sábado, setembro 29, 2007
Ando meio sem vontade (e recursos) para atualizar o blog ultimamente. Não por falta de coisas acontecendo. Shows, passeios, visitas... por exemplo, desvendei o mistério da velhinha do flat 1! Fui vítima de um pickpocket do mal! Vou ver um show da Siouxie, diva de punks e góticos de plantão! Um outro dia eu conto melhor.
Como estou meio enferrujado, escreverei um pequeno post apenas. Coloco então duas novas fotinhos de graffiti do Banksy. O ratinho fica perto da minha imobiliária. O cara aparentemente adora ratinhos. São subversivos por natureza, imagino. Uma curiosidade: um trabalho dele sobre um ratinho guerrilheiro urbano que adverte que o tempo deles está chegando ficou exposto no National History Museum por algumas horas até alguém perceber que aquilo não fazia parte do acervo normal!
Coloco também uma nova foto daquele mesmo muro em Chalk Farm. Engraçado, não só ninguém apagou o desenho, como estão mantendo-o intacto e conservado. Até restauraram a cara da empregada, ora bolas!
Enfim, continuo sempre esperto pra novos exemplos de arte na rua. Existem coisas realmente impressionantes. Artistas e escultores talentosíssimos, que escolheram tornar sua arte realmente pública, de graça e perecível.
quarta-feira, setembro 12, 2007
Tocaia
Há mais de um mês, mudou-se uma senhora para o apartamento do lado. Bem, na verdade eu não posso fazer mais do presumir que isso é o que está por detrás das vozes e toda sorte de barulhos que tenho ouvido nas últimas semanas.
Mas o fato é que eu nunca vi a tal senhora.
Vi uma enfermeira uma vez. Ela estava sem a chave e a senhora não ouvia a campainha - chovia muito - então ela (a enfermeira) tocou em casa. Isso às 8 da manhã, mas ok, lá fui eu abrir a porta e ver a dita cuja desaparecer flat 1 adentro.
Sei que vêm outras enfermeiras (são vozes diferentes e dia desses uma outra bateu na minha porta - às 8, claro).
Mas a senhora não sai de casa. Não abre a janela, não levanta a cortina. Nem vai ao banheiro.
O que me faz pensar. E se for alguma farsa? Tipo uma Sra. Kaplan saída de North by Northwest ou algo do gênero? Ela nunca existiu. É apenas o resultado de um ardil muito bem elaborado por agentes secretos que na verdade estão usando o lugar para monitorar suspeitos no prédio em frente. Ou um marido que matou a esposa e agora está criando um álibi, a impressão que ela está viva e ferrar com aquelas elucubrações policiais sobre hora da morte, momento do desaparecimento, esse tipo de coisa. Dubla-se uma segunda voz, faz-se uma movimentação, finge-se que a tal senhora pediu uma encomenda. Mas nunca ninguém viu, apenas presumem que os outros viram. Ora, se até pro Macauley Culkin deu certo...
E como explicar a trupe de saltimbancos que eu vi saindo de lá um dia, se despedindo da Sra Kaplan?
Heim? Como assim? Volte a fita!
E pior, eles se despediram de uma tal Sra. Caballo! Mas afinal, quantas senhoras de idade estão vivendo naquele cubículo que é o apartamento 1? Serão irmãs? Comparsas? Um erro de comunicação entre os agentes? Será que seu nome é Kaplan-Caballo? Caballo-Kaplan?
Um dia resolvi seguir uma das enfermeiras, que sempre vão embora por volta das 10. Não era a moça bonita que salvei da chuva, ou a outra mulher enorme que me despertou num sábado de manhã por ter se enganado de porta. Essa tinha barba. Maior que a minha. Suíças que fariam o Rei (não o Roberto, não o Pelé. O outro Rei) corar de inveja. O bigode era menos imponente, mas o restante da barba parecia saída de uma charge do Sunday sobre novos desdobramentos da política internacional afegã. Um cavanhaque em tranças coroava o prodígio capilar - pendia por quase um palmo em direção aos peitos enormes, que respiravam assanhados num decote imodesto.
E ela parecia uma Helena de Tróia dada. Exibia um vestido cetinado avermelhado e uma tiara dourada. Sandálias de tiras e brincos em forma de gigantescas argolas de ouro.
A segui até uma região que nunca havia ido. O ônibus que pegou foi até o ponto final e de lá pegamos ainda outro. A ordem e a atmosfera georgiana - vitoriana a que estou acostumado deu lugar a uma mistura de Harlem e Modadíscio.
Toto, I have a feeling we're not in Kansas anymore.
Então ela entrou em uma cabana que exibia o seguinte letreiro: Exotic dancing - adult massages - phone cards - shoe polishing.
Decidi que não queria entrar e me arrepender, depois de ser abordado por um niilista vestido com vinil preto ou descobrir que infiltrei uma segunda tocaia do serviço secreto inglês.
Ok, a maior parte do relato consiste de devaneios febris de uma mente doente. Mas que tem uma senhora X que vive como um vampiro no apartamento do lado, isso tem.
Mas o fato é que eu nunca vi a tal senhora.
Vi uma enfermeira uma vez. Ela estava sem a chave e a senhora não ouvia a campainha - chovia muito - então ela (a enfermeira) tocou em casa. Isso às 8 da manhã, mas ok, lá fui eu abrir a porta e ver a dita cuja desaparecer flat 1 adentro.
Sei que vêm outras enfermeiras (são vozes diferentes e dia desses uma outra bateu na minha porta - às 8, claro).
Mas a senhora não sai de casa. Não abre a janela, não levanta a cortina. Nem vai ao banheiro.
O que me faz pensar. E se for alguma farsa? Tipo uma Sra. Kaplan saída de North by Northwest ou algo do gênero? Ela nunca existiu. É apenas o resultado de um ardil muito bem elaborado por agentes secretos que na verdade estão usando o lugar para monitorar suspeitos no prédio em frente. Ou um marido que matou a esposa e agora está criando um álibi, a impressão que ela está viva e ferrar com aquelas elucubrações policiais sobre hora da morte, momento do desaparecimento, esse tipo de coisa. Dubla-se uma segunda voz, faz-se uma movimentação, finge-se que a tal senhora pediu uma encomenda. Mas nunca ninguém viu, apenas presumem que os outros viram. Ora, se até pro Macauley Culkin deu certo...
E como explicar a trupe de saltimbancos que eu vi saindo de lá um dia, se despedindo da Sra Kaplan?
Heim? Como assim? Volte a fita!
E pior, eles se despediram de uma tal Sra. Caballo! Mas afinal, quantas senhoras de idade estão vivendo naquele cubículo que é o apartamento 1? Serão irmãs? Comparsas? Um erro de comunicação entre os agentes? Será que seu nome é Kaplan-Caballo? Caballo-Kaplan?
Um dia resolvi seguir uma das enfermeiras, que sempre vão embora por volta das 10. Não era a moça bonita que salvei da chuva, ou a outra mulher enorme que me despertou num sábado de manhã por ter se enganado de porta. Essa tinha barba. Maior que a minha. Suíças que fariam o Rei (não o Roberto, não o Pelé. O outro Rei) corar de inveja. O bigode era menos imponente, mas o restante da barba parecia saída de uma charge do Sunday sobre novos desdobramentos da política internacional afegã. Um cavanhaque em tranças coroava o prodígio capilar - pendia por quase um palmo em direção aos peitos enormes, que respiravam assanhados num decote imodesto.
E ela parecia uma Helena de Tróia dada. Exibia um vestido cetinado avermelhado e uma tiara dourada. Sandálias de tiras e brincos em forma de gigantescas argolas de ouro.
A segui até uma região que nunca havia ido. O ônibus que pegou foi até o ponto final e de lá pegamos ainda outro. A ordem e a atmosfera georgiana - vitoriana a que estou acostumado deu lugar a uma mistura de Harlem e Modadíscio.
Toto, I have a feeling we're not in Kansas anymore.
Então ela entrou em uma cabana que exibia o seguinte letreiro: Exotic dancing - adult massages - phone cards - shoe polishing.
Decidi que não queria entrar e me arrepender, depois de ser abordado por um niilista vestido com vinil preto ou descobrir que infiltrei uma segunda tocaia do serviço secreto inglês.
Ok, a maior parte do relato consiste de devaneios febris de uma mente doente. Mas que tem uma senhora X que vive como um vampiro no apartamento do lado, isso tem.
Assinar:
Postagens (Atom)