De volta a Belém para fazer um pouco de pesquisa. A última vez que vim foi em 2012 - e tenho memórias boas e más daqui. É um lugar bonito com pessoas muito amáveis, mas foi também aqui que eu vim parar no hospital com intoxicação alimentar. Adorei a comida paraense, mas fiz a besteira de um dia comer numa dessas redes de fast food.
Resolvi ficar no mesmo hotel que fiquei das outras vezes. Mas a lanchonete intoxicadora felizmente não está mais do lado. Agora tô saindo pra procurar restaurantes mesmo. Melhor.
As pessoas continuam incríveis - ajudam mesmo. E não só as paraenses, mas muita gente que vem de outros lugares e que deve beber da água da amabilidade daqui. Impressionante como todo mundo quer ajudar. Gosto demais daqui. Já tinha ficado impressionado antes, e as pessoas, desconhecidas, ainda dão bom dia.
Quase seis anos depois, volto para alguns lugares conhecidos. Alguns, infelizmente, com um ar abandonado. Mas o mais legal tem sido conhecer outros. Uns dias atrás fui fazer uma busca dos edifícios da época da borracha, a belle époque paraense. Encontrei uma pérola no centro da cidade, numa rua ocupada por barracas. A Paris n'America, uma loja de departamento em estilo art nouveau que hoje ainda funciona, mas vendendo tecidos agora.
Hoje conheci o Cine Olympia, que funcionando desde 1912 é o mais antigo cinema em atividade no Brasil. Em art déco, é um cinema longo e charmoso, com cara de cinema de rua mesmo. Fiquei surpreso quando descobri que não precisava pagar, era só entrar e assistir a sessão do dia, a animação La jeune fille sans mains, baseada num conto dos irmãos Grimm. Literalmente uma sucessão de quadros em forma de filme. Cada frame é um aquarela bonita. Eu, que tenho gostado cada vez mais de apreciar a liberdade da aquarela achei a experiência toda - ali, sozinho, nesse cine, em Belém - maravilhosa.
Assisti o filme maravilhado, na companhia de uns dois ou três casais e algumas outras almas sós, talvez fugidas da chuva que caía na rua no fim de tarde.
Ah, o filme era de graça.
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