Dos jogos de tabuleiro, que já foram muito mais populares do que são hoje (ainda que eu ache que esteja acontecendo um ressurgimento, junto com os videogames), os de guerra eram que os que eu mais gostava. Como Combate, por exemplo, que eu costumava ir bem.
Mas, claro, adorava mesmo era WAR, em todas suas versões (menos o 2, que tinha o recurso dos aviões, que eu achava muito injusto, às vezes aniquilando tudo em poucas rodadas). E WAR rolava até em festinhas mais sossegadas (ou fracassadas).
Mas acho que o motivo por aturar os ânimos exarcebados - que invariavelmente surgiam - talvez fosse porque eu nunca me importava muito em ter meus exércitos dizimados e ser confinado a um único território - coisa que costumava acontecer com uma frequência alarmante. Bem, sempre gostei de ser o underdog, de qualquer maneira.
Além disso meus pais também nunca foram desses que diziam que esses jogos eram imperialistas, que filme de terror era proibido e que manga com leite não pode.
Os monetários também tinham seu apelo. Monopoly, Jogo da Vida, Status. Meu sucesso neste tipo de jogo seguia o mesmo padrão observado no WAR. Mas sair cedo do jogo tinha suas vantagens. Raramente chegava no ponto de saturação, que pode ser tão chato para os participantes do evento - e então ou você se arrasta até o final do suplício ou então interrompe tudo, alternativa broxante. Outra vantagem era que já podia treinar para um proto-antropólogo e assistir o comportamento competitivo dos humanos amigos.
Mas gostava também os de conhecimentos gerais, os de detetive (Detetive, Scotland Yard), os de dado, cartas... Sempre topei entrar numa roda de jogatina (mas, devo dizer, nunca participei de um RPG, não sei direito porque. A única vez que tentei, fiquei o dia todo para fazer um personagem - um lenhador rastreador - e nunca chegamos a começar a jogar de fato).
Mas tinha um jogo que combinava algumas características de jogos distintos: Supremacia, que na época da minha terceira série, mais ou menos, virou uma febre e desbancou, ao menos por um momento (e, não é demais lembrar, no auge da guerra-fria), o WAR.
Geralmente não gosto das regras que permitem uma reviravolta completa na sorte da peleja (como os malditos aviões do WAR 2). Mas esse tinha O recurso apelão por excelência, o que proporcionava um grande apelo, exatamente por sua tosquice.
Se as vias normais da diplomacia, a disputa mercadológica e o confronto armado convencional não funcionassem, ou se a sua paciência esgotasse, você não precisava levar a bola embora, ou chutar o tabuleiro. Simplesmente você comprava uma bomba nuclear e a soltava no território cheio de tropas e estruturas do infeliz ao lado e boa, partimos pra outro tipo de recreação mais inocente.
sexta-feira, novembro 30, 2007
segunda-feira, novembro 26, 2007
Livros
Já devo ter mencionado meu cotidiano espartano, não? No TV, no internet, no phone. Por mais que eu fique sem fazer nada, tenho tanto tempo livre que acabo lendo muito. De tudo.
Não sou muito seletivo quando se trata de leitura. Pelo menos quanto ao tipo da prosa. Se estiver bem escrito e interessante, acho que leio até bula de remédio.
Esses dias resolvi retirar um livro de casos do Conan Doyle. Sempre gostei do Sherlock e, morando a apenas uma estação de distância de Baker Street, o detetive sempre acaba aparecendo para me lembrar dessa paixão. Fora o museuzinho no 221b e trocentas bugigangas em tudo quanto é barraquinha turística, o próprio tube trata de celebrar uns de seus mais famosos personagens, com decoração, excertos dos livros, etc.
E não é todo dia que você lê algo que goste e que se passa bem onde você mora, nas mesmas ruas em que você anda. Outro dia li um caso em que Holmes e Watson têm que solucionar um mistério, a pedido do herdeiro do trono bohêmio, em St. Johns Wood, meu bairro! Segundo Doyle, não muito mais que uma periferia calma e frondosa de Londres!
Por sinal, um dia conto um pouco da história do bairro, que fazia parte da grande floresta de Middlesex, propriedade de uma ordem religiosa - os cavaleiros de Malta, ou Hospitalários, ou de São João de Jerusalém, em referência a seu santo padroeiro. Daí o nome.
*******
Já é moda há algum tempo, mas só outro dia caiu a ficha realmente - do quanto isso é engraçado, para não usar uma palavra mais forte, como "ridículo", i.e.
Romances históricos competem com romances policiais no quesito ficção nas livrarias. Templários parecem ser os preferidos, mas qualquer ordem mais obscura pode virar tema de livro (e convenhamos, quanto mais pode ser dito desses caras?). A contra-partida, já estabelecida (por exemplo, Sherlock Holmes), são os livros policiais e de aventura em série que utilizam um mesmo personagem. Dirk Pitt, Scarpetta, Brennan e por aí vai. A idéia é simples: tornar os protagonistas conhecidos e queridos, familiares.
Agora os livros "históricos" estão pegando um atalho. Simplesmente já usam um personagem conhecido de ante-mão. Poupa-tempo. Você não precisa passar um bom pedaço do livro apresentando o dito cujo.
Um dos que mais proporcionou controvérsia esses tempos foi Michelangelo, transformado em detetive renascentista.
Esses dias estava folheando os lançamentos do tipo blockbuster e achei um deveras curioso: Sigmund Freud, aquele tiozinho tão esculhambado nesta pós-modernidade (e quase vizinho meu, por sinal), em uma viagem para os EUA, deve desvendar um mistério. Um crime foi cometido. A única testemunha, traumatizada. Restam os poderes quase mágicos dessa ciência recém-nascida (então), para resgatar as pistas que levarão os bandidos para trâs das grades.
Bem, eu sugiro um próximo personagem para um romance desse tipo: Malinowski, tiozinho interessante e esquisito. Mas se o grande público não estiver muito interessado ou familiarizado com antropologia, então pode ser, sei lá, Newton ou Shakespeare, que nas horas vagas exercitam poderes de dedução científica ou artística. Ou Marx, que entre capital e manifesto, testemunhou um assassinato num parque londrino e deve usar ferramentas sociológicas para encontrar o criminoso. Para o público lusófono, Camões pode ser uma. Ou quem sabe um mistério envolvendo Colombo, ou então Cabral?
Sacou o padrão?
Não sou muito seletivo quando se trata de leitura. Pelo menos quanto ao tipo da prosa. Se estiver bem escrito e interessante, acho que leio até bula de remédio.
Esses dias resolvi retirar um livro de casos do Conan Doyle. Sempre gostei do Sherlock e, morando a apenas uma estação de distância de Baker Street, o detetive sempre acaba aparecendo para me lembrar dessa paixão. Fora o museuzinho no 221b e trocentas bugigangas em tudo quanto é barraquinha turística, o próprio tube trata de celebrar uns de seus mais famosos personagens, com decoração, excertos dos livros, etc.
E não é todo dia que você lê algo que goste e que se passa bem onde você mora, nas mesmas ruas em que você anda. Outro dia li um caso em que Holmes e Watson têm que solucionar um mistério, a pedido do herdeiro do trono bohêmio, em St. Johns Wood, meu bairro! Segundo Doyle, não muito mais que uma periferia calma e frondosa de Londres!
Por sinal, um dia conto um pouco da história do bairro, que fazia parte da grande floresta de Middlesex, propriedade de uma ordem religiosa - os cavaleiros de Malta, ou Hospitalários, ou de São João de Jerusalém, em referência a seu santo padroeiro. Daí o nome.
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Já é moda há algum tempo, mas só outro dia caiu a ficha realmente - do quanto isso é engraçado, para não usar uma palavra mais forte, como "ridículo", i.e.
Romances históricos competem com romances policiais no quesito ficção nas livrarias. Templários parecem ser os preferidos, mas qualquer ordem mais obscura pode virar tema de livro (e convenhamos, quanto mais pode ser dito desses caras?). A contra-partida, já estabelecida (por exemplo, Sherlock Holmes), são os livros policiais e de aventura em série que utilizam um mesmo personagem. Dirk Pitt, Scarpetta, Brennan e por aí vai. A idéia é simples: tornar os protagonistas conhecidos e queridos, familiares.
Agora os livros "históricos" estão pegando um atalho. Simplesmente já usam um personagem conhecido de ante-mão. Poupa-tempo. Você não precisa passar um bom pedaço do livro apresentando o dito cujo.
Um dos que mais proporcionou controvérsia esses tempos foi Michelangelo, transformado em detetive renascentista.
Esses dias estava folheando os lançamentos do tipo blockbuster e achei um deveras curioso: Sigmund Freud, aquele tiozinho tão esculhambado nesta pós-modernidade (e quase vizinho meu, por sinal), em uma viagem para os EUA, deve desvendar um mistério. Um crime foi cometido. A única testemunha, traumatizada. Restam os poderes quase mágicos dessa ciência recém-nascida (então), para resgatar as pistas que levarão os bandidos para trâs das grades.
Bem, eu sugiro um próximo personagem para um romance desse tipo: Malinowski, tiozinho interessante e esquisito. Mas se o grande público não estiver muito interessado ou familiarizado com antropologia, então pode ser, sei lá, Newton ou Shakespeare, que nas horas vagas exercitam poderes de dedução científica ou artística. Ou Marx, que entre capital e manifesto, testemunhou um assassinato num parque londrino e deve usar ferramentas sociológicas para encontrar o criminoso. Para o público lusófono, Camões pode ser uma. Ou quem sabe um mistério envolvendo Colombo, ou então Cabral?
Sacou o padrão?
domingo, novembro 18, 2007
Ode à biografia
Esses dias tenho ficado com a impressão que meu cérebro se transforma em geléia, minha miopia tem aumentado e tenho andado tão curvado que começo a pensar que estou virando Quasímodo.
Imagino que é o preço que tenho que pagar por meu voyerismo e essa minha intromissão. Tenho acordado fantasmas, ressuscitado conversas que há muito descansavam em silêncio. Tento demonstrar respeito, mas não é algo de se sair incólume.
Meu prazer em transformar minha bibliografia em humanos exige um sacrifício. Como se mexer neste equilíbrio passado não fosse tarefa leviana, lidar com os poderes da alquimia e do éter. Nem acho que deveria ser, de qualquer maneira.
Mas não há escapatória, eu mergulho no fluxo da recordação alheia, assumo meu papel de leitor onisciente - ou se preferir, de paranormal e vidente. Sinto o gosto do vício que corre em minhas veias como a endorfina abençoada e entro, no que é jargão corrente do meio basquetebolístico, in the zone.
E contemplo fascinado cada letra, bonita ou feia, cada erro de ortografia, cada declaração de amor, cada relacionamento insuspeito, cada desabafo, cada crítica cáustica, cada exemplo de amizade, cada tristeza e cada sucesso, cada gentileza e cada notícia, e começo a enxergar um filme do passado, em que aquelas pessoas que para mim eram nome apenas, ganham cor, cara, som. Mas então lembro que são vidas que se findaram, ciclos que, ainda que escondidos e enterrados, estão fechados. Essas vozes, tão vivas e tão vibrantes, estão mortas. Essa quase amizade que começo a estabelecer, é via de mão única, e sei que minha própria voz nunca mais chegará em seus ouvidos e que arrisco me machucar.
E chego à conclusão que nunca alguém ficou tão próximo, para então sua distância parecer tão punjente..
Tento retraçar passos e caminhos percorridos, mas estes são tortuosos e muitas vezes desaparecem, sem deixar vestígios. E então tenho que redobrar meus esforços, pensar em outros percursos, e ter que me conformar com o fato de que talvez eles não mais existam. Fico com o gosto, salgado de suor, de algo interrompido, de apenas flashbacks de histórias.
Mas ainda sim tenho que acreditar que essas mesmas vozes ainda merecem ser resgatadas. E então respiro fundo, ajeito meus óculos, estalo as costas e continuo a trabalhar.
Imagino que é o preço que tenho que pagar por meu voyerismo e essa minha intromissão. Tenho acordado fantasmas, ressuscitado conversas que há muito descansavam em silêncio. Tento demonstrar respeito, mas não é algo de se sair incólume.
Meu prazer em transformar minha bibliografia em humanos exige um sacrifício. Como se mexer neste equilíbrio passado não fosse tarefa leviana, lidar com os poderes da alquimia e do éter. Nem acho que deveria ser, de qualquer maneira.
Mas não há escapatória, eu mergulho no fluxo da recordação alheia, assumo meu papel de leitor onisciente - ou se preferir, de paranormal e vidente. Sinto o gosto do vício que corre em minhas veias como a endorfina abençoada e entro, no que é jargão corrente do meio basquetebolístico, in the zone.
E contemplo fascinado cada letra, bonita ou feia, cada erro de ortografia, cada declaração de amor, cada relacionamento insuspeito, cada desabafo, cada crítica cáustica, cada exemplo de amizade, cada tristeza e cada sucesso, cada gentileza e cada notícia, e começo a enxergar um filme do passado, em que aquelas pessoas que para mim eram nome apenas, ganham cor, cara, som. Mas então lembro que são vidas que se findaram, ciclos que, ainda que escondidos e enterrados, estão fechados. Essas vozes, tão vivas e tão vibrantes, estão mortas. Essa quase amizade que começo a estabelecer, é via de mão única, e sei que minha própria voz nunca mais chegará em seus ouvidos e que arrisco me machucar.
E chego à conclusão que nunca alguém ficou tão próximo, para então sua distância parecer tão punjente..
Tento retraçar passos e caminhos percorridos, mas estes são tortuosos e muitas vezes desaparecem, sem deixar vestígios. E então tenho que redobrar meus esforços, pensar em outros percursos, e ter que me conformar com o fato de que talvez eles não mais existam. Fico com o gosto, salgado de suor, de algo interrompido, de apenas flashbacks de histórias.
Mas ainda sim tenho que acreditar que essas mesmas vozes ainda merecem ser resgatadas. E então respiro fundo, ajeito meus óculos, estalo as costas e continuo a trabalhar.
quarta-feira, novembro 14, 2007
5 pensamentos ignóbeis:
- Por quê os hotéis não têm décimo terceiro andares? O décimo quarto não vira o décimo terceiro então? Ou, se tem lobby, ou zero, o décimo segundo não é, na realidade, um andar acima? O que importa é o numerinho no elevador?
- Tenho certeza que todo mundo já veio com aquele papo pseudo-cabeça, reservado para a noitada no boteco, de que "celular virou uma necessidade quando antes passávamos muito bem sem", ou o lance fight club de que somos doutrinados a querer coisas que não precisamos. Mas o que significa realmente ter celular? Há 10 anos você não parava o carro, corria pro orelhão e ligava falando "estou indo pra casa".
- Por quê tudo o que é orgânico é bom e tudo o que é transgênico é ruim? O que isso significa, afinal de contas? E qual é dessa esquizofrenia dos estudos (sempre de cientistas canadenses ou alemães; essa galera não tem mais o que fazer?) que falam que o tomate é bom pro coração, mas as sementes podem dar câncer? E aí, como você prefere morrer?
- Por quê nos filmes, quando a pessoa sabe que vai morrer, o que ela realmente quer é um cigarro? Por quê não sexo? Bem, ok, às vezes é um beijo derradeiro...
- Já percebeu que os diretores já montam a cena sabendo que aquele pedaço vai virar trailer, ou pior, vinheta na apresentação dos indicados para o Oscar?
PS - Ando trabalhando tanto que chega a hora de escrever um post não tem como sair nada melhor que isso... sorry.
- Tenho certeza que todo mundo já veio com aquele papo pseudo-cabeça, reservado para a noitada no boteco, de que "celular virou uma necessidade quando antes passávamos muito bem sem", ou o lance fight club de que somos doutrinados a querer coisas que não precisamos. Mas o que significa realmente ter celular? Há 10 anos você não parava o carro, corria pro orelhão e ligava falando "estou indo pra casa".
- Por quê tudo o que é orgânico é bom e tudo o que é transgênico é ruim? O que isso significa, afinal de contas? E qual é dessa esquizofrenia dos estudos (sempre de cientistas canadenses ou alemães; essa galera não tem mais o que fazer?) que falam que o tomate é bom pro coração, mas as sementes podem dar câncer? E aí, como você prefere morrer?
- Por quê nos filmes, quando a pessoa sabe que vai morrer, o que ela realmente quer é um cigarro? Por quê não sexo? Bem, ok, às vezes é um beijo derradeiro...
- Já percebeu que os diretores já montam a cena sabendo que aquele pedaço vai virar trailer, ou pior, vinheta na apresentação dos indicados para o Oscar?
PS - Ando trabalhando tanto que chega a hora de escrever um post não tem como sair nada melhor que isso... sorry.
sábado, novembro 10, 2007
Diary
Captain's log: Today the crew started to get unsettling with the lack of women and the grogue diet. There's an eerie feeling drifting through the ship and the wind is long gone...
Ops, diário errado!
Nova entrada: Hoje avistamos novamente o leviatã. Ela parecia mais curiosa do que agressiva, espiando-nos, cada vez mais próxima, cada vez que subia à superfície. Finalmente ela emparelhou conosco, quase tocando o barco, virou levemente de lado e olhou, assustadoramente ciente, direto em meus olhos! Abriu a bocarra, como se fosse bocejar, e então chamei, convicto de obter uma resposta: "Jonas"? E, um momento depois, certo de que cometi um engano: "Gepeto"?
Affe, qual é dessa temática náutica?
Vamos de novo. Dessa vez vai.
Querido diário: Conheci um dos lugares mais tradicionais da cena musical londrina, o Roundhouse. Há décadas que esta antiga estação transformou-se em um lugar em que as bandas apresentam seu repertório. Hoje o espaço está mais trend do que costumava ser na década de 70, durante o apogeu da cena brit de renovação, mas ainda sim muito divertido, na borda de Camden Town.
Para os filhos do New Wave, o show foi histórico. O público empolgadíssimo (e engraçadíssimo; vocês não imaginam as figuras presentes...) garantiu uma atmosfera animada e leve. Pena que eu estava quase em estado de comatose de tão cansado. ELA, divina e mesmerizante (essa palavra existe?), parece que congelou no tempo. A voz ainda tem potência e o visual ainda fascina.
Só pensei nisso agora, mas acho que o segredo sempre foi misturar a aura femme fatale e o mistério à la Mata Hari com uma fragilidade que inspira caridade (como a vontade de pegar um bichinho abandonado), sempre com os movimentos insinuantes de uma odalisca. Isso faz algum sentido?
Ops, diário errado!
Nova entrada: Hoje avistamos novamente o leviatã. Ela parecia mais curiosa do que agressiva, espiando-nos, cada vez mais próxima, cada vez que subia à superfície. Finalmente ela emparelhou conosco, quase tocando o barco, virou levemente de lado e olhou, assustadoramente ciente, direto em meus olhos! Abriu a bocarra, como se fosse bocejar, e então chamei, convicto de obter uma resposta: "Jonas"? E, um momento depois, certo de que cometi um engano: "Gepeto"?
Affe, qual é dessa temática náutica?
Vamos de novo. Dessa vez vai.
Querido diário: Conheci um dos lugares mais tradicionais da cena musical londrina, o Roundhouse. Há décadas que esta antiga estação transformou-se em um lugar em que as bandas apresentam seu repertório. Hoje o espaço está mais trend do que costumava ser na década de 70, durante o apogeu da cena brit de renovação, mas ainda sim muito divertido, na borda de Camden Town.
Para os filhos do New Wave, o show foi histórico. O público empolgadíssimo (e engraçadíssimo; vocês não imaginam as figuras presentes...) garantiu uma atmosfera animada e leve. Pena que eu estava quase em estado de comatose de tão cansado. ELA, divina e mesmerizante (essa palavra existe?), parece que congelou no tempo. A voz ainda tem potência e o visual ainda fascina.
Só pensei nisso agora, mas acho que o segredo sempre foi misturar a aura femme fatale e o mistério à la Mata Hari com uma fragilidade que inspira caridade (como a vontade de pegar um bichinho abandonado), sempre com os movimentos insinuantes de uma odalisca. Isso faz algum sentido?
quinta-feira, novembro 08, 2007
Busy
Fico um tempo sem escrever por aqui, os assuntos acumulam, as idéias brotam e a vontade de "contar pros amigos" vem. Mas quando finalmente tenho internet na frente da fuça, dá um branco...
Ando correndo muito esse final de ano. E acho que o ritmo não diminui até eu voltar. Tenho passado horas em bibliotecas, todos os dias, pegando todo o material que eu consigo. Já desisti de começar a escrever por aqui. Agora minha missão é coletar dados, dados. Mas as coisas parecem promissoras...
Depois eu dou um relato mais minucioso sobre meus achados, verdadeiras pérolas, devo dizer!
Os arquivos que tenho mexido são bem recentes, coisa de 60, 70 anos (a vantagem de fazer "história da antropologia" é essa). Mas já me deparei com cada coisa... tenho que me concentrar, respirar fundo, e não sair estudando outros arquivos só porque tudo parece tão fasciante e emocionante! Algumas coisas são da época em que do outro lado da poça existiam apenas indiozinhos e uns vikings...
Ando correndo muito esse final de ano. E acho que o ritmo não diminui até eu voltar. Tenho passado horas em bibliotecas, todos os dias, pegando todo o material que eu consigo. Já desisti de começar a escrever por aqui. Agora minha missão é coletar dados, dados. Mas as coisas parecem promissoras...
Depois eu dou um relato mais minucioso sobre meus achados, verdadeiras pérolas, devo dizer!
Os arquivos que tenho mexido são bem recentes, coisa de 60, 70 anos (a vantagem de fazer "história da antropologia" é essa). Mas já me deparei com cada coisa... tenho que me concentrar, respirar fundo, e não sair estudando outros arquivos só porque tudo parece tão fasciante e emocionante! Algumas coisas são da época em que do outro lado da poça existiam apenas indiozinhos e uns vikings...
quinta-feira, novembro 01, 2007
Pequeno update
Queridos (considerem distinções de gênero anuladas) amigos antropólogos ou cientistas sociais, não vou ficar falando muito aqui contando como as coisas aqui são diferentes, em termos de recursos, prestígio e oportunidades de pesquisa. Isso porque nem estou no eixo Oxbridge, realmente OUTRO nível (notícia, aliás: Marilyn Strathern está se aposentando e quem vai ocupar sua cadeira em Cambridge é nosso conterrâneo Viveiros de Castro). Ou alguns lugares da Ivy league gringa. Mas ainda sim...
Mas uma das coisas que eu acho realmente incrível é ver e conversar com sua bibliografia! Ontem vi uma palestra interessante do Tim Ingold que, suspeito, já tem cacife suficiente para ser um pouco... excêntrico... nas suas pesquisas. Eu que achava que todo o papo eco-viajante era uma grande metáfora para, sei lá, método biográfico, diferença entre sociologia e antropologia... vi que ele falava exatamente do que ele parecia falar.
Mas, enfim, rolam palestras muito legais por aqui.
Para muitos de meus colegas Judith Butler é um alento para o que pode ser muitas vezes a árida planice teórica moderna. E nada mais chique que assistir uma palestra da moça na LSE! E, devo acrescentar, ela é muito irônica e com ótimo senso de humor! Como diria um professor, um luxo!
Ah, olha que legal! E que faz bem pro ego: o Edson, escritor do blog cujo endereço coloquei aí do lado, publicou um post meu sobre o filme do Joe Strummer! O blog é muito legal, com inúmeros cometários sobre montes de filmes!
Última notícia: agora é contagem regressiva mesmo! Segui conselhos e voltarei no Natal!
Mas uma das coisas que eu acho realmente incrível é ver e conversar com sua bibliografia! Ontem vi uma palestra interessante do Tim Ingold que, suspeito, já tem cacife suficiente para ser um pouco... excêntrico... nas suas pesquisas. Eu que achava que todo o papo eco-viajante era uma grande metáfora para, sei lá, método biográfico, diferença entre sociologia e antropologia... vi que ele falava exatamente do que ele parecia falar.
Mas, enfim, rolam palestras muito legais por aqui.
Para muitos de meus colegas Judith Butler é um alento para o que pode ser muitas vezes a árida planice teórica moderna. E nada mais chique que assistir uma palestra da moça na LSE! E, devo acrescentar, ela é muito irônica e com ótimo senso de humor! Como diria um professor, um luxo!
Ah, olha que legal! E que faz bem pro ego: o Edson, escritor do blog cujo endereço coloquei aí do lado, publicou um post meu sobre o filme do Joe Strummer! O blog é muito legal, com inúmeros cometários sobre montes de filmes!
Última notícia: agora é contagem regressiva mesmo! Segui conselhos e voltarei no Natal!
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