Ultimamente estou ratinho de biblioteca. Não que isso seja algo difícil, ou mesmo ruim, na verdade, dada a natureza das bibliotecas aqui... na já referida do meu bairro, eu encontro até mesmo um Giddens... bem, isso não é tão surpreendente assim, ainda mais aqui na Inglaterra. Mas engraçado que tem um monte de livro do Castells também. mmm, vou até pesquisar melhor o perfil "ciências sociais" das bibliotecas públicas (são literalmente centenas).
Bem, mas as jóias da coroa são evidentemente a British Library e a Senate House. A British Library recebe uma cópia de todo livro impresso no Reino Unido. É lei. É claro que eles têm muita coisa de outros países, além de periódicos, imagens, vídeos, mapas, manuscritos... mas acho que já falei dela, não?
Enfim, é linda, mas não muito prática para minha tática de estudo, que consiste em percorrer as estantes, fuçar os livros em volta daquele que iniciou a pesquisa, ter contato direto com eles. Na BL você acha a referência no computador e faz o pedido. Um funcionário então traz o dito cujo na sua mesa. Um drive thru intelectual, por assim dizer. Meio esterilizado. Provavelmente você encontrará o que está procurando, mas é difícil topar com alguma boa surpresa, ao acaso. No esquema graus de separação transladado à pesquisa bibliográfica, digo.
Mas a Senate House, a biblioteca da Universidade de Londres (que é o colegiado de várias universidades) é diferente. O prédio pra começo de conversa, mais antigo, em forma de lança, parece uma versão menor do Empire State Bulding no coração de Bloomsbury, o bairro intelectual daqui. Vários andares, corredores, alas, sessões, escadas, rampas e elevadores pré-históricos, dos mais variados tamanhos (o que sobe para o sexto andar, o de antropologia, sai da sessão de periódicos do quarto andar e não permite mais que duas pessoas, apertadas), com milhões de livros e revistas adornando as paredes à sua volta. Não tem tantos exempares como na BL, mas ainda sim é a maior biblioteca de Ciências Sociais do Reino Unido!
E cada raridade que se acha... Pimba, pego um livro de 1900 e bolinha e vejo que ninguém o retirou por décadas (bem, isso acontece no ifch também). Acho isso tão legal. Eu resgatei o coitado daquela estante, onde repousou imóvel por anos, quando alguém, que provavelmente não é nem mais um estudante e, quiçá, nem está mais entre nós, e que se interessou pelo mesmo assunto, o usou pela última vez. E eu sei que ninguém vai rasgar o coitado, roubá-lo ou sublinhá-lo, então é bem provável que eu acabe sendo uma pequena parte de sua longa história.
E é divertido que você começa a pegar a lógica e conhecer o lugar apenas depois de ter ido lá umas 10 vezes. Porque fica tudo espalhado. Eu me sinto William (ou Sean Connery) no Nome da Rosa, percorrendo a biblioteca da abadia, bestificado com a enormidade da experiência.
E a sensação de que uma lógica hermenêutica perpassa a biblioteca e seu modo de funcionamento é real e paupável. Como se fosse necessária uma chave cabalística para decifrar o lugar. Ou, fazendo referência a outro maravilhoso livro do Eco, um Abulafia para destrancar os mistérios e as maravilhas do conhecimento, que estão ali esperando quem realmente quiser procurar.
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3 comentários:
A maior biblioteca de Ciencias Sociais da LSE nao eh a maior do mundo? Portanto, a maior do Reino Unido tambem?
caro hamilton, grato pela dica. de fato parece que é o acertado.
mas sendo a lse parte da univ of london, as coisas complicam?
Acho que complicam, sim. Mas nunca fui bom em matemática... se conjunto A pertence ao conjunto B e o conjunto C é a união dos conjuntos....blábláblá
Hamilton
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