Bom, esse deve ser o último post antes de viajar para terras porteñas.
Tô meio sem tempo de atualizar aqui. Não exatamente por falta de vontade. Tenho uns textos na cabeça, mas na hora de vir pra frente do computador acabo vendo outras coisas... Enfim, apenas um rapidinho para dar uma dica cinematográfica.
Sam Raimi parece nunca ter se afastado tanto do horror que o consagrou (perdi noites insones quando criança assistindo Evil Dead - era o filme que nós, quase adolescentes, pegávamos de algum jeito (provavelmente irmã ou irmão mais velho que alugava e repassava) e assistíamos morrendo de medo debaixo de um cobertor! Esse e Demons, aliás!).
Ao longo dos anos ele esteve envolvido em alguns projetos do gênero, mesmo que mais bobinhos. E passa agora por uma fase super pop, com os duvidosos Homem-Aranha, por exemplo. Entretanto, ele anuncia a filmagem de Evil Dead 4, o que me dá um pouco de medo do que virá (o 2 é passável, mas o 3 é terrivelmente ruim, ainda que não seja dele; mas não sei se a série ainda se mantêm... mesmo com a onda revival atual). Que, claro, vou conferir quando sair.
Agora, ontem vi, junto com o André, num cinema completamente vazio, Drag me to Hell, do Raimi!
E fiquei impressionado como é bom! Ok, um pouco previsível, mas acho que isso não era preocupação dele (nada de ficar quebrando a cabeça para montar um final "surpreendente", como o tal M Night Shyamalan tenta cada vez mais desesperadamente fazer e que já me encheu o saco faz tempo - ainda que no finalzinho ele tenha se entregado à formula, já manjada... você sabe que ainda vai ter algo quando o filme não termina quando deveria). Nada de trapacear também abusando dos sustos (os filmes de terror hoje parecem só se valer do truque barato de colocar um rosto assustador, de repente, na fuça do "protagonista" (a.k.a. espectador)). Tudo muito conscientemente tosco, mesmo que não tenha chutado o balde como gostaria e tenha feito algumas concessões sobre as coisas que mencionei aí em cima.
Mas o estilo, um pouco vintage (porque claramente homenageando os filmes antigos de horror), é maravilhoso. Alguns personagens muito interessantes (tudo bem, tem o imbecil do Justin Long só para atrair bilheteria, mas também tem os pais do personagem dele, deliciosamente esquisitíssimos). E a trilha sonora é de matar! Uma das melhores em muito tempo!
E tem o humor gore dele também. Que nem sempre dá certo, mas normalmente dá um bom contraste com as partes assustadoras.
Vale a pena ver na telona. Mas vá com a mente aberta.
Espero que o filme sirva para abrir precedentes de filmes menos pretenciosos e com melhor qualidade. Pelo menos com outras possibilidades de enredo.
sexta-feira, setembro 25, 2009
sábado, setembro 19, 2009
Loki
Ultimamente tenho visto uns documentários muito bons sobre bandas e músicos. Começou há uns anos, com o lindo documentário do Joe Strummer pelo Julian Temple. Aí passou por Leonard Cohen, Ramones etc. Semana passada vi um do The Who muito bem feito, com depoimentos de vários "sobreviventes". Você pensa que sabe muita coisa sobre os artistas que admira e descobre que está enganado. A vida compartimentalizada.
Aí hoje vi Loki: Arnaldo Baptista, no Canal Brasil.
E aconteceu algo engraçado. Na babação de ovo atrasada (por quê não consagraram o cara antes? Enfim...) eu fiquei com a impressão de existirem vários sentidos do Arnaldo. Algo até mesmo esquizofrênico.
Que ele é genial, sei bem. Mas o fato dele ser "descoberto" pelos gringos, à maneira do que aconteceu com Tom Zé e outros (músicos e DJs gringos adoram música brasileira dos 60 e 70 - o que não acontece aqui. Ou melhor, redescobrimos nossa história via gringolândia - e não é que ele aparece mesmo como a versão brasileira do Syd Barrett?) me deixa estarrecido. E agora é cool gostar de Mutantes. Antes ele era só o maluco. Quando isso.
E me incluo na crítica.
No documentário mostraram o show em que ele saiu do casulo em que esteve por anos para dar uma canja esquisita de Panis et Circenses com o chato do Sean Lennon. Eu estava nesse show. Num Free Jazz de 2000 (sim, cigarro antes patrocinava abertamente boas coisas - você perceba aí que o acossamento dos fumantes é um processo paulatino). Mas o show em si foi um saco. Culpa do filho do John com Yoko, principalmente, que não empolgou ninguém até o aparecimento do Arnaldo. Mas lembro que na época fiquei pensando "o que esse velho de camisa prateada está fazendo aí?".
Mea culpa.
Tipo, ele não era exatamente o mesmo cara dos Mutantes, mas uma versão triste deste passado pouquíssimo lembrado (caberia fácil uma tese sobre a psicodelia brasileira dos 60, ou então alguma biografia de um desses malucos rejeitados).
De novo, quando os Mutantes se reuniram há alguns anos, em Londres, achei a notícia meio esquisita, talvez negativamente influenciado pelo fenômeno das band reunions que pipocava um tempo atrás.
O que é chatice minha, claro. Porque o cara merece um carinho, ainda que tardiamente. Só acho esquisito, de repente, ele virar au concour.
Aí hoje vi Loki: Arnaldo Baptista, no Canal Brasil.
E aconteceu algo engraçado. Na babação de ovo atrasada (por quê não consagraram o cara antes? Enfim...) eu fiquei com a impressão de existirem vários sentidos do Arnaldo. Algo até mesmo esquizofrênico.
Que ele é genial, sei bem. Mas o fato dele ser "descoberto" pelos gringos, à maneira do que aconteceu com Tom Zé e outros (músicos e DJs gringos adoram música brasileira dos 60 e 70 - o que não acontece aqui. Ou melhor, redescobrimos nossa história via gringolândia - e não é que ele aparece mesmo como a versão brasileira do Syd Barrett?) me deixa estarrecido. E agora é cool gostar de Mutantes. Antes ele era só o maluco. Quando isso.
E me incluo na crítica.
No documentário mostraram o show em que ele saiu do casulo em que esteve por anos para dar uma canja esquisita de Panis et Circenses com o chato do Sean Lennon. Eu estava nesse show. Num Free Jazz de 2000 (sim, cigarro antes patrocinava abertamente boas coisas - você perceba aí que o acossamento dos fumantes é um processo paulatino). Mas o show em si foi um saco. Culpa do filho do John com Yoko, principalmente, que não empolgou ninguém até o aparecimento do Arnaldo. Mas lembro que na época fiquei pensando "o que esse velho de camisa prateada está fazendo aí?".
Mea culpa.
Tipo, ele não era exatamente o mesmo cara dos Mutantes, mas uma versão triste deste passado pouquíssimo lembrado (caberia fácil uma tese sobre a psicodelia brasileira dos 60, ou então alguma biografia de um desses malucos rejeitados).
De novo, quando os Mutantes se reuniram há alguns anos, em Londres, achei a notícia meio esquisita, talvez negativamente influenciado pelo fenômeno das band reunions que pipocava um tempo atrás.
O que é chatice minha, claro. Porque o cara merece um carinho, ainda que tardiamente. Só acho esquisito, de repente, ele virar au concour.
quarta-feira, setembro 09, 2009
Vergonha Alheia
Eu tinha decidido que não ia assistir o video da Vanusa cantando o hino nacional. Por conta da tal Vergonha Alheia, esse trágico sentimento que de vez em quando me assalta os ânimos, em momentos em que rola uma certa empatia com a figura humilhada - a maior parte das vezes o que vem mesmo é algo em direção ao sadismo, mas, enfim...
Só pelas notícias, pelas piadas, já imaginava que a coisa não devia ser bonita. Então por vários dias me poupei a dor no âmago que normalmente me faz mudar de canal, ou cantar em voz alta "nanananananana" com a esperança de sobrepujar o humilhante em ação - como pessoas falando portunhol ou "inglês joel santanês" na tv. O que os anglo-saxões, com tanta propriedade, definem na língua deles como making an ass of oneself.
Mas nesse final de semana, numa reuniãozinha com amigos, o assunto virou pauta. Aí fiquei com a sensação de que era a única pessoa que não tinha visto o bendito vídeo no you tube e me senti marginalizado.
E então fui ver.
Nessas horas, meu patriotismo seletivo, quase nulo na verdade (ele aparece quando gringo fala mal do Brasil ou de quatro em quatro anos, em Copa do Mundo), acorda indignado. Eu coloco toda a dó e compreensão de lado - ou "a humilhação já é punição suficiente" (e não cola a desculpa de remédio de labirintite, como não colou a explicação do Fernando Vanucci há 3 anos, na Copa da Alemanha). Bom, na verdade é uma mistura de constrangimento, irritação e... bem, um certo fascínio divertido.
Ah, como queria que um dos polícias ao fundo fossem lá dar um ippon na mulher...
Só pelas notícias, pelas piadas, já imaginava que a coisa não devia ser bonita. Então por vários dias me poupei a dor no âmago que normalmente me faz mudar de canal, ou cantar em voz alta "nanananananana" com a esperança de sobrepujar o humilhante em ação - como pessoas falando portunhol ou "inglês joel santanês" na tv. O que os anglo-saxões, com tanta propriedade, definem na língua deles como making an ass of oneself.
Mas nesse final de semana, numa reuniãozinha com amigos, o assunto virou pauta. Aí fiquei com a sensação de que era a única pessoa que não tinha visto o bendito vídeo no you tube e me senti marginalizado.
E então fui ver.
Nessas horas, meu patriotismo seletivo, quase nulo na verdade (ele aparece quando gringo fala mal do Brasil ou de quatro em quatro anos, em Copa do Mundo), acorda indignado. Eu coloco toda a dó e compreensão de lado - ou "a humilhação já é punição suficiente" (e não cola a desculpa de remédio de labirintite, como não colou a explicação do Fernando Vanucci há 3 anos, na Copa da Alemanha). Bom, na verdade é uma mistura de constrangimento, irritação e... bem, um certo fascínio divertido.
Ah, como queria que um dos polícias ao fundo fossem lá dar um ippon na mulher...
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