sábado, novembro 21, 2015

Vida simples

A vida era tão mais simples.

Quando? Bem, a resposta está no tempo verbal da frase. Sempre tive a impressão que a vida ia complicando, complicando. Lembro do tempo da jovem adultice com certa nostalgia. E nessa época, lembrava da adolescência, achando que aí sim é que as coisas eram tranquilas (mesmo não parecendo, então). A exceção é justamente a adolescência. A infância, sim, que era boa, mas eu ansiava pelos anos balzaquianos - quando poderia, finalmente, fazer as coisas que queria. Tolice.

Ou pelo menos era assim que eu pensava. Na loucura dos que se deixam levar pela ilusão da felicidade esvanecente eu paro e penso "não vale a pena". Não é assim que vou fazer o começo do restante da minha vida (para torcer o bordão que todos conhecem e quase ninguém entende - mesmo tendo visto o filme, olha só!).

E é tão fácil se perder nessa vaga, tão esperada que torna-se quase inexorável. E sabe o que é pior? É que é mais fácil ainda que isso tudo seja confirmado, quando reagimos a isso de maneira intempestiva. Melhor deixar passar, claro. Mas é fácil falar.

O que me traz ao como. Como a vida era mais simples? Não sei. Mas suspeito que a resposta também esteja no tempo verbal. E esse nosso medo de que é tarde demais? Que o que começamos, começamos. Mas o que nessa altura do campeonato não fizemos, bem...

Mas o que de fato começamos, quando? Continuo começando. Continuo começando. E a beleza do que ainda está por vir me diz para não entrar na loucura dos que desistiram e que atraem a desistência.

Não é fácil. Mas aí chego na razão: porque somos nós que fazemos sentidos. E, no final das contas, é simples sim.

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