quinta-feira, maio 03, 2007

Agridoce vingança


Hoje assisti Old Boy. O filme tinha passado meio despercebido pra mim, ainda que tenha tido certa notoriedade depois de Cannes (dizem as más línguas que só ganhou o prêmio do júri porque o presidente naquele ano era o Tarantino; mas, enfim, normalmente as más línguas não sabem de muita coisa). Mas acho que teria deixado passar por um bom tempo ainda se não fosse a insistência da Camila de que eu deveria assistir (admito, essa nova máxima de que cinema oriental é bom em princípio me fez adquirir um certo preconceito, depois de ter visto muita porcaria feita "fora do centro", de uma maneira que cada vez mais explora alguns nichos e a lógica do próprio centro).
E o filme é lindo. Um pesadelo sugestivo que vem como um bólido ignorante em sua direção.
Na verdade é a segunda parte da trilogia da vingança do coreano Park Chan-Wook. Agora vou correndo procurar as outras duas partes. Fiquei fã com apenas 1 filme! É o quanto gostei e o quanto achei maravilhosamente bem feito. E o Choi Min-Sik é excelente, numa espécie de versão Musashi fora de foco, ou um Toshiro Mifune desgraçado.
E o melhor é que não tem nada de americano. Ou talvez apenas as melhores contribuições. Mas essencialmente é uma produção oriental, com cadência oriental. Os personagens têm uma moralidade diferente. E não espere encontrar o tipo de redenção ocidental, ainda que o longa se trate de redenção também (e inevitabilidade e fracasso).
A película parece uma daquelas esquisitas lendas de heróis dúbios e monstros amorais, cujo sentido passa despercebido pelas interpretações a que estamos habituados.
E é legal re-assistir (sim, já estou nessa de rever!) e perceber os detalhes plantados pelo diretor. Pequenas pistas que ajudam a dar o tom da história, que no fundo é bem simples e não tem nada de extraordinário. Como o livro da Silvia Plath, as placas de trânsito, versos ou cores. As cenas são cuidadosamente pensadas, com uma economia de sentido impressionante.
Devido às minhas tardes solitárias aqui, acho que não é exagero dizer que já vi dezenas de bons filmes esse ano, mas acho que esse foi o melhor até agora. O menos convencional, pelo menos. O que já é muito, convenhamos, nessa avalanche de mesmices que têm ocupado a tela nos últimos anos.

Hoje a tarde vou ver Homem-Aranha 3.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quero assistir também!
Saudades!!!