Mais um post desses vários que estão pululando por aí sobre "eu fui no Radiohead".
Mas nem vou falar muito sobre o que achei do show, me repetiria.
Ou não, vai saber. Eu não achei a experiência "transcendental" como muitos dizem, nem me impressionei tanto assim - na verdade gostei mais do - pouco - que vi do Kraftwerk (pouco porque a organização daquela josma era terrível! O acesso ao bairro, por uma via completamente em obras, e a facilidade de estacionar, nula, nos fizeram demorar mais para conseguir entrar na Chácara do Joquei do que o tempo de vir de Campinas! Entrei na metade do show dos saxões!).
Para uma banda que há mais de uma década alimenta expectativas de vir tocar nessas bandas, o impacto foi um pouco decepcionante (o que não quer dizer que tenha sido ruim, muito pelo contrário! Achei muito bonito! Mas fica minha ressalva face ao preço do ingresso e ao tempo de expectativa por um show dos caras).
Enfim, eu não ia falar muito do show.
Vi numa coluna por aí que dizia que o único ponto negativo da noite foi a saída, em que todo mundo se acotovelava em um funil humano, tendo que passar por um pedaço de lama (a bem da verdade que era uma pocinha. Exagera o colunista. Aliás, a mesma pocinha que tinha no Claro que é Rock). Isso porque o colunista obviamente deve ter ficado no final para escrever sua reportagem, tirar fotos, dormir, sei lá, ou então ter ido embora com a van da empresa que esperava na frente. Porque quem parou no terrão que era o estacionamento (cujo preço era uma entrada em um show! Isso deve ser ilegal, por sinal!) teve que improvisar uma nova balada, dentro do carro, esperando sua vez de sair. No caso, algo como 2 horas e 20 minutos!
Nessas horas que me dá vontade de ter um monster truck.
E na hora de sair, nem tinha mais gente da organização. Acho que desistiram, foram embora e deixaram os motoristas se digladiarem para sair por uma pinguelinha de barro!
Claro que na volta, pela Bandeirantes, já mais perto de amanhecer, fomos parados pela polícia.
Mas, enfim, essa é uma outra história.
segunda-feira, março 23, 2009
terça-feira, março 17, 2009
Paradoxos da vida moderna, ou beber sozinho não quer dizer desacompanhado
Lá pelos primórdios do orkut, fiquei fazendo parte de uma comunidade de / para insones. Naquela época (quando isso? 2004, 2005? Já não lembro. Preciso entrar numa comunidade de esclerosados...) sofria bastante com o problema. Ainda tenho minhas noites ingratas, mas a coisa melhorou bastante (tenho certeza que o sono vinha proporcionalmente com o prazo da dissertação; quero só ver como vai ser com a tese...). Tanto que saí da comunidade, que ficou um pouco pesada para mim depois de um tempo. Ficar com gente com a mesma aflição não ajuda de fato, ainda que sirva para dar certa perspectiva (é por isso que nunca entrarei em qualquer sociedade de auto-ajuda).
Como tem gente fodida nesse mundo.
Enfim, nessa época, fiz umas amizades com umas figuras interessantes. Um casal virá a propósito deste post. Um casal bastante insólito também. Basta dizer que ela era um amor de pessoa, trabalhava em um hospital psiquiátrico voluntariamente, mas tinha algum problema com bebida (além da supracitada insônia); ele era também muito engraçado, mas briguento, rabugento e neo-nazista convicto (e, claro, insone). Além disso, sofria de algo mais sério que não conseguir dormir: tinha um aneurisma cerebral que deveria ser eventualmente operado, fato que os levou para a Alemanha posteriormente.
Todo esse preâmbulo para contar que ela era minha parceira de bebedeira virtual - ainda que real. Se é que você me entende.
Hoje que me caiu a ficha que este era um tipo de sociabilidade totalmente pós-moderno (na minha nova acepção do termo). Impessoal, mas extremamente íntimo - porque prescinde das inibições da realidade. E para o qual eu não estava nem um pouco ciente ou preparado (estamos alguma vez?). Além de completamente inconcebível para quem acredita que a possibilidade de se inventar é sinônimo de mentira ou engano (afinal, quem disse que as informações tomadas "cara a cara" mostram qualquer coisa de essencial sobre o outro?)
Ao longo de alguns meses, consumimos algumas garrafas de vodka (ou whiskey) online, até eu perceber que isso não ajudava com a insônia e que no fundo era algo bastante triste, ainda que divertido. Ou seja, repleto das contradições da vida urbana atual que estão sendo apenas descobertas e mapeadas pelos nossos filósofos e literatos de plantão. Antes tarde do que nunca, claro...
Mas havia algo de muito atraente e sedutor na idéia da ebriedade (existe isso?) à distância. É como se não fosse necessário etnografar os buracos sujos da cidade para suprir a dose de boemia e decadência, que tanto são valorizadas no lixo neo-qualquer coisa na literatura alternativa de hoje. Ainda que, devo confessar, uma coisa não substitui a outra - ainda que principal diferença seja apenas em grau. Mas chega surpreendentemente perto. Pelo menos em termos de descobrimento e iluminação pessoais.
Depois de Geertz, qualquer antropólogo que se preze aprendeu a desconfiar do poder e autoridade do testemunho e da necessidade de "sujar as mãos" para obter algo "verdadeiro".
Enfim, fiquei um algum tempo depois disso ainda escrevendo recados bêbados para uma outra amiga minha - e vice-versa. Quando voltava de alguma balada, ou quando jogava pôker na internet com um cachimbo e um copo de whisky do lado e nem via mais os naipes direito, indo dormir quando o sol raiava. Mas hoje em dia, a única coisa que eu consigo fazer quando volto de uma balada é me encolher em uma bola e dormir...
Epa! E eis que descobro a solução para a insônia! Será algo da idade?
Como tem gente fodida nesse mundo.
Enfim, nessa época, fiz umas amizades com umas figuras interessantes. Um casal virá a propósito deste post. Um casal bastante insólito também. Basta dizer que ela era um amor de pessoa, trabalhava em um hospital psiquiátrico voluntariamente, mas tinha algum problema com bebida (além da supracitada insônia); ele era também muito engraçado, mas briguento, rabugento e neo-nazista convicto (e, claro, insone). Além disso, sofria de algo mais sério que não conseguir dormir: tinha um aneurisma cerebral que deveria ser eventualmente operado, fato que os levou para a Alemanha posteriormente.
Todo esse preâmbulo para contar que ela era minha parceira de bebedeira virtual - ainda que real. Se é que você me entende.
Hoje que me caiu a ficha que este era um tipo de sociabilidade totalmente pós-moderno (na minha nova acepção do termo). Impessoal, mas extremamente íntimo - porque prescinde das inibições da realidade. E para o qual eu não estava nem um pouco ciente ou preparado (estamos alguma vez?). Além de completamente inconcebível para quem acredita que a possibilidade de se inventar é sinônimo de mentira ou engano (afinal, quem disse que as informações tomadas "cara a cara" mostram qualquer coisa de essencial sobre o outro?)
Ao longo de alguns meses, consumimos algumas garrafas de vodka (ou whiskey) online, até eu perceber que isso não ajudava com a insônia e que no fundo era algo bastante triste, ainda que divertido. Ou seja, repleto das contradições da vida urbana atual que estão sendo apenas descobertas e mapeadas pelos nossos filósofos e literatos de plantão. Antes tarde do que nunca, claro...
Mas havia algo de muito atraente e sedutor na idéia da ebriedade (existe isso?) à distância. É como se não fosse necessário etnografar os buracos sujos da cidade para suprir a dose de boemia e decadência, que tanto são valorizadas
Depois de Geertz, qualquer antropólogo que se preze aprendeu a desconfiar do poder e autoridade do testemunho e da necessidade de "sujar as mãos" para obter algo "verdadeiro".
Enfim, fiquei um algum tempo depois disso ainda escrevendo recados bêbados para uma outra amiga minha - e vice-versa. Quando voltava de alguma balada, ou quando jogava pôker na internet com um cachimbo e um copo de whisky do lado e nem via mais os naipes direito, indo dormir quando o sol raiava. Mas hoje em dia, a única coisa que eu consigo fazer quando volto de uma balada é me encolher em uma bola e dormir...
Epa! E eis que descobro a solução para a insônia! Será algo da idade?
quinta-feira, março 05, 2009
Conversas à borda da piscina
-"Seu Luiz, o que que é mentira mesmo?"
-"Café da manhã é mentira!"
-"E chá?"
-"Também é mentira. E sabe o que mais é mentira?"
-"O quê?"
-"0800. Mentira das grandes. Acupuntura também é mentira. E homeopatia também. Tudo mentira!"
-"Acupuntura funciona, Seu Luiz!"
-"A vá. Vai me dizer que você também acredita em quem vai numa loja e diz pro vendedor 'vou pensar um pouquinho e volto depois'?"
-"Café da manhã é mentira!"
-"E chá?"
-"Também é mentira. E sabe o que mais é mentira?"
-"O quê?"
-"0800. Mentira das grandes. Acupuntura também é mentira. E homeopatia também. Tudo mentira!"
-"Acupuntura funciona, Seu Luiz!"
-"A vá. Vai me dizer que você também acredita em quem vai numa loja e diz pro vendedor 'vou pensar um pouquinho e volto depois'?"
domingo, março 01, 2009
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