sexta-feira, julho 27, 2007

Diky

Assistiu Bicicletas de Belleville? Pois é, filme bonitinho, não? Você se lembra da casa onde Bruno - o cão - latia para todo metrô que passava do lado, sacudindo tudo? É mais ou menos o muquifo que ficamos na primeira noite em Praga.
Vou te contar, é esquisito ir pra um lugar em que você mal sabe falar obrigado. Menos mal que achei que tcheco tinha umas palavras parecidas com alemão e com russo (não tivemos a mesma sorte em Budapest). Então foi uma aventurinha ter chegado meia-noite numa rodiviária escura, com uma chuvinha chata, sem conhecer bulhufas da cidade, da língua, e não ter nem idéia de onde ficar. Todos muito cansados e sem nem ter um mapa básico de onde estávamos (depois descobri, aliás, que mulher realmente não tem gps cerebral). A idéia inicial de encontrar uma balada e ficar de pé até o dia seguinte foi colocada de lado depois de um dia no calor de mais de 40 graus e uma viagem de sete horas.
Saímos andando e entramos no primeiro hostal que encontramos. Sem muitas forças pra procurar o lugar que a Ju me indicou. E era barato. Talvez barato demais. Saberíamos o porquê depois.
A mulher na recepção, uma loira grande de meia-idade que fumava um cigarro muito fedido e lia, entediada, uma revista amassada, sob fracas luzes avermelhadas - sim, parecia cena de um filme alternativo - não falava nem uma só palavra de inglês. Acertamos as coisas usando a linguagem universal do apontar e gesticular. Mas ela se derretou ao saber que éramos brasileiros e depois de eu ter usado a única palavra tcheca que sabia então (ao assistir Friends em tcheco no busão) - Diky. Algo como "ok". Mas foi o suficiente pra arrancar um sorriso e um bom atendimento. As pessoas são muito mais prestativas se você mostra que sabe pelo menos alguma coisa de seu idioma.
Tínhamos, felizmente, um quarto só pra gente. Mas era o esquema banheiro coletivo, bitucas de cigarro largadas pelo carpete do corredor e tanto mofo que fiquei com medo de pegar alguma coisa. Dava coceira só de deitar na cama. Vigilância sanitária deve passar longe do lugar. Mas o pior foi descobrir (depois de pagar) que o metrô passa do lado, ensurdecedor, chacoalhando até pensamento.
Em compensação, no dia seguinte conseguimos um lindo hotel, no maravilhoso centro velho de Praga, com janelas amplas, pé-direito alto, tudo bonitinho, com café da manhã gostoso e jacuzi no banheiro, apenas um pouco mais caro! Para uma cidade turística achei tudo muito barato. Comparando com Londres então... Cervas muito boas e muito baratas - mesmo pra turista! Comida, bugigangas...
Tomamos as famosas brejas tchecas e me arrisquei até a comer um prato típico - um tijolo no estômago, mas muito bom! Uma mistureba de coisas de porco, pato, repolho e batata, com num nome quilométrico cheio de consoantes.
Faltou apenas uma semana a mais pra conhecer tudo o que precisava...

4 comentários:

Meme-Mariana disse...

Sem prejuízo de minha amizade com ambos, gostaria de dizer que, se a referida mulher sem gps cerebral é a mesma que se perdeu comigo no metrô de paris em 1o. de janeiro corrente as 5h45 da manhã, então ela não é um bom exemplo para uma generalização deste tipo. Confesso, porém, que perder-se com ela é a coisa mais divertida do mundo depois que os caminhos são de fato encontrados...Bjs M.

Anônimo disse...

Pois é, Chris. Como vc dá uma deslizada dessas??? "mulher"??? Pôxa vida... vou ter q ir praí pra te provar o contrário?? rs...
Bjs com saudades.
Dani M

Anônimo disse...

hehe desculpas pela generalização... mas que essas conclusões foram inspiradas por observação empírica, isso foram...

J. disse...

Ah, que saudade! Qdo cheguei em Praga, tb peguei uma chuva mais pós neve e vento gelado. E tb era noite adentro. Mas reservamos o hostel antes, então sabíamos qual bumba pegar e onde descer. Mesmo assim, medo de descer em quebrada! Eu tb comi esse rango doido que vc comeu!! Êêêê!! Q saudade da cidade conto de fadas!