piorar com a publicação dos outros livros e com o lançamento dos filmes. Depois veio o quarto, o quinto e o sexto. Mais por "agora quero saber como termina" do que qualquer outra coisa.
A bem da verdade é que, como outras coisas que me irritam profundamente (salários que não condizem com o que é feito, como acontece com jogadores de basquete americano, futebol...), uma historiazinha divertida perdeu todo o parâmetro no mercado literário. Não é exatamente sobre isso que quero falar, mas me deixa estarrecido o fato de autores medíocres tirarem espaço de pessoas com idéias muito melhores e técnica mais refinada. Sim, estou falando da senhora Potter, de Paulos Coelhos da vida. Não que isso seja exclusivo da literatura. Mas se há alguma coisa em que teoricamente alguém deveria sobressair pelo talento, é com a escrita.
No fundo tudo é oportunidade. Como exemplificam os urubus que vêm na traseira de um best-seller. Depois de Código da Vinci, vieram dezenas (sim, dezenas) de "decifrando o", "a verdade por trás do", "quebrando o", "invejando o"...
Mas comecei a divagar. Faço isso com facilidade. O fato é que comecei a escrever este post depois de ter visto uma notícia sobre o próximo e último livro do Harry Potter. A notícia dizia que John Irving e Stephen King pediram para que Rowling não matasse o protagonista de seus livros.
Foi aí que me dei conta do quanto as pessoas estão reféns da mulher mais rica da Inglaterra! Mesmo os outros escritores blockbusters. Sim, ela pode ferir milhões de coraçõeszinhos por aí se resolver que Harry Potter vai desta para melhor. A princípio o pedido parece muito besta. Besta seria também falar sobre ele. Algo como um sinal de como as questões públicas carecem de relevância, ou então sinal de como as pessoas estão cada vez mais dependentes de coisas supérfuas. Não há nada melhor para falar?
Mas há muito tempo cheguei à conclusão que a literatura não pode ser subestimada. Não acho que vale tudo. Ou melhor, acho que o vale tudo deve ser tomado com consciência. Depois não vai matar cantores cabeludos por aí e começarem a procurar relação com Salinger! E nem estou defendendo a sobrevivência do bruxinho! Só acho espantoso o quanto isso ficou importante.
E o que é mais intrigante (ou assustador): acho que a mulher não está nem aí. Para ela deve ser sinal que o sucesso absoluto foi alcançado e agora que ela pode mesmo fazer o que der na telha. Até pode dizer que vai matar o Potter porque se recusa a comprometer a história tal como ela deve ser e como foi imaginada (e a história pediria que ele fosse morto, como o personagem do último livro. Com o que, aliás, não concordo. Acho que ela matou o outro simplesmente porque queria seguir uma fórmula batida de "o mentor deve morrer para que o discípulo percorra seu próprio caminho". A bem da verdade é que não fez sentido nenhum ele ter morrido. Talvez ela tenha escrito nas coxas por causa de prazos. Ou talvez ela não seja realmente tão boa assim, não é?). Mas acho que ele morrerá (se morrer) simplesmente porque ela pode. Porque ela não precisa mais fazer isso. Não quer mais fazer isso.
Claro que eu poderia criticar o Lula, ou o Bush. A estes foram delegados poderes muito mais perigosos do que a influência de uma escritora medíocre (guardadas as devidas proporções). Mas, enfim, quem sabe se eles também pedirem, aí seria o sinal final de que o mundo está totalmente errado?
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