Alguém poderia imaginar que uma nova bastilha se aproxima. Afinal, as diferenças entre as pessoas nunca foram tão gritantes como nos últimos tempos. E não falo apenas de Brasil. Aqui, no "primeiro mundo", também é assim.
Claro, as pessoas ganham melhor aqui. E miserável, miserável mesmo, não tem muito (apesar que o serviço social está aquém do que se poderia esperar de um país tão rico).
Mas nem por isso pode-se dizer que a coisa esteja nivelada. Bom, não sei direito em termos estatísticos. Quem sabe um sociólogo possa me provar que comparativamente a desigualdade brasileira seja pior (por ser mais miserável?). Mas é impressionante como aqui tem gente muito mais rica do que o resto. Estou falando o óbvio? Pode ser, mas vira e mexe saem umas notícias sobre despesas milionárias que deixam até mesmo os ingleses perplexos.
Todo mundo tem seu i-pod, ok. Celular idem. Mas ferraris, apartamentos de alguns milhões de libras e gastanças completamente despirocadas...
O mercado imobiliário não pára de valorizar há alguns anos já (os preços dobraram nos últimos 5, o que significa que existe um terreno fértil para especuladores), deixando os economistas mais conservadores de queixo caído, já que foi previsto há algum tempo que estava se chegando no ponto de saturação. Pelo jeito ainda não. Apartamentos de 2, de 3 milhões, são comuns. Casas de 10 milhões também. Outro dia fiquei abismado com um apartamento de 100 milhões de libras (400 milhões de reais). Vai, isso sim que é elefante branco. O cara do banco Santos ficaria até envergonhado. E não consigo imaginar o que possa ter dentro de um apartamento para valer isso.
E não é apenas imóvel. Ultimamente há uma competiçãozinha, narrada pelos tablóides, claro, de ricos e famosos para ver quem gasta mais numa balada. Outro dia vi que um tiozinho gastou 105 mil libras numa noite, com vinho, champanhe e vodka. Por mais que os lugares bacaninhas aqui sejam caros, precisa muito pra beber 100 mil libras, heim?! Não seria melhor comprar um Porche e pelo menos ter um carro na garagem para olhar e se arrepender no dia seguinte?
Uma galera de 20 e poucos anos, engravatada e armada de Blueberries (ou Blackberries, sei lá) ganha mais do que eu posso sequer pensar em ganhar, mesmo se meus sonhos de passar num concurso público fossem realizados. Na idade deles eu pensava em beber na cantina e jogar basquete! Eles pensam se vão comprar uma casa na Grécia ou na Espanha (sim, a colonização inglesa continua: com alguns meses de salário é possível comprar uma propriedade numa praia européia qualquer, o que deixa os locais evidentemente exasperados, porque isso puxa os valores pra cima).
Toda vez que vou pagar meu aluguel me dá um aperto no coração, porque não posso deixar de pensar o que esse dinheiro me compraria no Brasil. Mas sempre que vejo as ofertas de aluguel para as classes mais abastadas na imobiliária, um sentimento de que existe um mundo completamente alheio ao meu cotidiano e que eu nunca irei sequer vislumbrar ou conseguir compreender, me atinge como uma martelada. Afinal, quem paga 5 mil libras por semana (veja bem: SEMANA!) de aluguel? Em 2 meses você compraria um apartamento no Brasil, ora bolas!
Se aproximam os jacobinos?
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Puxa, Antonioni e Bergman de uma vez só...
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