Ultimamente tenho visto uns documentários muito bons sobre bandas e músicos. Começou há uns anos, com o lindo documentário do Joe Strummer pelo Julian Temple. Aí passou por Leonard Cohen, Ramones etc. Semana passada vi um do The Who muito bem feito, com depoimentos de vários "sobreviventes". Você pensa que sabe muita coisa sobre os artistas que admira e descobre que está enganado. A vida compartimentalizada.
Aí hoje vi Loki: Arnaldo Baptista, no Canal Brasil.
E aconteceu algo engraçado. Na babação de ovo atrasada (por quê não consagraram o cara antes? Enfim...) eu fiquei com a impressão de existirem vários sentidos do Arnaldo. Algo até mesmo esquizofrênico.
Que ele é genial, sei bem. Mas o fato dele ser "descoberto" pelos gringos, à maneira do que aconteceu com Tom Zé e outros (músicos e DJs gringos adoram música brasileira dos 60 e 70 - o que não acontece aqui. Ou melhor, redescobrimos nossa história via gringolândia - e não é que ele aparece mesmo como a versão brasileira do Syd Barrett?) me deixa estarrecido. E agora é cool gostar de Mutantes. Antes ele era só o maluco. Quando isso.
E me incluo na crítica.
No documentário mostraram o show em que ele saiu do casulo em que esteve por anos para dar uma canja esquisita de Panis et Circenses com o chato do Sean Lennon. Eu estava nesse show. Num Free Jazz de 2000 (sim, cigarro antes patrocinava abertamente boas coisas - você perceba aí que o acossamento dos fumantes é um processo paulatino). Mas o show em si foi um saco. Culpa do filho do John com Yoko, principalmente, que não empolgou ninguém até o aparecimento do Arnaldo. Mas lembro que na época fiquei pensando "o que esse velho de camisa prateada está fazendo aí?".
Mea culpa.
Tipo, ele não era exatamente o mesmo cara dos Mutantes, mas uma versão triste deste passado pouquíssimo lembrado (caberia fácil uma tese sobre a psicodelia brasileira dos 60, ou então alguma biografia de um desses malucos rejeitados).
De novo, quando os Mutantes se reuniram há alguns anos, em Londres, achei a notícia meio esquisita, talvez negativamente influenciado pelo fenômeno das band reunions que pipocava um tempo atrás.
O que é chatice minha, claro. Porque o cara merece um carinho, ainda que tardiamente. Só acho esquisito, de repente, ele virar au concour.
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