Hoje eu pretendia ficar em casa, trabalhando sossegado na minha bagunça confortável. Mas fui avisado que tinha que ir assinar um documento urgente.
Bom, fazer o quê, parte do processo de patrimonialização. Vamos lá. Sapato, meia, calça (mas que calor, não dá pra ir de bermuda?), camiseta (aqui eu bato o pé).
On the road.
No rádio do carro, o primeiro cd de discotecagem feito pela Dani, que ela tinha colocado uns dias atrás no tocador. Passando pela avenida Norte Sul, o trânsito espantosamente tranquilo, eu dirigindo devagarinho, começa a tocar Mad World, do Red Paintings, banda que a Dani gosta bastante.
E eu sozinho na avenida, numa manhã de céu azul sem nuvens, indo sem pressa, sem outros carros em volta, começa um vento muito forte, uma lufada, que sacode todos os vários ipês que ladeiam o asfalto. E aí uma chuva intensa de amarelo. E então fiquei pensando no momento bonito, totalmente banal, mas também extremamente significativo. Pensei na coincidência dessa música, com o cenário de Kurosawa em Campinas, como combinava na minha cabeça.
Não necessariamente feliz. Mais a frente, na verdade, uma cena triste. Mas ainda sim, um momento bonito.
https://www.youtube.com/watch?v=UkH9aZWv5Zc
E me lembrei do que disse o saudoso Rubem Alves, que nos deixou ano passado e que gostava de ipês:
"O mundo é muito bonito! Gostaria de ficar por aqui... Escrever é meu jeito de ficar por aqui. Cada texto é uma semente. Depois que eu for, elas ficarão. Quem sabe se transformarão em árvores! Torço para que sejam ipês amarelos..."
Também descobri essa:
"E quem é Rubem Alves? Um menininho respondeu: 'O Rubem Alves é um homem que gosta de ipês amarelos...' A resposta do menininho me deu grande felicidade. Ele sabia das coisas. As pessoas são aquilo que amam".
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