sexta-feira, novembro 30, 2007

Arquivos da juventude

Dos jogos de tabuleiro, que já foram muito mais populares do que são hoje (ainda que eu ache que esteja acontecendo um ressurgimento, junto com os videogames), os de guerra eram que os que eu mais gostava. Como Combate, por exemplo, que eu costumava ir bem.
Mas, claro, adorava mesmo era WAR, em todas suas versões (menos o 2, que tinha o recurso dos aviões, que eu achava muito injusto, às vezes aniquilando tudo em poucas rodadas). E WAR rolava até em festinhas mais sossegadas (ou fracassadas).
Mas acho que o motivo por aturar os ânimos exarcebados - que invariavelmente surgiam - talvez fosse porque eu nunca me importava muito em ter meus exércitos dizimados e ser confinado a um único território - coisa que costumava acontecer com uma frequência alarmante. Bem, sempre gostei de ser o underdog, de qualquer maneira.
Além disso meus pais também nunca foram desses que diziam que esses jogos eram imperialistas, que filme de terror era proibido e que manga com leite não pode.
Os monetários também tinham seu apelo. Monopoly, Jogo da Vida, Status. Meu sucesso neste tipo de jogo seguia o mesmo padrão observado no WAR. Mas sair cedo do jogo tinha suas vantagens. Raramente chegava no ponto de saturação, que pode ser tão chato para os participantes do evento - e então ou você se arrasta até o final do suplício ou então interrompe tudo, alternativa broxante. Outra vantagem era que já podia treinar para um proto-antropólogo e assistir o comportamento competitivo dos humanos amigos.
Mas gostava também os de conhecimentos gerais, os de detetive (Detetive, Scotland Yard), os de dado, cartas... Sempre topei entrar numa roda de jogatina (mas, devo dizer, nunca participei de um RPG, não sei direito porque. A única vez que tentei, fiquei o dia todo para fazer um personagem - um lenhador rastreador - e nunca chegamos a começar a jogar de fato).
Mas tinha um jogo que combinava algumas características de jogos distintos: Supremacia, que na época da minha terceira série, mais ou menos, virou uma febre e desbancou, ao menos por um momento (e, não é demais lembrar, no auge da guerra-fria), o WAR.
Geralmente não gosto das regras que permitem uma reviravolta completa na sorte da peleja (como os malditos aviões do WAR 2). Mas esse tinha O recurso apelão por excelência, o que proporcionava um grande apelo, exatamente por sua tosquice.
Se as vias normais da diplomacia, a disputa mercadológica e o confronto armado convencional não funcionassem, ou se a sua paciência esgotasse, você não precisava levar a bola embora, ou chutar o tabuleiro. Simplesmente você comprava uma bomba nuclear e a soltava no território cheio de tropas e estruturas do infeliz ao lado e boa, partimos pra outro tipo de recreação mais inocente.

Um comentário:

Julio Antonaccio disse...

Cara! Muito massa!
Coincidentemente, hoje escrevi um post sobre jogo de tabuleiro. E esse é bem dos pitorescos. Dá uma olhada no blog do cara!!!

http://jogowarinrio.blogspot.com/