Pronto. Assisti Tropa de Elite. Desde "across the pond" que eu ouço falar desse filme, e das expressões que dele surgiram e tornaram-se cotidianas (até onde, eu não sei ao certo. Não as ouvi na rua ainda. Não sei se isso quer dizer que exageraram ou se vivo numa bolha elitista). Os pedreiros que azucrinam meu dia, na construção atrás de casa, cantam a maldita musiquinha funk quase todo dia - quando é possível ouvir algo, com todas as marteladas e serra-serra ininterruptas.
E não sei. Já ouvi falar coisas bem diferentes a respeito do longa. Desde "fascista" até "ótima crítica social". Um ponto a favor, para mim, em relação a Cronicamente Inviável, outro chute no saco da classe média que me veio à cabeça: não é nauseante. O tapa de pelica é feito com competência (e talvez maquiavelice), não tanto pelo choque (ainda que o assunto cause isso). Quando você menos vê está torcendo para o tal capitão Nascimento e vendo nos alunos da puc tudo aquilo que abomina nos seus colegas de faculdade.
O filme é construído assim e acredito que o efeito é intencional. Mas não acho que isso seja para tornar os policiais heróis. Acho que é para fazer o espectador se olhar no espelho e fazer o mea culpa e repensar cada prazer efêmero que vem descendo goela abaixo como uma pedra, quando o inferno passa invisível ao lado (e são nos entrecruzamentos deste inferno com nossas trajetórias que ele se torna evidente e passamos mal com nosso egoísmo, natural e teoricamente inocente, mas na realidade carregado de remorso ou ódio. Por isso a tática de enfiar a cabeça no chão). No fundo o que se diz é que a boa intenção não é bem-vinda, ela é hipócrita e os grupos sociais estão cada vez mais e absolutamente incomunicáveis. Nunca nascer em um grupo tornou as pessoas tão maniqueístas e tão à mercê do que elas são permitidas falar e agir.
Acho ainda que o filme tem algo que tenho percebido surgir como um tema atual: resignação. Não derrotismo propriamente. Mas uma denúncia que não tem a pretensão de fornecer uma resposta - quanto menos uma resposta banal, que existe às pencas por aí. E penso que sou mais isso do que comprar diagnósticos canhestros.
Chego então no outro filme que vi. No country for old men. Fui ver o filme esperando alegorias metafísicas (ou no mínimo morais) como, mais claramente, em Barton Fink (até hoje ainda tenho variadas interpretações do simbolismo exibido). Mas ao terminar de assistir fiquei com a impressão de que a maldade é gratuita e não há poesia ou qualquer possibilidade de real dramaturgia em torno do mal. O filme é uma sucessão de anti-climaxes desconcertante. Por quê temos que pensar que deve haver um desfecho previsível? Agora, não sei se é um alerta social ou simplesmente uma crítica à estrutura cinematográfica atual. Arrisco dizer que é mais a segunda opção, utilizando como meio, a primeira.
As pessoas saíam da sala desconfortadas com o inusitado enredo. Indignadas quase. O que há para entender afinal? Qual a lição moral?
Nesse sentido talvez os personagens tenham sido de fato arquétipos de algo. Expressões de confrontos que transpassam o cultural. E, talvez contradizendo o que disse anteriormente, tenham algo de grego. Mas é o herói sem redenção, o mal desglorificado e não punido, o bem despropositado - o oposto do esperado. Os elementos estão lá, mas dispostos e utilizados de uma maneira completamente diferente.
Eu ainda tenho que pensar um pouco sobre o filme para falar mais. Esta é uma primeira impressão. Sei que a Dani quer escrever sobre ele também. Esperarei, pois, querida Cris.
Para terminar a semana cultural, ontem fui para São Paulo assistir uma peça da Ana Carolina, amiga da Dani, que escreveu e atua em um ótimo monólogo. O texto é muito bom, inspirado numa conversa entre as duas (e a trilha inspirada no meu amigo An2), e a performance também excelente.
A história é uma tragédia baseada no estupro de uma menina de classe média, "socialmente esclarecida", e que no fundo é uma caricatura risível de todas as pessoas que têm boas intenções mas que também têm o amparo das instituições e do berço - para qualquer imprevisto, sabe como é.
Achei interessante assistir a peça porque entendi que ela também trata de uma tragédia social desesperadora, porque aparentemente sem solução - para lembrar de outro filme nauseabundo - irreversível. Devo lembrar que tais barbaridades aconteceram na unicamp e na pucc recentemente? E que um número alarmante de pessoas "esclarecidas" acham que a culpa é da mulher, "lasciva"?
No entanto, o buraco é ainda mais embaixo, porque não se trata de um roteiro do holocausto anunciado. Se a denúncia é social, as causas já se tornaram de tal maneira esticadas e espanadas (então insolúveis e irremediáveis), que o prognóstico é dos mais funestos. O mal é súbito, estúpido, não tem anúncio e não permite redenção - "você não sai mais forte no final" seria a coisa mais próxima de uma moral nabukoviana aqui em questão. As coisas acontecem e pronto.
Cena: esperava, na frente do teatro, no centro de São Paulo, praça Roosevelt, falando ao celular com uma amiga. Chega um menino de rua, pedindo dinheiro aos estudantes que tomavam cerveja na calçada. O dono do bar, que funcionava junto ao teatro, afugenta o garoto, instigando-o a "ir cheirar cola ou fumar crack em outro lugar, seu vagabundo". O garoto rebate dizendo que ele não é disso, que têm "consciência e é trabalhador". Ânimos se exaltam e ameaças de pancadas vêm dos dois lados. Enfim o menino ameaça "nóis é do comando e vou vir passar bala em tudo aqui". O pessoal do deixa disso tenta fazer o dono do bar perceber que não vale a pena provocar o guri. Mas fiquei com a impressão de que era menos pela grosseria e pelo preconceito terrível do rapaz, com toda a pinta de estudante de humanas de alguma faculdade paulistana (no bar eram vendidos "livros-cabeça"; comprei a autobiografia do Jean Genet e um livro do Henry Miller enquanto esperava), do que pela real possibilidade do menino voltar com reforços armados e cumprir a promessa.
sexta-feira, fevereiro 29, 2008
segunda-feira, fevereiro 25, 2008
Documentando diálogos
Foi o Oscar, aquela forçação que adoro assistir, o supra-sumo do excesso e pieguice que, misteriosamente, tem seu charme.
Este ano estou devendo em matéria de cinema. Vi Michael Clayton, que gostei muito, vi o filme da Piaf, que também adorei, e vi o novo Elizabeth, que achei um lixo. Mas acho que foi só. Então não posso realmente emitir um juízo.
Entretanto fiquei com vontade (bem, mais vontade) de ver alguns dos filmes. Em especial Juno, No country for old men, e There will be blood. Daí escrevo algo mais, post dedicado a amiga-xará.
Mas comecei falando do Oscar por outro motivo. Percebi que o prêmio de melhor documentário não foi pro Michael Moore com o filme sobre a saúde pública.
Há tempos que eu não acho que o cara seja documentarista. Na verdade eu não sei se existe a possibilidade de um documentário, se o pensarmos pelos princípios normalmente esperados para um - haja visto as objeções que vêm sendo levantadas em relação a Moore: tendencioso e partidário. A definição do anti-documentário.
Enfim, se é documentário ou propaganda para mim não importa muito. O problema é que a relevância dos filmes de Moore gira em torno exatamente deste ponto. Exemplo de denúncia esclarecida ou lixo partidário?
Agora veio um novo documentário, Manufacturing Dissent, que "mostra" como Moore manipula informações e imagens - ainda que terríveis por si só - para alcançar efeitos bem pouco próximos da realidade, seja o que for isso. Eu acredito que qualquer narrativa construída, editada, é ficção em um grau ou outro. Mas há má intencionalidade e má intencionalidade.
A grande questão - e acho que isso tem muito em comum com o atual governo no poder - é que alguém pode falar que este novo autruísmo delatista é, por sua vez, partidário e interessado. No caso, o império contra-ataca (veja a popularidade que o Mainardi têm conseguido). E pronto, já não se sabe quem fala a verdade - se é que ela existe, ou quem é pior do que quem. E você fica com a impressão de que é manipulado de um lado e de outro por políticos-publicitários da maior competência (e todos os melhores publicitários devem ter ido mesmo para a política, porque propaganda na tv é simplesmente terrível). Mesmo considerando que o documentarista não tem uma agenda e tente ser imparcial.
Um dos piores problemas dos tropeços da pretensa "esquerda" é dar munição para o inimigo. Depois, claro, da decepção em si.
Este ano estou devendo em matéria de cinema. Vi Michael Clayton, que gostei muito, vi o filme da Piaf, que também adorei, e vi o novo Elizabeth, que achei um lixo. Mas acho que foi só. Então não posso realmente emitir um juízo.
Entretanto fiquei com vontade (bem, mais vontade) de ver alguns dos filmes. Em especial Juno, No country for old men, e There will be blood. Daí escrevo algo mais, post dedicado a amiga-xará.
Mas comecei falando do Oscar por outro motivo. Percebi que o prêmio de melhor documentário não foi pro Michael Moore com o filme sobre a saúde pública.
Há tempos que eu não acho que o cara seja documentarista. Na verdade eu não sei se existe a possibilidade de um documentário, se o pensarmos pelos princípios normalmente esperados para um - haja visto as objeções que vêm sendo levantadas em relação a Moore: tendencioso e partidário. A definição do anti-documentário.
Enfim, se é documentário ou propaganda para mim não importa muito. O problema é que a relevância dos filmes de Moore gira em torno exatamente deste ponto. Exemplo de denúncia esclarecida ou lixo partidário?
Agora veio um novo documentário, Manufacturing Dissent, que "mostra" como Moore manipula informações e imagens - ainda que terríveis por si só - para alcançar efeitos bem pouco próximos da realidade, seja o que for isso. Eu acredito que qualquer narrativa construída, editada, é ficção em um grau ou outro. Mas há má intencionalidade e má intencionalidade.
A grande questão - e acho que isso tem muito em comum com o atual governo no poder - é que alguém pode falar que este novo autruísmo delatista é, por sua vez, partidário e interessado. No caso, o império contra-ataca (veja a popularidade que o Mainardi têm conseguido). E pronto, já não se sabe quem fala a verdade - se é que ela existe, ou quem é pior do que quem. E você fica com a impressão de que é manipulado de um lado e de outro por políticos-publicitários da maior competência (e todos os melhores publicitários devem ter ido mesmo para a política, porque propaganda na tv é simplesmente terrível). Mesmo considerando que o documentarista não tem uma agenda e tente ser imparcial.
Um dos piores problemas dos tropeços da pretensa "esquerda" é dar munição para o inimigo. Depois, claro, da decepção em si.
sexta-feira, fevereiro 22, 2008
Curriculum Vitae
Um dos seriados que mais gosto de assistir é House.
TV, nos últimos anos, nos EUA e aqui (no caso específico das sitcoms e dos programas importados), perdeu um pouco do estigma midiático de uma década atrás - quando em comparação com o cinema. Não sei se isso começou com Seinfeld, ou Friends, ou algum outro programa, mas notou-se que existia qualidade na telinha. E mais, os seriados ficaram mais valorizados e os atores passaram a ganhar mais, assim como os famigerados roteiristas e demais apêndices do ramo. Emmy ganhou glamour. Bafta ganhou espaço. Screen actors guild reapareceu. Hoje não trabalham na tv apenas os novos rostos. Gente consagrada na película migrou - e não apenas os atores em fim de carreira.
Se ainda não chegou no nível hollywoodiano de prestígio (que diminui exponencialmente, devo acrescentar; junto com a música americana, para mim moribunda), pelo menos trabalhar em seriado é, hoje, uma boa opção de trabalho entre os profissionais da classe.
E Hugh Laurie é um dos melhores atores que apareceram na tela em muito tempo. Acho que poucos conseguiriam tornar seu personagem simpático. Sua atuação é simplesmente deliciosa de assistir.
Enfim, não é exatamente sobre isso que quero falar. Lembrei de House porque esta quarta temporada, para mim não tão boa quanto as outras mas ainda sim excepcional, adicionou uma fórmula cada vez mais difundida que, acho, merece uma certa preocupação. E não pelos motivos banais sempre assinalados pelos cabeças de plantão - "o nível da televisão está horrível". Se isto é verdade, também não é novidade. Me refiro às eliminatórias voyeurísticas em voga.
Para quem não acompanha o programa (e, sério, faça algo a respeito), um rápido resumo:
House, diagnosticista brilhante mas com sérios problemas de relacionamento com o próximo, perdeu toda sua equipe-saco-de-pancada no final da terceira temporada. Agora ele quer contratar três novos pupilos, selecionando-os de um grupo de algumas dezenas de médicos candidatos. A cada episódio (mais ou menos), o sádico processo seletivo prossegue, ao mesmo tempo em que os casos enigmáticos vão acontecendo como de praxe.
Antes de House, que passa às 23:00, vi Hell's Kitchen, o programa do chef-belzebu Gordon Ramsay, em sua terceira temporada. Antes do Hell's Kitchen, vi American Idol, sétima temporada. Nos intervalos ia vendo Big Brother, dia do paredão.
E por aí vai. Deu pra sacar o drama, não?
Agora, neste momento cósmico da atual conjuntura socio-econômica-cultural-política da humanidade, perdida em uma insanidade avaliatória porque, enfim, não há espaço para todos; em que temos um vestibular no final do colegial, depois mestrado, doutorado, pós-doutorado (ou residência, exame da ordem, rachão...) etc; para então tentar concurso público, envio de curriculum, entrevistas, dinâmica de grupo, correr atrás de migalhas significativas, ou simplesmente fazer uma macumba braba para os que lá já estão se aposentem (ou pior); e em que a diminuta diferença que decide uma contratação pode ser porque ciclano faz uma torta de frango melhor que fulano, e em que colegas escondem os livros do exame com propósitos sabotadores... bem, neste momento dog-eat-dog, parece loucura que, nos momentos de lazer, as pessoas queiram ver este tipo de sofrimento, como que para esquecer que nós mesmos temos de enfrentar os ritos e lembrar que há outros igualmente fodidos (e que se sujeitam ao escrutínio público televisionado). Claro, mesmo os reality shows não passam de ficção (ao menos para quem assiste). Mas eu acho que o fenômeno é significativo; e é cruel ter que se deparar com a esquizofrenia da competição diariamente. Mesmo no sofá de sua casa.
É a celebração da provação pela humilhação em que desesperados se sujeitam, voluntariamente, em arena e em meio aos leões.
Vinte anos atrás - agora há pouco em termos evolutivos - meus professores eram contratados, pelas instituições de ponta, ainda na graduação! Como mudou tudo tão rápido? Terá o mundo lotação? Como um elevador? "Capacidade máxima: x bilhões ou y toneladas"?
Quem quer entrar numa joint venture comigo para lançar a idéia de um departamento de antropologia em Marte?
TV, nos últimos anos, nos EUA e aqui (no caso específico das sitcoms e dos programas importados), perdeu um pouco do estigma midiático de uma década atrás - quando em comparação com o cinema. Não sei se isso começou com Seinfeld, ou Friends, ou algum outro programa, mas notou-se que existia qualidade na telinha. E mais, os seriados ficaram mais valorizados e os atores passaram a ganhar mais, assim como os famigerados roteiristas e demais apêndices do ramo. Emmy ganhou glamour. Bafta ganhou espaço. Screen actors guild reapareceu. Hoje não trabalham na tv apenas os novos rostos. Gente consagrada na película migrou - e não apenas os atores em fim de carreira.
Se ainda não chegou no nível hollywoodiano de prestígio (que diminui exponencialmente, devo acrescentar; junto com a música americana, para mim moribunda), pelo menos trabalhar em seriado é, hoje, uma boa opção de trabalho entre os profissionais da classe.
E Hugh Laurie é um dos melhores atores que apareceram na tela em muito tempo. Acho que poucos conseguiriam tornar seu personagem simpático. Sua atuação é simplesmente deliciosa de assistir.
Enfim, não é exatamente sobre isso que quero falar. Lembrei de House porque esta quarta temporada, para mim não tão boa quanto as outras mas ainda sim excepcional, adicionou uma fórmula cada vez mais difundida que, acho, merece uma certa preocupação. E não pelos motivos banais sempre assinalados pelos cabeças de plantão - "o nível da televisão está horrível". Se isto é verdade, também não é novidade. Me refiro às eliminatórias voyeurísticas em voga.
Para quem não acompanha o programa (e, sério, faça algo a respeito), um rápido resumo:
House, diagnosticista brilhante mas com sérios problemas de relacionamento com o próximo, perdeu toda sua equipe-saco-de-pancada no final da terceira temporada. Agora ele quer contratar três novos pupilos, selecionando-os de um grupo de algumas dezenas de médicos candidatos. A cada episódio (mais ou menos), o sádico processo seletivo prossegue, ao mesmo tempo em que os casos enigmáticos vão acontecendo como de praxe.
Antes de House, que passa às 23:00, vi Hell's Kitchen, o programa do chef-belzebu Gordon Ramsay, em sua terceira temporada. Antes do Hell's Kitchen, vi American Idol, sétima temporada. Nos intervalos ia vendo Big Brother, dia do paredão.
E por aí vai. Deu pra sacar o drama, não?
Agora, neste momento cósmico da atual conjuntura socio-econômica-cultural-política da humanidade, perdida em uma insanidade avaliatória porque, enfim, não há espaço para todos; em que temos um vestibular no final do colegial, depois mestrado, doutorado, pós-doutorado (ou residência, exame da ordem, rachão...) etc; para então tentar concurso público, envio de curriculum, entrevistas, dinâmica de grupo, correr atrás de migalhas significativas, ou simplesmente fazer uma macumba braba para os que lá já estão se aposentem (ou pior); e em que a diminuta diferença que decide uma contratação pode ser porque ciclano faz uma torta de frango melhor que fulano, e em que colegas escondem os livros do exame com propósitos sabotadores... bem, neste momento dog-eat-dog, parece loucura que, nos momentos de lazer, as pessoas queiram ver este tipo de sofrimento, como que para esquecer que nós mesmos temos de enfrentar os ritos e lembrar que há outros igualmente fodidos (e que se sujeitam ao escrutínio público televisionado). Claro, mesmo os reality shows não passam de ficção (ao menos para quem assiste). Mas eu acho que o fenômeno é significativo; e é cruel ter que se deparar com a esquizofrenia da competição diariamente. Mesmo no sofá de sua casa.
É a celebração da provação pela humilhação em que desesperados se sujeitam, voluntariamente, em arena e em meio aos leões.
Vinte anos atrás - agora há pouco em termos evolutivos - meus professores eram contratados, pelas instituições de ponta, ainda na graduação! Como mudou tudo tão rápido? Terá o mundo lotação? Como um elevador? "Capacidade máxima: x bilhões ou y toneladas"?
Quem quer entrar numa joint venture comigo para lançar a idéia de um departamento de antropologia em Marte?
terça-feira, fevereiro 12, 2008
domingo, fevereiro 10, 2008
Temptation
Escrevi um post falando sobre minha quase ida ao "lado negro" profissional, ou o que os malucos que continuam na faculdade depois da graduação chamam, pejorativamente, de "mundo real".
Mas apaguei. O post, digo.
Afinal de contas quanta gente não trabalha em algo que não gosta, mas precisa? Fiquei com a impressão de que dava lição de moral - uma moral que nem levo tanto a sério (nada contra os idealistas. Eu sou um. Ainda que só na mesa do bar). Algo como "fui tentado, mas resolvi ser altaneiro e acreditar no sacrifício em prol da satisfação da alma".
Mas talvez eu simplesmente me recuse a dar o braço a torcer por motivos não muito nobres ou autruístas. Comodidade. Preguiça. Incompetência. Escolha seu veneno. Meus princípios vigoram até o preço certo, o que me faz concluir que eles não são tão fortes assim.
Pensei até em mergulhar de cabeça nesta quase ocupação como uma espécie de experimento antropológico. Entrar na subcultura do "império do mal". Mas chego à conclusão de que não vale a pena. Não agora.
A bem da verdade é que aprendi a pensar e agir de uma maneira, na última década, que não me permite entrever nenhum futuro alternativo de uma certa trajetória esperada. Ai de mim se resolver que não é isso que vou fazer na vida! O pensamento é assustador.
Entretanto, algo de bom surgiu disso tudo. Sei com mais clareza o que não consigo fazer. E fico mais disposto a seguir o que penso gostar. Mesmo que isso possa significar uma vida semi-monástica. Quer dizer, até o dízimo certo.
Mas apaguei. O post, digo.
Afinal de contas quanta gente não trabalha em algo que não gosta, mas precisa? Fiquei com a impressão de que dava lição de moral - uma moral que nem levo tanto a sério (nada contra os idealistas. Eu sou um. Ainda que só na mesa do bar). Algo como "fui tentado, mas resolvi ser altaneiro e acreditar no sacrifício em prol da satisfação da alma".
Mas talvez eu simplesmente me recuse a dar o braço a torcer por motivos não muito nobres ou autruístas. Comodidade. Preguiça. Incompetência. Escolha seu veneno. Meus princípios vigoram até o preço certo, o que me faz concluir que eles não são tão fortes assim.
Pensei até em mergulhar de cabeça nesta quase ocupação como uma espécie de experimento antropológico. Entrar na subcultura do "império do mal". Mas chego à conclusão de que não vale a pena. Não agora.
A bem da verdade é que aprendi a pensar e agir de uma maneira, na última década, que não me permite entrever nenhum futuro alternativo de uma certa trajetória esperada. Ai de mim se resolver que não é isso que vou fazer na vida! O pensamento é assustador.
Entretanto, algo de bom surgiu disso tudo. Sei com mais clareza o que não consigo fazer. E fico mais disposto a seguir o que penso gostar. Mesmo que isso possa significar uma vida semi-monástica. Quer dizer, até o dízimo certo.
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