Hoje fui num funeral.
Muito diferente do que estamos acostumados em terras tupiniquim. Aqui isso não acontece antes de pelo uma semana depois da morte. O que faz muito sentido, depois que passa a sensação de estranheza com o ritual europeu. Há um tempo para despedida, para cair a ficha que a pessoa, enfim, foi.
Lembro que quando minha madrinha morreu, assim, de repente, eu olhava para seu corpo, descansando no caixão, já no dia seguinte, com uma sensação de absurdo completo me envolvendo. Como assim? Não estou entendendo. Por quê vocês estão abaixando o caixão? E essa terra toda? E chorei copiosamente. Parecia um louco.
Hoje, depois da cerimônia, as pessoas se reuniram para beber vinho e contar histórias, num lindo parque. Discursos emocionados e um clima leve, apesar da evidente tristeza, acentuada anteriormente pelo cantar lírico de uma linda moça de linda voz e o órgão cabisbaixo que lembrava: "esta é a despedida derradeira. Até o final dos tempos, em que todos se encontrarão, na ressurreição prometida". Um fim, mas com a esperança de começo. Um acerto de contas, uma homenagem que não é, como lembra Simone de Beauvoir, cuja despedida pessoal inspirou o título do meu texto, banal.
E eu fui antropólogo e me emocionei. E acho que foi apropriado.
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Um comentário:
Oi Chris, fico contente que você esteja lidando bem com essa nova situação. Agora pensando, me vem à mente a descrição densa da briga de galos do Geertz. Você não acha que pode ter a ver? Tente pensar assim... Talvez até saia algumas reflexões antropológicas muito interessantes disso... O negócio é bola para frente! E por falar nisso, eu segui o seu conselho e mudei a cara do Palette. Veja o que você acha.
Abração,
Celo
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