Assistiu Bicicletas de Belleville? Pois é, filme bonitinho, não? Você se lembra da casa onde Bruno - o cão - latia para todo metrô que passava do lado, sacudindo tudo? É mais ou menos o muquifo que ficamos na primeira noite em Praga.
Vou te contar, é esquisito ir pra um lugar em que você mal sabe falar obrigado. Menos mal que achei que tcheco tinha umas palavras parecidas com alemão e com russo (não tivemos a mesma sorte em Budapest). Então foi uma aventurinha ter chegado meia-noite numa rodiviária escura, com uma chuvinha chata, sem conhecer bulhufas da cidade, da língua, e não ter nem idéia de onde ficar. Todos muito cansados e sem nem ter um mapa básico de onde estávamos (depois descobri, aliás, que mulher realmente não tem gps cerebral). A idéia inicial de encontrar uma balada e ficar de pé até o dia seguinte foi colocada de lado depois de um dia no calor de mais de 40 graus e uma viagem de sete horas.
Saímos andando e entramos no primeiro hostal que encontramos. Sem muitas forças pra procurar o lugar que a Ju me indicou. E era barato. Talvez barato demais. Saberíamos o porquê depois.
A mulher na recepção, uma loira grande de meia-idade que fumava um cigarro muito fedido e lia, entediada, uma revista amassada, sob fracas luzes avermelhadas - sim, parecia cena de um filme alternativo - não falava nem uma só palavra de inglês. Acertamos as coisas usando a linguagem universal do apontar e gesticular. Mas ela se derretou ao saber que éramos brasileiros e depois de eu ter usado a única palavra tcheca que sabia então (ao assistir Friends em tcheco no busão) - Diky. Algo como "ok". Mas foi o suficiente pra arrancar um sorriso e um bom atendimento. As pessoas são muito mais prestativas se você mostra que sabe pelo menos alguma coisa de seu idioma.
Tínhamos, felizmente, um quarto só pra gente. Mas era o esquema banheiro coletivo, bitucas de cigarro largadas pelo carpete do corredor e tanto mofo que fiquei com medo de pegar alguma coisa. Dava coceira só de deitar na cama. Vigilância sanitária deve passar longe do lugar. Mas o pior foi descobrir (depois de pagar) que o metrô passa do lado, ensurdecedor, chacoalhando até pensamento.
Em compensação, no dia seguinte conseguimos um lindo hotel, no maravilhoso centro velho de Praga, com janelas amplas, pé-direito alto, tudo bonitinho, com café da manhã gostoso e jacuzi no banheiro, apenas um pouco mais caro! Para uma cidade turística achei tudo muito barato. Comparando com Londres então... Cervas muito boas e muito baratas - mesmo pra turista! Comida, bugigangas...
Tomamos as famosas brejas tchecas e me arrisquei até a comer um prato típico - um tijolo no estômago, mas muito bom! Uma mistureba de coisas de porco, pato, repolho e batata, com num nome quilométrico cheio de consoantes.
Faltou apenas uma semana a mais pra conhecer tudo o que precisava...
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4 comentários:
Sem prejuízo de minha amizade com ambos, gostaria de dizer que, se a referida mulher sem gps cerebral é a mesma que se perdeu comigo no metrô de paris em 1o. de janeiro corrente as 5h45 da manhã, então ela não é um bom exemplo para uma generalização deste tipo. Confesso, porém, que perder-se com ela é a coisa mais divertida do mundo depois que os caminhos são de fato encontrados...Bjs M.
Pois é, Chris. Como vc dá uma deslizada dessas??? "mulher"??? Pôxa vida... vou ter q ir praí pra te provar o contrário?? rs...
Bjs com saudades.
Dani M
hehe desculpas pela generalização... mas que essas conclusões foram inspiradas por observação empírica, isso foram...
Ah, que saudade! Qdo cheguei em Praga, tb peguei uma chuva mais pós neve e vento gelado. E tb era noite adentro. Mas reservamos o hostel antes, então sabíamos qual bumba pegar e onde descer. Mesmo assim, medo de descer em quebrada! Eu tb comi esse rango doido que vc comeu!! Êêêê!! Q saudade da cidade conto de fadas!
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