segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Documentando diálogos

Foi o Oscar, aquela forçação que adoro assistir, o supra-sumo do excesso e pieguice que, misteriosamente, tem seu charme.
Este ano estou devendo em matéria de cinema. Vi Michael Clayton, que gostei muito, vi o filme da Piaf, que também adorei, e vi o novo Elizabeth, que achei um lixo. Mas acho que foi só. Então não posso realmente emitir um juízo.
Entretanto fiquei com vontade (bem, mais vontade) de ver alguns dos filmes. Em especial Juno, No country for old men, e There will be blood. Daí escrevo algo mais, post dedicado a amiga-xará.
Mas comecei falando do Oscar por outro motivo. Percebi que o prêmio de melhor documentário não foi pro Michael Moore com o filme sobre a saúde pública.
Há tempos que eu não acho que o cara seja documentarista. Na verdade eu não sei se existe a possibilidade de um documentário, se o pensarmos pelos princípios normalmente esperados para um - haja visto as objeções que vêm sendo levantadas em relação a Moore: tendencioso e partidário. A definição do anti-documentário.
Enfim, se é documentário ou propaganda para mim não importa muito. O problema é que a relevância dos filmes de Moore gira em torno exatamente deste ponto. Exemplo de denúncia esclarecida ou lixo partidário?
Agora veio um novo documentário, Manufacturing Dissent, que "mostra" como Moore manipula informações e imagens - ainda que terríveis por si só - para alcançar efeitos bem pouco próximos da realidade, seja o que for isso. Eu acredito que qualquer narrativa construída, editada, é ficção em um grau ou outro. Mas há má intencionalidade e má intencionalidade.
A grande questão - e acho que isso tem muito em comum com o atual governo no poder - é que alguém pode falar que este novo autruísmo delatista é, por sua vez, partidário e interessado. No caso, o império contra-ataca (veja a popularidade que o Mainardi têm conseguido). E pronto, já não se sabe quem fala a verdade - se é que ela existe, ou quem é pior do que quem. E você fica com a impressão de que é manipulado de um lado e de outro por políticos-publicitários da maior competência (e todos os melhores publicitários devem ter ido mesmo para a política, porque propaganda na tv é simplesmente terrível). Mesmo considerando que o documentarista não tem uma agenda e tente ser imparcial.
Um dos piores problemas dos tropeços da pretensa "esquerda" é dar munição para o inimigo. Depois, claro, da decepção em si.

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